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Um agradecimento ao Observador (Goodhart e a extinção das espécies)

por henrique pereira dos santos, em 12.05.23

Não há muito tempo, foi publicado o livro vermelho dos mamíferos de Portugal Continental.

Há muitos anos que lido com este e outros assuntos conexos, nomeadamente censos e atlas de biodiversidade - que deveriam alimentar as revisões periódicas dos estatutos de ameaça das espécies - ao ponto de ser um dos principais responsáveis pela criação de um Cadastro Nacional dos Valores Naturais Classificados no regime jurídico de conservação da natureza.

Por um dos principais responsáveis quero dizer que fui um dos principais redactores desse diploma jurídico e nas discussões sobre essa matéria, Pedro Gama, jurista que é outro dos pais das propostas desse diploma, sugeriu a figura do cadastro para resolver uma série de problemas de registo e protecção legal de valores naturais, sem dependência de decisões comunitárias, tendo nós os dois desenvolvido a solução base que foi proposta (há alterações da versão final publicada em relação ao proposto, como é natural, propõe quem tem de propor, decide quem tem de decidir).

Devo dizer que a acumulação de frustrações relacionadas com estes assuntos só não me esmaga porque eu não sou muito de ficar esmagado por coisas dessas.

Quando saiu agora mais este livro vermelho, fui ver e, como eu já esperaria, fui ficando cada vez mais incomodado, não por ver o que me parecem erros, isso acho normal, mas porque os erros são sempre os mesmos, não aprendemos porque não avaliamos nem discutimos resultados.

Comecei a escrever um texto de opinião, mas como o queria bem fundamentado, o texto foi crescendo até às sete ou oito páginas.

Com isso na mão, fui ter com o Observador, perguntando se não queriam publicar o que tinha escrito, como ensaio.

Confesso que esperaria uma resposta simpática a mandar-me dar uma curva: um texto longo, sobre o um assunto que deve interessar a menos de 50 pessoas, que voluntariamente se afasta do dramatismo e das previsões catastróficas, sem apostrofar ninguém e responsabilizar os interesses pelo apocalipse ambiental e a extinção das espécies, até a mim me parecia um texto impublicável.

Enganei-me, o Observador publicou-o ontem, e tiro o chapéu à decisão.

Só tenho dúvidas das razões para ser um texto reservado a assinantes: que diabo, são tão poucos os interessados nele, que se ainda assim se restringe a leitura aos que, ao mesmo tempo, assinam o jornal, torna-se difícil que alguém o leia.

Paciência, é um comentário lateral, o que queria fazer ressaltar é mesmo a decisão de um jornal publicar uma coisa destas.

Obrigado.


8 comentários

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De Anónimo a 13.05.2023 às 11:43

O Sr. terá as suas fortes razões, mas, se me permite o atrevimento, faz mal em dizer isso. E por duas razões: 
A 1ª é que o Observador pode não ser uma "perfeição", muitas vezes fica-se nas meias-tintas, mas tem muito bons artigos de fundo e dos melhores cronistas da nossa praça que são quem nos vai valendo, elucidando, para desmascarem esta podridão causada pela governação; 
A 2ª razão é porque dito por si, até parece que a direita desistiu e está em estado terminal, o que não é o caso, embora convenha à esquerda que assim se pense. Não entre no "coro" dessa gente, caro Sr., toda a cautela é pouca, olhe que nos tempos que correm é perigoso fazer o "jogo" do PS! 
Repare como já puseram a maquinaria pesada em acção e o rolo compressor a "cilindrar" o pobre Presidente. E a procissão ainda vai no adro... para já, os seus avençados da CS estão só em "exercícios de aquecimento"; já circula pelas redes sociais uma "compilação" de frases assassinas sobre o Marcelo, ditas por figuras públicas conhecidas, desferindo ataques violentíssimos ao homem que tão útil lhes fora. É certo que com isso se pôs a jeito, estava na cara que era um erro fatal associar-se a semelhantes espécimes, uma súcia de crápulas da pior espécie, pronta a desferir golpes à traição (têm um historial que todos conhecemos). A novidade é que não havia este precedente de o país ter assistido em directo a uma humilhação pública e ao aviltamento de uma instituição!!!. E olhe que o Marcelo não é figura que aprecie e nem nele votei, mas... é duma baixaria sórdida "descartarem" o homem quando (acham) que já não tem serventia.
Espero, sinceramente, por uma vingança servida tão fria como uma  inesquecível... vichyssoise! 
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De pitosga a 13.05.2023 às 18:15


Claro que eu tenho as minhas razões. Se são fortes ou não, não é comigo.
Para informação de todos, nunca liguei a destros nem a sinistros.
Cumps
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De Zé Manel Tonto a 14.05.2023 às 13:26

O Observador para mim morreu em termos de lhes dar um tostão que seja quando me censurou comentários que contestavam as opiniões das noticias. Sim, porque jornalistas ali, são poucos. Como nos outros jornais, é opinião (quase toda canhota) disfarçada de noticia.


Dizia eu, comentários meus que discordavam da opinião do "jornalista" eram removidos, mas comentários nos mesmos artigos, com insultos a mistura, permaneciam.


Depois de me censurarem o primeiro, todos passaram a ir a censura prévia, sendo quase todos publicados um ou dois dias depois da noticia, quando a discussão na caixa de comentários já tinha terminado.


E antes que venham falar de "negacionismos", isto foi muito antes de certo acontecimento de 2020.

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