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E o maluco sou eu

por Jose Miguel Roque Martins, em 22.03.23

Gordas das ultimas 48 horas

 

TAP volta aos lucros e sindicatos defendem que justifica fim dos cortes

Sargentos defendem que militares do Mondego merecem "solidariedade de todos"

Ugandan MPs pass bill imposing death penalty for homosexuality

Já nem os livros dos “Cinco” escapam à Inquisição

 

Porque se foge?

por Jose Miguel Roque Martins, em 07.03.23

Foi nos bancos de escola, há quase 40 anos, que ouvi, pela primeira vez, uma ideia que me pareceu radical: uma das formas de fugir de uma sociedade com a qual não se concorda e/ou não permite o desenvolvimento económico que se pretende , é emigrar. Simplesmente, as pessoas fogem ao castigo quando podem. E continuar a viver num País menos bom, pode ser um grande castigo.

Estudei o fenómeno migratório de Portugal, sobretudo para França, na década de 60, depois das grandes migrações para as antigas colónias. Observo a sede de emigração para os EUA, essa sociedade tão malquista na Europa. Defrontei-me, nos últimos anos, com o problema das migrações do Médio Oriente e África, sobretudo na forma tentada, e na emigração galopante de Portugueses para Europa. 

Já aqui falei no ciclo vicioso que se origina quando, os mais jovens e mais bem preparados emigram, , subtraindo o seu contributo para os que ficam: cada vez mais pobreza cada vez mais incapacidade de vender produtos de alto valor acrescentado e o acolhimento de imigrantes menos bem formados (e produtivos) do que aqueles que exportamos. Quem vai pagar as reformas?

Hoje li que, aqui ao lado, na Espanha também estatista, a Ferrovial pretende migrar a sua sede para a Holanda ( como já aconteceu com a Jerónimo Martins e muitas outras) , sendo a resposta do Governo Espanhol a esta intenção, típica de sociedades em perda e sem grandes argumentos: tentam impedir um contribuinte financeiro com recurso a leis que já nada impedem.

Pertencermos à CE não representa só estarmos no caminho das esmolas, também significa que as sociedades que não são competitivas tendem a ser cada vez mais pobres, dependentes, envelhecidas e precárias, porque perdem os seus habitantes. 

É este o motivo pelo qual, um dia, fatalmente os Portugueses estarão mais capazes de perceber que continuar a insistir em receitas que não dão resultado ( mais estado, mais direitos sem substancia, mais ineficiência) talvez não seja o caminho.

No entretanto, atraimos quem vem de infernos na terra e repelimos quem pode fugir para sociedades melhores. 

 

Democracia ou revolução? O centro decide

por Jose Miguel Roque Martins, em 09.01.23

Todos sabemos que a democracia, apesar de todas os seus méritos é um instrumento débil que acomoda muitas insuficiências: prevenir revoluções sempre foi apontado como uma das suas maiores virtudes. Os episódios, com vitimas mortais, no assalto ao Capitólio, um acontecimento inédito na bem estruturada democracia americana e, agora, num mais moderado vandalismo à sede do menos eficiente poder democrático brasileiro, vêm destapar um segredo mal guardado: as regras democráticas clássicas já não são suficientes para garantir uma sociedade funcional.

A premissa de que a democracia permitia seguir o desígnio da maioria, enquanto conciliava e salvaguardava os interesses das minorias, parece estar a falhar rotundamente, um pouco por toda a parte, embora com diferentes circunstâncias, aspirações e desígnios. Pelo contrario, observa-se uma redução da tradicional vasta maioria moderada, mesmo que com ideias diferentes, capaz de acomodar minimamente os interesses e valores das franjas da sociedade.

Nos EUA e no Brasil, o centro praticamente implodiu, sendo sexy o radicalismo de uns que provoca o radicalismo dos outros. Questões sociais fraturantes juntam-se a minorias esquecidas no turbilhão das mudanças da matriz económica provocadas pela globalização e a um conjunto de causas, menos dignas, mais capazes de aglutinar o odio do que a resolver problemas substantivos, provocando a intolerância, em que cada lado não parece minimamente capaz de perceber o ponto de vista dos outros e procurar um compromisso. Todos querem exatamente o que querem, logo. O resultado, um indisfarçável cheiro a enxofre, faz prometer revolução ao invés de evolução.

Nos EUA e no Brasil, desapareceu o centro, e passamos a ter apenas dois lados, mesmo que muitos escolham  apenas o menor dos males. Na Europa ainda é um pouco diferente, mas a prazo, provavelmente lá chegaremos. No velho continente, , os profundamente insatisfeitos, podem dividir-se em 3 famílias:

Os comunistas ( leninistas, como o PCP, ou trotskistas , como o BE) que querem mais Estado, menos liberdades e menos democracia, que usam os costumes como ferramenta de subversão;

Os liberais, menos Estado e mais liberdades individuais, que nunca foram fortemente populares numa Europa povoada com as ideias de um Estado forte e protector;

Os partidos populistas sem ideologia consistente ( como o Chega em Portugal) aglutinam conservadores respeitáveis (ofendidos nos costumes), Nacionalistas Estatistas ( ofendidos com a falta de ordem, corrupção  e globalização) .

Sempre houve comunistas, liberais, conservadores e outros insatisfeitos. O que hoje é diferente é o desempenho do centro moderado que sempre esteve no poder na Europa Ocidental.

