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A salvação não é deste mundo, a luta sim

por João Távora, em 13.12.24

O regime de Assad era um veículo da influência do Irão e da Rússia no Médio Oriente. Mantinha a rota pela qual eram abastecidos e orientados o Hezbollah e o Hamas. A sua destruição é uma boa notícia para quem cuida da defesa do Ocidente. E não, uma vitória ocidental não tem de ser idêntica à transformação da Síria numa nova Suíça, ou ao advento da paz total e definitiva no Médio Oriente. Essa é a outra confusão que alimenta o derrotismo ocidental. O mundo nunca será igual ao Ocidente nem nunca corresponderá exactamente aos seus ideais: o hard power do colonialismo não o conseguiu, nem o soft power da globalização. O mundo é complexo, e uns inimigos substituirão os outros. Não deve haver ilusões a esse respeito: a defesa do Ocidente nunca terá fim. Pode bem ser que no lugar do derrubado ditador sírio venha a estar em breve outra situação ou regime igualmente funestos. Mas isso não é razão para desesperar e começar a ter saudades de Assad. O Irão está em desvantagem no xadrez que começou a jogar com o ataque a Israel em 2023: é isso que neste momento mais importa. A salvação não é deste mundo. O que é deste mundo é a luta. Talvez não nos seja dado mudar o mundo, mas podemos derrotar os nossos inimigos. Em épocas menos ingénuas, os ocidentais souberam isso. É tempo de o voltarem a aprender.

Rui Ramos, a ler na integra no Observador

O buzílis da questão

por João Távora, em 04.10.24

(...) É fácil perdermo-nos em pormenores, e esquecer o essencial: a Putin não importam os falantes de russo no Donetsk nem ao Ayatollah Khamenei os árabes de Gaza. O que os assanha é a existência da Ucrânia e de Israel, que encaram como baluartes e símbolos da ordem ocidental. Destruir a Ucrânia e Israel é o primeiro passo com que Putin espera fundar o seu império neo-soviético, e o Ayatollah o seu império religioso. Por isso, qualquer cessar-fogo nunca será mais do que uma pausa para prepararem os próximos ataques.

O erro dos líderes ocidentais está em não reconhecerem que o Ocidente está sujeito às mesmas necessidades e contingências da Rússia e do Irão. Putin e o Ayatollah precisam de vencer estas guerras para levantarem os seus impérios. Mas o Ocidente também precisa de as vencer para manter os seus regimes. Não se trata de espalhar democracia pelo planeta, como há vinte anos. Trata-se de eliminar ameaças e dissuadir agressões. Se a Ucrânia e Israel desaparecessem, a guerra não acabaria: apenas se aproximaria mais do Ocidente, porque a seguir à Ucrânia, a ditadura neo-soviética russa interessar-se-ia pelos países bálticos, e o fundamentalismo islâmico já tem a Espanha e Portugal assinalados como as próximas terras do Islão a libertar do “colonialismo” ocidental.

Estes conflitos são insuportáveis? A vitória é a única maneira de os terminar. Não querem expandir a NATO? Derrotem Putin, de modo que os vizinhos europeus da Rússia não sintam precisar da garantia atlântica, como aconteceu à Finlândia. Querem um Estado árabe na Palestina? Derrotem o Irão e as suas milícias, de modo que esse Estado árabe não se reduza a uma simples base militar de ataque a Israel, como Gaza e o sul do Líbano. (...)

A ler o artigo de Rui Ramos na integra aqui

Crua lucidez

por João Távora, em 28.09.24

A prova inelutável de que estamos a convergir com a Europa é que, pela primeira vez, partilhamos os mesmos problemas. Em vez de nos exasperarmos com a nossa pobreza relativa, já nos apoquentamos com os números da imigração. Estamos praticamente a ficar ingleses. Os ingleses também estão a empobrecer. Se isto não é convergência, o que é convergência?

O mundo ocidental tem que fazer escolhas difíceis, mas descobriu a salvação evadindo-se para uma escolha fácil: a extrema-direita. Só a extrema-direita e a extrema-esquerda oferecem um mundo simplificado em dois tons: o preto e o branco, o mal e o bem, o desejável e o indesejável. Não há que hesitar, não se requerem quaisquer trade-offs. Basta alistarmo-nos na cruzada contra os sarracenos do “sistema”, os quais, como uma hidra sabida, têm várias cabeças. Corta-se uma, nasce outra.

