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Manuel Carvalho escreve hoje um editorial no Público em que começa por falar sobre este video.
No essencial, trata-se de um homem que, com ou sem razão, procura defender-se do que considera uma compressão dos seus direitos individuais e da iniquidade da actuação do Estado.
Não usa de violência, não se recusa a identificar-se, mantém procedimentos básicos de protecção em relação à epidemia, em especial o distanciamento físico. É um homem isolado, desarmado, frente a dois polícias, num primeiro momento, mais meia-dúzia de polícias num segundo momento, chamados pelos dois primeiros, limita-se a desobedecer de forma não violenta perante o que lhe parece ser um abuso da autoridade do Estado.
É completamente irrelevante se tem razão ou não, isso ver-se-á mais tarde nos tribunais, se a tanto chegar o caso.
Perante um homem isolado que contesta pacificamente o poder, dentro da longa tradição de desobediência civil que está associada à defesa dos direitos individuais contra o abuso de poder do Estado, com ou sem razão (friso bem este aspecto), o que tem a dizer Manuel Carvalho, o director de um dos diários mais influentes do país?
Que "em circunstâncias normais, a atitude desse homem mereceria uma condenação sem reservas. Nos dias que correm não faltou quem apoiasse a insolência perante a autoridade".
Quando a imprensa está, por definição, a favor do poder e contra os indivíduos que, pacificamente, se manifestam pelo que consideram os seus direitos individuais inalienáveis, condenando a sua "insolência perante a autoridade", estamos conversados.
O editorial exemplar na demonstração das razões profundas da crise do jornalismo.
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