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Os wokes deram à luz o Chega, e outras histórias

por João-Afonso Machado, em 19.05.25

O desenho do sucesso eleitoral do Chega no Alentejo, visto no mapa, diz tudo. A dita extrema-direita conquistou todos os baluartes do PCP e do PS, sobretudo os mais povoados por comunidades ciganas. É, não tenhamos medo de falar a verdade: não estamos a discutir migrantes mas de um povo radicado em Portugal há séculos, séculos esses em que sempre deu de barato a nossa lei, a nossa ordem, optando por uma vida fácil, e sem higiene, de vender nas feiras e no mercado da droga, de roubar e assaltar. Todas as excepções vindas ao papel confirmam essa regra. E é rigorosamente certo: as pessoas têm medo dos ciganos, evitam-nos, cedem-lhes a passagem e, se se verifica algum acidente de automóveis em que sejam intervenientes, exclamam nas barbas da polícia - Ora, são ciganos, nunca mais lhes deitam as mãos.

Profissionalmente assisti a muitos casos de queixas no tribunal por ofensas à integridade fisica (praticadas por ciganos) depois desistidas, com medo das represálias. Entretanto, à conta de toda a possidoneira da Esquerda e a sua excitação anti-xenofobia, os jornais deixaram de falar nas costumeiras cenas de facas envolvendo ciganos e/ou as suas lutas inter-clãs, e tudo passou a ser, apenas, o facto ou as famílias. Assim diplomaticamente, com a gente fartíssima de saber quem eram os autores.

Os portugueses, de norte a sul, não gostaram. E o Chega, com toda a exuberância, limitou-se a cavalgar essa onda e a alcançar o lugar que alcançou. Na mais completa euforia, já certo de que há de ser a primeira força política. Ou seja, em ansiosa espera por um pretexto qualquer para outras eleições.

O PS. Pois o PS teve o azar (e o pretensiosismo) de escolher o mais desastrado líder da sua história. Um Pedro Nuno que, por mais que erguesse o punho, nunca conseguiu esconder o Porsche. Um homem que não era afável com as pessoas - não conseguia, mesmo. E que mentiu despudoradamente toda a campanha eleitoral, utilizando e distorcendo frases ouvidas dos adversários no dia anterior.

O resultado foi o que se viu. Para o eleitorado a SpinumViva é um não-caso. A coligação subiu em número de deputados; a IL também. Mas não o suficiente. Com os tontinhos do Chega, provado está, não se pode contar - vivemos o "tripartidarismo" de Ventura - e o PS é, por natureza, infiável. Porém, o último caminho que resta: assim o sucessor do "estadista" sanjoanense seja Francisco Assis, Sérgio Sousa Pinto ou - bingo! - Álvaro Beleza.

Termino com uma nota: do que ouvi ontem à noite: partidos sociais-democratas já são três, a saber o PSD, o PS e (imaginem) o Livre. Será porventura a nova disputa nossa: espelho meu, diz-me quem é mais social-democrata do que eu...

O regresso a S. João da Madeira, ao menos....

por João-Afonso Machado, em 09.05.25

Prudente (creio que mais do que pessimista) por natureza, atrevo-me a augurar o descalabro do inefável Pedro Nuno. A cause dos seu fulgores que não vão além dos ataques pessoais a Montenegro. Atente-se no episódio de ontem relacionado com os limites que o candidato PSD referiu sobre os direitos dos grevistas.

Logo o rapaz Santos entrou em júbilo e longamente dissertou sobre as ameaças ao sacrossanto direito à greve. Nada disso estava em causa, como todas as pessoas normais perceberam. Mas a sua expressão final - Não passarão! - deixa bem claro esta cobóiada em que o o moço se acha envolvido contra os maus.

O seu discurso é agreste. Jamais deixará de o ser. O seu passado recente, na construção da Geringonça, nada atesta porque a Esquerda mais à esquerda basta-se só ofereçam-lhe qualquer coisinha... E como ministro foi a calamidade que se sabe. Os portugueses não terão esquecido.

E a rua gosta de outra abordagem, de palavras diversas... Evito as sondagens mas não me ocorre uma eleição ganha por alguém que só promete o que não sabe explicar como irá cumprir o prometido, e insanamente bota abaixo o adversário. 

Não que a derrota de Santos se traduza numa vitória retumbante. Há o desatinado Chega pelo meio, gente absolutamente infiável... Portugal está num beco sem saída. Mas o afastamento do arrogante sanjoanense já é qualquer coisa.

Trampas

por João-Afonso Machado, em 03.05.25

Acabo de ver, ouvir e ler - o insaciável Trump, ele próprio, trouxe às famigeradas redes sociais uma imagem sua com as vestes papais e um sinal de benção aos povos que, na sua demência, achará sob a sua alçada. Do seu mau gosto, poderá pensar-se nunca iria tão longe. Mas foi. No entanto essa uma questão de somenos.

Tenho por hábito não colocar aqui fotografias que não sejam da minha autoria. E muito gostava que esta fosse, mesmo sabendo jamais lhe daria publicidade. Porque importa cortar cerce estas heresias e, acima do mais, reflectir sobre o seu significado.

Trump anunciou acabar com a guerra na Ucrânia em 24 horas. Anunciou o esplendor económico nos EUA. Anunciou outras tantas loucuras e mentiras. Vêm de lá, da América, notícias da contestação de que já é alvo. Donde a questão a latere:  qual a saúde da paz social, actual e futura, naquele portentado?