Envelhecidos ou monoparentais, os narcisos sem bebés não querem o influxo demográfico do estrangeiro pós-colonial. Cada um na sua casa, queixamo-nos do contributo negativo do Alojamento Local para a crise da habitação. Em breve decrépitos, queremos que o Estado, através dos filhos dos outros, cuide de nós. Pensões serão de miséria sem crescimento económico. E crescimento económico é difícil de conceber com uma pirâmide demográfica invertida.

Com o eleitorado envelhecido e rancoroso (nós), será cada vez mais difícil travar a pressão para o aumento da despesa corrente e dos impostos. Nenhuma reforma será consentida. A corrida para o fundo será acelerada, com a economia a estiolar. Os jovens que podem fugir fugirão. Os jovens que querem entrar não o conseguirão fazer.

(...) 

Talvez os ativistas credenciados nas sociologias patrocinadas pelos impostos cobrados à imunda economia ingressem na vida produtiva, dando do mesmo passo descanso ao padre António Vieira, ao Camões e à língua portuguesa, serva e perpetuadora do patriarcado pós-neocolonial. Quem sabe?

Não se discute nada de jeito. Esmolas maiores ou menores são atiradas dos parapeitos do Estado. São as gémeas. São os eucaliptos. São as comissões de inquérito. É o grande capital. É a falta de capital. Deus nos acuda.

Sérgio Sousa Pinto a ler na integra aqui no Expresso

Incêndios

por João Távora, em 20.09.24

Tudo isto tem uma história. Nos meados do século XIX, fora das áreas de cultivo, Portugal tinha uma paisagem de areais, charnecas e cumeadas nuas, muito adequada para impressionar os estrangeiros pela poeira que era capaz de produzir. Foi essa desolação que o Estado decidiu alcatifar de árvores. Para não demorar, escolheu espécies de crescimento rápido, como o pinheiro e mais tarde o eucalipto. Os primeiros incêndios foram atribuídos à má vontade dos pastores, que não gostaram de ver os serviços florestais vedarem as serras e os baldios para onde levavam os rebanhos. No fim do século XX, a revolução florestal cruzou-se com o êxodo rural: às árvores do Estado, juntou-se o matagal sempre em expansão dos campos abandonados. Num país de Verões quentes e ventosos, com um relevo de acesso difícil, o resultado foi os fogos tornarem-se tão recorrentes no Verão como a gripe no Outono. (...)

A demagogia adora planos tonitruantes – prisões em massa, novas revoluções florestais. Não recomendo que se deixe tudo na mesma. Mas não seria preferível começar por apurar estratégias com o objectivo mais realista de, em caso de incêndio, proteger povoações, garantir vias de comunicação, e salvaguardar o património natural valioso? Para isso, porém, teremos talvez de desaprender a lição do velho Marx, e compenetrar-nos de que convém compreender o mundo antes de tentar transformá-lo.

Rui Ramos no Observador

Antigamente é que era bom...

por João Távora, em 01.08.24

"Os portugueses descobriram que odeiam turistas, mas, em princípio, devem ter sido só os portugueses consumidores, ou seja, os praticantes de turismo interno. Porque os portugueses que abriram restaurantes, cafés, bares, pequenas lojas e negócios não costumam dizer o mesmo. Nem os guias turísticos, nem os que transformaram imóveis de família em alojamentos locais para conseguirem um complemento ao rendimento, nem os que alugam carros, motas, bicicletas, barcos, nem os que têm ou trabalham em hotéis, casas de fado, tuk-tuks ah-os-horríveis-tuktuks-que-coisa-de-pobre, nem os responsáveis por equipamentos culturais, museus, monumentos, festas e festivais. O turismo salvou a economia portuguesa na última década, mas, como é a única coisa que aparentemente funciona no país, os portugueses querem fazer o que fazem de melhor: mandá-la abaixo, que é para ela não ter a mania que é melhor do que as outras.

