Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Umas eleições pouco interessantes (3)

A ditadura do centro

por Jose Miguel Roque Martins, em 29.12.21

Nada vai mudar, enquanto os portugueses não mudarem. Ou melhor enquanto a maioria não mudar. E a maioria, nos últimos 50 anos, é o “centro”.

Os seus arautos, o PS ou PSD, em alternância ou coabitação, apenas irão mudar o necessário, para tudo se manter essencialmente na mesma. Servindo com lealdade, o que a generalidade dos Portugueses votantes consideram essencial. Quem desafia esta lógica, já se sabe, é posto a andar. A democracia funciona.

Os Portugueses do “centro”, não são diferentes dos outros cidadãos, não são particularmente inteligentes ou estúpidos, cultos ou ignorantes, generosos ou egocêntricos. Os do centro, tal como os outros Portugueses, não são heróis do mar, da terra ou do mar, nem vilões ou completos cobardes. Apenas Homens. Que acredito estarem muito errados. Alguns até são ideologicamente do centro, seja lá o que isso seja. Outros, acredito, sentem-se pobres e vulneráveis, com baixa auto-estima e confiança. Sentem a necessidade de se agarrar ao que têm, na errada crença de que é impossível , em liberdade, cada um abdicando dos seus pequenos e ilegítimos privilégios, que todos fiquem melhor. O óptimo é inimigo do bom, o medíocre, um resultado razoável, pelo menos melhor do que mau. A moderação é confundida com imobilismo, entendido como manter o que está bem e mal, pouco ou nada mudar ou corrigir, nunca arriscar. É melhor um diabo que se conhece do que a incerteza  e o risco da mudança. A liberdade é pouco valorizada e o sentimento da total superioridade e legitimidade dos direitos da maioria, só é contestada quando os direitos individuais, dos próprios, são atacados. E acima de tudo, como aliás nos últimos séculos, num traço também comum à esquerda e direita, olha-se para o Estado como única resposta ás preces individuais e colectivas. Esta característica, mais nacional do que do centro, é o que nos distingue, mais claramente, dos países mais felizes.

Claro que há traços, que suponho serem comuns em todas as sociedades, que só tornam um pouco pior o que já é mau. Há sempre aqueles que preferem abdicar da sua liberdade, para que os outros também não a tenham e aqueles que sentem uma necessidade de impor aos outros, em pormenor e detalhe, aquilo que deve ser a sua vida. Quando em maioria, democraticamente, apoiados no sistema político,  atropelam com arrogância inconsciente, todos os que não partilham das suas crenças. Foi o que aconteceu  na luta contra a COVID,  um exemplo flagrante mas apenas mais um pequeno episódio, nesta longa, forte e detestável tradição. O culto do bom aluno e do “virtuoso”, é especialmente encontrado em muitos destes cidadãos, que falam de barriga cheia, já que têm o que querem. E as dores dos outros são sempre mais doces do que as nossas.

O centro, representa o maior mercado editorial, beneficiando, por isso, de uma constante e  reconfortante confirmação das suas crenças nos órgãos de comunicação social, que têm que vender ( ou receber subsídios)  para sobreviver.

A demonstração da mediocridade do regime, a incapacidade de prover progresso, riqueza, qualidade de vida,  ao ritmo da esmagadora maioria dos países europeus, não impressiona este grupo.

Porque, apesar de tudo, temos progredido. Porque podia ser pior. Porque o sistema, mesmo com menos riqueza, é mais justo (?). Porque duvidam estarmos prontos para mais liberdades e responsabilidades. E o que vem primeiro? O desenvolvimento ou uma sociedade mais livre? Argumentos há sempre, para todos os gostos, em todos os sentidos. Cada um acredita nos seus. Contra factos afinal há argumentos.

Já as queixas da violação das liberdades e garantias constitucionais, esbarram ou na indiferença, quando não incompreensão absoluta do que se fala. Os mais atentos, esgrimem que, apesar de tudo, tem havido mudanças ou pelo menos intenções de correcção. Esquecendo que todos os dias, novas agressões são instituídas enquanto não se corrigem as anteriores, mesmo as mais graves. O regime é o centro. O centro é a democracia iliberal. E por isso é o centro é o responsável pela violação dos direitos e garantias constitucionais dos cidadãos, entre outros pouco razoáveis ditames. Vivemos a ditadura do centro.


