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Uma noite feliz

por José Nero Fontão, em 08.02.07

Lamentavelmente, não pude comparecer ao jantar de ontem, que assinalou o primeiro aniversário deste blog. Os meus amigos e seguidores Duarte Calvão e Luís Naves tinham-me dito para estar às 21 h em ponto no restaurante Papagaio da Serafina, em Monsanto, onde, segundo me garantiram, decorreria a comemoração. Porém, ao chegar lá, ainda ninguém tinha chegado e, após ter esperado 45 minutos à chuva (a falta de pontualidade dos portugueses é um dos nossos maiores factores de atraso), recebi uma chamada de um governante a requerer a minha presença urgente e conselho. Assim perdi horas de afável convívio com aquela saudável e talentosa paleta de rapazes e raparigas.
Depois de ter estado três horas num think-tank sobre a aplicação do Simplex à recolha de lixos urbanos, fui espairecer para o Bairro Alto onde, numa viela esconsa, encontrei o jornalista do DN e pensador Fernando Madaíl, que se cruzara com alguns Corta-fiteiros deambulantes e me confidenciou ter sabido de pormenores sobre o lauto repasto. Ele parecia algo confuso, pois afirmou que o convívio decorrera no Tivoli, em vez do Papagaio da Serafina.
Durante horas, o bom do Fernando teorizou sobre o destino, mas lá me informou que a minha ausência do jantar fora comentada e que até havia um menu assinado por todos e dedicado a mim. Escrevera o Francisco Almeida Leite: “Obrigado pela tua bravura, José Nero Fontão”; alguém elogiava, talvez o João Távora, as minhas reportagens na China; e a Isabel, miss Pearls, deixara uma singela mensagem sobre a grande marcha, que me comoveu.
Decidi ir à procura destes meus amigos pelos estabelecimentos do Bairro Alto onde pairam os intelectuais noctívagos. Não encontrei ninguém e, apertado pela fome, tive que recorrer a uma roulotte onde serviam suculentos cachorros quentes. Partilhei a minha solidão com um sábio homem do povo, que me disse ser taxista, e juntos reflectimos sobre o estado do País. Ele confidenciou-me que tinha votado em A. Salazar no concurso dos Grandes Portugueses. Fiquei admirado com a sua cultura e o bom senso das suas palavras (“isto precisa é de Ordem, esta merda está toda corrompida”), já que o cientista e antifascista professor Abel Salazar não é geralmente referenciado entre pessoas menos eruditas. Consolado por verificar que ainda é no nosso povo simples que vamos buscar os melhores exemplos, voltei para o conforto do meu T12 em Miraflores. Chovia mansamente e o mundo estava sereno.
*José Nero Fontão votou em Maria Elisa no concurso dos Grandes Portugueses, mas não foi convidado para participar no painel de comentadores

O ralhete

por José Nero Fontão, em 06.02.07
O cansaço já tomava conta de mim. Sobrevoávamos a Sibéria Ocidental, após dias de uma cansativa viagem à China em que aconteceram tantos episódios noticiosos, e eu dormitava, quando fui subitamente despertado pelo som da queda aparatosa de um corpo. Olhei e vi o José Sócrates, em fato treino, estatelado no chão ao lado da minha cadeira. Estava a fazer o seu jogging no corredor do avião adormecido e tinha tropeçado no pé que, inadvertidamente, eu tinha deixado para fora, justamente no trajecto da corrida do nosso atlético primeiro-ministro.
“Zé Nero, seu jornaleiro, sempre a passar-me rasteiras. Primeiro o Pinho, depois o Laurentino, agora isto. Julgas que eu não sei o que andas a escrever sobre mim no Corta-Fitas? E os contratos que assinámos com chineses, as pontes que estabelecemos, a receptividade que houve à ideia de sermos a calçadeira deles em África? Sobre os objectivos plenamente alcançados nesta visita, nem uma linha. Nunca mais te convido para nenhuma das minhas comitivas.”. Sócrates crescia para mim, vermelho de indignação.
Ainda tentei defender-me: “Não, não, eu sou o primeiro a louvar a tua visão estratégica nesta visita ao gigante asiático, ao facto de te estares nas tintas para se é ou não uma democracia. Não é como o outro, o Cavaco, que agora tem a mania que...”
Mas não adiantou, Sócrates tinha ido buscar uma camisola do Cristiano Ronaldo (a única que tinha sobrado das 40 que levara e que generosamente tinha distribuído pelos chineses) e agora voltava, brandindo-a ameaçadoramente . “Não me venhas dar graxa à custa do Prof. Cavaco, que, mais do que um presidente estratégico, tem sido um tio para mim. Sobre a camisola do Cristiano, de que os chineses tanto gostam, falaste? Falaste, hein, ó jornaleiro?” Assustado com a veemência das palavras, tinha-me levantado e ia recuando no corredor, mas pareceu-me que o primeiro ministro me queria fazer mal com a camisola do menino d’ouro do nosso futebol e achei melhor correr para casa de banho. Apanhado de surpresa pela minha fuga, Sócrates ainda começou a perseguir-me, com aquela sinistra peça de vestuário desportivo na mão, mas eu fui mais rápido e consegui refugiar-me no WC.
Após dar alguns murros na porta, já rodeado pelos assessores, que lhe pediam calma, o animal feroz lá desistiu, não sem antes gritar:. “Escrevam coisas positivas sobre mim”. Mais sereno, acendi um charuto Major Valentín Torpedo Nº5, que reservo para momentos de grande stress como este, e lá me acalmei um bocado.
Só que então rebentaram as sirenes, fui retirado do conforto do WC por dois seguranças trogloditas, que esmagaram o meu querido charuto no chão sem contemplações, e me amarram e amordaçaram até aterrarmos em Lisboa.
* José Nero Fontão está a ponderar pedir protecção ao Dalai Lama