Enquanto isso, a percepção da sua megalomania, agora transportada para o nosso continente, para a base territorial e cultural da nossa civilização. Fossemos com os islamitas, umas quantas mais torres novaiorquinas cairíam em ataques suicídas. 

Trump desenha-se já com a veste da realidade religiosa-cultural de maior peso. Feito um Napoleão de cacaracá. E sendo nós o que somos - humanisticamente condescendentes - ainda assim não podemos tolerar o intolerável. Ou seja, o mau gosto e desrespeito de um imbecil, emulando-se através de uma caricatura do chefe espiritual que agrupa o mais numeroso e histórico credo mundial. Trump foi - vai, continua a ir - além do admissível. Deus perdoar-lhe-á. Nós, ao menos, não podemos deixar passar em claro. Trump é um ordinário, personagem reles.

Mais: Trump não tem sentido de humor, que pressupõe educação. A sua iniciativa traduz o seu pensar, o de um senhor do mundo apostolado pelo seu poderio bélico. Esta brincadeira - será brincadeira? - impõe que retorcamos. A Igreja Católica, espalhada por todo o planeta, não pode ser objecto de tais dislates. Os seus membros hão de repudiar o mortífero novo-riquismo deste anormal assassino. Mesmo no  campo da diplomacia - no vector jurídico - sequer respeita a Chefia de um Estado soberano, como é o Vaticano. Ergamos a voz: Trump, porta fora!

A disputada herança do Papa Francisco

por João-Afonso Machado, em 23.04.25

Como não seria de esperar outra coisa, a morte do Papa Francisco suscitou reacções no mundo inteiro. Dos meandros da Igreja Católica Romana a muitos mais, de outros credos aos descrentes. Ainda bem!, sinal de um pontificado alargado às gentes todas.

O Papa, vindo de longe, fez a apologética da paz e - talvez sobretudo - da aceitação e compreensão entre os povos. Foi político sem ser partidário. Foi, num cavalgante repente, um apóstolo do entendimento do respeito de cada um por todos, e de todos por cada um.

Mas nunca deixou de ser e de falar em nome do Catolicismo. Para os crentes - é o meu caso - a crónica da Igreja pode medir-se, nos últimos 50 anos, mediante o pontifício de João Paulo II, interveniente cimeiro na Guerra Fria, Bento XVI, um teólogo marcante, e o abismo seguinte, o de Francisco, um Papa que, herdando esses antecedentes, caiu em cheio no quotidiano actual com o propósito de recolar a Igreja à vivência de todos nós.

Daí a sua popularidade entre os do nosso credo e os demais.

Não podia ser de outro jeito. Francisco, o Papa da vida de todos os dias, só poderia - como vai sucedendo - ser um homem incontroverso. Insisto - ainda bem!

O que não pode acontecer é o que está acontecendo. O universo laico laiciza o Papa. Ouve-se e lê-se: Francisco foi apenas um Chefe de Estado, um homem bom. Os comentaristas nada mais acrescentam, desdenham a Igreja que Ele conduziu aos dias de hoje. Apartam-nos - o Papa e o Papado. Situam-se num tempo de doze anos, o do seu Pontificado, mais rigorosamente, da sua Chefia de Estado.

Quando, em boa verdade, o Papa Francisco modelou a Igreja Católica Apostólica Romana. E esta foi a sua herança que, sem dúvida, a seu sucessor continuará. Mas muitos - maxime, os nossos politólogos - estão passando ao largo desta realidade. O Papa perdoa-lhes, Cristo também e nós, Igreja, havemos de continuar lutando e esclarecendo, na eternidade a que Cristo nos votou.

(N. - Prevêm-se comentários sobre pedofilia, etc e tal. A resposta está dada, sumariamente, nos parágrafos anteriores.)

O bailinho da Madeira

por João-Afonso Machado, em 24.03.25

Ontem foi em grande: Portugal goleou a Dinamarca; o PSD, os Cafofos de Madeira e os tontinhos locais do Chega. Não podíamos pedir mais.

Albuquerque revelou-se um Trincão. Avancemos para as flash interviews. Claro que o treinador do PS, Mister Santos, não podia baixar os braços. O argumento foi o costumeiro, a realidade insular nada tem a ver com a continental. Nesta pressa toda esquecendo o que estava em causa e, assim, insultando o arquipélago na maioria dos seus eleitores.

Porque do que se tratou foi, exactamente, não questões de política mas de idoneidade pessoal - a de Miguel Albuquerque. E o PS fez coro com o casto Chega na moção de censura que deitou abaixo o Governo da Região; e ambos (e outros) se entretiveram, não a falar algo mais a não ser a corrupção, que paira por aí sempre às costas do adversário do lado.

Ora, de duas uma: ou os madeirenses são, em maioria, contemplativos com a dita corrupção - e então convém dizer isso, para sua vergonha - ou então andam Pedro e André, esses apóstolos, a caluniá-los.

Que é o que é.

Tal a semelhança previs´vel: a campanha continental também será uma flecha lançada à pessoa de Montenegro. E só!!! Do que será o nosso eleitorado capaz?

A lei parlamentar da oferta e da procura

por João-Afonso Machado, em 13.03.25

Pronto, cá estamos na estaca zero, como aliás é nosso hábito. A história foi feia demais e não vale a pena repeti-la: a Esquerda tem força bastante para erguer versões amacacadas e quem a avaliará e daí tirará as devidas ilacções é o eleitorado; o que nesse domingo de Maio se decidir levantar da cama e ir às urnas...