Os centros (esquerda e direita), perderam a capacidade de garantir a prosperidade, ao namorarem com a economia de mercado ao mesmo tempo que a atraiçoam ferozmente, aparentemente uma condição de sucesso eleitoral, ao mesmo tempo que parece terem perdido as cautelas no tempo das necessárias alterações sociais e os cuidados a ter com a salvaguarda das liberdades individuais, na sua busca por uma estatização e normalização, cada vez mais ofensiva para quem, mesmo não sendo liberal, encontrava conforto na sua relativa liberdade.

A maior responsabilidade não é, por isso, dos diferentes, daqueles, como eu, que não se reveem no centro moderado (em Portugal o PS e o PSD) é da (ainda) maioria de centro moderada, que detém o poder, mas que tem que perceber que ao tornar-se despótica (mesmo que apenas aparentemente), vai enfrentar a revolução, que já esteve mais longe.

À falta de uma evolução liberal, não posso honestamente dizer que ficaria infeliz com uma revolução liberal mas, como é uma impossibilidade nas próximas décadas e não me parece que o país ficasse feliz,  já agora gostava que o Centrão acordasse, começasse a funcionar, nos desse pão e liberdade, em vez de casos e casinhos e prevenisse uma revolução que só pode ser muito desagradável para quase todos.

Despedimentos: um bem social

por Jose Miguel Roque Martins, em 15.11.22

Nada é mais impopular do que  despedimentos. Não devia ser assim: os despedimentos são um imperativo do bem social.

Hoje, na rádio observador, lá fui agredido por um jornalista, que lembrou a perversidade dos multimilionários das novas tecnologias de informação (Musk, Zuckerberg e Bezzos ) que, confrontados com a queda de resultados, desataram a despedir dezenas de milhar de trabalhadores, com a agravante que ao mesmo tempo, um deles prometeu doar uma quantidade milionária da sua fortuna a instituições de benemerência e culturais.

Não se pode negar que para o despedido, a situação é no mínimo desagradável, podendo atingir o dramático: não há nada pior do que o desemprego. Mas um trabalhador que deixou de contribuir positivamente para a sua empresa, já está, no mínimo, em subemprego, no máximo passou a ser um desempregado que continua a receber o seu salário, mas não contribui na plenitude das suas capacidades para a criação de riqueza da sociedade.

A solução preconizada pelo comentador, a manutenção do posto de trabalho à espera de melhores anos, em termos sociais representa um enorme desperdício, pelo menos em economias livres, como nos EUA.

Dos milhares de trabalhadores despedidos nos episódios descritos, dentro de pouco tempo, a grande maioria estará a fazer outra coisa, acrescentando valor real àsociedade, contribuindo para a sua prosperidade, ao invés de receber um subsidio de emprego da sua empresa, contribuindo pouco ou nada para a criação de riqueza de todos. Não despedir, não é só receber um subsidio de desemprego por parte das empresas (um erro) em vez de receber um subsidio por parte do Estado: é manter, até melhores dias, o estatuto dos redundantes enquanto contribuinte não efectivos para o bem comum, uma condenação ao desemprego perene, mascarado pela ilusão de uma contribuição que não existe ou é muito menos real do que colectivamente assumida. 

Despedir, é pois, um ato de racionalidade que protege os interesses legítimos da empresa, dos seus accionistas mas também um incentivo à prosperidade geral de uma sociedade, que permita mitigar o sofrimento dos excluídos de forma generosa. Despedir pode ser um enorme inconveniente para os visados, mas é um bem social de inegável valor. 

Porque somos quase todos empregados por conta de outrem, é natural que a realidade não pareça aceitável, porque poderemos ser nós a ficar redundantes. É uma opção mas,  enquanto assim for, enquanto quisermos emprego e não trabalho, não poderemos ser um país rico, em que muitos estejam muito bem e os mais desfavorecidos possam estar menos mal. 

As formigas, Putin, Meloni e Portugal

por Jose Miguel Roque Martins, em 28.09.22

Quando observamos grupos de formigas á procura de comida, parece observarmos a atividade humana: um aparentemente caos, nem sempre bem sucedidos, produzindo resultados surpreendentemente bons.

Assim tem sido nos últimos séculos, em que formigueiros mais organizados vivem mais e melhor do que os outros.

Imagino que, também nos formigueiros, não se atinjam os melhores resultados, porque umas teimam em apostar em soluções erradas e que exista um algoritmo biológico que persiste numa inconformidade inconstante, umas vezes mais à esquerda, outras mais à  direita, umas vezes a procurar mais próximo, outras mais longe, porque nem sempre as respostas certas são as mesmas. Como diria Darwin, os formigueiros que não se adaptem acabam por se extinguir.

Nas sociedades humanas, as autocracias são exemplos próximos da falta de diversidade actuante que pode levar ao desastre. De um formigueiro ou até de todas as formigas, como a Rússia de hoje parece demonstrar. Quando o grupo maioritário de formigas, em certo momento, puxam para soluções novas, como acontece hoje em Itália, tanto pode ser mais uma experiência falhada, como tantas outras, como a correcção de exageros, que estão a produzir maus resultados.

Certo é que a bússola da maioria das formigas, de vez em quando, perde completamente o norte e precisa de afinações para sobreviver. É o que parece acontecer em tempos de crise profunda, provocada por imobilismos dogmáticos ou alterações da realidade não assimiladas e não corrigidas com o devido pragmatismo. Como parece ser o caso de Portugal há algumas décadas. 

