Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Virados para a parede

por João Távora, em 24.01.25

mw-1920.jpg

Enganam-se os simpatizantes do Chega que reclamam para si o feito do discurso da imigração descontrolada estar a alcançar o espaço político do centro-esquerda. Na realidade julgo que a estratégia histriónica de André Ventura foi contraproducente. As causas políticas e as grandes reformas alcançam-se na conquista do centro político, não há outra forma. (Foi isso que fez Salazar nos anos 30 e 40 quando para a recuperação de Portugal tinha do seu lado a imensa maioria dos portugueses - o centro político - acossados pela decadência e repressão da esquerda republicana.)

O facto é confirmado hoje com a surpreendente entrevista de Pedo Nuno Santos ao Expresso, que, com um contorcionismo surpreendente, admitiu ter sido um erro a política socialista da “Manifestação de Interesse”, que sinalizava para o exterior um país de fronteiras escancaradas, impreparado para os fluxos de imigrantes que se verificaram. A adopção dum discurso anti-imigração alarve por André Ventura, só serviu para protelar uma abordagem séria deste complexo problema que nos anos da geringonça se avolumou em Portugal, sem que a trágica experiência de outros países europeus nos tenha servido de alguma coisa. O resultado do discurso de tasca foi o acantonamento dos socialistas no outro extremo, e constituiu por demasiado tempo uma dificuldade da direita moderada pegar no assunto sem ser imediatamente ostracizada pela comunicação social há muito capturada pelo “progressismo” populista. Durante demasiado tempo, enquanto os problemas causados por uma “entrada intensa de trabalhadores estrangeiros num país impreparado para o fenómeno em matérias como o SNS, a educação ou a habitação”, (para citar Pedro Nuno Santos) foi impossível um debate racional e consequentes medidas preventivas.

Na suspeita de que a emancipação da liderança socialista em relação aos “encostados à parede”, o bloco da esquerda radical, já não chega a tempo de emendar a mão, deixa-lhes livre o terreno para surfar o seu catecismo Woke. Vamos ver qual será o posicionamento do PS nas eleições autárquicas, onde a realidade da rua e a proximidade com os eleitores, dispensa demasiados preconceitos ideológicos. Para já a boa notícia é que os socialistas parecem já não querer estar virados para a parede. A política não se faz assim, e falta agora o Ventura perceber isso.


25 comentários

Sem imagem de perfil

De balio a 24.01.2025 às 18:03


admitiu ter sido um erro a política socialista da “Manifestação de Interesse”


Sim, mas ele (P.N.Santos) também disse que essa política fora motivada pela impreparação dos consulados portugueses para tratar do grande número de imigrantes de que Portugal necessitava.


(E necessita.)


Sendo que Portugal precisava, e precisa, de um grande fluxo de imigrantes, e sendo que os consulados portugueses não estavam, e não estão, capazes de processar em devido tempo um grande número de pedidos de vistos de trabalho, a únca solução que havia, e que há, é permitir que as pessoas venham para Portugal livremente e, uma vez cá, se desenrasquem.


Não é uma política bonita nem elegante, mas é a única viável.
Sem imagem de perfil

