Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Nas ultimas semanas temos assistido a constantes interrogações relativamente á possibilidade de uma terceira guerra mundial ou ao uso de armas nucleares. Em tese tudo é possível, mas a improbabilidade destes eventos, é manifestamente próxima de zero: nem a Rússia mostra capacidade para alargar a sua capacidade de agressão convencional,  nem é útil enfatizar as suas debilidades militares recorrendo ao Nuclear, nem Putin precisa de mais para justificar a sua vitória militar. Em síntese, não há nem capacidade ou interesse pela Rússia de escalar a guerra, sendo certo que não existe qualquer desejo concreto, por parte dos países que integram a Nato, de invadir a Rússia.

Militarmente, a Rússia ficou aquém do que dela se esperava. Sem menosprezar a resistência Ucraniana, mostrou falta de informação, problemas logísticos e dificuldades estratégicas e tácticas que não se esperavam. São também aparentes a falta de recursos em termos de munições mais sofisticadas, usadas com uma parcimónia que leva a crer que dominam a tecnologia mas não foram capazes de constituir arsenais profundos por falta de meios económicos. Incapazes de esmagar a Ucrânia, teria a Rússia a tentação de enfrentar o poder da NATO?

O lançamento de uma ogiva nuclear, mesmo que táctica, sem prejuízo de uma quase certa resposta proporcional pelos EUA, seria uma admissão da incapacidade de derrotarem as forças Ucranianas, uma nova humilhação para as armas russas. A falta de mobilização geral na Rússia, que permitiria lançar tropas em numero suficiente para esmagar a resistência Ucraniana, também não aconteceu, muito provavelmente por esta mesma razão: não admitir que afinal o chefe supremo encontrou dificuldades inesperadas, que não é infalível, que o exercito não é capaz de realizar uma operação especial.

Finalmente, uma vitória é praticamente o que Putin quiser. Esperava conquistar a Ucrânia, mas nunca anunciou esse objectivo. Enquanto as “ repúblicas” do Dombas ( independentemente da sua extensão) e a Crimeia forem Russas, a declaração de vitória é sempre possível. Ora, neste  momento, já tem ganhos no terreno consideráveis, o mar de Azov é um lago da Rússia, ligou por terra a Crimeia,  o fornecimento de água deixou de ser um problema com a ocupação de Kerson. Será isto uma derrota? Apenas face aos objectivos iniciais. 

O que se parece discutir, neste momento, é apenas a magnitude dos ganhos territoriais da Rússia, antes de um cessar fogo ( que durará decadas), nas próximas semanas. Nem a Rússia parece querer  escalar a guerra, nem os Ucranianos terão real capacidade para reconquistar as terras perdidas.

È também esse o interesse da Nato, que não fornecerá armas para a reconquista dos territorios ocupados pela Russia. Apenas quando o regime Russo cair, a Ucrânia poderá ser, de novo,  reunificada.

Terceira guerra mundial, ataques nucleares, não são, de todo, prováveis.

 


9 comentários

Sem imagem de perfil

De Elvimonte a 30.04.2022 às 01:38

(continuação)


Entretanto, leio no The Guardian que a Rússia cortou o fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária e que a primeira considera isso um acto hostil - assim, sem mais. Omitem que ambos os referidos países se recusaram a efectuar os pagamentos segundo as regras do vendedor, ao contrário de outros que continuam a receber gás russo. Mas quem é assim tão desprovido de sensatez - um eufemismo - que pretende efectuar pagamentos que não chegam às mãos do vendedor porque ficam imediatamente congelados em virtude das sanções impostas? Mais loucos.


E por falar em Carta das Nações Unidas, dizia Putin para o nosso compatriota SG das NU aquando da sua recente visita a Moscovo:
«Regarding the invasion, I am well-versed in the documents of the International Court on the situation in Kosovo. In fact, I have read them myself. I remember very well the decision by the International Court, which states that when fulfilling its right to self-determination a territory within any state does not have to seek permission from the country’s central government in order to proclaim its sovereignty. This was the ruling on Kosovo, and this is what the International Court decided, and everyone supported it. I personally read all the comments issued by the judicial, administrative and political bodies in the United States and Europe – everyone supported this decision.
Many countries around the world did this, including our Western opponents, with Kosovo. It is a fact that many Western countries recognised Kosovo as an independent state. We did the same with the Donbass republics. After that, they asked us to provide them with military assistance to deal with the state that launched military operations against them. We had the right to do so in full compliance with Chapter VII, Article 51 of the UN Charter.» -  “play by the rules”, não é Ms. Liz "F the UN Charter" Truss? 


(continua)




Comentar post



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



Notícias

A Batalha
D. Notícias
D. Económico
Expresso
iOnline
J. Negócios
TVI24
JornalEconómico
Global
Público
SIC-Notícias
TSF
Observador

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes


Links

Muito nossos

  •  
  • Outros blogs

  •  
  •  
  • Links úteis


    Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2023
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2022
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2021
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2020
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2019
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2018
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2017
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2016
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2015
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2014
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2013
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2012
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2011
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2010
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2009
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2008
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2007
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D
    235. 2006
    236. J
    237. F
    238. M
    239. A
    240. M
    241. J
    242. J
    243. A
    244. S
    245. O
    246. N
    247. D