Fica apenas a nota absolutamente factual dos esforços do PSD (que eu jamais faria) para que o Governo não caísse: as sucessivas delongas da sessão parlamentar - agora uma CPI em 15 dias, depois uma CPI em 60 dias..., e a arrogância de um PS profeta das negociações sem, simultaneamente, tirar uma vírgula à sua posição inicial.

Um espectáculo vergonhoso. Quanto mais sobe a oferta mais barato de torna o produto, mais escasseia a procura. O PSD acabou quase mendigando a aprovação da moção de confiança. Dando o flanco para que, do Chega ao PS, interpretassem o seu gesto como de medo de Montenegro face às consequências da CPI.

Afora a perda de tempo (e de eventuais prazos europeus para de lá trazer o metal sonante), nada de muito grave deverá suceder. A nova versão das três M's (Martins, Matias & Mortágua) tenderá a desaparecer do mapa e o PCP espera-se que não, em nome da profundidade discursiva e da bondade de Paulo Raimundo; o Livre é capaz de roubar umas sardinhas às três M' que, mesmo não sabendo cozinhar, ficarão furiosas. O PS não subirá e o Chega desce. Haverá votos a redistribuir e estou em crer que, quer a AD, quer a IL serão recompensados pela seriedade e coerência do seu trabalho.

Somos já dois a pensar assim: eu e o meu barbeiro. Com a diferença de que eu vou votar e ele não, diz que não lhe pagam para andar a "correr para lá". Não o contesto, não tenho coragem de o contestar...

Aprendamos...

por João-Afonso Machado, em 03.03.25

Os muitos e desabridos comentários - alguns deliciosos - que preencheram o meu último post no CF trouxeram-me novamente ao gosto pela conversa política. E entre um polo e o seu oposto, hei de conseguir alguma conclusão. Afinal - só para levantar a ponta do véu - são os americanos que odeiam os europeus, ou estes que desprezam aqueles? É que estava lá de tudo, proclamado sempre na maior convicção.

No mesmo post (nos comentários que ele suscitou) aprendi também, as imagens no You Tube são mais fidedignas do que as da televisão, estas abastardadas pelos dizeres dos analistas; mas um qualquer espanhol youtubiano ainda é mais fiável do que as imagens que ele não mostra mas sobre as quais lança alertas anti-conspiração.

Chama-se a isto - na minha modestíssima opinião - o portuguesismo. Conselheiral, enquanto rotula os outros de pretensos proprietários da verdade, ou assim agindo. É claro, estamos onde estamos, e de lá não parece que saiamos. Começo a suspeitar que uma boa peixeirada, com muito tomate e azeite, é do mais agradável. Não sei: talvez prefira os pratos do "10" em Douwning Street e um chazinho em Westminster com Sua Majestade Britânica.

A chatice é que o Trampas também gosta, e qualquer tipo de semelhança repele à minha paleoessência. No mais, um vaticínio: é capaz de aparecer por aí quem diga que eu fiquei chateado com o tal chorrilho de comentários - há gente inteli-gente assim... . ou que esqueça a sapiência e entre na brejeirice. A ver vamos.

No presente e sem conjecturas nem analistas

por João-Afonso Machado, em 28.02.25

Desbragadamente - um coirão de nome Trump apoderou-se dos EUA. Se Portugal fosse a Nação que a República arruína, poderíamos dizer com autoridade moral - o negócio tomou conta da política.

Infelizmente assim não somos, encornámos mansamente e, mais bitaite menos bitaite, andamos despidos de Império, de joelhos ante a famigerada "basuca" europeia, muito solidários e ponto final.

A Europa, neste andar, é um ponto de passagem e um céu sem estrelas substituídas por misseis (que, oxalá, não a atinjam).

O mundo é outro e as teorias ficam para outros. Na minha terra, dois parceiros negociarem a sorte de um terceiro - falo da Ucrânia - é algo de impensável entre os velhos que já morreram e alguma lucidez que esfalece, e na qual me incluo. 

Dir-me-ão, mais quatro anos e Trump volta ao seu burguesismo, a reviravolta será dada. Wrong!  O americano típico tomou-lhe o gosto egoísta. Por outras palavras, não quer saber da Europa. E quis alguma vez saber?

Não há resposta certa para além da intervenção dos EUA na II GG. Ou no curso da Guerra Fria. Agora, na triunfal dominância dos negócios, as cataratas tornaram-se escarretas. E a Europa deu-se sozinha, o próprio UK se achou só.

Tudo isto é um desafabo de quem, pela idade, talvez não assista ao descalabro. Curiosamente, o mundo oscila entre empórios económicos ou apenas expansionistas, ideologias incompreensíveis e crueldades assíricas. Não desejo o futuro dos meus descendentes que hão de provar a torrente amarela tão lúcida na obra de Edgar P. Jacobs (em banda desenhada).

Em suma, é isto

por João-Afonso Machado, em 14.02.25

Almocei esta semana com um bom Amigo cá da minha terra. Um homem íntegro, jurista como eu, conquanto navegando as águas do PS. Como sempre digo, a "democracia" é um termo constante do dicionário e ser civilizado uma característica de algumas (poucas) pessoas. E assim, entretanto, ele levantou a questão da extrema urgência da reforma judicial.

