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O Mondego comenta melhor

por José Mendonça da Cruz, em 28.03.23

... e, por fim, o Mondego saíu em missão, dizem que já reparado das avarias que não faziam mal. Saíu atrasado, porque o fumo negro que expelia prometia o pior. Saíu para uma curta viagem para as Ilhas Selvagens, destino bem mais inconsequente do que a vigilância de um vaso de guerra inimigo. E avariou. Redundantemente avariou. E, à falta de remos, foi rebocado de volta.

De maneira que os senhores comentadores podem agora largar a espuma: não tratem de revoltas de sargentos, nem deem corda aos braços do PC; não recordem os marinheiros da 1.ª república; não brandam legislação militar; não se ponham com choradinhos de condenações na praça pública, mas também não promovam almirantes heroicos, apóstolos de disciplina e gestas navais em navios sem manutenção e risíveis.

E tratem dos temas principais, ou seja, que forças armadas são estas, cujos aviões não descolam, cujos navios e submarinos não funcionam e são rebocados quando tentam, cuja cavalaria dispõe a cada momento talvez de 1/2 tanque em cada 3? Que defesa nacional é esta? Que organização e orçamentação são estas? Que farsa, que vergonha, que irresponsabilidade, que desgoverno, que mentira?

Para afugentar os bárbaros

por José Mendonça da Cruz, em 24.03.23

No livro de Coetzee, que o filme segue de perto até no título À Espera dos Bárbaros, o torcionário explica a sua ação: «Mentira... Pressão... Mais mentira... Mais pressão... Mais mentira ainda... Mais pressão ainda... E por fim a verdade»

Eis o caminho do socialismo: «Pobreza... Esmola... Mais pobreza... Mais esmola... Mais pobreza ainda... Mais esmola ainda... E por fim o socialismo».

Tudo para evitar os bárbaros e as suas políticas, como esses bárbaros da Irlanda  e da Europa abastada, e o seu persistente enriquecimento com causa.

Aqui, pobreza. Quando se ouvem uns ais, esmola. Mais ais... Mais esmola. Os media -- metade por paixão íntima, metade por que são pagos para isso -- festejam. O povo, contente com a trégua, precipita-se para as bancas a comprar morangos e uvas no Inverno. Ouviram o que disse o profeta da pobreza: «Habituem-se!» Nunca vamos sair disto.

Jornalistas e lacaios

por José Mendonça da Cruz, em 19.03.23

Há anos, percorrendo de automóvel a estrada entre Florença e Siena, testemunhei com surpresa e, logo, bom humor o funcionamento de uma série interminável de radares de controlo de velocidade, cuja disposição se destinava a promover segurança, e não a caçar multas. Os radares estariam dispostos a uns 5 km entre si, cada um deles bem identificado, com novo aviso a distância imediata. Quem quisesse ultrapassar o limite de 120 km/h depressa constatava que essa condução aos arrancos era tão desconfortável como inútil, e passava a respeitar o limite, por ser a melhor opção. A isto poderá chamar-se prevenção, e esta preocupação de prevenir é um sinal de civilização.

Há, ao contrário, aqueles países onde o Estado não é pessoa de bem; não pretende prevenir, pretende sobretudo lucrar com os faltosos e os distraídos; deseja até que faltosos e distraídos reincidam para assim «arrecadar» mais.

Ontem, a Tvi emitiu uma reportagem -- uma reportagem jornalística -- sobre essa atitude dissimulada, ávida de saque do Estado português, que coloca sinais arbitrários de limite de velocidade em localizações absurdas para sorver mais euros aos incautos através de multas denunciadas por radares escondidos ou dissimulados. Os jornalistas da Tvi investigaram e informaram, ainda, que PSP e GNR são pressionadas para atingir objetivos de x milhões com multas, sob ameaça no caso de incumprirem. Foi o retrato de um Estado venal e inimigo, feito por jornalistas em missão de serviço público.

À mesma hora, na Sic, uma outra reportagem indignava-se com o atraso na entrega de radares, e proclamava que o atraso na sua instalação impedira o Estado de «arrecadar» -- era a palavra -- milhões de euros. Era o mesmo retrato (agora involuntário) de um Estado venal, inimigo e disfuncional nas boas como nas más coisas. Só que a redacção da Sic não pretendia que deixasse de o ser; apenas lamentava que uma questão de prazos tivesse impedido que o fosse mais.

Na estrada para Siena vi prevenção e civilização. Nas nossas vejo avidez e atraso. Na reportagem da Tvi vi jornalismo e serviço públivo. Na da Sic a expressão sombria das almas de lacaio.