Sinais de debilidade

por José Nero Fontão, em 03.02.07
O Laurentino queria ver o treino olímpico dos chineses e disse-me:
“Zé Nero, sempre achei que uma ou duas medalhas olímpicas podem esconder debilidades, mas temos de ir ver como funcionam estes chineses na preparação para os Jogos Olímpicos de 2008”.
Ao ouvir aquilo, o Vicente, que é do comité olímpico, pareceu um bocado aborrecido, mas consegui logo ali sanar o conflito. O Laurentino, um dos melhores e mais conhecidos secretários de Estado deste governo, só ficou com a lapela do fato um bocado amarrotada, mas não chegou a perder a compostura. O Vicente quer ganhar muitas medalhas e não se conforma com vistas curtas.
Os chineses treinavam num ginásio dos arredores, onde a segurança era apertada.
“Eu sempre disse que uma ou duas medalhas olímpicas escondem debilidades”, exclamou o Laurentino, ao ver todo aquela parafernália de guardas. “Tenho de avisar o Amado sobre este óbvio atentado à liberdade de Imprensa em geral e aos direitos humanos em particular”.
Concordei com o que dizia o Laurentino, porque detesto limitações à liberdade de trabalhar, sobretudo quando estou em viagens oficiais a convite de governantes. Estava ainda a preparar um plano de infiltração quando reparei que o Laurentino e o Vicente tinham desaparecido, ou antes, haviam detectado uma porta menos fechada. E avançaram.
Ao segui-los, deparei-me com o horrível espectáculo. Presos em enormes braços musculados que saíam da parede e que apertavam os seus pescoços, os meus dois amigos sufocavam. Aquilo mais parecia uma tortura chinesa, o que de facto era. O Laurentino já estava azul quando apareceu o treinador chinês, que mandou suspender o exercício. Os dois imensos braços largaram suavemente os dois pescoços.
O chinês pediu desculpa, explicou que aquele era um inovador método de treino e ficámos a saber que a China quer ganhar umas vinte ou trinta medalhas nos Jogos Olímpicos. À volta, o Laurentino sentenciou esta aventura: “Eu sempre disse que uma ou duas medalhas eram sinal de debilidade”. O Vicente, ainda abalado, concordou com o secretário de Estado.
*José Nero Fontão, em jovem, alimentou esperanças de uma medalha olímpica no salto acrobático