De A. Sherman Barros a 25.01.2025 às 16:26

Mais uma vez, sou obrigado a concluir que V.ª Ex.ª não tem grandes conhecimentos do que fala. Mas ainda assim, sempre direi o seguinte:
Se o problema fosse a necessidade de mão-de-obra, não haveria qualquer problema nos consulados, pois o processo de imigração seria tornado mais expedito pelas próprias empresas que os contratavam. E os próprios imigrantes apresentar-se-iam nos consulados já munidos do respectivo contrato de trabalho.
Mas a realidade que se verifica, não é essa: a esmagadora maioria dos imigrantes que cá entopem as lojas da AIMA nem sequer entra na Europa através de Portugal. Entram pela Alemanha, Itália, Holanda e vêm para cá. E os "contratos de trabalho" que apresentam aquando da Manifestação de Interesse não são com empresas portuguesas, mas com várias "empresas" com designações que revelam de imediato o terem sido criadas recentemente no "Empresa na Hora" online, e que apontam um número limitadíssimo de locais de trabalho para tantos milhares de "trabalhadores". As inspecções realizadas com os poucos meios, revelam lojas de capas de telemóveis em centros comerciais, onde apenas está (e por vezes, cabe) um trabalhador, mas que têm contratos com 50 ou 60 trabalhadores que ninguém conhece nem nunca viu.
Aliás, é fácil comprovar que grande parte (para não dizer a esmagadora maioria dos imigrantes indostânicos) não estão a acorrer a nenhumas necessidades nacionais de força de trabalho, integrando-se no mercado laboral. Vemo-los em negócios de lojinhas de bugigangas, como motoristas de TVDE, etc... Não me parece que isso seja concretamente acorrer às tremendas necessidades de mão-de-obra que V.ª Ex.ª vislumbra.
E se a isso acrescentarmos que os imigrantes entrados em Portugal nos últimos 10 anos e cá residentes são mais de 10% da população "nativa", tínhamos que ter a economia mais pujante do mundo.
Mas cada um acredita no que quer. A realidade é que insiste em atravessar-se no caminho.   
Sem imagem de perfil

De Alexandre a 25.01.2025 às 19:29

e quie tal umas facadas?...(romantico)
uns atropelamentos?....(actual, de preferencia com carro electrico)
violações em grupo?... (oma questão cultural. como bem reconheceu
há uns tempos uma governante espanhola)
é que nós politizamos tudo sem nunca tocar no essencial, que são precisamente os problemas associados á imigração descontrolada...
continuemos pois então...
são eles, precisamente, que nos vão enfiando a realidade pelo corpo dentro...
Sem imagem de perfil

De Silva a 24.01.2025 às 18:04



Muita conversa da treta.
O que é preciso é implementar, rapidamente e em força, reformas estruturais a começar, repito, a começar pela abolição do salário mínimo, liberalização dos despedimentos e abolição dos descontos, seguindo-se outras reformas estruturais, caso contrário, o governo irá "cernelhar" de modo intensamente suave à medida que a pressão financeira aumentar.
Imagem de perfil

De O apartidário a 29.01.2025 às 18:23

Milei dá impulso à economia da Argentina e dá lição aos socialistas de todos os países incluindo Espanha

En este video, descubrirás cómo la Argentina de Milei está sacudiendo su economía y dando una lección al socialismo de Pedro Sánchez y Feijóo. ¡No te lo pierdas!

https://youtu.be/Da1xAIwwuwA?si=uYt0YLXR6Q0tLx7R
Sem imagem de perfil

De A. Sherman Barros a 24.01.2025 às 18:04

Parece-me que o diagnóstico passa um atestado de menoridade aos outros. Goste-se ou não da forma escolhida por André Ventura, a substância do tema era correcta e verdadeira, como agora se demonstra.


Dizer que a forma escolhida por Ventura permitiu ao PS acantonar-se no outro extremo, é falaz em excesso; se "permitiu", foi porque o PS queria acantonar-se no outro extremo, pois o facto de o Chega pegar em determinado tema, e ter razão no que diz, não impede que outros, nomeadamente o PS, peguem no mesmo tema e o abordem de forma distinta, mais moderada, mais ponderada, ou a abordem por outro prisma, como quiser. Agora, deitar ao Chega as culpas do acantonamento à extrema-esquerda do PS, quando esse acantonamento já vinha dos tempos da Geringonça, e o Chega era apenas Ventura na AR, não me parece intelectualmente honesto.


