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Isto é uma fotografia do debate entre Costa e Rio, no momento em que Costa, para demonstrar que disse ao eleitorado que iria fazer a geringonça, mostra a capa do Expresso anterior às eleições.
Costa sabe que esta capa não o cita a ele (mas a fontes anónimas), sabe que este título é da responsabilidade do jornal e dos jornalistas, e sabe perfeitamente que em lado nenhum disse, publicamente, que se perdesse, iria fazer a geringonça.
Aliás, mesmo depois das eleições andou numas reuniões com a PAF das quais saía sempre a dizer que Passos Coelho não apresentava propostas nenhumas a que pudesse dar resposta para apoiar um governo da coligação que ganhou as eleições.
Ontem, no debate, disse claramente que entendia que se perdesse era porque o eleitorado fazia uma leitura negativa da sua actuação, e portanto ir-se-ia embora, embora não tenha explicado por que razão esse raciocínio não tinha sido válido em 2015.
Tudo isto define bem Costa (mais até que a mentira de dizer que Neeleman faliu em 2020 e fechou as suas empresas, como teria fechado a TAP se o governo não a tivesse nacionalizado outra vez), mas não é Costa que me interessa neste post.
Esta capa do Expresso resultou de uma boleia que Costa deu a uma jornalista do Expresso durante a campanha, em que lhe disse que faria a geringonça, lhe disse que se quisesse podia publicar essa informação, mas que ele, Costa, nunca a confirmaria.
Isto é uma forma, feia, mas legítima, de Costa condicionar jornalistas, dando um exclusivo sumarento, em troca da não revelação da fonte.
O problema é quando jornalistas e jornais como o Expresso aceitam quebrar as regras da sua profissão, a citação de fontes anónimas sem ser por razões plausíveis de segurança e risco para a fonte, regras essas que existem exactamente para limitar a capacidade de fontes interessadas plantarem informação que lhes interessa, sem assumir responsabilidades por isso.
Esta é a primeira imagem desagradável de nós que resulta da fotografia que está no princípio do post: uma imprensa que se deixa encadear pela necessidade de publicar o que ninguém publica, acabando a ser manipulada por um político experiente no assunto.
No entanto, o mais desagradável não é essa primeira imagem de nós, enquanto sociedade, o mais desagradável é que tudo isto é do domínio público e, mesmo assim, Costa continua a poder exibir esta capa de jornal como prova de que sempre disse ao eleitorado que iria fazer a geringonça, como se a simples necessidade de recorrer a esta prova não fosse a demonstração de que de facto, na campanha, não disse o que iria fazer se perdesse as eleições mas a esquerda tivesse maioria no parlamento.
Somos nós que apreciamos mais a "habilidade" de Costa dá mostras, que o que significa o facto de uma pessoa mentir ao seu eleitorado (não a mim, que não votei nele, mas aos outros, aos que votaram nele) com o objectivo de não o assustar, para ter oportunidade e tempo para fazer passar a ideia de um modelo de governo que nunca quis apresentar ao eleitorado porque suspeitava que isso prejudicaria a votação - em termos mais substanciais, porque tinha a percepção de que não era isso em que o eleitorado votaria.
Costa é o que é, mas o que é verdadeiramente deprimente é nós sermos o que somos.
"Esta capa do Expresso resultou de uma boleia que Costa deu a uma jornalista do Expresso durante a campanha, em que lhe disse que faria a geringonça, lhe disse que se quisesse podia publicar essa informação, mas que ele, Costa, nunca a confirmaria.
Isto é uma forma, feia, mas legítima, de Costa condicionar jornalistas, dando um exclusivo sumarento, em troca da não revelação da fonte."
_ É nisto que consiste a "habilidade" do Costa? É que no meu dicionário tem outro nome...
Mais palavras para quê?!
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Olá.Obrigada pela partilha.Boa semanaMaria
Não deixa de ser irónico que uma organização de ho...
Muito obrigado Henrique.
Não me surpreendeu tanto como ao JT em virtude do ...
Realmente, fazia falta aqueles regimes da foice e...