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Não sabendo eu grande coisa do mercado imobiliário, resolvi escrever umas tretas sobre o último relatório do Instituto Nacional de Estatística sobre a evolução dos preços da habitação, já que a generalidade da imprensa também se entretém a pôr pessoas que sabem tanto como eu a escrever umas tretas diferentes das minhas.
O centro das tretas mediáticas (e partidárias) sobre a evolução do mercado imobiliário é que existe uma grande crise da habitação e que isso se vê no crescimento mais ou menos contínuo dos preços da habitação.
O centro das minhas tretas é que não vejo crise de habitação nenhuma, apenas uma crise de acesso à primeira habitação por parte das famílias com menos dinheiro, achando que a subida do preço das casas, num país em que 70% dos aglomerados familiares são donos da sua própria casa, corresponde a um aumento generalizado da riqueza no país (que é diferente de um aumento da disponibilidade dessa riqueza).
Daí que a generalidade da imprensa faça títulos e notícias demonstrando horror pela subida dos das casas, e eu vá falar de outras coisas que também estão nesse relatório.
Primeiro dois bonecos, e depois vamos à conversa.


O primeiro ponto a destacar é que são as famílias que compram quase 90% das casas, sendo mais de 95% famílias com domicílio fiscal em Portugal.
Como as transações são sobretudo de casas existentes (as casas novas estão em minoria muito expressiva e, já agora, têm um crescimento do seu preço mais lento que as casas existentes), isso significa que a esmagadora maioria do mercado é feito por famílias que têm o seu domicílio fiscal em Portugal, que compram a outras famílias, sendo bem possível que quem compra e quem venda tenha uma razoável sobreposição (penso que isso seria fácil de confirmar porque como as mais valias têm um tratamento fiscal muito favorável quando investidas de novo em casa própria, deve conseguir-se confirmar, ou não, esta hipótese).
Em qualquer caso, a subida do preço das casas traduz-se em mais riqueza (e mais liquidez) para os vendedores, que ou investem em casas melhores, ou ficam com mais dinheiro (ou as duas coisas ao mesmo tempo em diferentes proporções).
Não vejo como isto possa ser um drama, pelo contrário, parece-me uma coisa boa, tal como me parece bom haver 5% de transações que são feitas a não residentes e são uma boa entrada de riqueza no país, que aumenta sempre que os preços sobem.
É verdade que seria melhor que houvesse mais casas novas a entrar no mercado (não, não serão das do PRR, essas são casas fora do mercado, na esmagadora maioria, que irão mitigar problemas sociais, espera-se), para mitigar o tal problema do acesso à primeira habitação, mas esse contributo será provavelmente menor, e demorará mais tempo que a total liberalização do mercado de arrendamento, incluindo a rapidez e eficácia dos processos de despejo, isto é, o reforço dos direitos de propriedade dos donos de casa.
Problemas poderiam existir se o número de transações estivesse a baixar (que não está) ou se os preços tivessem uma queda brusca, agora uma subida continuada e sustentada dos preços da habitação, acompanhada do progressivo aumento do número de transações, não percebo bem em que medida isso traduz um problema grave de habitação num país de proprietários de casas.
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