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A ignorância é da comentadora do Público, Carmo Afonso, no seu artigo de hoje sobre os preços dos combustíveis e o jugo do liberalismo selvagem.
Sobre isso nao vale a pena perder muito tempo.
A vergonha é do jornal Público que contrata comentadores para preencher quotas políticas, em vez de servir os seus leitores com gente que procura manter-se dentro do que é a realidade e, sobre isso, pensar e escrever com liberdade.
Desde há muito que as quotas maiores dizem respeito aos comentadores da esquerda onírica, isto é, da esquerda para quem os factos são tão subjectivos como as opiniões, e os comentadores de direita que só dizem coisas de esquerda. Agora parece que o jornal quer dar mais importância às minorias, mas só a algumas minorias, mulheres escuras são muito mais valorizadas, pelo jornal, que, por exemplo, mulheres chinesas ou ciganas.
Tendo saído alguns comentadores da esquerda onírica, como Rui Tavares ou Pedro Filipe Soares (sim, o Público deu muita publicidade a algumas alterações, mas limitou-se a dizer coisa genéricas sobre outras, e a forma como as dispensas de Rui Tavares e Pedro Filipe Soares foram tratadas pelo Público no momento da sua saída é muito interessante), era preciso substituir por outros que dissessem mais ou menos as mesmas coisas e, já agora, de preferência que fossem mulheres (e pertencentes a minorias, convém não confundir a pertença a minorias com o facto de se ser mulher).
Poder-se-ia dar o caso de o Público ter ido buscar pessoas pouco conhecidas, mas não é o caso de Carmo Afonso, que é uma transferência de outro jornal, portanto sem qualquer dúvida sobre o que iria escrever na última página do Público, três vezes por semana.
Ora o artigo de hoje é exemplar do resultado deste tipo de escolhas, porque Carmo Afonso resolveu escrever sobre o preço de combustíveis, partindo do princípio que os problemas da subida do preço do petróleo nos mercados internacionais só não se resolviam em Portugal por causa do preço imposto pelas gasolineiras.
Neste momento, qualquer pessoa, com meia dúzia de cliques, consegue saber que no preço final dos combustíveis, a margem líquida de comercialização (que não é a margem de lucro, é o custo operacional desde o armazenamento até à bomba, que inclui o transporte, os custos de comercialização e também o lucro das gasolineiras), que é o que está nas mãos das gasolineiras decidir, deve andar pelos 10% do preço final, mais coisa, menos coisa, e os impostos devem andar perto dos 60% desse preço.
Pois, apesar disso, Carmo Afonso consegue concluir que a origem do problema "está na lógica cartelizada e mercantilista das gasolineiras", portanto "não será uma alteração na fiscalidade que trará a solução".
Não está em causa a opção pela ignorância militante da comentadora, essa opção é perfeitamente legítima, o que está em causa é a opção do jornal contratar militantes da ignorância para preencher espaços nobres do jornal, apenas porque cumprem uns critérios da treta que não têm qualquer relação com a procura de qualidade no que aparece no jornal.
Mais ou menos como se os donos do Público, que até ganham dinheiro noutras actividades, tivessem gestores que contratassem para os seus restaurantes uma série de pessoas pela cor, orientação sexual, posicionamento político, e outros critérios que tais, sem a menor preocupação em assegurar-se de que os cozinheiros soubessem alguma coisa de cozinha ou, ao menos, tivessem vontade de aprender.
Não é de admirar que o jornal, que pelos vistos é gerido com critérios que os seus donos não aplicam nem aceitam nos seus outros negócios, tenha de viver da caridade da família Azevedo, sem aparentar o menor incómiodo de, ao fim destes anos todos, demonstrarem a mais absoluta incapacidade para encontrar um modelo de negócio que lhes permita depender de si próprios.
Seguramente não é contratando comentadores para sinalizar a virtude de quem decide no jornal, sem a menor preocupação com a qualidade do que se serve aos leitores, que a situação se vai alterar.
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