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Todos os dias, por volta das sete da manhã, duas horas antes da abertura, já há uma bicha de mais cinquenta metros (dezenas de pessoas) à porta da Conservatória dos Registos Centrais.
Todos os dias os pais sabem que a escola funciona, mas sabem bem que funciona abaixo dos limites mínimos, só não entrando em ruptura porque o brio de muitos funcionários, dirigentes e professores as fazem funcionar.
Todos os dias os doentes e as pessoas que os acompanham sabem bem que os hospitais e centros de saúde funcionam, e são bastante seguros em relação ao que é urgente e prioritário, mas sabem bem que só o brio dos seus funcionários, enfermeiros e médicos os mantém a funcionar assim e à custa das dificuldades no que não é urgente ou absolutamente prioritário.
Todos os dias são dias de desespero para quem queira resolver qualquer assunto minimamente diferente com a segurança social.
Todos os dias, com excepção de algumas bolsas politicamente mais sensiveis, a administração pública funciona muito abaixo dos limites mínimos de eficiência e serviço às pessoas comuns, faltando sobretudo aos mais fracos e desamparados, apesar do brio de muitos dos seus funcionários (há de tudo, como na botica, incluindo pessoas absolutamente incapazes e sem o menor sentido de serviço público, mas a liberdade e poder que têm para funcionar como funcionam é uma responsabildiade das suas chefias, que se louvam na falta de recursos para justificar a sua falta de espinha).
Sim, as pessoas têm hoje um bocado mais de dinheiro que o que tinham antes deste governo, mas às que mais falta faz um Estado mais eficaz, dificilmente essa pouca de dinheiro compensa o abandono a que o Estado votou a sua administração, cortando recursos onde era mais fácil cortar, sem que se desse conta imediata de que era isso que se estava a fazer e das implicações que isso tinha na degradação dos serviços públicos e na vida dos desamparados.
A legislatura foi isto:
Reduz-se o horário de trabalho para 35 horas, prometendo que isso não teria implicações nem despesa acrescida, para no fim estar a contratar mais gente para tentar tapar o buraco criado, sem que pelo meio a imprensa fosse clara a dizer que era evidentemente um embuste dizer que se poderia cortar 12,5% da força de trabalho na administração pública sem que isso se traduzisse em degradação de serviços ou aumento de custos.
Investe-se os impostos de todos para comprar acções da TAP, com o argumento de que era preciso o Estado ter uma posição estratégica, para acabar a retirar a TAP do perímetro dó défice porque o Estado não manda nada na empresa, sem a imprensa dizer explicitamente que era um embuste a compra dessas acções.
Revertem-se concessões de transportes públicos prometendo mais investimento e melhor serviço e acaba-se com tempos de espera maiores, mais equipamentos parados, maior sujidade e recurso aos fundos azuis cujo destino depende inteiramente do despacho de um ministro, como é o caso do Fundo Ambiental, para tentar tapar os buracos no investimento, desviando da sociedade e da economia os recursos que existem para uma transição energética suave, justa e sem deixar de fora os desamparados.
Fecham-se escolas preferidas pelas famílias e mais baratas por aluno, tendo como resultado menos satisfação com o serviço prestado, mais custos e maior desequilíbrio territorial, sem que a imprensa fale do embuste da argumentação usada.
Guerreiam-se os operadores privados de saúde (o BE continua a dizer que o dinheiro gasto a aliviar a pressão sobre os serviços estatais, a custo mais baixo para o Estado que a prestação directa de cuidados, é um fardo como o SNS, sem que haja jornalistas que perguntem pelas contas e discutam os números concretos com quem diz estas barbaridades), para se chegar uma uma lei de bases da saúde que nem é carne nem é peixe, sem que a generalidade do jornalismo se entretenha a explicar o embuste de desenterrar uma guerra de alecrim e manjerona para evitar falar da degradação quotidiana dos serviços.
A legislatura tem sido isto: a vida quotidiana das pessoas é o que é, o governo e seu apoiantes dizem o que dizem, e a imprensa assobia para o lado, preocupada com petições sobre museus locais, acessos a casas de banho, declarações irrelevantes de pessoas que não representam ninguém e contabilizações de quem ganha ou perde em cada um destes jogos florais que a imprensa se não organiza, pelo menos arbitra.
Todos os dias são bons dias para depressões.
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