Não é o supermercado, são os boys

por José Mendonça da Cruz, em 13.03.23

Fez-se luz. Afinal o ataque aos supermercados não é um ataque às empresas, nem uma espada contra «o grande capital», nem uma maneira de distrair da incapacidade governativa. É mais simples, é até comovedoramente simples: é o pretexto para a criação de um Observatório dos Preços, ou seja, mais um  cargo de presidente, cinco cargos de vice, 25 cargos de assessores, 50 secretárias, 30 motoristas e o pessoal que der jeito contratar para observar. Nós a criticar e, afinal, o socialismo é tão transparente.

Um supermercado socialista, já!

por José Mendonça da Cruz, em 09.03.23

A Sic anda ocupada a tentar provar que no sector com mais assanhada concorrência, e, consequentemente, melhores resultados para os consumidores, há «especulação» e privados cruéis que só querem o lucro. A Sic não apresenta provas, nem tem dados sobre a tal especulação, nem os procura. Toma como pressuposto que a subida de preços não tem a ver com a inflação em Portugal e a ausência de medidas do governo. Toma como pressuposto que a subida de preços não tem a ver com o preço dos adubos ou dos combustíveis, que, estes, devem 60% do custo ao governo. Não toma como pressuposto, evidentemente, nem o vírus, nem a guerra, que essas só servem para desculpar o desgoverno. E nem menciona os países que baixaram o IVA dos produtos alimentares, ao contrário do governo português que prefere sorver mais impostos. E tudo isto é normal, porque a Sic está apenas a dar fôlego a uma campanha do governo, com recurso ao braço armado da ASAE, que serve para muitas actividades. Assim -- disfarça o governo, e pretende a Sic -- a culpa é dos agentes privados de um sector onde a concorrência é mais acesa, «os privados» que só pensam no lucro.

Assim, hoje, a Sic decreta que há uma ideia de especulação «cada vez mais forte», o que é engraçado, porque a «ideia» nasceu no governo, foi plantada na cabecinha da Sic que a vem cultivando há dias, e só nela é que é «mais forte». (É um truque velho do mau jornalismo: «Há a ideia geral de que...», diz o jornalista aldrabão que pretende passar por realidade uma ideia sua sem fundamento.)

No próximo episódio, a Sic defenderá que os socialistas deviam fazer supermercados públicos, talvez com uma reversão tão boa como a do Hospital Beatriz Ângelo, talvez com uma nacionalização tão boa como a da TAP,  uns novos supermercados tão eficazes como os serviços públicos, tão capazes como os transportes, tão funcionais como a escola pública.

Carta aos putativos compradores da TAP

por José Mendonça da Cruz, em 09.03.23

Enquanto, a exemplo do governo socialista, o Sr. António Pedro Vasconcelos não propõe veementemente privatizar a TAP, depois de propor veementemente nacionalizar a TAP, publiquei hoje no Observador esta carta:

 

Cara British Airways, Iberia, Lufthansa et al. (aut nemo)

Tomando por boa, neste local de fantasia, a notícia de que estão interessados na compra de uma das companhias aéreas portuguesas deficitárias, vimos, a bem da lisura e bom sucesso da negociação, informar sobre quem vão ter do outro lado da mesa.

A TAP vai ser-vos vendida por um colectivo socialista encabeçado pelo primeiro-ministro António Costa. Terão do outro lado da mesa (ao menos por interposto escritório de advogados) a cabeça e os membros desse colectivo. Já não tereis que preocupar-vos com a directora-geral, Sr.ª Christine. A Sr.ª Christine que veio de uma pequena companhia aérea francesa entretanto falida – e embora anunciada por governo e media amigos como o nec plus ultra da aviação civil – foi despedida pelo colectivo socialista por não o ter compreendido bem. A Sr.ª Christine assinou por baixo dos ministros das Finanças (o actual) e o das Infraestruturas (o defunto, embora só provisoriamente) uma indemnização de meio milhão de euros a uma socialista que saltitava entre cargos em empresas públicas e governo. Fazia-o, portanto, e segundo cria, em sintonia com a ética e cultura vigentes. Por ingenuidade, escapou-lhe que, caso se soubesse e fosse motivo de escândalo, a responsabilidade seria exclusivamente sua.

 

À mesa, portanto:

O Sr. Costa é o líder da associação que assinou com FMI e EU um memorando de entendimento em que se comprometia a privatizar a TAP. O compromisso foi cumprido por um governo sério que se ocupou do interregno socialista. Mas o Sr. Costa, depois de perder as eleições, trouxe o colectivo socialista de volta ao poder com a ajuda do Partido Comunista (sim, ainda existe aqui, é o esqueleto do que havia nos vossos países há umas décadas) e de outros radicais de esquerda, muito vocais e que são uma espécie de Barbie dos jornais e televisões de Lisboa. E logo o Sr. Costa criticou veementemente o anterior governo por cumprir as obrigações que o seu colectivo assumira, e decidiu «reverter» o acto. O Sr. Costa e o seu colectivo nacionalizaram a TAP, diziam que «para a salvar», e agora têm urgência em privatizá-la, para salvar-se.