Respondi-lhe mais ou menos deste jeito:

Que a III República, consolidada a liberdade de expressão e de voto, nunca foi dada a reformas, não obstante os seus provectos 50 anos; e muito mais agora, depois das invenções de composição parlamentar de António Costa. A agravar a situação, os partidos emergentes, as divisões à direita.

Mais apontei: o Chega e o seu discurso; a IL, posta num muito instável equilíbrio, em que não lhe sobra tempo senão para se desmarcar de uns e de outros; a ponderada aliança entre sociais-democratas e democratas-cristãos, destituída de força ante os demais presentes, que à esquerda intentam colá-la aos rapazes do Ventura; e as manigâncias do PS, o braço mercantil da Maçonaria, tão lucrativa do status quo vigente.

De tudo resultando a desmontagem do Chega, afinal um coito de malandros no espectro amplo que vai dos Direitos Civil e Comercial ao Criminal puro. O que é excelente... Até aos intestinos da IL, tratados em Congresso, passando pela bronca denominada Tuti-Fruti. A infeliz AR não dispõe de tempo para mais.

É claro, a Esquerda extremista, sempre unida, só não é problema porque nunca será solução viável. Afinal, Rui Rio teria as suas razões: entre sociais-democratas e socialistas moderados descobrir-se-ia a solução...

Acontece somente não haver nem sociais-democratas nem socialistas moderados. Apenas há interesses. E nisto - insisti - consiste a III República. - Reformas? - esqueça, meu Amigo.

Ele aquiesceu. E calou.

A conclusão: o anseio de uma IV República, limpa, higienizada, aberta à discussão do Regime. Talvez o trampolim para uma Monarquia em que Portugal saiba ser próximo das congéneres europeias. Bendizendo todos nós...

 

Só para ser optimista

por João-Afonso Machado, em 22.01.25

«A União Europeia é muito má para nós» - diz Trump. «Juiz Conselheiro acusado de recorrer à prostituição de seis menores»... Outras várias: o deputado do Chega anda no gamanço de malas nos aeroportos; nos EUA mais um tiroteio numa escola, mais um suicídio; O F. C. Famalicão já vai na segunda metade da tabela classificativa e eu coxeio do pé, resisti uma hora de andança à caça. O preço dos combustíveis sobe e o supermercado faz eco. Há empresarios que «apoiam a área metropolitana do Minho contra "visão minifundiária" [ó desditoso Minho, berço da Nação!]».

São tudo notícias pescadas no Sapo por quem, em regra, só pesca à linha e em lugares de ar puro.

A nossa vida deu nisto. E, não indo a pormenores (só para não dormir pior), a cavalgada do Trump historicamente desejo e rezo seja a do Gen. Custer. The Long Battle of the Litlle BigHorn, o massacre. Oxalá morram menos. Mas que Trump nem tenha tempo de descalçar as botas. Em nome da Humanidade! O penteado está menos dado a caricaturas. A pose é sobranceira, arrogante, e os pés devem cheirar a quem os tem sobre o mundo a ferver. A Europa jaz «posta nos cotovelos: de Oriente a Ocidente jaz, fitando,/E toldam-lhe românticos cabelos/Olhos gregos, lembrando.» (in Mensagem, Fernando Pessoa.)

O mais é desnecessário, a não ser que prossigamos essa Mensagem. («Sem a loucura que é o homem/Mais que a besta sadia,/ Cadáver adiado que procria?»)

Já não sabemos. Mas será prudente antes de procriarmos averiguar o que vai nos EUA, na China, no Médio Oriente e na desgraçada Ucrânia. E em nós mesmos, europeus. Alvíssaras pela cabeça de Putin. Ponto de fé: Trump escorregará em definitivo por si abaixo.

(E com Famalicão e o meu pé coxo aguentarei eu sozinho. Há males, para início do ano, bem piores!!! Como a violência que se expande, e os preços do supermercado também.)

 

Eça no Panteão de regresso à choldra

por João-Afonso Machado, em 06.01.25

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O velho José Maria, no termo de muita controvérsia, parte enfim para o famigerado Panteão das figuras gradas da República. Cumpriu-se a vontade de não sei bem quem.

Ilustro, propositadamente, esta crónica com a cabaia exposta em Tormes que o seu amigo e parceiro dos Vencidos da Vida, o Conde de Arnoso, trouxe da China e lhe ofereceu. É mais que certo, Arnoso não se comparava literariamente a Eça de Queiroz. Ambos tiveram, porém, igual projecção na sociedade da sua época. E quando o escritor morreu e a viúva e os filhos orfãos ficaram na sua conhecida aflição financeira, foi Arnoso quem mais se mexeu para que lhes fosse atribuida uma pensão - que, anos volvidos, a República extinguiu, dadas as convicções monárquicas dos filhos de Eça e a sua intervenção nas Incursões de 1911-12. 

Outrossim, não me compete a intromissão nos assuntos internos da Família Eça de Queiroz, dividida pelo vai-ou-não-vai dos restos mortais do antepassado para o Panteão. Mais depressa me ponho do lado dos fregueses de Santa Cruz do Douro e tento acompanhar o que seria a vontade de Eça se o pobre coitado se pudesse pronunciar sobre si mesmo.

Arnoso morreu na casa da sua gente, em cujo jazigo foi e está sepultado. Dali não creio que saia. Eça, decerto impossibilitado de rumar, pós-morte, para Verdemilho (Aveiro), trazido de Paris foi levado ao Alto de S. João. Muitas décadas corridas, os seus próprios familiares lograram trasladá-lo para Santa Cruz. De onde agora o propuseram ao Panteão!

