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O Congresso do PSD deste fim de semana revela, ou melhor, torna evidente as grandes de linhas de atuação política do líder do PSD. Manifestamente somos confrontados com Passos Coelho Primeiro Ministro que se tem revelado como governante com objetivos claros quanto ao caminho a seguir, com determinação e persistência naquilo que considera prioritário e indispensável e ainda com notável sentido de Estado (que ficou bem patente na crise política de Julho do ano passado). Conseguiu remar contra a maré e contra todos os críticos (da oposição ou do próprio PSD) defendendo e implementado um conjunto de medidas em que, a certa altura da caminhada, parecia que só ele e Vítor Gaspar acreditavam. Teve “nervos de aço” para aguentar todo um turbilhão de críticas, protestos, manifestações de rua, sessões na Sala Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, movimentos contra a troika e, apesar de tudo isto, permanecer fiel a um PAEF que recebeu no dia em que tomou posse. Soube ainda resistir ao golpe de Paulo Portas com o seu pedido irrevogável de demissão e ao permanecer firme na condução do Governo (“não desisto do meu País”) conseguiu evitar uma nefasta crise política para o país. Os principais indicadores económicos começaram a evidenciar, especialmente a partir de Setembro, de que a recuperação da economia era uma evidência só negada pelos os cegos que se recusavam a ver e aquilo que era a quase inevitabilidade de um segundo resgate tornou-se, em pouco tempo, numa saída que até pode ser “limpa”. Até o parceiro de coligação se rendeu às evidências com o Ministro da Economia a lembrar o velho provérbio “entrada de leão e saída de sendeiro”. Temos um PM que tem apelado, desde há uns meses e especialmente nos últimos dias, a um acordo interpartidário quanto aos principais objetivos da politica financeira, orçamental e económica do País que não é acompanhado pelo líder da oposição que teima em permanecer num registo socrático do qual ele próprio foi opositor; ou seja, temos o líder do Governo com uma postura de homem de Estado que se confronta com o secretário geral do PS sem propostas e sem alternativas que não sejam a marcação de eleições legislativas. Até deste ponto de vista eleitoral temos uma coligação que se apresenta às europeias com uma perspectiva de conseguir não um desaire eleitoral (como era previsível até há bem pouco tempo) mas apenas uma ligeira derrota ou, até mesmo, uma vitória. Mas também somos confrontados com Passos Coelho Presidente do PSD que tem atuado como líder de facção interna promovendo politicamente aqueles que o acompanharam no seu percurso partidário quer enquanto dirigente da JSD quer como deputado e quer, mais recentemente, no seu “regresso” à intervenção partidária. Por outras palavras temos um líder do PSD que escolhe para seus parceiros na direção do partido aqueles que sobreviveram e continuam a sobreviver à custa do controlo do aparelho partidário e que nada acrescentam (ou melhor, retiram) de valor político relevante. A composição da agora “refrescada” Comissão Política Nacional e a escolha do primeiro da lista para o Conselho Nacional são disso uma grande evidência. Vamos, por isto, continuar a assistir à intervenção do PSD em que domina o “aparelhismo”, incapaz de intervir politicamente (até em suporte da coligação governamental) e gerador de trapalhadas como agora aconteceu com a questão da co-adopção. Mais, quando se esperava um PSD com novos protagonistas para acompanhar um novo discurso governativo (bem expresso nas comunicações inicial e final de Passos Coelho no Congresso do PSD) temos uma direção partidária que é mais do mesmo. Temos, assim,” um líder, dois sistemas”: Passos Coelho como PM e Passos Coelho como Presidente do PSD. O Primeiro Ministro está em condições de continuar, sustentadamente, a condução do Governo até às legislativas de 2015 e, mais do que tudo, conseguir que o País saia do PAEF com credibilidade quer junto dos parceiros europeus quer junto dos credores da dívida pública. O Presidente do PSD permanecerá fiel aos compromissos do aparelho e fechado nas suas próprias lógicas internas e por isso incapaz de trazer novos contributos (ou seja, novos militantes e outras abordagens políticas). O PM está em condições de vencer as próximas eleições legislativas e o Presidente do PSD está em condições de garantir que os candidatos a deputados (nas europeias e legislativas) são fieis colaboradores dos processos partidários em curso. Passos Coelho será o futuro PM mas não conseguirá convencer, enquanto presidente do PSD, os que vivem em Oeiras, em Sintra, em Gaia e no Porto (apenas os quatro dos dez maiores concelhos do País). Num futuro a médio prazo, Passos Coelho terminará (como acontece a qualquer PM) as suas funções governativas e o mesmo acontecerá como Presidente do PSD; nessa altura será reconhecido como o governante que superou uma grande crise económica, financeira e política mas deixará o PSD vazio de militância e à mercê daqueles que “controlam” o aparelho. Ficará para a história do País como um grande PM mas corre o risco de deixar o PSD no fim da sua história.
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