O Sr. Costa é, por isso, muito querido e celebrado pelos nossos media, com destaque para Sic, Tvi, Expresso, DN e Público, como uma pessoa muito hábil, o que corresponderá menos aos vossos «apt» ou «wise», e mais a uma mistura dos vossos «cunning» e «tricky». Consequentemente, se o negócio for um sucesso o Sr. Costa terá sido o autor e, ainda que o não tenham visto, terá estado presente nas reuniões todas. Se não for, o Sr. Costa não esteve, não foi informado, nem participou, e, aliás, não sabia de nada, como aconteceu com todos os governos em que participou.

 

Sentar-se-ão também perante vós (ao menos por interposto escritório de advogados), os ministros da tutela: o das Infraestruturas de agora, Sr. Galamba, e o ministro das Finanças, o Sr. Medina.

 

O Sr. Galamba sucede ao Sr. Santos, defunto (ministerial e provisoriamente, entenda-se), o qual antes alcançara a glória quando o Sr. Costa o fez ponta de lança para reduzir a TAP ao que eles chamam «estratégica», ou seja, com bons cargos para os seus e apoiada com dinheiro dos contribuintes. Visto ser, por enquanto, pretérito, poderia parecer fútil explicar-vos dolorosamente quem era o Sr. Santos, pessoa cuja incompetência só é ultrapassada pela presunção. Não vá dar-se, porém, que o Sr. Santos volte como chefe de Governo durante a vigência do vosso contrato, pois podemos sempre contar com o entusiasmo dos media amigos – com Sic, Tvi, Expresso, DN e Público à frente – e a sabedoria impenetrável do nosso povo (que já deu 39% ao Sr. Sócrates sendo já evidente quem era, e a maioria absoluta ao Sr. Costa, depois de ele destruir a saúde, a educação, a Justiça, a economia e os serviços públicos em geral)

O Sr. Galamba que sucedeu a Santos em meia pasta, distinguiu-se pelo apoio inabalável ao Sr. Sócrates, autor de uma bancarrota nacional, e acusado de corrupto e ladrão de dezenas de milhões de euros, mas decerto injustamente, pois que a nossa boa e célere justiça nunca o poderá demonstrar em bom tempo. O Sr. Galamba também vale pelo propósito inabalável de investir uns biliões da esmola europeia no fabrico de hidrogénio verde que não fabricamos e na sua venda à Europa que o não quer através de um gasoduto que o não transporta; e talvez possa valer ainda mais quando um dia prometa, como o seu antecessor fez e o colectivo socialista aprecia, o 17.º programa de renováveis e a 23.ª revolução da ferrovia; e também porque é malcriado e dinâmico.

 

O Sr. Medina, sentar-se-á também à mesa. É o ministro das Finanças, que os lisboetas não quiseram para presidente da Câmara, mas que o Sr. Costa sentou à mesa do orçamento dos amigos e compadres. Para o Sr. Medina, filho espiritual do Sr. Costa, vale o que se disse para este: tudo o que correr bem, foi ele; tudo o que correr mal, não foi ele, não tomou parte, não foi informado, e, aliás, não sabe nada.

 

Os advogados. Por fim, talvez todos os protagonistas acima estejam presentes in absentia, e em frente de vós vejam dois ou três bons advogados de um grande escritório. É melhor para o cumprimento dos contratos. Merece o esforço, porém, verificar de que escritório exatamente se trata, ainda que ele pertença a algum parente de uma grande figura do Estado socialista. É que também os contratos por eles negociados e redigidos podem ser revertidos, porque afinal não estavam mandatados, ou por não terem informado ninguém, ou devido ao desconhecimento de absolutamente todos os membros do coletivo socialista.

 

Para que haja sucesso basta, evidentemente, que a empresa seja vendida exatamente como o colectivo socialista agora pretende e anseia, ou seja, depressa, porque o caos criado é eleitoralmente ingrato. Assim, não deve preocupar-vos, caros putativos compradores, que acabem por pagar muito pouco. Os nossos media são muito patriotas, embora de preferência quando o governo é de esquerda, como é o caso. Celebraram e ainda celebram repetidamente, por exemplo, um crescimento do PIB de 6% como «histórico» e «recorde em democracia», depois de uma queda de 8,3% no ano anterior. Sobre a venda da TAP, portanto, os media, com Sic, Tvi, Expresso, DN e Público à frente, decerto explicarão que a venda da TAP nos poupou 2.999.999 euros, que é a diferença entre o euro que vós tereis dado por ela, e os 3 mil milhões que ainda tínhamos que pagar outra vez. Abster-se-ão de festejar como «histórico» o lucro, diz-se, de 30 milhões (sem levar a contas os 3 mil milhões lá vertidos, evidentemente), não só porque é responsabilidade da Sr.ª Christine – que desagradou ao governo que lhes agrada –, como por ser mentira, já que em 2017, no tempo do acionista privado depois expulso (com 55 milhões que levou a rir até ao banco) pelo Sr. Costa e seu colectivo socialista, dera um lucro de mais de 100 milhões. E que não vos preocupe, ainda, acabar, como provavelmente desejam, com o hub de Lisboa, tão promissor no tempo do outro privado, mas tão irrelevante para o colectivo socialista. Acresce que ninguém se rala com isso: o país é pobre, e os aviões são para os ricos.