Uma honra para Eça? Ou um penacho para os proponentes?

Sem voz já, indefeso, coberto por uma bandeira de que ele faria a maior troça - quem duvida de tal? - Eça foi, está a caminho. Ao encontro de quem? Quem lá está com quem se identifique?

Com o devido respeito por Sofia de Melo Breyner Andersen (in casu com manifestas afinidades com a Maria Amália Vaz de Carvalho contemporânea de Eça), o mais é nada. Nem arrisco Guerra Junqueiro, sem embargo da célebre fotografia dos "cinco"... Não, basta lembrar a sua reacção, em vésperas de casamento, ante o propósito ligeiramente biográfico de Ramalho Ortigão, para conhecer a distante vontade queirosiana face ao universo da política e das multidões. Mesmo, até, face ao magnetismo de Lisboa, do fascínio que a capital alimenta contra a província. A vida de Eça não foi linear, mas a sua derradeira fase literária são A Ilustre Casa de Ramires e A Cidade e as Serras.

Eça gostaria, estou certo, que as suas ossadas permanecessem em Tormes. Foi o que a sua familia quis e deixou de querer. Pode ser que um dia mais tarde deixe de querer o que agora quer. Mas será já demasiado tarde. E à História restará guardar os actos e o nome dos autores...

Manifesto anti-castas

por João-Afonso Machado, em 29.12.24

Todos conhecemos as recentes tristes notícias de Viseu: a morte de uma mulher e os dois feridos a tiro por um membro de uma «família» rival da deles. Uma «família»? Siciliana?

Não. Fosse ela "siciliana", a notícia vinha a público com todas as referências condizentes e sem piedade da localização de origem. Desta feita, a televisão (incluindo mesmo a tristemente célebre CMTV) referiu exaustivamente a dita guerra familiar, as desavenças vindas de muito atrás, a ameaça candente de desgraças possíveis... Mastigou-se, mastigou-se, mastigou-se e, no meio de tanta mastigação, lá saiu a nota de que as «famílias» eram de étnia cigana. Como, entretanto, já todos há muito tinham percebido. O início da reportagem é agora uma nota de rodapé, um dizer baixinho e timidamente.

É, uma vez mais, a ditadura do "politicamente correcto". Do rigor do art. 13º da CRP levado ao trágicómico Mas porquê? Porque não se pode falar o que se pensa e encarrila na realidade?

Sejamos claros. Desde logo, não é uma questão ligada à migração. Os ciganos andam por cá há séculos, sem nunca quererem, genericamente, integrar-se. As excepções não valem o todo e não há quem não os queira na sociedade portuguesa, vivendo - com alívio! - de igual para igual com os restantes nacionais. Não há... - a não ser eles próprios, recusando cumprir as nossas normas, situação que vai desde os seus casamentos até às suas obrigações fiscais, passando por todos os aspectos relevantes do ponto de vista social.

Mas a Esquerda impôs e o mundo teme - criminosos serão, criminosos ciganos jamais. Entretanto, as forças de segurança estendem o perímetro de buscas pelo País todo, sabendo que Espanha será o objectivo de fuga do meliante. Os ciganos não têm fronteiras, essa uma outra característica que facilita o seu "poder de fogo".

Sobretudo quem vive na Província conhece o perigoso procedimento dos ciganos. A sua ancestral repulsa - sempre falando em termos genéricos, apontados à esmagadora maioria desta étnia - pelas pessoas com quem convivem e mesmo a sua aversão ao trabalho produtivo. Além das contrafacções vendidas nas feiras e da droga (um peso leve e rentável), muito pouco mais. As Marianas haviam de experimentar os sobressaltos dos que lhes são vizinhos... E observar (e intervir em nome da CRP...) as mulheres ciganas entrarem nos CTT com um cachopo de 7 anos pendurado nas ancas, reivindicando a primazia de atendimento... sem alguém com coragem para se opor e denunciar a golpada.

E sem coragem porquê?... Quem me lê diga, sinceramente, - porquê?

O novo Ano poderia começar com menos demagogia e mais igualdade. Mas não creio.

 

O regresso dos cro-magnons

por João-Afonso Machado, em 04.12.24

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A história é absolutamente verdadeira, ocorreu há cerca de uma hora e conta-se assim, recheada de testemunhas presenciais:

I - O comboio suburbano vinha do Porto para norte. A páginas tantas, quatro barulhentos indíviduos -  três homens e uma mulher - sem mais nem quê, e exibindo uma arma branca, desataram a dar pancada em dois pacatos indianos que vinham para Famalicão.

II - Bateram selvaticamente num deles, deixando-o ferido e a necessitar de tratamento hospitalar, após o que fugiram na estação de S. Tomão do Coronado, um pouco longe do destino dos indianos (sendo que, à cautela, ainda perguntaram a estes para onde se dirigiam).

III - A carruagem ficou encharcada em sangue e ninguém nela moveu um dedo em auxílio das vítimas.

IV - Os meliantes apresentavam-se de cabeça rapada, eles, e de cabelo pintado extravagantemente, ela. Todos com as suas tatuagens.

Isto posto:

V - Os indianos são comunmente gente pacífica e ordeira. Migraram para ganhar o seu sustento, encontram-se muitas vezes ainda desenquadrados e desambientados, sendo presa fácil deste tipo de energúmenos.