Sim, os portugueses. Esses que se gabam de terem navegado pelo mundo inteiro e serem muito dialogantes, de onde quer que se chegue encontrarem sempre pelo menos um deles, que têm os maiores níveis de emigração da Europa e os oitavos do mundo. Descobriram agora que, afinal, o que era bom era quando o Chiado era só deles – quando lhes apetecia lá ir. (Perdoe o leitor ao cronista concentrar-se nos exemplos de Lisboa, que ele melhor conhece. Por favor, substitua mentalmente pelos lugares da sua região que sinta equivalentemente transformados). Descobriram que os alojamentos locais lhes roubaram as casas, como se o Rossio não estivesse deserto há 20 anos, crescesse mato nos telhados e janelas partidas dos prédios da Praça da Figueira, metesse medo caminhar na Rua Augusta depois das seis da tarde ou não tivessem todos migrado, há muito, muito tempo, para a Amadora, para Loures, para Cascais, para Odivelas, para Mafra, para Oeiras, para Sintra, para Alverca, para Almada, Seixal, Barreiro, Montijo, onde quer que que pudessem ter casas grandes, novas, com elevador e garagem e não aquelas casinhotas velhas que desprezavam em Alfama ou na Mouraria e onde além do mais, horror dos horrores, era impossível estacionar."

Alexandre Borges hoje no Observador

Associar imigração com insegurança tem de deixar de ser uma discussão estigmatizada: a insegurança acontece por vários motivos, alguns circunstanciais. Não se pode é dizer que a imigração “não tem culpa nenhuma”. Tem alguma, sim. E a Junta descobriu de repente? Não: a Junta falou agora porque só agora as exigências recaem sobre governos, da Câmara e da República, liderados pelo PSD. A esquerda quer que a direita resolva o problema e fique com o odioso da pressão jurídica e policial, deixando ao PS as proclamações piedosas. No processo, ainda vai chamar à direita “fascista” e “populista” por tratar do assunto, como fez com Passos Coelho durante o governo do ajustamento. Em bom rigor, a imigração foi usada pelo PS para inventar tensões sociais e criar exércitos de descontentes. A esquerda foi quem fez o “aproveitamento político” da imigração. Agora não se trata de usar a imigração para fazer política, mas de usar a política para conter os danos da imigração descontrolada.

A ler a Margarida Bentes Penedo na integra aqui 

A história como arma de arremesso

por João Távora, em 14.06.24

Carmo Afonso, a advogada que, nos últimos anos, tem protagonizado alguns dos mais rasteiros momentos do comentariado nacional — como, por exemplo, este seu rol de boatos e insinuações sobre a vida privada de Sebastião Bugalho —, brindou-nos neste 10 de Junho, Dia de Portugal, com um apelo a que se alterem os programas do ensino da nossa História.

Incomodada com o orgulho que os portugueses têm no seu passado, acha que isso tem de ser revisto a começar logo nos bancos da escola. Efectivamente, Carmo Afonso considera que a História que nos foi e continua a ser ensinada é uma “visão benigna” de um passado que, ao contrário da famosa canção dos Da Vinci, “tem mais de subjugação, escravidão e sangue do que de cultura e ternura”. (...) 

(...) A História que ensinamos às nossas crianças e adolescentes está cheia de omissões. É inevitável que assim seja porque o tempo lectivo é limitado e há que escolher muito criteriosamente o que cabe dentro desse tempo e dentro da aprendizagem (ou da memória) dos alunos. O problema das omissões é, aliás, comum a todo o estudo de História, mesmo para adultos e mesmo para historiadores. A História é uma narrativa e não é possível, ainda que se quisesse, narrar tudo o que aconteceu em cada segundo, sob todos os pontos de vista e em todos os cantos da terra. A História é, portanto, um saber muito incompleto, e, repito, cheio de omissões, e isso é ainda mais evidente e inescapável ao nível do ensino básico e secundário. Querem um exemplo? Quando eu dava aulas no secundário, nos já longínquos anos 70 e 80 do século passado, a história de Alexandre Magno não fazia parte do programa nem constava dos manuais pelos quais os alunos estudavam. Os políticos que então governavam a área da educação tinham decidido omitir esse acontecimento central da História da humanidade e das relações euro-asiáticas, e posto em seu lugar e de outros acontecimentos omitidos, dando-lhes grande destaque, abstrações e conceitos marxistas como “luta de classes”, “modo de produção”, etc. (...) 

