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Já tinha saudades de uma noite europeia assim: um jogo com gigantes, transmitido em canal aberto, um golo inolvidável para os anais da história, resolvido a nosso contento na emoção dos penáltis. Uma mistura explosiva em termos mediáticos que promove audiências retumbantes a fazer lembrar um apuramento da selecção no tempo em que só havia um canal e o espectáculo mágico entrava nas casas de toda a gente. Viam-no a família toda: o avô, a mãe e o bebé – não só os aficionados.
Por isso esta manhã, no café e no ginásio, nas ruas, lojas, escolas, fábricas, escritórios e nas paragens de autocarros, toda a gente falava do mesmo assunto: o extraordinário golo de Pote que dá a volta ao mundo, as defesas de Adan, e da exibição dos miúdos do Sporting contra o Arsenal. Nos cafés como nas redes sociais os sportinguistas são felicitados por toda a gente, nacionais e imigrantes, benfiquistas, portistas e agnósticos.
Os sportinguistas mereciam uma noite gloriosa assim. Os seus olhos brilhantes e sorriso discreto nesta manhã não disfarçavam a enorme alegria - notava-se bem. É a nossa mística, um consolo que nos conforta o coração.
Publicado originalmente aqui
(...) Podem os especialistas da bola dizer que, no futebol profissional, a alegria nada conta, é um vago estado de espírito que não se pode medir nem avaliar. Em parte, concordo, mas depois vejo a alegria de Pedro Gonçalves a jogar e aquilo que parece confuso torna-se claro. Pote, é assim que o chamam, joga com uma alegria transbordante. Arrisco dizer que, noutra época, jogadores com o perfil de Pote e, em certa medida, de Nuno Santos, já estariam queimados no Sporting. O público de Alvalade pode gabar-se de ser fiel, mas também pode ser uma cruz para os jogadores, uma nuvem negra geradora de uma ansiedade tóxica. E o que vejo é estes jogadores a jogarem sem complexos, sem traumas, sem o temor dos assobios.
A camisola do Sporting pesa-lhes, mas no bom sentido, que é o de jogarem num grande. Jogam leves, sem fatalismos. Pote joga com um sorriso, remata com um sorriso, festeja com um sorriso. Os golos que tem marcado são de uma simplicidade genial. Não têm arabescos, nem cornucópias, nem rodriguinhos, seguem apenas o caminho natural das botas para a baliza. É tão simples que dá vontade de rir. E é por isso que ele se ri muito. E nós também.
Se acham que a alegria é conversa de escritor, tudo bem. Voltem lá às análises das transições e desses bichos táticos. Eu recupero as palavras de um dos primeiros treinadores do miúdo: “Ele praticamente cresceu sozinho. Lembro-me que ele foi assaltado algumas vezes e houve um dia que estava triste porque lhe tinham roubado os cromos. Mas nos treinos e nos jogos era sempre um miúdo alegre.” Percebem? Bruno Fernandes – perdoem-me voltar à comparação – de cada vez que rematava fazia-o para pôr fim a uma maldição. Pote, em cada remate, em cada golo, reinventa a alegria.
Bruno Vieira Amaral numa magnífica crónica a ler na integra aqui
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