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Para além da comédia de enganos que é a pseudocisão do Livre, partido tão ecológico que recusa as vantagens do email, do telemóvel e do pombo-corrreio na comunicação interna, há um problema político de fundo. Em campanha, Joacine Katar Moreira invocou como principal - para não dizer único - mérito da sua eleição o facto de ser mulher, negra e gaga, o que levaria finalmente as minorias a estarem representadas no Parlamento. É uma dupla mentira. É mentira porque os deputados não representam fatias da população; representam o seu círculo eleitoral e, em última instância, todos os Portugueses. E é mentira porque Joacine não é a primeira negra eleita para São Bento e muito menos a primeira mulher. Admito que seja a primeira gaga, mas isso não constitui grande mérito parlamentar, como se tem visto (mais do que ouvido).
O Livre, porém, não só deu menos importância à dupla mentira do que a um voto pela Palestina, como a cavalgou alegremente. Foi o exemplo mais bacoco de política identitária que vimos em Portugal desde que Miguel Vale de Almeida foi eleito deputado para fazer a lei do casamento gay - embora a sua ação política, honra lhe seja, não se possa resumir à bandeirinha. Nem o PCP, "partido dos trabalhadores", tem uma visão tão classista da democracia.
Agora, Joacine está livre do Livre. A autoproclamada representante das minorias em regime de monopólio (a esquerda é contra os monopólios, excepto o dos pobrezinhos) representa-se apenas a si própria. Basta ver a retórica irredentista, clássica das cisões da extrema-esquerda, com que responde aos seus críticos no partido. Como antes respondia aos seus críticos fora do partido. Rui Tavares e o "grupo de contacto", irónico nome, são uns traidores e uns vendidos que nunca a apoiaram e ficaram mais contentes com a subvenção partidária do que com a eleição da messiânica deputada. Como antes Daniel Oliveira era comparado à extrema-direita por causa de um simples twitter, essa paixão funesta.
Surpreende que tenha acontecido tão cedo, mas não surpreende que tenha acontecido. Quem recusa as regras democráticas do compromisso e da convivência com os adversários, também as recusará com os camaradas, companheiros ou compagnons de route. Quem começa por fazer a política de uns contra os outros, acaba a fazer a sua política contra tudo e todos. Dentro e fora. A esquerda, melhor que ninguém, devia sabê-lo. Mas repetir sempre os mesmos erros é parte do seu charme discreto. Minoritário, mesmo.
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