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Um contagio de Putinismo

por Jose Miguel Roque Martins, em 13.05.22

A força bruta, deve ser combatida com força bruta, no terreno de batalha, não na subversão dos estados de direito. Mas é isso que está a acontecer um pouco por esta Europa fora, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.

Primeiro com casos isolados e pontuais, depois com um despudor cada vez maior ,na ignorância dos mais básicos princípios de Estados de direito, já para não falar em hipocrisias dignas de Putin.  Respostas emocionais, depois de uma brutal agressão em larga escala como a praticada pela Rússia até são compreensíveis, mas não podem ser toleradas. Parecendo mais actos que se esperam e são praticados por Putin do que por democracias liberais Europeias.

Despedir cidadãos russos por não assinarem declarações de repúdio a Putin, será um episódio que ratifica a liberdade individual?

Fechar órgãos noticiosos pró russos, não é censura?

Impor sanções ( condenações) a pessoas ou empresas, sem julgamento prévio, até pode ser popular e eventualmente eficaz, mas não será injusto e contra  os direitos mais básicos de qualquer  individuo, nomeadamente o direito a julgamento? Quando, como acontece, os critérios utilizados serem  tão questionáveis como os alvos de sanções serem supostamente Oligarcas   ou simplesmente pertencerem à família de Putin, não estaremos já a entrar no delírio absoluto?

Quando altos dignitários, com naturalidade, falam na apropriação dos fundos soberanos Russos, para financiar a reconstrução da Ucrânia, não estamos a falar em violações  do direito mais elementar?

Aplicar sanções e depois acusar a Rússia de fazer chantagem com o fornecimento de gás é minimamente sério?

Não importa se são bravata de políticos à cata de votos ou o desejo profundo dos Europeus. São manifestações profundamente erradas  e inaceitáveis de um delírio iliberal que varre as democracias na Europa, um triste contagio de Putinismo


11 comentários

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De balio a 13.05.2022 às 17:35


Muito bem!!!!! Excelente post!!! Concordo a 110%.


(O problema é em parte que atualmente os governantes todos da Europa e dos EUA estão imersos no Twitter e nessas redes sociais altamente deletérias. Governam portanto numa democracia mediática, com decisões tomadas reflexamente em função das emoções hiper-democráticas das redes sociais. E, como se sabe, a democracia é muito perigosa para as liberdades e garantias de que os cidadãos, e as empresas, devem gozar.)
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De passante a 13.05.2022 às 17:42


> um delírio iliberal que varre as democracias


E que, curiosamente, se repete amíude, olhando para episódios históricos. É quase como se as liberdades e garantias não fossem lá muito sólidas, a roçar o "bait and switch" no mercado político.


Mas isso já era conhecido há muito, como notou o camarada Twain: "In our country we have those three unspeakably precious things: freedom of speech, freedom of conscience, and the prudence never to practice either."
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De Jorge a 13.05.2022 às 18:15

Vivemos já numa fase de loucura potenciada pelas redes sociais e pelos ativismos do novo milénio.  Politicamente correto, cancel culture, defund police, sistemic racism, whitness previlege , lgbt religion , transgenero , escolha o genero , abaixo o patriarcado, homens podem engravidar, eutanasia para adolescentes deprimidos, direita igual a fascismo .....facebook e twitter como ferramentas de manipulação e perseguição a quem não é politicamente correto....um mundo cinzento e intolerante.
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De Martim Moniz a 14.05.2022 às 14:56

Apenas um homem desconstruído pode aceitar o trinfo do ciborgue,onde se entram os “sonhos” da ideologia de género e da confiança infinita no progresso.— O caminho é a individualização do ser humano e a fragmentação da sociedade humana,que causarão,já estão a fazê-lo,a divisão entre as pessoas.Devemos insistir em que o transumanismo é o produto do mito do progresso e a sua destilação,a emancipação.– A população(em geral),acredita cegamente no progresso,hoje convertido numa religião apretechada de uma linguagem semelhante à do cristianismo,do qual é uma impostura fomentada pelas elites globalistas. (do livro “Acorde” de Fernando Paz)
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De Anónimo a 13.05.2022 às 19:35