E, pior - se possível - é o diagnóstico que faz da Direita "moderada", um bichinho timorato, incapaz de marcar a sua posição sobre o tema por receio do que vá dizer a comunicação social (presumo que se refira a sumidades incontornáveis como Ricardo Costa, Miguel Sousa Tavares, Pedro Adão e Silva, Paulo Baldaia, Pedro Marques Lopes e a inefável Leitão, que todos juntos não somam energia mental para acender uma vela), como se fosse impossível concordar com um energúmeno (não me refiro ao Chega, nem a Ventura, mas generalizo abstractamente) sem recorrer aos mesmos termos que ele usa. O facto de Hitler gostar de cães e eu gostar de cães, não me iguala a ele, tal como o facto de ele não gostar de bolsheviques, e eu não gostar de bolsheviques, não implica que a minha solução para o problema fosse a mesma que ele escolheu.
Quanto ao receio do que a comunicação social possa dizer, ou deixar de dizer, bastaria à direita "moderada" pôr os olhos em Donald Trump, e compreender que a CS (moribunda por práticas claramente suicidárias) está não só desfasada da sociedade, como perdeu já qualquer contacto com a realidade.
E também não me parece que isso seja culpa do Ventura, ou da forma que ele escolha para passar a sua mensagem. Parece-me, isso sim, que houve oportunismo desastrado (por parte do PS) e incapacidade (ou falta de coragem) da direita "moderada" para enfrentar um problema real e premente, por receio de desagradar à esquerda. São escolhas. Mas não são culpa do Ventura.
Cumprimentos,


Sherman Barros     
Imagem de perfil

De O apartidário a 24.01.2025 às 21:37

"Agora, deitar ao Chega as culpas do acantonamento à extrema-esquerda do PS, quando esse acantonamento já vinha dos tempos da Geringonça, e o Chega era apenas Ventura na AR, não me parece intelectualmente honesto."  -------------------------------------------- Exactamente. Além de que em 2017,quando foi feita a lei que permitiu a entrada descontrolada de imigrantes (industânicos etc)não havia sequer Chega nem Ventura no parlamento. 
Imagem de perfil

De O apartidário a 25.01.2025 às 09:09

Miguel Morgado expôe a Imprensa e a hipócrisia socialista ,no canal Miguel Macedo

https://youtu.be/sAxTqECTbbk?si=ZFVEx8Ey6yg6l25W
Sem imagem de perfil

De cela.e.sela a 25.01.2025 às 10:54

há quem tenha óculos muito inteligentes
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 25.01.2025 às 14:39

Totalmente de acordo com A. Sherman Barros.


O autor do post não considera que PNS nunca chegaria aqui se não fosse "empurrado" pelas circunstâncias e as circunstâncias são o Chega.
Sem imagem de perfil

De balio a 24.01.2025 às 18:06


a trágica experiência de outros países europeus


Que experiência "trágica"?


Não há experiência trágica nenhuma. Há países em que a integração dos imigrantes é deficiente, mas isso não é nenhuma tragédia, é apenas uma dificuldade mais ou menos passageira, e que se vai resolvendo.


Trágico, trágico é termos necessidade de trabalhadores e não haver quem trabalhe.
Sem imagem de perfil

De A. Sherman Barros a 24.01.2025 às 23:46

Ah, mas isso diz V.ª Ex.ª que tem o privilégio de viver numa realidade alternativa. Parece-me que França e o Reino Unido, apenas para dar dois exemplos que lhe serão fáceis de pesquisar, discordarão de tão benta apreciação.
Sem imagem de perfil

De marina a 25.01.2025 às 20:53

e a Suécia. e aqui tão perto , a Catalunha,
Sem imagem de perfil

De Anonimo a 25.01.2025 às 08:33

Não há quem trabalhe?
Mas Portugal evolui assim tanto que precisa de uma força de trabalho crescente?
Diga antes, que trabalhe por pouco...
Sem imagem de perfil

De cela.e.sela a 25.01.2025 às 10:59

a cortar árvores para celulose ganham 150€/dia e é difícil encontrar quem faça, assim como a tirar cortiça
Sem imagem de perfil

