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Ana Sá Lopes, que não conheço, faz hoje no Público uma coisa que, de tão rara, merece destaque.
Por puro acaso, estou agora a começar as ler as memórias de Albert Speer (depois de ter lido, com proveito, um diário de José Rentes de Carvalho, um escritor a que progressivamente vou dando mais atenção) e uma das características dessas memórias, na opinião dos que as comentam, é o facto de Albert Speer as escrever sendo implacável consigo próprio, não fugindo de responsabilidades ou procurando desculpas.
Lembrei-me disto porque, salvas as devidas distâncias, claro, é muito raro sermos capazes de olhar para trás, e sem desculpas ou escapatórias, dizermos taxativamente: tenho de reconhecer que me enganei, vou mudar de opinião, como faz Ana Sá Lopes nesta sua crónica.
A história é fácil de contar: Ana Sá Lopes, uma utilizadora frequente do hospital de Loures, conta como foi vendo a sua degradação a partir do momento em que deixou de ser uma parceria publico-privada. Pelo caminho fala da desgraça do hospital das Caldas.
E, conclui, isso é que é notável, que tem de se render à evidência de que, ao contrário do que pensava, o Estado não gere melhor a saúde que os privados, acabando por admitir a hipótese de que o melhor seria alargar a ADSE a toda a gente.
É só neste ponto que a crónica me incomoda, para falar desta ideia, uma ADSE para todos, Ana Sá Lopes apresenta-a como tendo sido uma hipótese admitida do Adalberto Campos Fernandes numa entrevista recente, esquecendo-se, e admito que seja mesmo esquecimento, que essa é uma das propostas centrais da Iniciativa Liberal em todas as eleições.
Uma nota final para fazer notar que quando as elites experimentam a vida das pessoas comuns é muito frequente serem muito menos ideológicas no que defendem para a sociedade (é por isso que é chocante a defesa que Alexandra Leitão fez do fim dos contratos de associação ao mesmo tempo que tinha os filhos na Escola Alemã e é essa uma das razões pelas quais eu defendo a mudança da capital do país para Castelo Branco) e acabem perto de concluir que o fim das PPP da saúde - tal como o fim dos contratos de associação no ensino - foram crimes políticos cometidos contra os mais pobres e desprotegidos.
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