Correndo bem, depois das crises, muito sofrimento e imensas falhas escusadas, os formigueiros têm continuado a prosperar. Será bom que assim continue.

ps: eu, como boa formiguinha, não tenho duvidas do caminho certo e espanto-me com as opções das outras. 

 

 

 

"tem mais jogadores do que treinador"

por Jose Miguel Roque Martins, em 28.09.22

Foi com estas palavras que um colunista espanhol resumiu Portugal no jogo de  ontem com Espanha. Mesmo com melhor equipa, com a estrita ambição de atingir os mínimos olímpicos, Portugal falhou. Não foi um erro, é cultura enraizada, não apenas no futebol, mas nos medíocres objectivos de remendos  nacional. 

O Sr Costa de sempre ou para sempre?

por Jose Miguel Roque Martins, em 17.09.22

Nos últimos dias temos assistido a uma dupla indignação com o Sr. Costa. Porque cortou nos rendimentos dos pensionistas e dos funcionários públicos. Porque teima em anunciar realidades muito alternativas, em que o branco passa a preto ou o contrario.

Começando pela ultima critica, justa e frequente, só falta ver quantas vezes consegue o Sr. Costa mudar as cores até que os Portugueses reparem ou o castiguem por isso. A mentira frequente, não lhe tem custado votos.

No entretanto, os Portugueses aparentam continuar comovidos pela sua bondade, quando não faz mais, não porque não queira ou até possa, mas porque a terrível comissão europeia não o deixa.

Quanto à queda de rendimentos de dois grupos importantes, pilares essenciais do seu apoio político, lamenta-se, mas parece necessária. Não havendo criação de riqueza nem um espartilho nas despesas publicas, até os mais próximos têm que pagar. Nem que apenas para poder aliviar um pouco a miséria, mais antes das próximas eleições.

 

A culpa não é dos extremistas, é da democracia ( e do karma)

por Jose Miguel Roque Martins, em 06.09.22

Sou um defensor da democracia mas, no caso, Português é a causa directa e concreta dos nossos males: conseguimos aliar um Estado demasiado grande, ineficiente e castrador do progresso ( legitimado pela maioria), com um processo democrático  inquinado, em que as maiorias exploram as minorias ( o que é ilegítimo). Pior é que entrámos num ciclo vicioso, em que as correcções necessárias não se vão fazer, até á autofagia, ou quase, da nossa sociedade.

Temos um país incapaz de crescimento económico por deliberada e amplamente consensual escolha de um Estado director e interventor ( embora pouco regulador no que importa) e uma economia pouco livre. Essa maquina gigantesca, ainda por cima ineficiente,  esmaga ainda mais a economia com a carga fiscal e a burocracia. Por esses motivos  afasta-mo-nos, em vez de convergirmos, com a nossa grande referencia, os países da Comunidade Europeia ( antes os ricos, agora quase todos).

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Queremos ser iguais outros mas cada vez estamos mais diferentes. Como tivemos um crescimento, mesmo que modesto ( cerca de 10% em 22 anos), é apesar de tudo possível dizer estarmos melhor do que antes, que estamos no caminho certo,  que, á nossa maneira, vamos  indo, que devagar se vai ao longe. No nosso caso, devagar caminhamos para um desastre. O modelo que estamos a prosseguir não é pura e simplesmente sustentável a prazo e não há sinais de vontade de o corrigir. 

O processo pré democrático de uma sociedade ultrapassar situações insustentáveis passa por revoluções. Com a democracia liberal, a revolução foi substituída por evolução e escolhas diferentes. Aconteceu assim na Escandinávia, em que, para manter apoios sociais e bons níveis de vida, na década de 80 e 90 se passaram a abraçar políticas liberais, pelos partidos ditos de esquerda. Aconteceu assim no Reino Unido, em que na década de 70 e 80, se conseguiu estancar uma decadência evidente, com a introdução das sempre impopulares políticas económicas liberais, sobretudo quando vem da dita direita. Apenas na Europa do Sul, a realidade continua cristalizada com base em preconceitos arraigados, que impedem o progresso pleno e aumentam o atraso relativo aos Países mais ricos. Parecendo-me um enorme desperdício, não deixa de o ser de forma legitima, uma escolha, para mim errada, da ampla maioria da sociedade, que não dá mostras de querer reformar o que quer que seja. Da conjugação da falta de criação de riqueza e da manutenção dos direitos adquiridos, dos pequenos privilégios que quase todos temos, entramos num rumo insustentável: a exploração das minorias pelas maiorias, o que para além de ilegítimo, não é possível, com pujança, a prazo.

Com a democracia Portuguesa, não haverá nem revolução nem evolução: haverá emigração que, se não for estancada, implicará um pais totalmente igualitário ( o sonho de alguns), mas em que os direitos adquiridos de hoje não poderão ser garantidos a ninguém.  Simplesmente viveremos pior do que hoje.

O bloco central, o PS e o PSD, são amplamente maioritários, porque assentam a sua base de apoio no fortíssimo amor pelo Estado provedor dos Portugueses (responsável pelo fraco crescimento) e na satisfação de alguns grupos de interesse ( responsáveis por um desequilíbrio que esmaga a classe media). Sem criação de riqueza, para que uns possam progredir e viver menos mal, cabe aos outros ficarem mais pobres. Enquanto sociedade, avançamos para o Pais do salário mínimo, a realidade actual para cerca de 2/3 da população laboral.