VI - Os quais agem normalmente com selváticos propósitos raciais e políticos. Não adianta ocultar o que se lê nas redes sociais a tal respeito, ou a arrogância v.g. de um troglodita chamado Mário Machado, talvez o maior mentor deste tipo de atitudes e, quanto se sabe, ocasionalmente não encarcerado.

VII - (Neste contexto, haverá sempre que distinguir os machados de pedra lascada - o sobredito caso - e os demais machados, sobretudos os oriundos das melhores forjas do Rhur...)

VIII - À chegada a Famalicão, desceram três testemunhas com a vítima e o seu companheiro, e surgiram um carro da PSP e a ambulância que depois seguiu para o hospital.

IX - Falei com o outro indiano que, manifestamente, estava apavorado.

X - Os criminosos, não identificados, ao sairem em S. Romão estarão algures, agora, rindo da sua façanha em uma gruta e com os restantes do bando. Por hoje terão saciado a sua fome; amanhã, porventura, voltarão a mais emboscadas.

XI - Vale dizer, com certeza não serão apanhados; quiçá na próxima, se alguém agir lestamente.

Concluindo:

XII - Sou um xenófobo. Esta raça primitiva e tatuada é-nos manifestamente inferior. E não há qualquer motivo para que não se lhes dê caça.

 

A discussão dos 25'os

por João-Afonso Machado, em 21.11.24

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Um oficial de alta patente, cuja identidade não revelo, contou-me um dia (sem pedir segredo) que nas vésperas do 25 de Novembro almoçara, num conhecido restaurante de Famalicão, com um grupo de civis nortenhos para preparar a defesa do que todos julgavam então iminente: uma iniciativa militar da Esquerda, talvez a guerra civil. Demos por assente que os ditos civis eram, todos eles, membros do "tenebroso" ELP, ou do MDLP de Spínola (que depois até foi marechal...).

Muito mais recentemente, confrontei o Gen. Pezarat Correia com este facto. E sempre sem revelar em público a identidade do oficial, forneci a Pezarat todos os dados curriculares que lhe deram a garantia de que eu sabia do que falava. Pezarat entupiu: na sua viciada comunicação nesse ciclo de conferências, concluía afirmando que o ELP tinha sido a derradeira manifestação terrorista em Portugal. Omitiu, pois, as FP/25; e não queria que se soubesse que a ala moderada do MFA (a do Grupo dos 9) dera a mão aos tais "terroristas" para vencer a Esquerda revolucionária.

Acresce, o oficial cujo nome não revelo, foi um eanista de alma e coração com quem discuti até á exaustão, eu um sá-carneirista convicto.

Ou seja, o 25 de Novembro limpou o 25 de Abril de todas as impurezas marxistas-leninistas e assegurou, entre muito mais, a efectividade da nossa liberdade e do direito a escolhermos livremente. Sem o 25 de Novembro, quiçá tivessemos de esperar pelo Muro de Berlim, para que cá a ditadura caísse também.

Agora (anteontem) o BE surgiu a anunciar, heroica e patrioticamente, na evocação dessa data - a única em que houve efectivamente combate entre militares, os Comandos e a PM do Major Tomé!!! - será representado apenas por um deputado, e só mesmo para deixar claro que discorda da comemoração...

O nédio Vasco Lourenço regrediu aos tempos do "Melena y Pá" para também se manifestar contra - porque, diz ele, quem festeja o 25 de Novembro são aqueles que o MFA queria pôr de lado. E oculta, assim, todas as manobras com os civis da Direita, bem explicáveis pelo facto de na outra margem do Tejo fervilharem os operários com as suas "boas mãos" armadas com as célebres G3 roubadas.

Tudo para dizer que falta ainda um "25". De que mês não sei; mas o que nos devolva a liberdade subtraída pelos wokes, a ditadura do "politicamente correcto", o modo habilidoso de acabar com a nossa cultura mesmo depois da ditadura do proletariado falir. Queremos poder continuar a gostar de caça, toiros, pesca, cavalos, corridas de galgos e quejandos; e não queremos esta opressão das palavras bem medidas sob pena de sermos acusados de homófobos, xenófobos, anti-ambientalistas, de sermos vítimas dessa nova fobia urbana e das manobras experimentalistas com que a Esquerda vai dando cabo da cidadania.

Do desastre de Valência

por João-Afonso Machado, em 03.11.24

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Há um livro de Joana Amaral Dias - de seu título, Dilúvio sem Deus - e subtitulado - As Grandes Cheias do Tejo de 1967. A tragédia escondida pela Ditadura e esquecida pela Democracia - com todo o rigor contando o que foi esse trágico episódio de que me lembro (porque estava em Lisboa então) muito vagamente.

Foi em finais de Novembro desse ano. Uma carga anormal de chuva, em suma, abateu-se sobre a região de Lisboa. Causando perturbações na cidade e, o mais grave, sobrelevando o caudal das ribeiras dos concelhos vizinhos. Onde a migração faminta de milhares criara os famosos "bairros de lata", aglomerados de casas clandestinas, feitas do que se podia arranjar, pedaços de isto e daquilo. Pois todas essas vulneráveis construções, e quem as habitava, foram levadas na torrente das águas e da lama.

Os números reais da hecatombe cifram-se além das 500 mortes. Os jornais anunciaram-nos em edições especiais. Mas em breve a Censura da II República os reduzia a pouco mais de uma centena. E a designação "bairros de lata" foi banida da Imprensa: havia apenas casas sinistradas. A Europa não podia tomar nota da realidade...