Evidentemente, se o negócio se gorar, o Sr. Costa e os seus amigos nunca terão estado presentes, nunca terão sido informados nem sabido de alguma coisa, e decretarão um rigoroso inquérito para apurar todas as responsabilidades doa a quem doer. Por poder doer sobretudo a eles devem advertir sobre este ponto os motoristas que vos transportem e alguém que durante as reuniões vos sirva café ou pastéis de nata.

Eureka, compreenderam!

por José Mendonça da Cruz, em 07.03.23

O Sr. Mário Nogueira, professor, da Fenprof, quer que os alunos façam como ele faz há décadas e não vão à escola. Foi esse o apelo dele aos pais, não levem os vossos filhos à escola. Até que enfim que alguém explica ! Os professores não têm nada que dar aulas, nem as escolas são para ensinar. Os professores cairam no ciclo vicioso da profissão criminosamente maltratada, a que só adere quem não tem outros talentos, o que faz da profissão a mais maltratada. Os professores que não querem ser avaliados não têm nada que avaliar, e nem a escola socialista quer isso, ou ainda ia haver maus resultados em vez de números fantasiosos. Os professores não têm nada que ensinar, só têm que ir-se embora se forem eventuais, ou sentar-se à espera da antiguidade, se o não forem. E as crianças não têm nada que estar na escola. Têm as casas dos pais, dos avós, dum irmão mais velho, dos tios, e as creches, e os infantários, e os jardins e a rua. Até que enfim que alguém explica.

Uns passageiros do comboio de Sintra acharam que estavam apertados, puxaram o alarme e foram a pé para a estação. Até que enfim que perceberam. Os comboios não são para passageiros, são para os vinte sindicatos de maquinistas e seus consócios. Não são para transportar; para isso há carros e camionetas, motos e motoretas, biciletas e triciclos e trotinetas. Até que enfim que perceberam.

As ambulâncias fazem bicha e os «utentes» esperam horas para não serem atendidos nos hospitais públicos. Nunca mais percebem: os hospitais públicos não servem para atender doentes, nem as urgências são para estar abertas, porque as 35 horas são um direito inalienável, os médicos têm melhores sítios onde estar e as horas extrordinárias são caríssimas. Querem urgências?! Vão aos privados, que só pensam no lucro.

Há uma confusão terminológica compreensível, mas ainda assim confusão: a de que os serviços públicos servem para servir o público. Fazem filas às portas feitos tontos. Protestam por ignorância, porque aquilo para que servem os serviços públicos é para servir os funcionários públicos que lá trabalham. E assim é que deve ser, que o exemplo vem de cima, Costa e os seus estão lá para explicar isso mesmo: que o PM é para estar, não é para governar, aliás como o governo tenta explicar todos os dias.

A causa das notícias

por José Mendonça da Cruz, em 07.03.23

A Sic noticia que as urgências pediátricas do Hospital Beatriz Ângelo afinal vão abrir.

Já há médicos, então? Não.

Quando abre? Não se sabe, mas «em breve» diz o presidente socialista da C.M. de Loures.

Porque é notícia? Porque a Sic gosta de notícias agradáveis ao governo.

 

A Sic entrevista a ex-ministra da Saúde.

Por, com Costa, o PCP e o Bloco, ter destruído o SNS com as 35 horas de trabalho e o fim das PPPs responsáveis pelos melhores hospitais do país, e que estão hoje mais caros e em cacos? Não.

Para explicar porque deixou de ser ministra? Não.

Porque é notícia na Sic? Porque a Sic gosta de promover socialistas a possíveis presidentes de Câmara.

 

A Sic vai ter Pedro Nuno Santos a comentador contratado.

Por ter feito obra na Habitação, na Ferrovia, na TAP, nas Infraestruturas? Não. Prometeu 37 programas sobre as mais diversas coisas para várias décadas, mas não fez nada ou estragou o que havia.

Para explicar o funcionamento do Governo, os desentendimentos com Costa, a razão da saída? Não.

Por ser muito inteligente e ter enorme faro político? Comprovadamente, não.

Porque é comentador da Sic? Porque a Sic gosta de promover socialistas a futuros ministros e primeiros-ministros.

