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Uma salva de palmas

por henrique pereira dos santos, em 05.02.23

Ana Sá Lopes, que não conheço, faz hoje no Público uma coisa que, de tão rara, merece destaque.

Por puro acaso, estou agora a começar as ler as memórias de Albert Speer (depois de ter lido, com proveito, um diário de José Rentes de Carvalho, um escritor a que progressivamente vou dando mais atenção) e uma das características dessas memórias, na opinião dos que as comentam, é o facto de Albert Speer as escrever sendo implacável consigo próprio, não fugindo de responsabilidades ou procurando desculpas.

Lembrei-me disto porque, salvas as devidas distâncias, claro, é muito raro sermos capazes de olhar para trás, e sem desculpas ou escapatórias, dizermos taxativamente: tenho de reconhecer que me enganei, vou mudar de opinião, como faz Ana Sá Lopes nesta sua crónica.

A história é fácil de contar: Ana Sá Lopes, uma utilizadora frequente do hospital de Loures, conta como foi vendo a sua degradação a partir do momento em que deixou de ser uma parceria publico-privada. Pelo caminho fala da desgraça do hospital das Caldas.

E, conclui, isso é que é notável, que tem de se render à evidência de que, ao contrário do que pensava, o Estado não gere melhor a saúde que os privados, acabando por admitir a hipótese de que o melhor seria alargar a ADSE a toda a gente.

É só neste ponto que a crónica me incomoda, para falar desta ideia, uma ADSE para todos, Ana Sá Lopes apresenta-a como tendo sido uma hipótese admitida do Adalberto Campos Fernandes numa entrevista recente, esquecendo-se, e admito que seja mesmo esquecimento, que essa é uma das propostas centrais da Iniciativa Liberal em todas as eleições.

Uma nota final para fazer notar que quando as elites experimentam a vida das pessoas comuns é muito frequente serem muito menos ideológicas no que defendem para a sociedade (é por isso que é chocante a defesa que Alexandra Leitão fez do fim dos contratos de associação ao mesmo tempo que tinha os filhos na Escola Alemã e é essa uma das razões pelas quais eu defendo a mudança da capital do país para Castelo Branco) e acabem perto de concluir que o fim das PPP da saúde - tal como o fim dos contratos de associação no ensino - foram crimes políticos cometidos contra os mais pobres e desprotegidos.


1 comentário

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De Terry Malloy a 06.02.2023 às 22:21

Eu era contra as parcerias público-privadas, até [me ter tocado a mim o SNS]”

Estou a falar em interesse próprio”

A vida de todos nós [tradução: a minha] seria melhor se a PPP tivesse sido renovada

“Já aconteceu [adoecer nas Caldas] e fiquei num lugar que mais parecia uma oficina de automóveis”

Se não for possível contar com o Estado, como parece que não é…”

Faço um apelo aos privados: por favor, abram um hospital decente nas Caldas [cidade onde passo a maioria dos fins-de-semana]”

Era capaz de ser boa ideia alargar a ADSE a todos


O que desejar a quem passou a vida quentinha nos bons hospitais privados, ou geridos por privados, a ver aquelas reportagens regulares dos velhinhos à espera à porta dos centros de saúde desde as 3 da manhã, ao frio do Inverno, para garantir uma consulta, e que sempre elogiou as maravilhas do SNS (para os outros) até esse SNS lhe ter tocado em sorte?

Pois é isso que se deseja ardentemente para a escriba e em dobro.

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