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Se querem saber até acho que sou um privilegiado: a minha educação humanista (chamemos-lhe assim) exercitou-me mais na curiosidade e reflexão que no julgamento dos outros. Desde a infância frequentei o ensino público - uma autêntica escola de vida; viajei, e fiz-me homem pagando o elevado preço que às vezes pagam as pessoas demasiado livres (ou com um apurado sentido do trágico como me confidencia o meu Conselheiro Espiritual). Conheço bem as periferias da vida, e quem me conhece sabe que não estou a ser pretensioso. Talvez por isso nunca discriminei pessoas por causa da sua maneira de pensar, afinidades culturais ou outras sensibilidades. Sempre gostei do confronto de ideias; a inteligência e o desafio intelectual são para mim os aspectos muito sedutores na relação com os outros. Talvez isso justifique a diversidade de amigos que com que me fui cruzando, (e agora não me refiro à vida real) primeiro nos blogues e depois nas redes sociais. Só acho estranho que alguns, ao final do dia, ainda amuem com dificuldade em aceitar que eu sou Católico Apostólico Romano e daí tire as devidas consequências. Que a Igreja de Pedro é a minha verdadeira casa, penhor da minha liberdade. Da forma como as coisas estão, desconfio que aquilo que em breve voltará à ordem do dia é a liberdade religiosa...
De onde nos pode vir a serenidade e energia senão do desprendimento das questiúnculas terrenas, da certeza de que à partida estamos todos derrotados e que ao pó retornaremos? A mesma certeza que nos indica que o desafio determinante compete ao Espírito no encontro intemporal com o Criador. A religação.
O caso das promoções do Pingo Doce teve o mérito de denunciar a crendice mal disfarçada da cultura puritana de esquerda, o pensamento dominante com que somos amestrados há quarenta anos nesta madrasa laicista. Se não se tivesse dado o caso dos saldos de Soares dos Santos terem sido agendados para um dos seus principais dias de culto, o “Dia do Trabalhador”, simplesmente não teria havido escândalo, ampliado pelos neo-fariseus e suas virgens ofendidas que rasgam as vestes indignadas com tamanha blasfémia. Esses moralistas tratam-se afinal dos mesmos idolatras que dominam os Media onde usam vulgarizar a troça e a caricatura gratuita dos rituais, heróis e dogmas cristãos, com recomendações de tolerância e sentido de humor a nós, que nos querem acossados e de volta às catacumbas. Não lhes daremos esse gosto.
Ao meu amigo João Távora
Há semanas foi essa descoberta de que um dos ditos auto-retratos de Vincent van Gogh era afinal o retrato do seu irmão Théophile, tudo alcançado por peritagem de fontes e outras vias de pesquisa capazes de reverter conhecimentos estabelecidos durante décadas.
Agora é o caso deste belo Salvatori del Mondo atribuído a um discípulo de Leonardo da Vinci e que a National Gallery de Londres acaba de identificar como obra do mestre e promete expor como tal depois deste Verão.
Vivemos um quotidiano bipolar: dum lado aqueles entregues à destruição mais feroz (mais umas bombas na Índia, ontem), dum outro, bem longe desses, aqueles dedicados ao essencial: estudar o passado e ter esperança para o futuro. Um bom dia para todos nós!
Nestes duros dias de despudorado achincalhamento aos católicos, “a Igreja absolve os Beatles” tem sido uma abusiva manchete glozada e abusada pela comunicação social e pelos jacobinos do costume. Este inusitado tema surge a propósito dum artigo publicado no L'Osservatore Romano em que o editor chefe da publicação, Giovanni Maria Vian, se afirma encantado com a música da mítica banda dos anos sessenta. Naquilo que considero uma clara demonstração de bom gosto, há uns meses atrás o mesmo jornal elegera "Revolver" como um dos dez melhores álbuns da história da música Pop e agora anuncia que as atitudes e declarações libertinas dos Quatro de Liverpool ocorridas nos loucos anos sessenta, são hoje águas passadas, e que o que permanece é um precioso legado artístico.
Para além da expressão dalguns legítimos protestos, afirmados à época por alguma hierarquia a propósito das provocações dos rapazes (principalmente John Lennon), a Igreja nunca teve nem poderia ter uma posição oficial sobre o assunto. Custa-me entender a má fé com que os media tratam este tema e quase tudo o que a Igreja Católica afirme: diga o que disser, uma coisa ou o seu contrário, essas afirmações, retiradas do seu contexto, são rapidamente julgadas queimadas na voraz fogueira do pensamento único.