As forças oficiais intervieram no salvamento. Como é da praxe, muito mais reluziu a prestação de voluntários estrangeiros e da Cáritas, vale dizer da Igreja Católica. Assim o planeta continuou o seu ritmo de andamento em torno do sol...

Agora, já esta semana, igual diluvio se abateu sobre a Comunidade Autónoma de Valência. Com tal impetuosidade que - mesmo sem "bairros de lata" - já foram contabilizados 214 mortos e há centenas de desaparecidos, cuja probabilidade de sobrevivência é escassa. Algumas cidades ou povoados estão, simplesmente, incapazes de tudo, até de comer, sem a ajuda externa. Quase 60 anos depois da catástrofe em Lisboa...

Fala-se já em falhas humanas derivando sobretudo do desvio do rio Turia. E outras virão a lume. A violência da intempérie resulta, também, das alterações climatéricas. O facto é inóspito, dos vivos já ninguém recordará outro do mesmo calibre. Os próximos dias clarificarão causas e consequências deste "apocalipse".

Acorreram os voluntários aos lugares mais massacrados. Talvez em número excessivo e não organizados. Seja como for, as populações acolhem de braços abertos a sua solidariedade.

E os poderes públicos? 

Quanto a estes as queixas têm sido constantes. Deviam já lá estar mais militares, mais bombeiros. Mas o Governo não é ágil, dado que havemos ter sempre presente. E, falha maior no plano nacional, o Rei Felipe VI também não se despachou. Como Chefe da Nação deveria estar em Valência com a chuva ainda a cair. O resultado foi triste, os valencianos apuparam-no, lançaram lama sobre El-Rei.

Mas só sobre ele. O 1º Ministro, o Presidente da Comunidade Autónoma, vislumbrando a reacção popular, já se tinham posto a milhas.

Ficou o Rei encarando sozinho o protesto das populações...

Sob as garras da ditadura parlamentar

por João-Afonso Machado, em 11.10.24

Quando o cidadão se queixa de que os condutores Uber andam à deriva em Lisboa, manifestamente migrantes recém-chegados e desorientados, auxiliados apenas pelo GPS e sem saberem exprimir-se... - as Mortáguas deste mundo, a Esquerda em geral, minoritária embora, continua exercitando a sua ditadura sobre a Direita cagarola. E sobre nós.

Assim aprovou - com a abstenção da AD, claro, - uma directiva para o Governo rechear as forças de segurança com LGBT+, afrodescendentes, migrantes e ciganos.

Para não irmos mais longe, fiquemos pelos afrodescendentes. Quantas centenas deles não integram já - e desde há quantos anos! - as nossas polícias? E porquê? Por serem afrodescendentes? Não, claro! Por serem cidadãos sérios e competentes, de reconhecida competência para o serviço em causa.

Já agora, outro exemplo: na Década de 90 do século transacto um dos juízes que mais apreciei no tribunal do Porto, pelo seu saber, e com quem fiz diversos julgamentos... - era cigano, e proclamava-o abertamente!

E outro ainda: o homem a quem recorro habitualmente para mudanças (as que tive de fazer) é um empregado de talho que montou esse seu negociozinho - um gigante ucraniano, em Portugal desde muito antes de começar a guerra.

Por fim: após um conturbado período na sua vida um colega de escola e de profissão, um amigo de muitas décadas, assumiu a sua homossesxualidade. Acanhado e prevendo uma rejeição que não aconteceu. Todos os que o estimavam mantiveram a sua estima.

Em suma: a Esquerda, além de inventar fantasmas e fomentar derivações sexuais ou xenofobias a que não somos generalizadamente atreitos, intenta agora, com descaro, prejudicar os cidadãos de normal conduta ou de indicados méritos  em benefício do mero estatuto de gays, asiáticos, americanos ou africanos descendo agora mesmo do avião, ou ciganos não integrados socialmente.

Escusado será dizer, os sindicatos das polícias já reagiram desmascarando à imbecilidade. Não aceitam recrutar os seus colegas de ofício nos bairros mais conflituosos, no Princípe Real ou na Feira do Relógio. Nem ter de os obrigar a frequentar aulas de Português, para poderem passar uma multa. E todos os compreendemos muito bem. Todos menos os deputados sem espinha que elegemos. Assim a Esquerda vai minando a Direita pelo lado mais longo do Chega...

SOS, República a arder

por João-Afonso Machado, em 06.10.24

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Quando passa mais uma outubrina época de triste memória, eis que as comemorações são empolgadas, talvez pelo mais vivo momento de sempre! A República foi lembrada pelos Sapadores Bombeiros.

Do seguinte resumido modo: umas largas centenas deles, funcionários públicos mas sempre "soldados da paz", fartos de servirem e de o Estado se lambuzar com o seu serviço, foram em manifestação à "Casa da Democracia". Porquê? Porque andavam a ser lambuzados na sua missão que acode a todos, respeitavelmente a todos que os respeitam e admiram.

Somente, o Estado, a República, explora-os. Paga mal, quando paga, nada contempla a sua vida dedicada a apagar os fogos e a acudir aos acidentes dos outros.

Assim assistimos aos "soldados da paz" invadindo a escadaria do palácio que a República usurpou; ao seu confronto com a polícia; e, sobretudo, aos fumo negro dos pneus queimados, à confusão dos archotes e dos petardos.

