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Não leio o Expresso, de maneira geral, por nenhuma razão em especial.
Mas tendo reparado numa diatribe sobre o facto do Expresso ter publicado um artigo de opinião de Moedas respondendo a Miguel Sousa Tavares, li os dois artigos.
Pela enésima vez, confirmei que Miguel Sousa Tavares (como muitos outros cronistas, eu sei que existem diferenças relevantes em muitos aspectos, é fácil verificar que pondo lado a lado Carmo Afonso e Miguel Sousa Tavares se verifica que Miguel Sousa Tavares escreve bem, mas os dois têm em comum coisas essenciais que se repetem em muitos outros cronistas) pertence ao grupo dos cronistas que jamais deixarão que os factos influenciem as suas opiniões.
Respondem-me frequentemente que as coisas são assim, chama-se liberdade de expressão e opinião.
Eu sou radicalmente a favor da liberdade de expressão, não me passando pela cabeça impedir que alguém diga, defenda, escreva, que a terra é plana.
Questão diferente, que é a que me interessa, é saber se os jornais devem contratar e dar destaque a cronistas que, de forma reiterada, dizem que a terra é plana, isto é, confundindo o direito à sua opinião com o direito aos seus factos, passam o tempo a escrever coisas que são falsidades.
Não vou dizer que são mentiras, a mentira pressupõe a vontade de enganar os outros, mas parece-me evidente que quem, no mesmo artigo, critica Moedas por achar que não lhe servem "as esplanadas se não consigo abstrair-me da poluição visual dos horriveis guarda-sóis e cadeiras de plástico da Super Bock ou da Sagres" e elogia Medina porque "licenciou centenas de esplanadas" não tem, evidentemente, vontade de enganar ninguém, diz o que lhe apetece, desde que sirva para contrabandear a sua opinião.
Dizer que os turistas expulsaram os lisboetas (atribuir isso a Moedas penso que fará parte daquela mania americana de estar sempre a dizer piadas no meio de qualquer discurso) é simplesmente falso, não é uma opinião, no mesmo sentido em que dizer que a terra é plana é simplesmente falso, não é uma opinião.
Dizer que os arrendamentos em Lisboa são os segundos mais caros da Europa é simplesmente falso, não é uma opinião.
Dizer que não se consegue chegar ao Terreiro do Paço ou à Ribeira das Naus a não ser de tuk-tuk é simplesmente falso, não é uma opinião (é uma típica afirmação de gente bon chic bon genre, que desconhece como funcionam os transportes públicos, porque não põe lá os pés, e portanto desconhece a concentração de transportes públicos que existe nessa zona da cidade, Metro, autocarros, barcos, comboios, etc.).
E poderia continuar só neste artigo, mas este é o registo habitual deste cronista, verifico-o sempre que escreve sobre algum assunto de que eu perceba minimamente.
Como digo, não é, de maneira nenhuma, o único.
E a pergunta, para a qual não tenho resposta, é sempre a mesma: o jornal que contrata, mantém e dá destaque a pessoas que publicam sistematicamente falsidades, desde que sirvam os seus argumentos, que demonstram, crónica após crónica, que jamais deixarão que os factos influenciem as suas opiniões, apresentando-se como iluministas racionais apesar de demonstrarem que a sua cabeça funciona exactamente como a dos terraplanistas, não tem responsabilidade na degradação da qualidade do debate público que decorre de ter terraplanistas a ocupar boa parte do espaço mediático mais destacado?
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