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Trump é um sintoma, não a doença

por Jose Miguel Roque Martins, em 29.10.20

Nesta altura do campeonato, é muito provável que Trump deixe de ser Presidente dos EUA. Não gosto do personagem, como aliás a maior parte das pessoas e muitos dos seus próprios votantes. Dito isto, o voto em Trump, não é sinal de que os seus apoiantes sejam grunhos irresponsáveis, é o sinal da revolta de muitos americanos que deixaram de se sentir representados pelo seu sistema político.

A maioria do eleitorado de Trump é o homem branco sem escolaridade Universitária. Ironicamente o eleitorado que costumava votar no partido democrático. Trump está longe de ser de esquerda ou de direita, mas percebeu que uma grande parte da população estava órfã de representação política. E por isso, o seu discurso anti sistema deu-lhe a vitória há 4 anos e mantem-no candidato a uma semana das eleições.

Há décadas que os trabalhadores menos diferenciados, viram as suas condições de vida estagnar, enquanto que os enormes ganhos de comercio ficaram concentrados em 10% da população.

Há décadas que a percepção da população é que a globalização e a emigração latina lhes rouba o trabalho, ou pelo menos, o torna mais barato. No que não estão enganados.

Há décadas que são bombardeados, com discursos políticos sobre proteção de minorias, sobre uma sociedade mais justa, sobre os direitos de todos e mais uns.Estão cansados, considerando-se a única minoria desprotegida para quem, até Trump, ninguém de facto olhava. 

 Trump, fala em acções concretas e que fazem sentido ao seu eleitorado. Um muro que impeça os latinos de invadirem os EUA, uma luta contra a invasão de produtos do resto do mundo, emprego para os americanos, a defesa do Homem branco. 

Uma maior redistribuição de rendimento ( exatamente o oposto do que Trump e os antecessores republicanos e democratas fizeram) é imperativa e urgente nos USA. Tal como não ostracisar o homem branco nas descriminações positivas de todos os outros. White man also matter.  

Enquanto estes problemas não forem resolvidos, defender direitos de minorias, fazer discursos sofisticados, demonstrar compaixão pelos estrangeiros, defender uma globalização sem correções a nível domestico, será produzir o próximo Trump.

 

 

 


6 comentários

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De Azevedo a 29.10.2020 às 15:17



Trump irá ganhar as eleições.
Biden apenas ganha na comunicação social, porque a comunicação social mente, manipula, distorce, etc.
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De Anónimo a 30.10.2020 às 08:10

Exatamente como cá. O PS "ganha" sempre. Mas é só nas sondagens e na CS.
Mais vale cair em graça ...
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De balio a 29.10.2020 às 17:03


Ainda há pouco tempo o autor deste post estava a elogiar a evolução do PIB per capita chileno e a criticar o povo chileno por este querer mudar a Constituição do país.
Agora, manifesta compreensão pelo povo dos EUA por este ter elegido Trump.
Pois bem, eu diria que talvez ambos os povos, tanto o chileno como o dos EUA, tenham alguma, quiçá até bastante, razão, porque não basta que o PIB per capita cresça! É também preciso que esse aumento favoreça toda a população.
O que se verifica, quiçá, tanto nos EUA como no Chile, é que a prosperidade económica não está a alcançar partes muito substanciais das respetivas populações.
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De Jose Miguel Roque Martins a 29.10.2020 às 19:35

No chile, como referi, a desigualdade diminui e as pessoas sentem o progresso. No caso dos EUA a desigualdade aumenta e não há progresso para a maior parte da população. 
No caso do Chile, a trajetoria não deve ser mudada. No caso dos EUA, o liberalismo económico deve manter-se,  mas tem que existir maior redistribuição do rendimento. 
Não é claro? 
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De Octávio dos Santos a 30.10.2020 às 16:30

«No caso dos EUA a desigualdade aumenta e não há progresso para a maior parte da população.»



Não é verdade, muito pelo contrário: pré-pandemia (e mesmo agora, com a retoma que progressivamente se verifica), resultado das políticas da actual administração tais como diminuição de impostos, eliminação de regulações e incentivo à reabertura de fábricas («reavendo-as» ao exterior), houve ganhos significativos para as camadas populacionais habitualmente pior remuneradas, o que se traduz(iu) numa efectiva, e até inédita, diminuição das desigualdades:


https://www.wsj.com/articles/the-higher-wages-of-growth-11600298577 
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De Anónimo a 30.10.2020 às 17:42

Boa tarde,


Concordo genericamente consigo, o Trump é um sintoma. 
O problema é que o sintoma aqui em causa talvez seja o do fim do império americano, ou no mínimo o princípio do fim.
Para nós a questão não é essa, porque os impérios nascem e morrem, e nesta era em que tudo parece ter acelerado, também não há razão para que esse processo não tenha acelerado também.
Para nós, a questão, a bem dizer, são duas, como diria o outro, a saber: em primeiro lugar, que consequências desse desmoronar - porque os impérios costumam estrebuchar, como grandes animais feridos, antes de morrer. E a segunda questão é quem é o senhor que se segue - e parece pacífico para quase toda a gente que se for a China esse senhor que se segue as coisas não serão necessariamente melhores, embora em rigor ninguém consiga saber minimamente como é que isto vai evoluir.


Cumprimentos   

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