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Enganam-se os simpatizantes do Chega que reclamam para si o feito do discurso da imigração descontrolada estar a alcançar o espaço político do centro-esquerda. Na realidade julgo que a estratégia histriónica de André Ventura foi contraproducente. As causas políticas e as grandes reformas alcançam-se na conquista do centro político, não há outra forma. (Foi isso que fez Salazar nos anos 30 e 40 quando para a recuperação de Portugal tinha do seu lado a imensa maioria dos portugueses - o centro político - acossados pela decadência e repressão da esquerda republicana.)
O facto é confirmado hoje com a surpreendente entrevista de Pedo Nuno Santos ao Expresso, que, com um contorcionismo surpreendente, admitiu ter sido um erro a política socialista da “Manifestação de Interesse”, que sinalizava para o exterior um país de fronteiras escancaradas, impreparado para os fluxos de imigrantes que se verificaram. A adopção dum discurso anti-imigração alarve por André Ventura, só serviu para protelar uma abordagem séria deste complexo problema que nos anos da geringonça se avolumou em Portugal, sem que a trágica experiência de outros países europeus nos tenha servido de alguma coisa. O resultado do discurso de tasca foi o acantonamento dos socialistas no outro extremo, e constituiu por demasiado tempo uma dificuldade da direita moderada pegar no assunto sem ser imediatamente ostracizada pela comunicação social há muito capturada pelo “progressismo” populista. Durante demasiado tempo, enquanto os problemas causados por uma “entrada intensa de trabalhadores estrangeiros num país impreparado para o fenómeno em matérias como o SNS, a educação ou a habitação”, (para citar Pedro Nuno Santos) foi impossível um debate racional e consequentes medidas preventivas.
Na suspeita de que a emancipação da liderança socialista em relação aos “encostados à parede”, o bloco da esquerda radical, já não chega a tempo de emendar a mão, deixa-lhes livre o terreno para surfar o seu catecismo Woke. Vamos ver qual será o posicionamento do PS nas eleições autárquicas, onde a realidade da rua e a proximidade com os eleitores, dispensa demasiados preconceitos ideológicos. Para já a boa notícia é que os socialistas parecem já não querer estar virados para a parede. A política não se faz assim, e falta agora o Ventura perceber isso.
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Há um contra-senso nessa frase. Se, como refere, a...
Qual troca de favores? Pode ser mais explícito?A m...
Dito por outros palavra: a troca de favores ao arr...
Muito antes desse conflito de interesses tínhamos ...
os populistas não gostam de empresas e empresários...