Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Esta peça do Observador sobre o que eles chamam uma "guerra de números" entre o PS e o Governo é exemplar como ilustração da responsabilidade dos jornalismo na desvalorização do jornalismo.
Não, não é um problema de incompetência ou militância desta jornalista em concreto (que não conheço), é uma opção de desvalorização do papel de editor, isto é, de verificação independente de aplicação dos critérios jornalístico definidos pelo jornal antes de publicar alguma coisa.
A história é simples de contar: o Governo apresenta uns números sobre uma coisa, a oposição não gosta dos números e diz que são manipulações, o Governo diz quais são as suas fontes e sugere aos jornalistas que perguntem à oposição quais são as suas fontes e os jornalistas limitam-se a transmitir este ping-pong sem se dar ao trabalho de fazer aquilo que as pessoas esperam que o jornalista faça: avaliar as declarações de uns e outros, perguntar-lhes onde estão as fontes verificáveis do que dizem, consultar essas fontes, e concluir o que há de verdadeiro e obscuro em cada um dos lados.
A menos que eu tenha acesso fácil às fontes de uns e outros (e que perceba o que estão a dizer), eu, leitor, não tenho grande maneira de saber, com alguma segurança, quem anda a brincar com os números e quem está a ser sério.
Formei uma convicção: se o Governo diz estes são os números, a fonte é esta e podem verificar, e o que o PS diz não se percebe, acha que não é assim, que o governo está a aldrabar, mas não diz exactamente o que está certo ou errado nos números, o mais natural é que o Governo esteja a ser sério e o PS esteja a ser fiel a uma escola de mistificação da realidade que tem uma longa tradição no partido.
O problema é que esta minha convicção está fortemente influenciada pelo facto de conhecer Fernando Alexandre e Alexandre Homem Cristo há muitos anos e nunca os ter visto a fazer manipulações grosseiras de números, e também conhecer Alexandra Leitão há anos suficientes para não acreditar numa única palavra do que diz, sem confirmação prévia por fontes independentes.
Só que isso não garante nada, numa situação concreta os primeiros podem estar errados e a segunda estar certa, é por isso que preciso do jornalismo, para que, por mim, porque tem melhores instrumentos que eu para isso, vá validar o que é dito por uns e outros no caso em concreto.
A jornalista não o faz, não percebo porquê, e não há um editor no jornal que lhe diga que esse é o seu trabalho, ouvir uns e outros é apenas um passo intermédio para melhor poder fazer esse escrutínio, não substitui o escrutínio.
Ou seja, uma peça comprida, cheia de diligências mas que, no essencial, é inútil, ou pelo menos, muito menos útil do que poderia ser se a jornalista estivesse perfeitamente consciente de que o papel do jornalista não é ouvir pessoas, é escrutinar o que ouve das pessoas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Pois, meu caro. Na altura é que a gente vê como re...
Viajavam dois imigrantes e as agressões focaram-se...
Caro AmigoNão resisto a meter o bedelho, para malc...
Os seus coments parecem bastante similares aos "cu...
Diz bem, a começar. Pois outras medidas mais drást...