Já sabemos que existem 3 pilares para ganhar as eleições: os votos de pensionistas, de trabalhadores que ganham o salário mínimo  e os funcionários públicos. Os 3 grupos demográficos que mais crescem em Portugal.

Mantendo o Estado director e provedor e não tocando nos pilares eleitorais, nada muda, nada se transforma, apenas se mantêm as fracas benesses dos votantes vitoriosos, esmaga-se continuamente todos os outros, já que deixou de existir o recurso ao endividamento externo. Redistribuição sem criação de riqueza, sai cara a quem tem que a pagar.

Infelizmente para quem está contente ou conformado, as fronteiras estão abertas e os mercados de trabalho da comunidade Europeia são de acesso livre. Quem está mal, pode mudar-se, emigrando. É o que está a acontecer, iniciando-se um ciclo vicioso que autossustenta a emigração o que, a medio prazo, poderá fazer implodir todo o sistema e aproximar Portugal de um pais tendencialmente de trabalhadores indiferenciados. Não era por capricho que os países comunistas mantinham as suas fronteiras fechadas.

 

Captura de ecrã 2022-09-06, às 11.03.23.pngDirão os mais optimistas que, apesar de uma emigração nos últimos anos superior á da década de 60, ( desde 2011, mais de 1.000.000 de emigrantes, dos quais mais de 400.000 permanentes) se notam indícios de que  o fenómeno está a regredir desde o pico atingido em 2014, em que registámos a emigração de mais de 134 mil Portugueses. Dirão outros que, mesmo recentemente, nos anos covid, a emigração é superior a 60.000 ( 25.000 permanente), uma franja importante dos jovens que chegam anualmente ao mercado de trabalho. Desejo que os primeiros tenham razão, mas acredito que a procissão ainda vai no adro, como dizem os outros.  

Com o garrote no rendimento das classes medias, com a aproximação do salário mínimo ao salário médio, são os mais bem preparados que hoje emigram: são os que têm mais a ganhar com a mudança. Uma tendência que representa uma viragem para um pais cada vez mais de  indiferenciados e cada vez menos com trabalhadores capazes de pagar mais impostos e criar riqueza para todos.

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Para além da emigração tradicional, existe ainda um movimento, progressivamente mais importante, de Portugueses que  residem fisicamente em Portugal e trabalham em home office para o mundo  escolhendo pagar os seus impostos nos Países de rendimento, nalguns casos com fiscalidades muito mais atraentes.

Quantos mais trabalhadores diferenciados saírem, mais insuportável se torna o fardo dos impostos que terão que subir para quem fique. Com maior carga fiscal, os trabalhadores diferenciados, tendem naturalmente a ter maior premência e interesse em emigrar. O que por sua vez, vai alimentar o ciclo , maior emigração, maiores impostos, maior emigração, maiores impostos. Para não mencionar que maior carga fiscal é um enorme incentivo a fenómenos de evasão fiscal, mesmo com a excelente maquina montada pela autoridade tributaria, o mais eficiente serviço publico Português.

 Se os mais bem qualificados emigrarem, quem fica? Uma percentagem cada vez maior de pensionistas, funcionários públicos e  trabalhadores com salários mínimos. Quem vai pagar impostos? Como fazer redistribuição? Como aumentar o rendimento per capita, cada vez com uma maior percentagem de trabalhadores indiferenciados? Como impedir que sejam os mais pobres ( toda a população) a pagar pela maquina do Estado? Como poderemos ter um nível de vida superior ao actual ou mesmo manter o que temos, nomeadamente o nível de pensões prometidas?

 Vivemos em democracia, vivemos realmente ao ritmo e vontade da maioria. Os partidos radicais, o PCP, o Bloco, o PAN e o Chega, acrescentam folclore á vida política, mas não são responsáveis pela situação ou pela tendência que se desenha. O PS e o PSD, limitam-se a seguir, com convicção, a vontade expressa dos seus fieis. Os Portugueses ditos moderados, são os responsáveis por tudo aquilo que temos de bom, mas também de mau.

Não escolhemos ( por convicções) apenas a pobreza colectiva, a incapacidade de criar riqueza. Violámos o pacto geracional e os direitos liberdades e garantias de cada individuo, forçando muitos a emigrar. O que atingirá como um violento boomerang os inocentes, os com convicções erradas e aqueles que votaram com a sua carteira e falsos preconceitos, mas se esqueceram de fechar fronteiras. Pouco falta para sermos todos caranguejos. 

No expresso deste fim de semana, há dois artigos de opinião que espelham bem a polarização da sociedade portuguesa relativamente a um dos mais importantes bloqueios da sociedade e economia Portuguesa: a regulamentação das actividades Humanas. Desta vez, o tema são os Uber. Ricardo Reis, ( pode ler aqui) um prestigiado economista, defende e preocupa-se com a concorrência, a criação de valor para a sociedade, para o consumidor, para a sociedade. Daniel Oliveira, ( pode ler aqui) um paladino do Estatismo e dos incumbentes ( neste caso os taxistas tradicionais), que são assaltados pelo capitalismo selvagem e desregulado que, não importa se trazem bem para o bem estar social concreto e real, porque introduzem a “selvajaria” no mercado, uma liberdade para prejuízo dos instalados.

