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Morreu o cantor e compositor José Mário Branco e será característico que durante dias sejamos fustigados com excertos apressados de «mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», e recomendações de que «a canção é uma arma».
O Presidente da República lamentou a perda de um músico «importante para a democracia». A ministra da Cultura disse que o seu legado «é intemporal e é património coletivo».
Não é uma coisa nem outra. A democracia afirmou-se sem ele e até contra ele, e o seu legado é datado e minoritário. Mas não tinha que ser assim.
Um dos elementos mais presentes na obra de José Mário Branco é a criação de grandes peças musicais subjugadas por textos extremistas e violentos. A canção não foi «uma arma contra a burguesia», que somos todos nós. A canção foi um serviço ideológico. E assim mesmo se menorizou, celebrando revolucionários, torcionários e genocidas, e suscitando quando muito leve e passageira irritação no seu alvo putativo.
A perda de José Mário Branco deve ser lamentada como a perda de um grande talento que se auto mutilou, que se pôs às ordens de agendas menores. Quem quiser ouvir uma amostra do que esse talento poderia ter sido deve ouvir «Gare de Austerlitz». É uma peçazinha instrumental de menos de 2 minutos, uma composição aparentemente simples, mas que abraça e nos transmite (e assim nos move) todos os sentimentos da emigração - a saudade, a esperança, a estranheza, o medo, a descoberta. Na «Gare de Austerlitz» -- o mais fundo e sentido do fado transmitido pelo mais doce do acordeão parisisense -- há mais grandeza artística, mais amor ao próximo, mais generosidade e talento do que em toda a obra de José Mário Branco. Foi pena.
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