Roque Martins:
Finalmente um apontamento mais equilibrado. Mas...
A "brutal agressão" começou em 2014 sobre as populações russófonas do Donbass, a uma "escala" de cerca de catorze mil mortos em sete anos.Esse foi o verdadeiro começo da guerra que continua hoje.  A escala da agressão corria o risco de ser muito maior quando em Dezembro-Janeiro o actual governo ucraniano já tinha concentrado mais de cem mil do principal do exército para retomar o controlo total desse território. Issso não se soube muito por cá porque... não convinha que se soubesse. Convinha era provocar os russos a fazerem a "invasão". Mas ainda chegou alguma informação, como esta:
https://www.independent.co.uk/news/world/europe/russia-ukraine-army-donbass-troops-b1967532.html
Quanto a delírios iliberais entre nós, infelizmente já vêm de longe, mas não é preciso senão lembrar os dois últimos anos, com os confinamentos compulsivos por seis meses. (Compulsivos para uns cidadãos; outros cidadãos, de outra classe, tinham de continuar a trabalhar fora para alimentar os confinados.) E já viu o ante-projecto governamental sobre a "emergência sanitária", apresentado há poucos dias?...
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De balio a 15.05.2022 às 17:43


em Dezembro-Janeiro o actual governo ucraniano já tinha concentrado mais de cem mil do principal do exército para retomar o controlo total [do Donbass]



Isso é o que os russos diziam. Pode ser verdade ou não ser.


Os russos também diziam que a sua própria acumulação de tropas nessa região era somente para exercícios militares, e acabou por se verificar que não era. Ou seja, os russos mentiram.


Quem mente uma vez, pode ter mentido duas vezes.
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De pampulha a 15.05.2022 às 18:02

Luigi Fabbri in REVOLUCION NO ES DICTADURA
«O las cosas son administradas por los protagonistas y por parte de los interesados mismos y en tal caso se realiza la anarquía, o las cosas son administradas según las-leyes hechas por los administradores y entonces existe el gobierno, el Estado, que fatalmente será contrarrevolucionario, a pesar de las más revolucionarias intenciones de los hombres detentadores del gobierno" 
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De JPT a 16.05.2022 às 15:57

"A força bruta, deve ser combatida com força bruta, no terreno de batalha, não na subversão dos estados de direito" (cito) Ou seja, para responder à "brutal agressão em larga escala [...] praticada pela Rússia" (cito) contra um país europeu soberano, devemos (é o verbo usado) matar e ferir cidadãos russos (soldados e civis, pois "o campo de batalha" inclui armazéns e fábricas de armamento, refinarias e depósitos de combustível, e infraestruturas de logística, transportes e comunicações) e, claro, matar e ferir cidadão das democracias ocidentais (no mínimo, os militares que vão levar a "força bruta" aos russos). Todavia, violar as garantias processuais na aplicação de sanções económicas aos correligionários e parentes do Sr. Putin e ao seu círculo de oligarcas, que paga o regime e a guerra; limitar a sua máquina de propaganda (dentro do que é possível, na era da Internet, ou seja, simbolicamente), ou sequer "falar" (cito) em usar os activos do "brutal agressor" para ressarcir os danos que este causou ao "brutalmente agredido" (e eu a julgar que isso era um princípio geral do direito desde o tempo dos sumérios), isso é que não pode ser! Escreveu isto a gozar - certo? Foi só para expor ao ridículo (de não captarem uma ironia tão óbvia) os dementes (espero eu, porque assim têm uma desculpa) que entopem as caixas de comentários da Internet - no que, naturalmente, foi sucedido. Sendo esse o caso, os meus parabéns!
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De Anónimo a 17.05.2022 às 11:09

As atrocidades necessárias para auto defesa, são perfeitamente defensáveis, pelo menos dentro das leis da guerra. Os ucranianos não podem defender-se com rosas e as sanções, são relativamente incapazes de impedir o avanço de tropas no imediato. 
As garantias processuais violadas que mencionamos, não são de pouco monta. È o que sempre permitiu que "os inimigos do povo", "judeus", "palestinianos", "fascistas" e agora uma nova categoria, "Oligarcas", sejam perseguidos sem qualquer respeito pelos seus direitos enquanto seres humanos. 
Mesmo que este tipo de sanções fossem mais eficazes do que são, há fronteiras que não se podem ultrapassar sem cometer injustiças e abrir precedentes perigosos. 
Enviar armas, combater ao lado dos Ucranianos, parece-me mais do que legitimo. Fazer parte da destruição do direito internacional e do grupo de violadores de direitos humanos, não. 
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De JPT a 17.05.2022 às 11:53

Realmente, o que, nesta altura, nos devia incomodar a todos, que temos empatia com quem realmente sofre e pugnamos pelo respeito dos direitos humanos, são as sanções que possam ser aplicados aos integrantes desta autêntica lista de Schindler: https://www.spisok-putina.org/en/.
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De Anónimo a 17.05.2022 às 12:41

Concordo que todos os acusados ( não condenados) de crime, constantes da sua lista, são provavelmente figuras sinistras, merecedoras de um julgamento. 
Mas, sem esquecer a investigação e o julgamento dos  vilões, a nossa preocupação principal, a meu ver, deve estar centrada em como protegemos os inocentes ucranianos e russos, da enormidade que está a acontecer. 

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