 

Jornalistas e Pantomineiros

por José Mendonça da Cruz, em 27.02.23

Uma senhora jornalista

Há no Observador, hoje (ou agora), um artigo admirável de Rita Pereira Carvalho, que não conheço pessoalmente, mas constato ser uma jornalista exemplar. Exemplar no sentido de que esta reportagem sua, sendo o oposto da abundante tralha que enche jornais e televisões, pode servir de lição. O texto é implacável, mas nunca cede ao rodriguinho ou à adjetivação, e essa contenção deixa que os factos narrados carreguem toda a sua brutalidade; é longo e informativo, mas, além de ser escrito em português, tem os cuidados técnicos que prendem e conduzem o leitor ao longo do relato; é um texto comovente e moral, mas nunca tenta vender agendas ou ideologias. É animador que o Observador lhe tenha dado o devido destaque. É desanimador que, com maior destaque, haja um artigo sobre uma tal Mariana Mortágua, e sobre as intrigas despiciendas de um agrupamento extremista despiciendo com representação despicienda do eleitorado.

 

Uma senhora jornalista e um senhor jornalista

Há nas televisões dois repórteres de guerra admiráveis: Cândida Pinto, na RTP, e Sérgio Furtado, na CNN/Portugal. Ela e ele são corajosos, enfrentam situações de risco para nos informar sobre a guerra na Ucrânia. Estão nos locais onde é perigoso estar, falam com soldados e civis para que vejamos a situação. Não usam discursos florais, nem recorrem a metáforas cretinas, falam português claro e deixam que os factos nos façam pensar e concluir o que entendamos. É animador ver dois jornalistas assim a reportar sobre o que é provavelmente o acontecimento mais importante do século. É desanimador que as televisões não reconheçam a nobreza deste jornalismo, e não abdiquem de vez do «jornalismo» artificialmente comovido e com obscenas pretensões poéticas.

 

E o resto

É uma ofensa ao jornalismo, é uma ofensa a mim espectador, que as televisões se sirvam do aniversário da guerra na Ucrânia (assim transformada em «efeméride») para, em vez de reportagem de verdadeiros repórteres, dedicarem os telejornais a «especiais» a cargo de «estrelas» e candidaturas a «estrela». A CNN/TVi, que tem na Ucrânia Sérgio Furtado, enviou, porém, José Alberto Carvalho e João Póvoa Marinheiro. José Alberto Carvalho foi a Kiev relembrar que nos tempos da União Soviética os dirigentes puseram em exibição os restos mortais calcinados de um astronauta, e proclamaram-no herói; o que, diz em voz funda JAC, lembra a JAC o que Putin faz com os mortos russos -- estão a ver? Também voou para Kiev Marinheiro, que é bem apessoado, articulado e fala bem. É bem apessoado e carrega a sorte com o desfile de blusões elegantes (nada desses incómodos coletes à prova de bala a dizer PRESS) e gorros de marca com a etiqueta virada para a câmara (nada desses capacetes esquisitos, que aliás não são precisos onde ele está); é articulado, ou seja, articula o que diz com boca, cara, olhos, sobrolho e testa; e fala bem -- aliás, é capaz de falar dez minutos sem dizer nada, ou recitando comunicados a que teria mais rápido acesso em Lisboa.

De maneira que é isto, que, sendo pouco e penoso, tem, ainda assim, duas vantagens: primeira, sempre é melhor do que aquela voz off que num telejornal qualquer, falando sobre uma povoação acabada de arrasar pelas bombas russas, dizia que «é como uma estação de caminho de ferro quando o comboio partiu, é como um fim de festa»; e a segunda vantagem é que esses apontamentos das «estrelas» de arribação acabam por funcionar, a contrario sensu, como elogio dos repórteres a sério.

Um tal nojo ao 25 de abril...

por José Mendonça da Cruz, em 24.02.23

Parece que Santos Silva, o presidente da AR que alguns socialistas creem «um príncipe», pretende ou pretendeu convidar Lula da Silva, um corrupto, para discursar no Parlamento na sessão do 25 de abril. Ora, eu tenho algumas críticas ao processo iniciado na data, algumas até fortes, mas não me ocorreria, e parece-me até injusto, cuspir nela tão descaradamente.

Os socialistas tinham uma paixão pela aviação. Abraçando a TAP aos beijos e murmúrios de «Ah, estratégica», gastaram 3 mil milhões de dinheiro dos contribuintes. A paixão foi consumada: destruiram a TAP e preparam-se para destruir o hub de Lisboa entregando as cartas à Iberia madrilena. Os portugueses que viajam assistem, enquanto compram bilhetes para uma low-cost que, ao contrário da TAP, cumpra os contratos e os transporte. 

Os socialistas tinham uma paixão pela saúde, tão acesa que a queriam toda nas suas mãos. O hospital de Braga, gerido por privados, era um dos melhores do país; agora, em mãos socialistas, é um dos piores, e custa mais caro. O hospital de Loures gerido por privados era um dos melhores do país; agora, em mãos socialistas, é um dos piores, e custa mais caro. O hospital de Vila Franca de Xira era um dos melhores da região quando gerido por privados; agora, em mãos socialistas, é um dos piores, e custa mais caro. A paixão está consumada: o SNS está destruído. Os portugueses, munidos de seguros de saúde, acorrem em massa aos serviços de saúde privados.