O filho do pai

por José Nero Fontão, em 02.02.07

Passeava eu num jardim, com pagodes e tudo, à espera de ver o jogging do Sócrates, num dos intervalos desta cansativa viagem à China, quando surgiu aquele jovem com ar de marciano. Tinha o cabelo espetado, em forma de leque, e uns óculos descomunais, escuros, vagamente escondendo os seus olhos amendoados.
Sentou-se no meu banco de jardim, o que não achei surpreendente, pois muitas pessoas sentem-se espontaneamente atraídas pela minha alta testa de pensador, que tem vindo a ser acentuada por uma teimosa calvície precoce.
“Boa tarde”, disse ele.
“Boa tarde”, respondi.
Foi assim o início da nossa interessante conversa.
Não sei como, a discussão desaguou nas ambições nucleares da Coreia do Norte (acho que foi o meu interlocutor que levantou a questão). O desconhecido elaborou o assunto, explicou-me que a única intenção de Pyongyang era a de chatear toda a gente, o que não lhe parecia assim tão grave.
Achei estranho que um chinês estivesse tão bem informado sobre a Coreia do Norte e manifestei a minha estranheza:
“Mas o senhor, um chinês, estar tão interessado na Coreia do Norte...”
“Está enganado, não sou chinês. Eu sou português!”, esclareceu o estranho, que tinha inconfundíveis traços asiáticos.
“É engraçado”, esclareci, “Também sou português. Chamo-me José Nero Fontão, tenho um baixo salário e faço parte da comitiva do primeiro-ministro José Sócrates, que acaba de passar ali ao fundo em fato de treino”.
Ele já tinha ouvido falar dos dois: Sócrates, o filósofo, Nero, o imperador.
“Não”, esclareci ainda. “Nero Fontão, jornalista; José Sócrates, primeiro-ministro do Portugal Moderno”.
Em resumo, o desconhecido asiático que reclamava ser português e sabia tanta coisa sobre a Coreia do Norte, não conhecia coisas básicas sobre o meu país, nomeadamente quem eu era . Mas fui diplomático:
“Não seja mentiroso, o senhor não é português!”.
“Sou sim”, replicou ele. “Chamo-me Quim e o meu pai, que também se chama Quim, é uma pessoa importante”.
Mostrou-me de imediato um inconfundível passaporte português. Só tinha um erro: o nome Quim estava escrito com K. Mais depressa se apanha um mentiroso do que um norte-coreano coxo.
A China tem, de facto, umas estranhíssimas figuras nos seus belíssimos jardins.
* José Nero Fontão pensa que Pyongyang é uma variante coreana do ping pong

Factos ao pequeno-almoço

por José Nero Fontão, em 01.02.07
Nesta viagem oficial à China há muitas oportunidades para convívio. Ontem, ao pequeno-almoço, encontrei o Manuel Pinho. Nós os dois temos muitas conversas sobre temas económicos e julgo que o ministro aprecia os meus conselhos e, não raramente, segue-os. Mas, desta vez, reparei que o Manuel estava preocupado.
“Ó Pinho, o que se passa?”, perguntei.
“Tu nem imaginas a minha vida, Zé Nero”, disse ele, visivelmente abalado. “Tenho esta manhã uma conferência e preciso de convencer os chineses a investirem em Portugal, o que não é nada fácil. Não sei se lhes fale do choque tecnológico, se lhes diga que, depois de pôr todas as crianças a falar inglês, vamos pô-las a falar chinês...O MIT? O Sr. Bill Gates?”
“Dá-lhes factos. Os chineses gostam de factos”, atalhei. “Diz-lhes, por exemplo, que temos salários baixos. Com isso, atrais o investimento e ao mesmo tempo promoves a contenção salarial e, consequentemente, da espiral inflacionária nos restaurantes chineses e nas lojas dos 300”.
Dei-lhe o exemplo do meu amigo Ling Ling Qi, que tem um restaurante chinês ao pé de minha casa. Um dia ele disse-me: ‘Zé Nelo, os poltugueses têm salálios de chinês e tlabalham como chinês’. Acho que foi muito acertado. Trabalhamos como chineses e temos salários de chinês, portanto, somos competitivos, à nossa maneira, e não deve ser difícil para um empresário chinês instalar-se lá na nossa terra”.
Vi um brilho surgir nos olhos do ministro, mas rapidamente uma sombra perpassou pelo seu nobre semblante. “Mas não achas que o PS pode criticar? Afinal, ainda somos de esquerda...Da esquerda moderna, mas de esquerda...”
Peguei de imediato no telemóvel e liguei para o Largo do Rato. Atendeu o Vitalino, a quem expliquei a ideia. “Não há dúvida que é um facto”, respondeu. Desliguei e comuniquei ao Pinho a resposta. Fora os sindicatos, a oposição, os jornalistas do costume e alguns clientes habituais do Fórum TSF, toda a gente entenderia o que ele queria dizer.
Ao ouvir isto, o Manuel Pinho ficou muito contente. Parecia que lhe tinha tirado um grande peso de cima dos ombros. Devorou o resto do pequeno-almoço e falou todo o tempo, com extrema alegria. O resto é História. Hoje, toda a gente conhece as vantagens competitivas que temos a oferecer. Quer na China quer em Portugal quer, espero bem, vários empresários que estavam a preparar-se para deslocalizar as suas empresas para o Sri Lanka e para o Uganda. Valeu mais do que não sei quantas campanhas do ICEP a falar da convergência estratégica entre Belém e São Bento.
*José Nero Fontão, directa ou indirectamente, é responsável por 0.00014% das exportações portuguesas

