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O distanciamento social é um fenómeno contrário à democracia, dizia há tempos Bernard Henry-Levy numa entrevista do Pedro Mexia publicada no Expresso, e eu atrevo-me a sugerir que o distanciamento social, mais que antidemocrático, é pouco cristão. E o pior é que suspeito que demorará muito tempo a apanhar os cacos e vão faltar peças para restaurar a normalidade nas relações humanas como as conhecíamos.
Numa missa de domingo na Igreja Matriz do Cadaval em que participei recentemente, fiquei triste ao encontrar o templo quase vazio. O meu grupo de onze pessoas foi acolhido com espanto e foi dificil explicar que eramos a mesma família e que não fazia mal ficarmos juntos. Estou a falar de uma freguesia que, sendo dispersa territorialmente, é próspera, e julgo ser bastante povoada mesmo em Agosto. Fico com a ideia de que boa parte dos católicos não desconfinaram verdadeiramente, ao mesmo tempo que o “higienismo”, que é uma forma de idolatria, tomou conta da liturgia com milícias de zelosos paroquianos que fanaticamente arrumam os crentes nos bancos da igreja e os aspergem insistentemente com álcool à entrada, outra vez antes da eucaristia, outra vez depois, e finalmente mais uma borrifadela à saída. Fico com a ideia que as missas no sofá, pela televisão ou pelas redes sociais, em que involuntariamente se relativizou o valor transcendental do sacramento da “comunhão” (palavra com significado oposto a “distanciamento social”) constituiu um forte abalo no cada vez mais fragilizado costume dos crentes se encontrarem fisicamente ao Domingo para a Missa. Foi Jesus Cristo que afirmou a importância do encontro comunitário: “Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles" (Mateus 18:20).
Mas como é bom de ver, este não é apenas um problema da Igreja e das paróquias, que são dos últimos bastiões das antigas comunidades locais relativamente autónomas. A pandemia apenas veio acelerar o processo de descristianização e atomização social que há muito vem fazendo o seu caminho. A consequência são os exércitos de indivíduos inaptos para as relações sociais, cada vez mais isolados e dependentes do Estado, do Centro de Saúde ou da Segurança Social. E fiquem sabendo que admiro a tenacidade dos comunistas que insistem fazer a sua festa.
Contou-me a minha mulher que antes da pandemia já vigorava a nova moda sanitária sobre os bebés recém-nascidos que são aconselhados pelos médicos a viver os dois primeiros meses isolados com os pais, sem saídas, visitas ou contacto físico com os avós, tios ou outros parentes, obrigados a conformarem-se com uma “story” no Instagram. E depois já repararam como é ineficiente o teletrabalho, a promiscuidade entre o trabalho, a família e o lazer? Já repararam na aberração dos jovens entretidos com gadgets electrónicos impedidos de ir à escola ou nos miúdos sem acesso aos parques infantis ainda selados pela fúria higienista e pelo medo da segunda vaga?
Quando é que nos vamos encontrar todos outra vez?
Como dizia Aristóteles “o homem é um animal social”, não entender esta simples frase em pleno século XXI só demonstra mesmo cegueira ideológica.
Justificar medidas draconianas de limitação das liberdades individuais, com uma pseudo pandemia que matou metade das pessoas em relação à gripe do ano passado, só pode ter origem num fundamentalismo bacoco ou numa iletracia social, cuja finalidade é apenas o confronto estéril.
Tem problemas de contágio? Proteja-se, ninguém a proíbe.
Tem problemas de ajuntamentos sociais? Afaste-se, ninguém a proíbe.
O problema é que se continua a defender esse tipo de regras absurdas, qualquer dia obrigam-na a usar uma estrela amarela ao peito, não por ser judia, mas com a desculpa de controlar melhor a covid.
Não perca a esperança, já existe uma aplicação para telemóvel, só falta aprovação. Mas está quase, tenha fé, e depois já pode dar largas à sua mórbida curiosidade de saber quem está infectado e depois poder fazer queixinhas às autoridades.
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