Os socialistas tinham uma paixão pela educação, tão acesa que não queriam privados metidos no assunto. A paixão foi consumada. Os professores revoltam-se e não ensinam, e os alunos, não acompanhados nem avaliados, chegam ao fim dos cursos com o mesmo grau de ignorância com que começaram. Os portugueses com um módico de bom senso e uma carteira média esgotam todas as vagas do ensino privado para 2024.

Os socialistas têm agora uma paixão pela habitação. Amam tanto os seus edifícios públicos devolutos que nem sabem quantos são, nem onde os têm. Amam  tanto fazer programas grandiosos que os fazem de mês a mês, todos sem resultados. Sabem é que os privados têm andares e prédios (a oferta) e os alugam e vendem (a procura). Os socialistas não gostam. Ao livre funcionamento de oferta e procura chamam especulação, e, então, apossam-se. Começaram a consumar a paixão, anunciando uma lista de medidas que paralisará o alojamento local, aniquilará o investimento, afugentará qualquer eventual investidor no imobiliário e cravará mais um prego na construção civil. Os portugueses sem casas interrogam-se sobre que mistério fará que Salazar, os alucinados do PREC, e os socialistas convirjam nas mesmas medidas para a habitação que lhes matam a esperança de as vir a ter. 

O Chega e o nervosismo dos «jornalistas»

por José Mendonça da Cruz, em 29.01.23

Pareceu-me adequado, mas não notável, o discurso de André Ventura no encerramento da convenção do Chega, dirigido aos que são pobres apesar de trabalharem, aos retornados, às Forças Armadas e de segurança, aos professores, às vítimas do fisco e da corrupção que não encontram recompensa nem no trabalho, nem em serviços públicos ineficazes e incompetentes. Digo «adequado» por considerar que Ventura estava a captivar eleitores actuais ou futuros, o que é o mínimo que se pede a qualquer líder partidário

Depois ouvi os «jornalistas» e os comentadores «imparciais» e passei a considerar que o discurso foi, afinal, muito bom.

Ultrapassado o incómodo das reportagens da Sic e da CNN, nas quais os repórteres dão constantemente informações que consideram indispensáveis -- como dizer, depois de Ventura saudar os militantes, que «Ventura a saudar os militantes», ou, depois de Ventura atacar a corrupção, informar-nos que «Ventura ataca a corrupção» --  ultrapassado estes meros percalços nascidos de mera estupidez, veio o comentário em estúdio. Paulo Baldaia diz que PSD tem que ser claro, nomeadamente porque quem fala assim da emigração (Ventura elogiou os emigrantes) é contra o sistema. Anselmo Rodrigues vislumbrou -- ele que, quando Passos Coelho denunciou em campanha que Sócrates nomeara a correr 600 funcionários públicos, vislumbrou que Passos violara a promessa de não levantar escândalos-- vislumbrou que Ventura, falando para vários grupos, «só atacou a classe política... o que até é contraditório». Um afã considerável, o de Baldaia e Rodrigues, e, suspeito, teremos que gramar ainda outros.

Já Ana Catarina Mendes que, honra lhe seja, é uma agente política às claras, e não encapotada, resumiu muito bem a questão: «Há uma diferença total» entre o que o Chega defende e o (dela e adivinhem de mais quem) governo.

 

P.S. Ah, e é claro que tivemos a votação «coreana» (do Norte, querem eles dizer). Mas isso é só o manual jornaleiro, que diz assim: Se um líder do PS tem uma votação esmagadora é porque há uma grande união e um grande sentido de militância e da validade das suas soluçôes; se um líder do PS emerge de um debate assassino, ele venceu numa disputa reveladora de extremo dinamismo interno, devido a ser experiente e hábil. Se o mesmo acontece no PSD, o PSD está irremediavelmente fragmentado e praticamente moribundo. 

Aflição na Sic?

por José Mendonça da Cruz, em 20.01.23

Desmoralizada com as trapalhadas políticas, de ética e dinheiro no ministério socialista da administração interna, e no ministério socialista das finanças, e no ministério socialista da agricultura, e no ministério socialista das infraestruturas, e no ministério socialista dos estrangeiros, e no ministério socialista da educação, e no gabinete do primeiro-ministro socialista, e na CML quando socialista, a Sic, sempre zelosa, foi ver se «aliviava a barra» socialista, e descobrir alguma patranha não socialista. E descobriu. Descobriu que há anos, o líder da oposição, Montenegro, foi ao jantar de inauguração de um restaurante da sua terra, e até falou com o dono, o qual teve umas patranhas com o presidente socialista da Câmara local, o qual está preso.