12 comentários

Sem imagem de perfil

De Anónimo a 29.12.2021 às 09:49

Muito pouco se tem falado (alertado) aqui da muito peculiar democracia à la PS!...  Um «modelo» infame de democracia deturpada, cheia de maleabilidades, "à medida" das ocasiões, num autêntico jogo viciado de cartas marcadas. Este parido que está no governo há 6 anos (e se prepara para ir a votos), subverteu as regras democráticas e converteu-as num  jogo duplo e dúbio, com sujidade de bas-fond. Estes «profissionais» do jogo canalha e da artimanha ganham sempre, uma vez que só eles dispõe do joker, essa carta fora do baralho que foge à regra, uma espécie de fora-da-lei que não pertence a nenhum naipe e tem valor variável, definido de acordo com as "conveniências" do jogador para as suas torpes "jogadas" do momento.


 Votar no PS é, portanto, um lance demasiado arriscado: ninguém sabe ao certo que cartas esconde na manga e menos ainda que "regras" foram estabelecidas (desta vez) pois estas são moldáveis às circunstâncias, como sabemos. 
Vale a pena ler a descrição do João Marques de Almeida sobre a "democracia" segundo a perspectiva do PS:


"A declaração de Costa mostra... que o PS se julga o dono do regime e já nem o esconde. Estão absolutamente convencidos de que haverá uma maioria de esquerda e um novo governo socialista. Depois, de acordo com os resultados do PS, primeiro ou segundo, compete aos militantes socialistas escolher o PM. Eis o país que está na cabeça de Costa: mesmo que o PS perca as eleições, são os militantes socialistas que terão a última palavra na escolha do futuro PM."

"Eis a escolha “democrática” dos portugueses: governo socialista com Costa, ou governo socialista com PNS [Pedro Nuno santos]. O PS quer levar Portugal para um regime semelhante à da ditadura da I República: o PM pode mudar desde que o partido do governo não mude. Como mostrou Costa, o PS é hoje a principal ameaça à democracia pluralista em Portugal."

"Governar tornou-se um modo de vida para o PS e uma carreira profissional para os socialistas. E vem aí muito dinheiro de Bruxelas. Na cabeça dos socialistas, este dinheiro não é para os portugueses, mas para ser gerido e distribuído pelo PS."



E assim, instalados na sua "democracia" de partido único, ditam as "regras". Esperamos por melhores lances...

Sem imagem de perfil

De Anónimo a 29.12.2021 às 09:58

Transcrição retirada daqui:


https://observador.pt/opiniao/o-ps-tem-dois-candidatos-a-pm/
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 29.12.2021 às 11:18

Essas tais regras (chamemos-lhe assim) do PS são uma mistura de "contorcionismos" vários e "habilidades" diversas. E assim sendo, haverá:

 « o “Costa de 2015” [que] mostrou que os portugueses não votam para PM mas para maiorias parlamentares.»


e haverá também o
 
  “Costa de 2021” [que] diz aos portugueses que estão a votar no futuro PM.»

«Sem deixar qualquer dúvida, Costa disse que, se o PS ganhar, ele continuará como primeiro ministro; se o PS perder, mas com uma maioria de esquerda no Parlamento, será Pedro Nuno Santos o próximo PM ...  provavelmente com o BE no governo»



Há para todos os paladares. Costa não deixa os créditos por mãos alheias. Já os olhos, esses, têm na mira outros horizontes... 

Comentar post



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



Notícias

A Batalha
D. Notícias
D. Económico
Expresso
iOnline
J. Negócios
TVI24
JornalEconómico
Global
Público
SIC-Notícias
TSF
Observador

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Anonimo

    Isto passa em Portugal?https://www.dailywire.com/n...

  • Anonimo

    Concordo a 100% com esta análise. Irrefutável. Que...

  • ...

    Era o que mais me faltava ter de ser eu a dar os l...

  • Anonimo

    Nunca haverá paz com o Hamas. É uma organização mi...

  • Anonimo

    Multiculturalismo nunca foi problema por aí além n...


Links

Muito nossos

  •  
  • Outros blogs

  •  
  •  
  • Links úteis


    Arquivo

    1. 2025
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2024
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2023
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2022
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2021
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2020
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2019
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2018
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2017
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2016
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2015
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2014
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2013
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2012
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2011
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2010
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2009
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2008
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D
    235. 2007
    236. J
    237. F
    238. M
    239. A
    240. M
    241. J
    242. J
    243. A
    244. S
    245. O
    246. N
    247. D
    248. 2006
    249. J
    250. F
    251. M
    252. A
    253. M
    254. J
    255. J
    256. A
    257. S
    258. O
    259. N
    260. D