A Repúbica calou o mais possível a ocorrência. O Presidente desta ocasião discursou depois em dizeres vagos (todos os anos repetidos) de que ainda não se chegou à perfeição. Pois não. Nem jamais se chegará, ou o seu discurso não fosse um intervalo, entre tantos, sobre a questão orçamental, quid momentum est. Afinal, outro fait divers.

Depois de 2017, depois do passado Setembro, a República desnuda-se nas suas adiposidades e dificuldades de locomoção. Os Bombeiros já o perceberam. Ainda bem! São mais uns tantos. Outros virão, oxalá ainda no Portugal português.

Artes de hoje

por João-Afonso Machado, em 23.09.24

IMG_9900.JPG

Estou em que o calado armazém na berma da estrada fechara já. Ou, por qualquer razão, não apresentava sinais de vida, deixando os portões ao serviço dos mais atrevidos. Nada era de realce senão o seu imenso canteiro cheio de cor e originalidade. Quase uma miragem nos pragmáticos povoados do Centro. Por ali, um nada além de alguns utilitários estacionados, o grande Volvo abatido ao efectivo. Sepultado e florescendo assolapadamente.

Não houve como não atentar no jarrão. Adivinhavam-se muitos quilómetros de andamento, uns tantos toques de escultura pós-neo-realista na carroçaria... O resultado, a carcaça de uma viatura produto fino da alta burguesia encobrindo-se na imparável trepadeira de glórias-de-amanhã.

É um sinal. O sinal de que a revolução verde está em marcha encobrindo, batalhando, esverdeando. Como outra revolução qualquer. Se o filme findasse aqui, gozaria de toda a simpatia do caricato. Até talvez fosse inspirador. Mas, creio bem, a película acabará em pneus e estofos podres e metal ferrugento somente disfarçados; ou então numa bonita trepadeira amarfanhada pelo reboque serôdio que veio buscar a sucata.

Isto é, em Portugal, ou melhor, na República Portuguesa, os meios artísticos e a Natureza pisam caminhos díspares. Andam nos extremos, não se conciliam, destroem-se mutuamente, não há quem lhes segure o freio. Um automóvel pode ser um vaso florido ou uma chocadeira de ratazanas. Dependendo tudo sempre do ponto de vista de quem vai a votos contra quem antes os ganhou.

Por mim, os restos mortais do Volvo já agora ficavam, com as devidas cautelas sanitárias e uma certeza: todos os "Bordalos" que nos infestam teriam de rever o seu portfólio

Para hoje

por João-Afonso Machado, em 08.09.24

Grande parte do serão será preenchida com a disputa entre a nossa Selecção e a escocesa. A televisão já dissecou o assunto, atribuiu-nos o favoritismo - o que é sempre um mau presságio - pelo que resta aguardar, desejando a melhor sorte aos nossos valorosos rapazes. A ver vamos que outro recorde CR7 baterá neste jogo...

Por outro lado, estamos em prevenção geral e nacional, de olho na janela e mão no telefone. Disfarçadamente, que eles são perigosos. Eles, o Fábio "Cigano", o "Argentino" e os seus capangas. Enquanto a Esquerda não emite algum comunicado sobre a carga xenófoba da alcunha de Fábio, um pacato negociante de droga no seu bairro e um pouco além.

Entretanto, podíamos pensar um pouco se a tão propalada fuga não se deverá a falta de pessoal nos estabelecimentos prisionais, a falta de meios, seja ao que for que tenha proporcionado este perigo para a segurança pública. Na realidade, desconheço pormenores e confio piamente na abnegação dos agentes da guarda. O facto é que a ruindade anda cá fora e percebe-se que superiormente reina o desconforto.

Deixem lá: com um bocadinho de sorte os malandrins já não estão em território pátrio, realidade, aliás, mal conhecida dos ciganos. Desculpem! -disse o que não pode ser dito. Mas Fábio é fronteiriço, mover-se-à bem na Andaluzia. E parece que lá os meios são sobejamente eficazes, as viaturas da polícia não passam os dias avariadas.

O burlesco a caminho das Olimpiadas

por João-Afonso Machado, em 15.08.24

Constou que a boxer argelina já tinha sido homem. Eu não sei. Mas a italiana mediu a olho os seus níveis de testosterona e logo declarou - não!, não queria levar uma tareia.

Seja como for, oriunda das areias do deserto a atleta, lá caiu o mito da mulher sensual, o encanto da dança do ventre e outros segredos tapados apenas por um véu. Aquilo era realmente uma virago, e dos rugidores.

Ora perante este estado de dúvida reinante - esta dúvida imposta por uma longa e imbricada teia e teoria do "género" - este estado que se espalha e baralha todas as facetas do quotidiano, os Jogos Olimpicos não poderiam ficar imunes. Quem é o quê? E foi sempre ou é de agora? E passou a ser equilibradamente ou guardou (para o que der e vier) algumas faculdades de antigamente? Peludo(a) ou depilada(o)?

O pobre Coubertin, se fosse vivo, deitaria as mãos à cabeça. Nós não, somos modernos e levamos as coisas com humor. Cresceu, notoriamente, o número de provas (estafetas) mistas. Nos próximos jogos é de prever elas sejam ainda mais mistas, envolvendo os "trans" e o resto que a incógnita LGTBI+ ditar da sua prolífera imaginação. Talvez ainda assistamos à modalidade olímpica das drag queens voando sobre o tartan ou cabriolando nos skates...


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