Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Paulo Tunhas faz falta, lembrei-me eu ao reler este texto de que me lembrava de um bocado que fui procurar.
O texto usa a Venezuela como pretexto próximo, mas desde o título é bem claro que o texto não é sobre a Venezuela, é sobre o desprezo pela plebe que resulta de se viver no interior de um mito.
A razão para me lembrar do tal bocado que me fez reler o texto todo é, em primeiro lugar, a necessidade de sistematizar um bocadinho as minhas ideias sobre essa seita que vive aterrorizada com o monstro das bolachas e, para espantar os seus males, em vez de cantar como seria sensato, atira tinta verde para cima de quem lhes pareça que possa ser o monstro das bolachas disfarçado de gente normal.
Mas verifiquei que isso se aplica também à quantidade de analistas que, perante uma opinião perfeitamente banal de Paulo Núncio sobre o aborto, sem ponta de novidade, na qual ele diz, e bem, que uma coisa aprovada por um referendo só deve ser revogada por referendo, resolvem ressuscitar uma frente política contra a reacção, o velho reflexo do "não passarão" que esquece a resposta de Franco: "passámos".
Paulo Tunhas explica admiravelmente: "é preciso ter em conta que o mito obriga a uma extraordinária selectividade no uso da compaixão. Se as criaturas humanas não encaixarem bem no esquema que o mito oferece, não gozarão sem dúvida da mesma piedade que merecem aquelas que nele encaixam. Formam uma plebe indistinta que não comove. Não se anda longe do desprezo".
O exemplo de Mariana Mortágua, condoída com dificuldades que a subida da renda da casa causam à viúva de um industrial rico, sem a menor preocupação para com os doentes mentais pobres do concelho de Tábua que beneficiam dessa subida, é o exemplo mais caricato que esta campanha trouxe, desse desprezo pela plebe, seguido de muito perto pelo famoso "mas o que é que não funciona" de Pedro Nuno Santos.
Mais transversal é a quantidade de comentadores e analistas que acham que para a formação do voto no dia 10 de Março o facto mais relevante que ocorreu ontem é uma declaração banal de Paulo Núncio e não a notícia de que foi encontrado em decomposição o corpo de uma senhora que desapareceu de um hospital porque a impediram de estar acompanhada por familiares, apesar de ter Alzheimer.
"A facilidade em saltar para os hipotéticos males futuros, desvalorizando alegremente os reais males presentes, é ajudada por duas características salientes: a incapacidade de olhar os factos com um mínimo de despreendimento relativamente a um quadro teórico geral no qual cresceram e de que nunca se afastaram por um milímetro – e um profundo desprezo pela plebe. Estas duas características encontram-se, de resto, ligadas uma à outra", Paulo Tunhas, outra vez, que eu não consigo ser tão claro.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Coitadito do JMT. Um idiota ... (in)útil.Na verdad...
Nas minhas contas 50/50 para a parte dos não escla...
Vai dar para um destes dois lados:- Não fiquei nad...
A das obras do dupkex já caiu. Tal como depressa d...
Volta lapis azul! Há quem por ti anseie.