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Jaime Nogueira Pinto tem hoje, no Observador, um artigo muito interessante, também sobre a revolução que estará a ocorrer no Partido Republicano, nos Estados Unidos.
Li o artigo quando já estava a pensar escrever um post sobre a quase única coisa de que discordo a sério de Carlos Guimarães Pinto, o peso que atribui à corrupção no seu discurso.
Eu compreendo que, politicamente, é muito mais eficaz falar de corrupção que falar da simplificação de processos de decisão, que é onde acaba a desaguar o discurso racional sobre corrupção (a versão abrutalhada do discurso sobre corrupção acaba em discussões sobre penas, perseguições, justiça e essas coisas todas que, essencialmente, podem servir para assinalar a virtude superior de quem fala, mas são largamente inúteis para limitar a corrupção).
Este boneco produzido pelo Instituto + Liberdade é bem ilustrativo das dificuldades associadas ao combate à corrupção por via judicial (e mais dificuldades ainda existiriam se alguém resolvesse dar ouvidos aos fantasmas de António Barreto que, do alto da sua torre de marfim envolta em nevoeiro, acha que as escutas deveriam simplesmente ser proibidas para evitar eventuais abusos no seu uso).
Pretender acabar com a corrupção é o mesmo que pretender acabar com a pobreza, com a maldade, com o oportunismo, com o abuso, em resumo, está na linha da substituição dos maus pelos bons que historicamente justificam todas as arbitrariedades e perseguições de grandes grupos sociais.
A corrupção é uma resposta social a regras dominantes, tal como o roubo, o assassinato, e todos os outros crimes e, tal como o resto da criminalidade deve ser limitada por via judicial, com certeza, mas sobretudo por melhores regras, isto é, regras que são feitas para as pessoas concretas que existem, e não para criar melhores pessoas.
Criar pessoas melhores é uma tarefa das famílias e dos pequenos grupos sociais de proximidade, não é uma tarefa que caiba ao Estado, a esse já lhe chegam as tarefas de manter a violência em níveis aceitáveis, reequilibrando o poder discricionário dos mais fortes sobre os mais fracos, de tal forma que a generalidade das pessoas consiga considerar minimamente justa.
O que Jaime Nogueira Pinto sugere, neste artigo, é que as coisas estão a mudar em muito lado porque há demasiada gente a achar que a forma como o bem nos está a ser imposto está para lá do que é justo.
Talvez valha a pena olhar para este ponto de vista com alguma atenção.
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