Tertúlia Literária (Reconstruída)

por José Nero Fontão, em 01.02.07
- Já leste os Cisnes Selvagens?
- Não. Em Portugal, os patos bravos é que dão best-sellers...

Com Zé Nero no porão

por José Nero Fontão, em 31.01.07

“O seu nome não consta da minha lista!”. As palavras do funcionário, tipicamente português na sua arrogância de quem detém um pequeno poder, causaram-me um misto de perplexidade e divertimento. Estive para lhe dizer que tinha sido o próprio primeiro-ministro, um rapaz a quem já adivinhava grande futuro desde os seus alvores albicastrenses, quem me tinha telefonado a insistir para que acompanhasse a sua comitiva na viagem à China. Mas é claro que ele não acreditaria. Ao contrário das dezenas de empresários, políticos e jornalistas que, alinhados em filas certinhas, ele ia chamando para o avião, sempre evitei os holofotes mediáticos.
Como explicar-lhe, com os motores já a roncar, o meu longo conhecimento dos ensinamentos de Mao Zedong, como descrever-lhe o pôr-do-sol em Beijing, como contar-lhe em breves momentos os sonhos de toda uma geração? Não havia tempo a perder! Agarrei num cabo atado ao avião e, com uma agilidade insuspeita para o meu 1.60 m por 85 kg, icei-me para o porão das bagagens. Depois, introduzi-me na cabine e consegui um lugar deixado vago por um empresário têxtil que (soube mais tarde) teve que ficar em Portugal porque o sistema de controlo de idas à casa de banho das suas operárias tinha avariado, pondo em risco o futuro da fábrica.
A viagem para cá correu bem, tirando um problema: fiquei sem mala, ou antes, com a mala do tal empresário do norte que ficou na pista a ver navios. Ficarei esquisito, com estes fatos dois números acima do meu tamanho.
* José Nero Fontão julga que Beijing é a Cidade Proibida

Um cronista de regresso ao futuro

por José Nero Fontão, em 31.01.07

Falta memória nas Redacções portuguesas. Falta memória na blogosfera portuguesa. Por isso, aceitei comovido o convite que esta rapaziada do Corta-Fitas me fez para trazer um pouco da minha experiência ao convívio dos leitores. Sou do tempo em que o Jornalismo era uma Profissão honrada, em que as notícias eram escritas nas toalhas de papel de uma qualquer tasca do Bairro Alto, não raras vezes manchadas por uma nódoa do tinto que saltava do jarro de barro ou da gordura de uma batata frita mais vivaça. Em que os cotovelos traziam para o jornal as migalhas do papo-seco que nos matava o bicho em tertúlias boémias, entre mulheres de vida difícil, onde a Liberdade do pensamento não se deixava aprisionar pela Censura dos esbirros que então campeavam e que, há que dizê-lo, continuam por aí, ainda que travestidos de democratas.
Dou início a esta colaboração com o relato da viagem à China que vou fazer em companhia do primeiro-ministro. A coincidência não poderia ser mais feliz. Também eu fiz parte de uma geração que sonhou com a Revolução Cultural, em mandar pela janela os nossos anquilosados docentes universitários, em denunciar aquela tia reaccionária, em pôr a canga no chefe de Redacção. Durante duas longínquas semanas, partilhei os ideais com o Durão, com a Maotzé Morgado, o Saldanha, o Pacheco, o Coelho, o Lobo Xavier, o Carlos Andrade, o Albano e o Arnaldo Matos e tantos outros. Uma “geração de ouro” da qual me afastei rapidamente ainda hoje não sei porquê. Medo, comodismo, desilusão? Se calhar tudo isso e ainda o facto de ter casado cedo com a minha Célia, já então jornalista de causas, e ter que sustentar a casa em vez de andar em manifs. É portanto esta viagem à China que, na medida das minhas possibilidades e evitando o tema dos Direitos Humanos, irei doravante relatar.
* José Nero Fontão é o único jornalista português que jogou majong com o Bando dos Quatro


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