Que escândalo, não é? Vale até uma 37.ª pergunta no «mecanismo». Assim: «Alguma vez jantou ou almoçou ou algum familiar seu jantou ou almoçou em algum restaurante em atividade ou em inauguração cujo dono esteja envolvido ou tenha participado em acto ou processo ilícito com algum membro do PS?

& único E falou com ele?»

Ou, de outra maneira: Então, Sic, as sondagens estão assim tão más para o vosso dono?

A sapataria estratégica

por José Mendonça da Cruz, em 11.01.23

Imaginem que o senhor Meyersollen, um investidor estrangeiro privado, assumiu um negócio de sapataria no município de Socialal, uma empresa em sérias dificuldades, a Sapattap EA (Sapatos para Todos os Tamanhos e Pés, Empresa Autárquica), e, sendo um conhecido industrial do ramo, conseguiu equilibrar a situação e aumentar as vendas, passando a exportar para Europa e América. Perante o sucesso, os autarcas de Socialal decidiram que a companhia era muito importante em termos de vendas e empregos, e decidiram re-autarcizá-la dizendo que era «estratégica». Passaram a chefiá-la o autarca-mor, dr. António Peito, e o seu braço direito, sr. Pedro Nulo Diabos, com o apoio entusiasta e vocal da menina Tacarina Patins e do senhor Cochise de Sousa -- todos por interposta pessoa, ou primo, ou compadre ou grande amigo; e tantos que, ao fim de um ano, a Sapattap tinha 39 administradores, em vez de 5, e 28 chefes de secção em vez de 3.

Todavia, não tendo os novos donos conhecimentos de gestão, vida empresarial, actividade fabril, comercialização, equipamento, salários, sendo ignorantes de qualquer coisa estranha a juventudes, secções e federações partidárias, e, mais especificamente, carecendo do menor treino ou know-how em sapatos, depressa a Sapattap entrou em desorganização, desordem e ruína. Então, Peito, Diabos, Patins e Cochise pediram um empréstimo ao gerente amigo de uma dependência bancária local, que lhes emprestou 3 mil milhões de euros para a reestruturação da Sapattap. Os novos donos da Sapattap cortaram 15 das 10 linhas de produto, despediram 125 dos 175 trabalhadores, contrataram mais 2 administradores e 5 diretores, venderam a maquinaria excedentária, e passaram a fabricar apenas chinelos e tamancas em outsourcing.

Os 3 mil milhões vinham de um fundo de investimento cujos participantes eram -- segundo garantia jovialmente o gerente -- iletrados financeiros e, aliás, praticamente iletrados tout court. Foi por isso mesmo que, pouco tempo depois, e ao fim de insistentes súplicas autárquicas, o gerente informou os gestores da empresa autárquica que o empréstimo, afinal, era a fundo perdido. E disse que não havia problema, porque os investidores do fundo eram tansos e pouco percebiam fosse do que fosse, que ele depois contava-lhes uma história qualquer e eles engoliam.

E assim se safou por uns tempos a Sapattap, sempre em alvoroço e desordem, de tal forma que a autarquia já pensava chamar de volta o senhor Meyersollen ou algum amigo dele. Todavia, nesse mesmo ano a Sapattap anunciou, pela voz grossa de Peito (Diabos já fugira, Patins jurava que nunca defendera a ideia, e Cochise passara à reforma) um lucro de 2,5 euros. Os três jornais concelhios -- um, do irmão de Peito; os outros dois, subsidiados pela Câmara -- deram primeira página à notícia, e festejaram entusiasticamente o feito.

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Pois sim, está bem... Mas o que é que a gente tem a ver com essa história?

Ora, nada, evidentemente. Pensei só que talvez fosse boa ideia lembrá-la quando nos vierem dizer que a TAP teve lucro no último ano.

...no entanto, porém, todavia...

por José Mendonça da Cruz, em 05.01.23

... confesso que me fica uma vil curiosidade sobre que subsídios, de que valor e a quem subscreveu a demitida secretária, quando era directora-geral das agriculturas (em Vinhais, suponho).

As redes, o jornalismo e a bolha

por José Mendonça da Cruz, em 05.01.23

Os orgãos de comunicação social que de «orgãos de referência» se transformaram -- por subsídio ou vocação -- em «orgãos de reverência» (ORs) detestam as «redes sociais», onde se faz diariamente mais escrutínio do poder do que os ditos ORs fazem ao longo de todo o ano. Foi desse nojo que nasceram os Polígrafos, onde, como na Sic, se desmentem algumas mensagens patetas publicadas em Twitters e Facebooks, para que assim melhor passem e sejam digeridas a imagem e o discurso, supostamente nobres e verdadeiros, que os ORs passam sobre os poderes e os governos.

Além de detestarem as «redes sociais», os ORs detestam o jornal Correio da Manhã e a CMtv sua fillha. Desagrada-lhes, e à bolha lisboeta, o retrato amoral, violento, desvalido e pobre do país socialista.