De Anonimo a 25.01.2025 às 15:54

Também é difícil encontrar gente para construção civil, entregas, comércio, agricultura,  hotelaria.
Sem imagem de perfil

De balio a 25.01.2025 às 14:12

Portugal pode não precisar de uma força de trabalho crescente, mas tem o problema de, com o envelhecimento da população, haver cada vez menos gente com capacidade para trabalhar.
Sem imagem de perfil

De Anonimo a 26.01.2025 às 10:04

E no entanto,  jovens emigram. Deve ser pelo clima. Ou vão para sítios onde possam ganhar do bom sem trabalhar. 
Sem imagem de perfil

De cela.e.sela a 25.01.2025 às 10:56

resolve-se principalmente à facada.
há bairros onde a Polícia não entra.
Sem imagem de perfil

De passante a 24.01.2025 às 21:50

A adopção dum discurso anti-imigração alarve por André Ventura, só serviu para protelar uma abordagem séria deste complexo problema


O ar está muito rarefeito aí em cima?



Sem imagem de perfil

De cela.e.sela a 25.01.2025 às 10:50

depois do 25 de abril a classe média foi encostada à parede e correu o risco de desaparecer.
PNS percebeu que a Mouraria bangladesh podia ser um estorvo na conquista da CML
Sem imagem de perfil

De Francisco Almeida a 25.01.2025 às 12:55

Postal manifestamente infeliz.
Se não fosse pelo "Correio da Manhã" não se teria sabido da indemnização a Alexandra Reis e não teria havido um caso TAP.
Se não fosse por Elon Musk, as violações de Manchester, teriam continuado num limbo.
Se não fosse por André Ventura, imigração e aumento de violência nunca teriam chegado à comunicação social.
Não gostar dos estilos não deve ser impeditivo de reconhecer as utilidades. Vendo quem são os que mais criticam o Correio da Manhã e Elon Musk, João Távora devia ter pensado duas vezes antes de criticar Ventura nestes casos.
E, francamente, afirmar que as intervenções de Ventura até foram negativas, é excessivo, para dizer o mínimo.
Sem imagem de perfil

De Anonimo a 25.01.2025 às 15:53

Que limbo?
Sem imagem de perfil

De Nuno Rodrigues a 26.01.2025 às 12:07

Partilho convosco uma iniciativa de referendo nacional sobre imigração. Assinem e partilhem por favor. 


https://peticaopublica.com/mobile/pview.aspx?pi=PT123937 (https://peticaopublica.com/mobile/pview.aspx?pi=PT123937)
Sem imagem de perfil

De lucklucky a 29.01.2025 às 02:33

Um texto desonesto. Não há volta a dar.

Comentar post



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



Notícias

A Batalha
D. Notícias
D. Económico
Expresso
iOnline
J. Negócios
TVI24
JornalEconómico
Global
Público
SIC-Notícias
TSF
Observador

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • JPT

    Há um contra-senso nessa frase. Se, como refere, a...

  • henrique pereira dos santos

    Qual troca de favores? Pode ser mais explícito?A m...

  • JPT

    Dito por outros palavra: a troca de favores ao arr...

  • Anónimo

    Muito antes desse conflito de interesses tínhamos ...

  • Anónimo

    os populistas não gostam de empresas e empresários...


Links

Muito nossos

  •  
  • Outros blogs

  •  
  •  
  • Links úteis


    Arquivo

    1. 2025
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2024
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2023
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2022
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2021
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2020
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2019
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2018
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2017
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2016
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2015
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2014
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2013
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2012
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2011
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2010
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2009
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2008
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D
    235. 2007
    236. J
    237. F
    238. M
    239. A
    240. M
    241. J
    242. J
    243. A
    244. S
    245. O
    246. N
    247. D
    248. 2006
    249. J
    250. F
    251. M
    252. A
    253. M
    254. J
    255. J
    256. A
    257. S
    258. O
    259. N
    260. D