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Semanas depois de um dos marcos do meu ano – ter sido capaz de abrir ostras com uma daquelas facas sem me magoar, ajudado por um brevíssimo tutorial do Youtube – dei por mim noutra primeira vez, um convívio de Blogs (ou será blogues?).
Convidado a estar com vários Corta Fitistas num destes dias de sol de outono, prometia-se e concretizou-se um almoço excelente, com ótima comida, vinho e sobremesas, mantiveram-se os telefones em modo avião sem que parecesse esforçado, a hospitalidade suave contribuiu e bem para que assim fosse. E jogava o Manchester e tudo, vejam lá.
Nunca habituado às convenções, não só não me atrasei, como cheguei ligeiramente antes da hora, a tempo de encontrar o HPS e lhe poder dizer que a minha opinião sobre a flotilha era uma e que se tornou outra. Sem surpresa, o HPS tinha uma opinião sobre a minha nova opinião, o tema desaguou na chegada de outros bloguistas e nos cumprimentos gerais.
Vi logo uma edição especial de The Lamb Lies Down On Broadway. Ali entre ir para a mesa e decidir onde nos sentaríamos, o JT ainda me explicou o que era (tratava-se da caixa especial de corrida do 50º aniversário) e eu tive a oportunidade de lhe lembrar que Phil Collins era injustiçado. Cortês, JT lembrou que a saída de Steve Hackett é que acabou por quilhar o som dos Genesis para sempre. Lá concordámos, creio, que os Genesis dos 80 e dos 90 foram uma importantíssima banda Pop.
Com alguma surpresa, verifiquei que já conhecia quase todos os que apareceram. A conversa foi sobre temas vastos. Ventura será um dia isto? E aquilo, conseguirá? Terá ele cabedal para a vontade do povo? Depois, uns consideraram que o Estado Novo isto, outros acham aquilo, a conversa foi parar ao ouro do Brasil e a outros destinos menos remotos. Uns terceiros lembram que tal e tal, uns quantos aproveitaram para dizer então e aquela parte? Falou-se anos 80 e de Cavaco. Lá se concordou efusivamente sobre o presente presidente da República. Falámos várias vezes do livro do Nuno Palma e zero vezes do almirante, do primeiro-ministro e das autárquicas.
Como quase sempre acontece, cada um esteve mais barricado no seu ponto de vista do que com disposição de enviar uma embaixada para tentar incluir doravante aquilo que outrem defendia. Eu não fui - nem sou - exceção.
A comida desaparecia dos pratos e o vinho dos copos. Lá fomos para a varanda, onde quem apreciava fumou charuto. Não vi ninguém a fumar cigarros a partir de uma maquineta – quererá dizer alguma coisa?
Talvez uma das coisas mais estranhas e espantosas de Portugal seja a naturalidade democrática em encontros de qualquer tipo que exclua o futebol como tema dominante. Em contextos clubísticos, as discussões são muitíssimo mais agressivas e com mais absolutismos, em conversas sobre política, sociedade e cultura, sobre o passado, o presente e o futuro, cada um vai tendo as suas opiniões, mas ninguém costuma querer ir aos fagotes do outro, pelo contrário, até servimos vinho ao colega do lado, quando vemos o copo vazio.
Soube melhor que significa ser monárquico em 2025 e em especial monárquico em Portugal e que até os foodies têm comida de que não gostam e não comem.
No convívio estavam pessoas francamente ricas de histórias e que não se importam de as contar. Há um curiosíssimo – e pouco reconhecido - valor cultural e social nos tipos com jeito para falarem de si e do que lhes acontece e aconteceu. A vida de cada um é uma história que vamos contando a nós próprios e aos outros, mas há vidas mais aventurosas e outras mais plácidas e contidas. Confirmei de novo, que nada bate uma boa história aconchegado por uma ótima refeição.
P B M
Imagem: A praia da Poça, em São João do Estoril, no princípio do século XX
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