De Renato a 20.08.2017 às 22:44
"opções de gestão"? Mas não é o próprio Henrique que diz que os incêndios resultam de problemas de gestão? Eu lembro que em Portugal quase toda a floresta é privada (o que explica muita coisa). Portanto, o problema não é o Estado, mas os privados, a quem não deve ser dada muita liberdade de gestão.
Peço desculpa, mas parece-me que o senhor está a comentar acerca de um assunto acerca do qual pouco ou nada sabe.
Não sei, nem vem ao caso, qual é a sua profissão. Mas, qualquer que seja, gostaria de lhe perguntar se aceitaria um trabalho ou emprego ou investimento em que, para além de ter que investir com capital próprio, só obteria qualquer rendimento ou salário daqui a 40 anos?
Quanto há gestão do estado, de que fala, e ao ordenamento do território, obviamente estes são uma necessidade urgente e têm que ter em conta a desertificação humana do mundo rural, particularmente na zona do minifúndio (Norte e Centro de Portugal).
Há uma "coisa" que é a Gestão feita pelo Estado, ou, neste caso, que não tem sido feita. E há a gestão que qualquer investidor faz na sua empresa, seja ela agricola ou de fabrico de sapatos
Assim sendo, nenhum fabricante de sapatos se vai dedicar a fazer o tipo de sapatos que se usavam há 200 anos, a não ser que os ditos estejam na moda e possam gerar receitas. Da mesma forma, nenhum silvicultor vai plantar carvalhos, pelo menos em grande áreas, pois o magro rendimento que estes lhe dariam, só lhe iria chegar às mãos daqui a 40 anos.
É importante manter os carvalhos existentes e inclusivamente plantar alguns novos, mas para que se possa ser um silvicultor e sobreviver a esse facto, é necessário plantar árvores que deem rendimento.
A gestão do estado passa por criar meios e regras para a floresta por forma a que esta não esteja cheia de mato, a que não existem grandes zonas de monoculturas, ou seja, intercalando espécies e culturas diversas. Criando espaços que atrasem os fogos e permitam a passagem dos bombeiros - aceiros - e , obviamente, de acordo com as regras e mercados internacionais, regular e indicar quais as espécies que devem ser cultivadas preferencialmente e que trarão maiores dividendos aos silvicultores e ao pais, acautelando sempre a boa gestão e fertilidade dos solos
De Tiro ao Alvo a 21.08.2017 às 19:42
Inteiramente de acordo, Teresa. Não há maneira dos "Renatos" se calarem e de darem voz a quem sabe e que, quantas vezes, sofreu e sofre na pele o resultado deste desleixo do Estado, tendo ainda que ouvir os políticos incompetentes a desculparem-se que tudo isto é culpa dos "privados". Um desaforo, é o que isto é.
De Renato a 22.08.2017 às 00:12
Foi o que eu disse, Teresa. Gestão do Estado é o Estado mandar na gestão feita pelos proprietários. Escreveu imenso e chegou à mesma conclusão. Ah, já agora, eu sei um pouquinho. Tive um pinhal e um eucaliptal (além de cortiços e colmeias), ardidos na freguesia do Pessegueiro, Pampilhosa. Mas nasci na zona da Gândara, uma zona muito interessante de povoamento e transformação rural. Nasci neste meio há mais de cinquenta anos. Isto de tentar fazer os outros parvos tem os seus riscos. Quer falar de mais alguma coisa?
Peço, de novo, desculpa, mas o que o Renato disse e continua a dizer, não é, de todo, a mesma coisa que eu digo.
Muito bem , está dentro do assunto, mas tem uma visão diferente da minha.
Aparentemente, o Renato prefere uma gestão paternalista do estado. Eu prefiro a Gestão do estado, naquilo que cabe ao estado, e a gestão dos silvicultores, naquilo que cabe aos silvicultores.
As duas não são, de todo, incompatíveis, pelo contrário, são ou deveriam ser, como as duas faces de uma mesma moeda.
Peço, desde já, desculpa, caso esteja errada na análise que fiz do seu comentário.
Quanto às perdas que sofreu, lamento imenso. Nem imagina quanto lamento. A nossa impotência perante o fogo é algo que conheço bem demais.
O "meu fogo" não teve mãos criminosas, nem se localizou nas zonas habituais dos incêndios florestais. O "meu fogo" caiu do céu, em 2003, com as trovoadas secas.
Foi extinto apenas num dia, pois a densidade florestal é muito menor no Alentejo, onde os aceiros são também mais comuns e o abandono e desertificação humana não têm a mesma expressão, pois é uma zona em que, pelas características do solo, dos recursos hídricos e outros fatores, as propriedades agrícolas são quase todas de média ou grande dimensão.
Contudo, o rasto e as perdas que causou permaneceram no tempo e, por mais que a natureza tenha capacidade de recuperação, tem um ritmo e tempo próprio para o fazer.