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Um novo governo, um velho hábito

por henrique pereira dos santos, em 17.10.19

Li com atenção a lista dos novos ministros, mas li com os óculos que me foram fornecidos por este artigo do Observador, sobre os baixos salários em Portugal.

Pedro Gomes Sanches faz umas contas simples sobre a diferença entre o esforço da entidade patronal para pagar um salário decente e a frustração do trabalhador ao ver a indecência do que recebe.

Na vida real, nem sempre as coisas são assim, na verdade há várias maneiras de pagar mais, diminuindo o peso fiscal que pesa sobre os dois, patrão e empregado, transferindo bens materiais para o trabalhador sem que sejam classificados como rendimento, mas é uma maneira globalmente muito ineficiente de remunerar o trabalho.

E foi ao ler a lista dos ministros com estes óculos que reparei que são muito raros os que têm alguma experiência relevante de gestão de uma empresa sua que pague salários (ou outra entidade privada, o dinheiro que o Estado reserva para si pelo trabalho social das IPSS, e de todas as outras organizações do quarto sector, é absolutamente indecoroso, tão indecoroso que o mesmo Estado, querendo pagar poucos aos bolseiros mas por-lhes mais dinheiro no bolso, corta substancialmente na taxação desses pagamentos, fazendo com que as empresas que queiram pagar o mesmo salário líquido a trabalhadores que estejam no sistema científico, tenham de suportar uns 30% a mais que o Estado).

A minha proposta é simples: se gostam de quotas, se querem quotas, se acham que há grupos sociais que precisam que quotas para diminuir a discriminação que sobre eles se exerce, então que estabeleçam uma quota de empresários nos governos, talvez uns 25% já sejam suficientes para ter uma percepção clara dos efeitos desastrosos que a carga fiscal está a ter na coesão social, na competitividade das empresas e nos salários medianos pagos em Portugal.

Já agora, se estas quotas se pudessem estender aos jornalistas, académicos, comentadores e outros ocupantes do espaço público mediático, seria bastante bom.


7 comentários

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De Luís Lavoura a 17.10.2019 às 11:15

os efeitos desastrosos que a carga fiscal está a ter na coesão social

Pelo contrário, a carga fiscal faz diminuir a desigualdade (entre os salários das diferentes classes sociais) e, portanto, faz aumentar a coesão social.
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De Luís Lavoura a 17.10.2019 às 11:18

O nível da carga fiscal nada tem a ver com o nível salarial. Países como a Dinamarca e a Suécia, que têm altos impostos sobre o trabalho, têm também salários bem elevados. Não é por os impostos serem elevados que os patrões dinamarqueses, suecos ou japoneses têm dificuldade em remunerar bem os seus trabalhadores.
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De henrique pereira dos santos a 17.10.2019 às 12:21

Com certeza a carga fiscal não é o único factor responsável pelo nível dos salários (argumento melhor que o teu é o de que empresas diferentes, no mesmo país, têm níveis salariais diferentes) mas tenho a informar-te de que a Suécia tem realmente um nível mais elevado que o de Portugal de taxação do trabalho (mais um ou dois pontos percentuais) mas a Dinamarca até tem um nível de taxação sobre o trabalho mais baixo que o de Portugal. Quanto ao Japão, são quase dez pontos percentuais abaixo do nível de taxação de Portugal.
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De Nicolau a 21.10.2019 às 13:05

Se em Portugal se ganhasse como na Suécia e por decisão política se aplicasse bem o dinheiro dos impostos, provavelmente não haveria grande problema no imposto sobre o trabalho; no entanto, temos um Estado que mais facilmente aplica dinheiro em autoestradas do que no desenvolvimento de indústrias, ou quando o aplica dá a fundo perdido ou com fraca inspecção dos projectos. De que serve sermos todos coesos a acreditar que a nossa mediocridade é o melhor que podemos ter?
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De Luís Lavoura a 17.10.2019 às 11:20

Quando o Henrique fala de empresários, inclui neles os empresários por conta própria (tipo, o dono de uma mercearia nepalesa)? E inclui aqueles que só têm um posto de trabalho fora da família (tipo, o dono de uma loja chinesa que tem uma empregada brasileira)?
Há empresários com poucos trabalhadores, outros com muitos...
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De Anónimo a 18.10.2019 às 16:01

a mini-remodelação ficou sem suspensórios por determinação da CNE
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De Francisco Albino a 18.10.2019 às 19:06

E ainda um efeito pouco referido e particularmnete pernicioso queé o de empurrar muitos trabalhadores qualificados para fora do nosso país. Um salário razoável de um engenheiro que em Portugal é taxado a 45% (de taxa marginal) é taxado em Londres a 20%. Isto diz tudo e explica quase tudo o que se passa com a nossa emigração. Mas as avestruzes continuam a meter a cabeça na areia...

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