Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Sou dos que querem mudança e reformas. Que detesto viver num País pouco livre, que não me conformo pela escolha da pobreza colectiva e com a falta presente de futuro que deixamos aos nossos filhos e netos que não emigrarem. Não gosto de viver numa realidade que me parece delirantemente virtual. Mas de falta de democracia não me queixo.
Cada vez mais estou convencido que o Povo é que mais ordena. Os nossos políticos, sistema político e partidos, podem ser acusados, com razão, de tremendas e até incompreensíveis barbaridades, mas entregam democracia.
O que conta é a vontade profunda dos Portugueses e, qualquer fuga a essa realidade, independentemente das circunstâncias, qualquer que seja o líder o partido ou a ideologia proclamada, é fortemente punida em termos eleitorais e rapidamente corrigida. Não que nenhum cidadão goste de tudo o que acontece, das trapalhadas e escândalos. Mas nada disto tem a ver com aquilo que de facto conta na hora das eleições. O mais recente exemplo do que pretendo transmitir, foi a queda de Passos Coelho, ainda hoje um pária para a grande maioria dos portugueses e especialmente para pensionistas e funcionários públicos. Para muito poucos fez o que devia, começou a reformar. Para a maioria, feriu vacas sagradas e, em particular, as suas vacas. Para quase todos, cometeu a ousadia de ser honesto, o que também não é bem visto em Portugal. Político apreciado, tem que prometer o céu. Pode não cumprir, mas tem que prometer. Palavra dada, não tem que ser honrada. Que isto, na política tem que obedecer à etiqueta, tem regras. Não admira por isso, que as suas reformas tenham sido anuladas em tão pouco tempo. O país quer mesmo o que tem. A democracia, não há duvida, triunfou e funciona. Os Portugueses, nas questões essenciais, não querem mudar!
Quem ousar afrontar as linhas vermelhas da maioria, está destinado ao fracasso.
PS e PSD, como Portugal, estão encalhados, condicionados, presos ao seu eleitorado. Será possível esperar que, mesmo que o queiram, façam reformas? Não me parece. Seria ir contra o que a maioria realmente quer. Não há reformas sem ferir interesses e convicções. E no nosso caso, há demasiados interesses e convicções de fé, tão cristalizadas como por vezes eventualmente absurdas. Os partidos de poder, sabem com clareza, por experiência própria, que ofenderem os interesses reais dos Portugueses, os seus minúsculos mas letais direitos adquiridos, as suas convicções dogmáticas, só trará a derrota eleitoral e o rápido regresso ao ponto de partida, realizado por outro partido. O que conta é dar um ar de progresso, mesmo que poucochinho, de esperança, de prudência, de que alguém vai ao leme e que o Estado lá estará, sempre capaz de amparar.
Certo é que temos um Pais menos livre do que o desejável e exigível, mais pobre do que o possível, mas temos o País que a maioria quer. Temos democracia.
(continua)
Não concordo consigo porque, parece-me, ninguém sabe o que pensa a maioria do povo português. O sistema eleitoral que temos, ao permitir que as direcções partidárias dos nossos maiores partidos, ponham na Assembleia da República uns quantos deputados, não consegue eleger pessoas que, no seu conjunto, representem o verdadeiro povo português.
Repare-se nisto: os deputados não são escolhidos pelos eleitores, eles são escolhidos pelos dirigentes partidários. E sen assim, com pouco mais de 30% dos votos entrados nas urnas - metade dos eleitores abstêm-se - um partido pode ganhar as eleições e organizar um governo composto inteiramente por apaniguados seus e, assim, governar o país da forma que entender, que só por acaso coincidirá com o que pensa a maioria dos portugueses. Ou seja, com menos de 20% dos eleitores inscritos e no gozo dos seus direitos, um partido político que escolhe os seus líderes, não por critérios de competência, mas por fidelidade ao chefe, pode governar quase sem oposição, tanto mais que a comunicação social em Portugal, não está, neste capítulo, a cumprir o seu importantíssimo papel.
Por tudo isto, não me parece legítimo dizer-se que os governos portugueses, agem como agem, porque a maioria dos portugueses assim o quer, uma vez que, com esta lei eleitoral, não é possível saber, com algum grau de certeza, o que pensa a maioria dos portugueses sobre as matérias da sua governação.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Boa noiteA guerra começou no dia em que um homem (...
Se foossem os também exóticos eucaliptos seria mui...
A cidade tende sempre a concentrar o poder polític...
SubscrevoAdicionaria privatização total da banca, ...
O Sr. Dyson está rico. Bem o merece, ninguém é obr...