A verdade é que naquele tempo até o meu saudoso pai, uma pessoa culta e criterioso melómano, contemporizava apreensivo, a forma apaixonada e insistente como o meu irmão e eu aderíamos à onda da beatlemania. Também ele acabou passados alguns anos por se render à fascinante criatividade musical dos quatro de Liverpool. O caso, é que a adolescentocracia instaurada não descansa enquanto não matar o pai. Essa é a razão porque o desafio à santidade proposto por Cristo, colocada ao lado do sacrossanto relativismo moral que desobriga o indivíduo da sua perene responsabilidade na História tende a ser mal interpretada. De resto, suspeito que a fogueira com que o mundo, intolerante, hoje queima a Igreja e as religiões em geral, há-de queimar muito mais à sua volta. Quem sabe a própria civilização.
Parece-me extraordinário que haja quem desperdice tanto latim e energia em construções teóricas com o intuito de destruir, desmontar a crença alheia, numa suspeita ânsia de libertar "os alienados", afinal uma verdadeira atitude totalitária e maniqueísta como se o mundo se definisse em função de certo e errado.
Recuso-me a enveredar por exercícios de retórica e de psicologia barata sobre tal disputa, apenas afirmar que me é difícil entender de onde provém a pretensa superioridade moral dum ateu: afinal o ateísmo constitui uma crença tão intima e subjectiva como qualquer outra. Sem menosprezar o raciocínio e argumentos que o conduzem às suas convicções, há muitos anos que percebi que, no campo das questões de fé, em nome duma salutar convivência e do respeito pelo outro, o mais sensato é não aprofundar a controvérsia pois isso não leva a lado nenhum. Só assim é que é possível um convívio pacífico e até conquistar uma despreconceituosa amizade. Claro que ao fim do dia, nas minhas intimas cogitações, questiono-me e alimento o secreto desejo que muitas dessas pessoas, principalmente as que me são mais chegadas, venham um dia obter a Graça duma revelação fecunda e redentora como a que me foi dada.
De resto é-me absolutamente indiferente se o meu patrão, médico ou primeiro-ministro é católico agnóstico ou ateu, se para o seu cargo for devidamente competente... e não o utilizar para ostracisar ou afrontar a minha comunidade. E por favor, não se armem agora em vítimas.
Bela crónica esta do Henrique Raposo. De qualquer forma raros são os católicos eminentes com origens em meios devotos: os nossos heróis são quase sempre convertidos. E o mais fácil é resistir a um bife à Sexta-feira.
Evangelho segundo S. Marcos 9, 38-43.45.47-48
Naquele tempo, João disse a Jesus: «Mestre, nós vimos um homem a expulsar os demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco». Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém pode fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim. Quem não é contra nós é por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar. Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a Geena *, para esse fogo que não se apaga. E se o teu pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga».
* Geena: lixeira junto à muralha de Jerusalém existente ao tempo histórico de Jesus que se caracterizava por estar em constante e interminável combustão.
Há por aí uma malta bem pensante que não gosta de Bento XVI: ele é branco, chama-se Ratzinger (nome alemão) um intelectual e ainda por cima católico. O que esses arautos do Mundo Novo tipo “bairro social” da Madonna aspiram é pelo Papa-Obama.
Um Papa-Obama é um Papa Yes we can: de preferência preto, que advogue o aborto, patrocine uma marca de preservativos e entronize a homossexualidade. Um Papa popular, que saque uns sound bites fracturantes para os jornalistas se excitarem. Um Papa que não se misture muito com beatos, rejeite Fátima e a padralhada: que antes seja um homem mundano, com conta no twitter, pouco dado a teologias ou a essas mariquices da fé. E já agora, que assuma a culpa pelo obscuro passado da Europa do sul, da do norte e se possível de todos os males do mundo. Um Papa que não reze e em vez disso se inscreva no Bloco de Esquerda, impluda o Vaticano, fume umas ganzas e se converta ao budismo. Será então que os cristãos terão finalmente um Papa com boa imprensa e um programa na MTV.
Em férias: texto repescado daqui
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
(continuação)prntscr.com/12dlhbr – anomalia de tem...
(continuação)Se depois do referido ainda há quem p...
"Nos últimos anos foi crescendo a percepção da nec...
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Puro masoquismo prestar atenção ao esgoto televisi...