Daniel Oliveira é um escritor notável, capaz de envolver os leitores fazendo-os sentir  a sua verdade excêntrica como razoável. Tão razoável, como acusar, com aparência de legitimidade,  a Uber de aproveitar mediaticamente a violência física exercida por taxistas aos seus  condutores, como um pecado francamente mais capital do que a violência original, por parte dos “agredidos” ( afinal os taxistas), eles sim, com legitimas razões de legitima defesa, mesmo com recurso aos punhos. Note-se que, aos taxistas, nunca foi negado o direito de abraçarem as plataformas das quais se defendem tão virilmente.

Ricardo Reis, parece-me, tem toda a razão e as rendas ilegítimas criadas pelo arcaico sistema administrativo de atribuição de licenças administrativas, mais uma fonte de criação de rendas ilegítimas e corrupção, não merece qualquer defesa. Sobretudo quando se prova que o serviço entregue ao mercado é mais barato, mais eficiente e mais abundante. A regulamentação, quando não é necessária, é uma das grandes razões para o nosso atraso. Regulamentação sim, mas para corrigir as falhas do mercado, não para as criar e eternizar.

No final, neste braço de ferro, ganhará claramente a grande maioria, que defende os direitos adquiridos e a regulamentação omnisciente do Estado, criando os monstros que exploram toda a sociedade e explicam a história do nosso permanente atraso.  

Também neste fim de semana, no Observador, se pode ler um artigo sobre o caso Famalicão, outra causa fracturante, de autoria de José Meireles Graça, que se contrapõe a um texto de Luís Aguiar Conraria, ( autor que também muito estimo, com pontuais excepções),  centrando a questão onde ela deve ser discutida: a defesa dos direitos, liberdades e garantias dos Indivíduos salvaguardadas na Constituição e, já agora, também na carta Universal dos Direitos do Homem. O estabelecimento de uma religião obrigatória do Estado, mesmo que defendida por vultos como Rousseau ( um dos mais importantes pais espirituais  de muitos dos equívocos actuais), não é simplesmente aceitável, legitima nem juridicamente válida.

Também eu, tenho uma divida de gratidão aos pais de Famalicão que prestam um enorme serviço cívico em época de grande perigo para os direitos constitucionais, como temos visto recentemente com os episódios do Covid, dos Incêndios e de tantos, quase constantes, atropelos aos direitos fundamentais.

Tudo somado, nada de novo, não fosse agora existir, mesmo que tímida e minoritariamente , quem defenda e discuta claramente posições opostas aos dos fortes preconceitos e confusões  saídos da revolução e de uma tradição ancestral de Estado uber alles.  Na verdade, a “esquerda”, neste momento, está no lado errado da História e da liberdade.  A todos os opositores, o meu muito obrigado.

PS: Os direitos constitucionais sempre foram um empecilho para as maiorias da Sociedade. Por isso mesmo foram criados, impedindo tiranizar minorias pelas maiorias. 

Nos insuspeitos EUA, vemos a mesma contestação a direitos constitucionais, seja porque não consagram o que se pretende ( como no caso do Aborto) mesmo que remetendo para uma escolha democrática, seja porque não é conveniente, como no atropelo dos direitos de quem representa um incomodo para o ambiente ( ou outra qualquer causa que não mereça o consenso da maioria. 

 

Os subsídios, todos os dias a baralhar.

por Jose Miguel Roque Martins, em 13.07.22

Não há nada mais popular em Portugal do que subsídios. Todos gostam de os receber, ignorando as distorções brutais que implicam na transferência ( normalmente indesejada ou injusta) de rendimentos entre grupos,  na menor produção de riqueza e no mais ineficiente uso dos recursos disponíveis em termos de bem estar geral ( e pessoal).

Hoje li duas noticias sobre subsídios, como acontece todos os dias.

A primeira, num jornal desportivo, que ilustrava a razoabilidade dos subsídios destinados a atrair emigrantes. No caso, a transferência de Trincão do Barcelona para o Sporting, beneficiando as partes de uma taxação mais baixa porque Trincão retornou a Portugal. Muitos até clamam por uma taxação especial no futebol, já que uma menor taxação noutros países, permitem-lhes ser mais competitivos em termos do que verdadeiramente importa, os salários líquidos dos jogadores. Sou a favor de menos impostos, mas para isso a despesa publica não pode continuar a subir. No entretanto, parece-me, temos que ter o futebol que podemos, tal como acontece com todos os outros sectores da sociedade.

A segunda noticia refere a provisão de cerca de 8 milhões para tratamentos de fertilidade de casais, o que é certamente um propósito mais nobre do que o Futebol.  Tecnicamente a iniciativa não é um subsidio, mas em termos práticos é um subsidio: apenas os contemplados dos milhares de candidatos, poderão aceder ao tratamento que não passa a ser uma cobertura universal do SNS. Todos sabemos que apenas os cidadãos mais informados, normalmente com maiores rendimentos, acabarão por beneficiar desta medida. Alguns melhor do que nenhuns é positivo, mas não se tenham ilusões, é um subsidio regressivo que beneficia as classes menos desfavorecidas. Dá-se uma no cravo e outra na ferradura, aumentando a já total opacidade do sistema distributivo Português.

Ir dando pequenas benesses a grupos legítimos ou menos legítimos de pressão, pode retirar algum vapor da caldeira de contestação.Apenas com o prejuízo de sermos um País mais justo e desenvolvido.