Eu gosto das «redes sociais». Sei de mais notícias nos blogs Impertinências, Delito de Opinião, Blasfémias, Corta-Fitas (declaração de interesses: onde escrevo) ou Herdeiro de Aécio do que no Público ou DN do dia, ou no Expresso da semana; e fico mais informado e com os pés mais assentes na terra ao ler ou ver os orgãos do grupo CM (declaração de interesses: em cujo jornal trabalhei por duas vezes) do que em todos os ORs.

Hoje, por exemplo, pensei comprar o semanário Expresso, supondo que, por fazer 50 anos, talvez me proporcionasse uma edição decente. Depois, consultei as «redes sociais», li os títulos, e vi que era o mesmo do costume. E assim poupei dinheiro e tédio. Mas divirto-me à mesma com esta ideia: de que o reverente Expresso sopra 50 velas, mas o CM é que despediu dois membros do governo em sete dias.

Verdadeiramente confrangedor...

por José Mendonça da Cruz, em 05.01.23

... o papel do PSD no debate da moção de censura da IL. A começar na insistência na Guerra dos tronos, a passar pelo desvio do debate para as divergências com a IL, a terminar na debilidade das críticas. (O voto? Não, já nem falo do voto!)

Gente a viver e a invejar os «apoios do Estado»

por José Mendonça da Cruz, em 05.01.23

... e temos ainda, agora, uma secretária de Estado socialista, nomeada há umas horas, que tem arrestadas contas conjuntas com o marido, socialista, que foi presidente de Câmara, e tinha depósitos avultados e inexplicáveis.

Em obediência ao hábito socialista, a senhora nunca deu por nada. Em obediência ao hábito socialista, o PS e António Costa também não. Já antes tivemos um primeiro-ministro corrupto, e o actual primeiro-ministro, seu ministro ao tempo, nunca deu por nada, como não deram por nada os ministros do corrupto que são ministros agora.

Investimentos ruinosos, dinheiros misteriosamente distribuídos, indemnizações alucinadas, locupletamentos diversos, gestão incompetente ou alheada, pouco mérito, pouco trabalho, e muito dinheiro a voar para os bolsos de conhecidos, confrades e amigos: é isto preocupante? Sim, é. Mas não tão preocupante como a ideia de que esta gente saída de debaixo das pedras, ou seja, da juventude socialista; que esta gente que subiu sem trabalho, nem mérito, nem ética, mas embriegada de inveja, avidez e desejo de importância; que esta gente que, em boa verdade, sempre viveu de «apoios do Estado», muitas vezes inconfessáveis -- que esta gente seja, afinal, a única e legítima representante do povo português, e que uma maioria absoluta desse povo se reconheça na inveja, na preguiça, na indolência e... nesses «apoios do Estado». 

Isto e aquilo

por José Mendonça da Cruz, em 02.01.23

É isto, habituem-se.

Os eleitores de Lisboa decidiram que aquilo não lhes servia para presidente da Câmara, e logo os eleitores todos levaram com aquilo a ministro das Finanças.

Os eleitores do Porto decidiram que aquilo não estava à altura de um presidente da Câmara, e logo os eleitores todos levaram com aquilo a ministro da Saúde.

Porque não haveríamos de ter tido aquilo a ministro das Infraestruturas e da Habitação? E porque não havemos de ter isto a ministro das Infratestruturas e aquilo a ministro da Habitação? Pois se temos isto a primeiro-ministro!

Nova vaga de propaganda

por José Mendonça da Cruz, em 30.12.22

Ainda ecoam as evidências da rapacidade, desorganização e bandalheira socialista, e já as televisões acolhem vagas sucessivas de propaganda, transmitida com  muito enlevo e nenhum escrutínio. É a «descoberta» pela sempre caninamente fiel Sic de que talvez a compra de aviões pel ' «o privado», no tempo do PSD tenha contornos menos claros (não interessa que tenha sido desmentido, basta lançar a lama, «são todos iguais», topam?!) . É uma entrevista desenterrada de Costa com Balsemão -- com este sempre propício e calado; com Costa menos grosseiro e tendo deixado a carroça em casa. É a inflação que desce para mais de 9% (e as previsões governativas eram?...) É o crescimento (futuro, claro, aquele crescimento que é só dos anúncios) que Medina anuncia ser o mais alto dos últimos 35 anos.

No seio de um clima tão artifical mas esforçadamente amenizado, aguardo ansiosamente a chegada do novo ministro das Infraestruturas, a quem redacções televisivas e orgãos de reverência descobrirão curricula estratosféricos, e a quem o Dr. Marques Mendes reconhecerá extraordinários embora desconhecidos méritos. Após o que, todos em coro, celebrarão os inéditos programas do novíssimo ministro: uma revolução na ferrovia, e outra na habitação social. Sim, outra, a sexta ou sétima.



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com




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