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"Since the mid-1970s, when DDT was eliminated from global eradication efforts, tens of millions of people have died from malaria unnecessarily: most have been children less than five years old. While it was reasonable to have banned DDT for agricultural use, it was unreasonable to have eliminated it from public health use."
Este parágrafo, retirado do artigo "Millions Died Thanks to the Mother of Environmentalism", ilustra bem a encruzilhada em que está metido o movimento ambientalista, tanto globalmente, como em Portugal.
O artigo não tem muito de novo e as alegações precisam de ser lidas com cautela, em especial o seu título, manifestamente demagógico.
Mas retrata uma discussão que é fundamental que seja feita, bastaria o último parágrafo do artigo para se perceber que não se está a falar de questões menores: "In 2006, the World Health Organization reinstated DDT as part of its effort to eradicate malaria. But not before millions of people had died needlessly from the disease.".
Por mais dúvidas que se tenham sobre as alegações do artigo, não é crível que a Organização Mundial de Saúde tenha dado um passo atrás na proibição do DDT se o assunto não fosse mesmo sério e com muitos tons de cinzento que tendem a ser esquecidos nas discussões ambientais, incluindo as de conservação da natureza.
Basta-me recusar os brancos e pretos de todos os problemas ambientais (aquele em que tenho mais dificuldade em recusar uma visão binária é o da energia nuclear) e concentrar-me nos cinzentos para ser sistematicamente rotulado como um vendido aos interesses.
Basta-me dizer que a melhor ciência disponível em Portugal demonstra não existir grande relação (se alguma) entre eucaliptos e fogos, basta-me recusar alegações infantis de que um fitocida que actua sobre os mecanismos da fotossíntese possa ser um terrível veneno para os organismos que não fazem fotossíntese, basta-me fazer notar que a escassez de recursos induz comportamentos económicos que limitam os efeitos apocalípticos tidos como absolutamente certos no futuro para que qualquer discussão acabe de imediato: para dizer coisas destas só há uma explicação, os interesses que eu sirvo.
Esta característica social está longe de estar restrita ao movimento ambientalista, mas é especialmente complicada num movimento ambientalista que sempre viveu do simbolismo e da dramatização, criando uma ética interna estranha que condescende com o uso da distorção, deturpação ou falta de rigor, desde que sirvam o bem maior da luta ambientalista.
Um bom exemplo são as listas vermelhas e os livros vermelhos, isto é, as listas que avaliam o estatuto de ameaça das espécies, cheias de imprecisões no limite da honestidade (umas vezes do lado de cá, outras vezes do lado de lá desse limite), em que se evita dizer, de forma clara, que actualmente o lobo não é uma espécie ameaçada em Portugal, estando mesmo em expansão, porque se entende que dizer isto, que é factual, pode prejudicar a conservação da espécie.
O resultado é um progressivo desfasamento entre o discurso ambientalista e o discurso científico que tem vindo a liquidar o apoio social ao movimento ambientalista, justamente considerado como fundamentando mal as suas exigências e permeável às agendas pessoais, políticas e económicas dos aldrabões que existem em todo o lado, que preferem ambientes em que o rigor e a exigência em relação à factualidade sejam mais maleáveis.
O primeiro passo para mudar isto, reganhando o papel social que o movimento ambientalista já teve, seria banir de qualquer discussão a tenebrosa teoria de conspiração dos interesses de cada vez que alguém desafina do discurso oficial sobre cada matéria.
E, se não for pedir muito, estender o princípio à discussão política mais geral era também um bom antídoto contra o sectarismo.
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