A reforma do Sr Costa

por Jose Miguel Roque Martins, em 12.07.22

Contra todas as expectativas, afinal António Costa é um reformista. Antes o plano era mascarar a total incompetência do Governo e do Estado, a esperança que os Portugueses não reparassem. Percebeu que começava a ser difícil mas que havia uma solução fácil, uma profunda reforma: prevenir os problemas, basicamente impedindo que as pessoas possam viver. O Covid foi a inspiração. Se as pessoas ficam em casa para salvar o SNS, porque não proibir tudo o que possa desmascarar a impotência e incompetência? Basta proibir que as pessoas fiquem doentes, comam bacalhau à Brás, andem de comboio, proibir concertos em tempos de incêndio e o que mais iremos ver nos próximos tempos. Basta um risco, tira-se a liberdade. Para o bem de todos, para quem é privado da sua liberdade, para o Estado que não corre o risco de ter que explicar porque nada funciona.

Ouvi hoje o Sr. Costa, candidamente, lembrar que a proibição é boa para os proibidos, que assim não correm riscos (nem têm que tomar decisões: o bom Estado trata do assunto). É bom para todos, para o Estado e para os patetas dos cidadãos que não têm capacidade de tomar decisões em função de recomendações, essas sim, que o Estado deveria fazer em situações anormais. 

A liberdade vai sendo removida em fatias cada vez menos finas até, quem sabe, uma revolta ou, mais possivelmente, que tenhamos que fazer a dieta do regime, a vida social do regime e termos as ideias do regime. Já faltou mais.

 

O padre João e eu

por Jose Miguel Roque Martins, em 07.06.22

Conheci o Padre João Seabra quando estudava na Católica. Dificilmente poderia alguém ser um Capelão tão extraordinário quanto ele. Não por ser de uma inteligência contundente ou ter uma cultura profunda e abrangente, mas porque ninguém poderia ser mais disponível e interessado pelos estudantes do que ele. Era uma presença quotidiana, incisiva, permanente, que marcou algumas gerações de Estudantes.

Outras das características do Padre João era a sua personalidade forte e exuberante e uma ortodoxia marcada, feita de inteligência e fé. Por tudo isso, ou era amado ou odiado, nunca ignorado.

Enquanto agnóstico assumido, não fui ignorado. Pelo contrario, tal como outros que não tinham fé,  fui alvo permanente das atenções do Padre João. Entre longas conversas e alguns “chapadões”, não fui convertido,  mas tornei-me um profundo admirador  e amigo do Padre João, que teve a bondade de me casar. Ortodoxia sim, mas sempre preocupado com a inclusão e não com a exclusão. Ortodoxia sim,  mas sempre pronto a acolher e a respeitar as diferenças, não a condena-las. Ortodoxia sim,  não no ódio mas no amor.

A noticia da sua morte entristeceu-me muito. Pessoas como ele fazem falta, muita falta. Consola-me que a sua vida tenha sido esplêndida. Foi cedo, mas fez muito. 

 

100 paz

por Jose Miguel Roque Martins, em 04.06.22

Ontem passaram 100 dias desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. Das brutais calamidades, das mortes  e sofrimento humano contínuos já sabemos. O que não se sabe é como e quando poderão terminar.

Aparentemente nem a Rússia tem força para conquistar toda a Ucrânia, nem esta, de expulsar o invasor. As posições defensivas assumidas pela Rússia em Kherson, assinalam a sua incapacidade ofensiva em toda a linha. Mas também não há sinais de que a Ucrânia consiga aproveitar um sector relativamente desguarnecido para uma contra-ofensiva expressiva. Nos selvagens confrontos na frente do Dombas, são mais as vitimas civis e militares de ambos os lados, do que alterações significativas no terreno.

A Rússia sobrestimou as suas forças e subestimou a resistência Ucraniana e o apoio do Ocidente, é um facto hoje inquestionável. Mas como se sai disto?

A improvável substituição de Putin, poderia facilitar uma solução ou, pelo contrario, ser substituído pela facção ainda mais sanguinária que existe e tem força no Kremlin.

A Ucrânia entregar, por acordo, terra à Rússia, não parece ser uma solução. Já tinham, de facto,  a Crimeia e parte do Dombas e não foi suficiente.  Quanta terra pode realmente saciar o apetite russo?

Um cessar fogo, puro e simples, para permitir o regresso da vida e uma discussão mais ou menos consequente, nas actuais circunstâncias, não serve a Putin. Tem que mostrar resultados, que ninguém sabe quais são.

Certo é que a intensidade dos confrontos actuais são insustentáveis, a prazo, para Ucranianos, Russos, África e o resto do Mundo, durante muito mais tempo.

Uma solução, necessariamente má, acabará por chegar, seja a derrota total de um dos lados ou um mau acordo.

 

 

 

 

Anti-americanismo , pobres e mal agradecidos

por Jose Miguel Roque Martins, em 02.06.22

Ontem, um conhecido comunista, Pedro Tadeu, escreveu uma coluna no DN em que basicamente aproveitou para desancar os EUA, o que em si não é novidade: as esquerdas mais radicais sempre detestaram os EUA e tudo o que representa. Não admira. Se a economia de mercado não funcionasse tão bem, ainda estaríamos no tempo da gloriosa União Soviética.

O anti-americanismo não é um exclusivo das “esquerdas”, é um sentimento que varre a maior parte da populações, independentemente das suas opções políticas.

