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Quando até uma pessoa habitualmente ponderada e racional, como Luís Aguiar-Conraria, fala da má qualidade do governo de Pedro Santana Lopes, sem se dar ao trabalho de explicar em que consiste essa má qualidade, dando-a por adquirida por causa das trapalhadas, é bom lembrar que convém ter cuidado com essas coisas que se repetem só porque toda a gente as repete.
Desse ponto de vista é muito útil uma peça de jornalismo de porteira (muito frequente na secção de política de todos os jornais) que o Observador produziu recentemente sobre as tais trapalhadas do Governo de Santana Lopes.
Para além do diz que disse habitual, espremendo, espremendo, o que se verifica é que o que se chamam as trapalhadas de Santana Lopes e, consequentemente, a má qualidade do seu Governo que é por elas aferida, é em grande parte uma construção mediática facilitada pelas características pessoais de Santana Lopes e pelo facto de não se tratar de um Governo de esquerda.
Como Sampaio resolveu demitir um governo "pelas razões que todos conhecemos" sem se dar ao trabalho de as explicar, e sem que essa inacreditável falta de fundamentação beliscasse minimamente a reputação do então presidente, é fácil e cómodo falar desse governo da forma como quase todos falam, argumentando com trapalhadas que ninguém sabe muito bem o que tenham sido em concreto.
Claro que já a trapalhada da reversão da concessão dos transportes públicos (hoje em condições piores de operação e ainda à espera de saber qual será o valor das indeminizações a pagar), a trapalhada da reversão da privatização da TAP (em que o governo essencialmente pagou uns milhões para nomear umas pessoas para um conselho de administração que não manda nada no que a empresa faz), a trapalhada do BANIF (que custou uns milhares de milhões aos contribuintes), a trapalhada da capitalização da CGD (que custou outros milhares de milhões aos contribuintes), a trapalhada dos lesados do BES (mais uns milhões dos contribuintes) e, acima de todas essas trapalhadas, a trapalhada do resgate do Montepio com o dinheiro da sopa dos pobres, nada são face à eventual sesta de um primeiro ministro em São Bento, uma das inacreditáveis trapalhadas em que se viu envolvido Santana Lopes.
É caso para dizer, mais vale cair-se em graça que ser-se engraçado, o que, no caso português, significa simplesmente estar do lado certo do espectro político e, ao mesmo tempo, prestar vassalagem aos poderes fácticos existentes, isto é, genuflectir perante os beneficiários do capitalismo de compadres que nos caracteriza, entregando-lhes o ouro, incenso e mirra dos contribuintes, e convencer as redacções dos jornais que pôr os pobres a resgatar bancos é apenas cumprir, genialmente, o verdadeiro Estado Social que nos transformará a todos em banqueiros anarquistas.
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Caro Henrique,Normalmente estou de acordo consigo....