Será caso para dizer que, se a maioria das opiniões corresponder à verdade, então os EUA são, sem duvida, um primo mais ou menos afastado do Diabo.

Se olharmos para a História, desde  independência Americana, em 1776 até ao principio do século XX, há mesmo razões para considerar que os EUA se portaram, aos olhos de hoje, ao nível dos piores.  Escravatura, genocídio dos indígenas americanos e o roubo das suas terras, invasão e conquista de imensos territórios do México (Texas, Novo México, Califórnia),  imperialismos, como a doutrina Monroe ou as Filipinas ou a guerra Hispano-americana e a guerra civil que, observada à distancia, parece ser uma severa infracção à autodeterminação dos povos, na realidade, mais uma guerra de conquista fratricida, não muito diferente da actual Invasão da Ucrânia pela Rússia.

Dito isto, também é importante lembrar que, na Europa, só não falamos todos alemão, ou russo, graças aos Americanos. Da minha parte, só por isso, merecem o meu enorme agradecimento.

É verdade que os EUA protegem os seus interesses, como tantos, com tanta razão, afirmam, pelo menos desde Woodrow Wilson. Não entendo a surpresa, num mundo em que, há séculos, não se espera que Estados ( para não dizer indivíduos), sejam na sua essência altruístas.

É verdade que para os Europeus, desde o cancelamento da conquista do canal do Suez por Ingleses e Franceses, não se pode disfarçar a humilhação das outrora orgulhosas potências, que se apercebem que há um poder maior para além do seu. O que também não agrada ás outras nações e particularmente à Rússia e à China. Ninguém gosta de saber que não tem liberdade total, mesmo que contrariada por um poder maior relativamente benigno.

É verdade que se envolveram em guerras e outras maldades, algumas das quais profundamente estúpidas, como a segunda invasão do Iraque, ou que fracassaram num banho de sangue, como aconteceu no Vietnam. Já alguns, como os Sul Coreanos , muito podem agradecer aos Americanos, já que o seu combate ao comunismo ( por interesse próprio) lhes permitiu uma vida melhor. Todos os que beneficiaram da luta contra o comunismo, e foram muitos, em todos os continentes, deveriam ter um nível de apreço, que não sinto, mesmo que a sua fortuna tenha sido uma coincidência e de confluência de interesses com os EUA.

 É verdade que os EUA estão longe de serem perfeitos quer na sua, por vezes desastrada actuação internacional, quer até no seu próprio modelo social. Continua, apesar de tudo, a ser o único país que tem uma lotaria de nacionalidade, como forma de permitir a uma multidão de candidatos a emigrar para os EUA, o poderem fazer legalmente, sinal que não será o pior dos mundos.

Acresce que nunca, um tão grande poder económico e militar foi tão contido, ( com eventual excepção da China imperial, há séculos) no aproveitamento da sua força, face á desproporcionada fraqueza da grande maioria dos outros países.

Entristece-me, isso sim, que outros, como os Europeus, não assumam nem as responsabilidades, nem os compromissos, nem os custos, para não precisarem de continuar a estar gratos aos Estados Unidos, preferindo a sua submissão clandestina e os seus protestos meio surdos, muito mais baratos e confortáveis.   

A todos os antiamericanos, convido a criar as condições para serem realmente livres, independentes, iguais e não piores do que os EUA. Porque, na verdade, estão sobretudo a protestar consigo mesmos. 

 

 

O incrível Sr. Louçã

por Jose Miguel Roque Martins, em 01.06.22

Há pessoas que desafiam as leis da normalidade. O Sr. Louçã é um dos seus expoentes, infelizmente por más razões, pela negativa. Nunca vi ninguém com tanta lata e desonestidade como ele, nem conheço adjectivos suficientemente fortes para o descrever.

Evito ler o que escreve, já que fico sempre irritado, mas por vezes não me consigo conter e leio algum texto dele, o que serve sempre para me lembrar porque o considero detestável. Ontem, ao ler as “gordas”, deparei-me com um titulo que poderia ser usado por muita gente, nunca por Louçã: Os talentos já fugiram, queriam que ficassem?

Fiquei na duvida. Teria Louçã perdido a cabeça e gabar-se , justamente, ter contribuido activamente para a emigração dos talentos, ao negar-lhes um futuro em Portugal? Proporia, à soviética, a proibição de emigração dos jovens com mais potencial?  O que um dos mais vocais críticos da meritocracia e de um mercado livre e dos seus consequentes salários dignos, teria a dizer? Não resisti e li o artigo. Afinal Louçã não enlouqueceu, é só mais do mesmo.  Os culpados são as empresas Portuguesas, o pequeno e o grande capital e o seu vício, que as empresas estrangeiras que contratam os nossos talentos não devem ter, por baixos salários.

Sanções , sinais importantes mas pouco eficazes.

por Jose Miguel Roque Martins, em 31.05.22

As sanções internacionais são sinais importantes mas por norma pouco eficazes. Cuba, com mais de 60 anos de sanções, Irão, Venezuela, Coreia do Norte, são exemplos de que sanções não fazem cair regimes autocráticos estabelecidos. Quem realmente sofre são as populações subjugadas, não os membros da autocracia dominante, o cerne do regime, que se pretende sancionar.

As sanções à importação de petróleo por parte da UE, são particularmente ineficazes, já que os custos que se pretendem infligir são da mesma ordem dos custos em que se incorrem. Nem a Europa vai consumir significativamente menos, nem a Rússia vai deixar de exportar a sua quota na produção mundial. Depois de uma perturbação inicial, no final apenas os custos de transporte vão aumentar para todas as partes ( importadores e exportadores).

O mais importante sinal das novas sanções ao petróleo, não são as consequências económicas para a Rússia é a confirmação de que a Europa está disposta a sofrer para combater agressões à ordem internacional.Acredito existirem formas mais eficazes e baratas de o fazer. 

Tem 99 anos, mas continua lúcido

por Jose Miguel Roque Martins, em 30.05.22

As declarações de Kissinger, de que a Europa devia exigir paz com perda de território da Ucrânia, levantaram considerável alarido.

É intolerável verbalizar um pensamento tão imperialista, de que a Europa, os EUA,  a Rússia, a China ou outra “potencia”, condicionem o destino de um país soberano, tal como acontece sempre.

É pouco popular reconhecer a realidade, de que a Ucrânia não terá capacidade de recuperar militarmente o território perdido desde 2014 e o território que perderá nesta guerra, como deveria acontecer num mundo ideal.

É irritante que o mal compense, que Putin, consiga realizar os seus intentos, apesar de sabermos que um fim feliz, só acontecem sempre em filmes cor de rosa.

É revoltante que, apesar de tudo, não esmagar um mal com poder nuclear, seja uma jogada mais prudente do que inequivocamente errada.  

Pode ou não concordar-se e aceitar o que diz, não se pode negar que Kissinger tem 99 anos mas continua lúcido. 

A criar monstros todos os dias

por Jose Miguel Roque Martins, em 26.05.22

Já todos ouvimos histórias de como a actual geração de jovens estava estragada por mimos materiais de pais que lhes dão o que têm e não têm e de como existe uma geração “perdida” por falta de educação e valores. Nunca liguei muito a estas previsões, tão constantes como desmentidas pela evolução, ao longo de séculos .

A noticia de ontem no Observador, de uma filha de 21 anos que sai de casa, pela sua pobreza, e consegue uma pensão até aos 25 anos da mãe que vive com um salário mínimo, deixou-me de boca aberta. Tenho a esperança que haja qualquer motivo não relatado que possa explicar o inexplicável. 

Existirem monstros, é uma constante da vida, mas que  sejam apadrinhados pela sociedade e a sua justiça, parece-me francamente demais.

 

Portadores de barba

por Jose Miguel Roque Martins, em 25.05.22

Agora que os seres portadores de útero finalmente beneficiam da redução de IVA nos produtos de higiene associados a essa condição, parece-me tempo de se olhar para os portadores de barba e reduzir o IVA nas lâminas de barbear.

Depois, temos que continuar diligentemente a corrigir os grandes focos de desigualdade dos portadores. 

 

 

 

O regresso da infantaria

por Jose Miguel Roque Martins, em 24.05.22

Ainda com a memoria da segunda grande guerra, o poder militar parecia ser um exclusivo de quem tinha armas pesadas, aviões, grandes navios e tanques, muitos tanques. A guerra da Ucrânia está a confirmar que a infantaria está de volta.

As armas ofensivas sofisticadas encontraram armas defensivas, muito mais baratas, à altura. A guerra de movimentos, em confrontos de exércitos razoavelmente equipados, parece mais difícil, volta a guerra de posições.

Para além dos misseis Stinger e afins, que já tinham demonstrado a sua eficácia na guerra do Afeganistão, os sistemas antiaéreos sofisticados evoluíram de tal forma que, não tornando redundante a aviação, a tornam num actor secundário demasiado bem pago.  Três meses depois do inicio da guerra, a Rússia, apesar da sua esmagadora superioridade, não consegue operar com eficácia visível na Ucrânia. A excepção teórica à supremacia das defesas aéreas, os aviões furtivos, não fazem parte do arsenal Ucraniano, enquanto os Russo aparentam não ter stocks de misseis inteligentes de alta precisão, lançados a grande altitude e distancia, que lhes permitiriam fazer a diferença no terreno. Aviões antigos, como o F16, estão, por isso, cada vez mais limitados nas funções que desempenham com eficácia, enquanto aviões realmente úteis, como o F-35, custam cerca de 100 milhões por unidade, sendo o preço de cada míssil exorbitante.   Já os drones, que custam uma pequena fracção do que custa um avião, dão boa conta de si, sabendo-se que os muitos que serão abatidos, têm uma relação custo-eficácia muito superior à da aviação convencional. Apenas a falta de domínio aéreo total pela Rússia, permitiu que a Ucrânia tivesse resistido como resistiu.

Também a época dos grandes navios, em confrontos entre nações bem armadas, parece estar no fim. O afundamento do Moskva, apesar de dotado de sistemas de defesa anti-mísseis, supostamente sofisticadas, faz repensar a lógica de construir armas que custam biliões e que podem ser afundadas com armas que custam uma ínfima parcela.

Nos carros de combate, apesar de as diferenças não serem tão gritantes, demonstram que Bazucas sofisticadas ( cada míssil custando perto de 80.000 euros) , são capazes de os deter, mais uma vez, com grande prejuízo económico para quem investe mais. O tempo actual parece ser de munições caras e armas baratas.

É por todas estas razões que a guerra na Ucrânia se transformou numa guerra próxima da I grande guerra, em que a infantaria e as trincheiras, regressaram em grande força.



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