João Pedro Marques a ler na integra aqui

A liberdade dos outros...

por João Távora, em 01.06.24

Todos os argumentos a favor de algum tipo de censura no discurso e no debate político têm implicações que não aceito. Por exemplo, é fácil considerar inadmissível dizer que os turcos são conhecidos por serem preguiçosos. Chamar a alguém preguiçoso é um insulto. Generalizar o insulto a uma nacionalidade, etnia ou religião, além de estúpido, é preconceituoso. Mas, se consideramos esse discurso inadmissível, também devemos considerar inadmissível que alguém de esquerda diga que os portugueses são racistas? Ou que os brancos são racistas? É que posso repetir exatamente a mesma frase, substituindo apenas o adjetivo — “Chamar a alguém racista. Generalizar o insulto a uma nacionalidade, etnia ou religião, além de estúpido, é preconceituoso” —, mas quero que um deputado se sinta à vontade para o dizer.

Haverá quem argumente que há estudos que mostram que os portugueses são racistas. E têm razão. Mas alguém contra-argumentará que há estudos que mostram que a produtividade dos turcos é baixa. Claro que contra-argumentarei que a relação entre produtividade e preguiça é falsa e que há fatores bem mais relevantes (estrutura fiscal, organização do trabalho, capital acumulado, etc.). Mas é igualmente legítimo alguém argumentar que os estudos sobre o racismo dos portugueses são questionáveis. (...)

Classifico como discurso de ódio algumas declarações de Ventura sobre ciganos. Mas, um dia que Mamadou Ba seja deputado, quero que tenha o direito de dizer o que disse em tempos: “Temos de matar o homem branco. O homem branco que se mostrou até aqui tem de ser morto. Para evitar a morte social do sujeito político negro, é preciso matar o homem branco assassino, colonial e racista.” Mamadou fala em sentido figurado, num determinado contexto e, alegadamente, baseando-se na obra de Frantz Fanon. Mas, se aceitamos a contextualização, também temos de aceitar que Ventura contextualize o que diz. Mais uma vez, traçar a linha vermelha do que pode ou não ser dito é muito complicado.

Há quem distinga entre o discurso de ódio e a promoção do ódio, sendo este último mais grave. Para muita gente, o discurso da extrema-direita promove o ódio, comportamentos criminosos e ações violentas. E eu concordo, mas o da esquerda radical também, como mostra o vandalismo contra a sede do Observador, um órgão de comunicação social. Para alguns ativistas de esquerda, o culpado do mundo estar como está é do homem branco. Se também for de meia-idade, heterossexual e de direita faz bingo. Para outros, a culpa é a ganância dos empresários — lembram-se de quem certa esquerda culpava pela inflação? Não se poderá legitimamente argumentar que isto também promove o ódio contra um dado grupo de pessoas? Se um deputado do BE ou do PCP disser “From the river to the sea, Palestine will be free!” deve ser censurado? Espero que não, mesmo percebendo que o slogan implica a destruição de Israel. (...) 

Há casos em que a corda necessariamente parte. O presidente da assembleia regional da Madeira não podia ficar indiferente quando o deputado Manuel Coelho se pôs de cuecas. Mas declarações sobre turcos não serem conhecidos por trabalhar estão longe da fronteira que delimita o que é admissível, o que me leva a perguntar o porquê de todo este escândalo. E, quando soube de um comunicado da SOS Racismo dizendo que Aguiar-Branco não tem condições para continuar no cargo e apelando ao Ministério Público que atue, não consigo deixar de pensar que anda muita gente a mamar na teta do Ventura e a promoverem-se à sua custa. O problema é que o promovem também.

Luís Aguiar-Conraria no Expresso aqui na integra

Bullying do bom

por João Távora, em 01.06.24

(...) É um problema difícil, e a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, deu na semana passada um contributo importante para a sua solução aqui mesmo, no Expresso. Foi num texto chamado, precisamente, ‘O paradoxo da tolerância’. Bibliografia: um meme. A leitura do texto deixa claro que Alexandra Leitão estudou atentamente uma banda desenhada que circula na internet, e que faz um resumo de uma ideia do filósofo Karl Popper. O artigo de Alexandra Leitão termina citando: “Como defendeu Karl Popper na sua obra ‘A Sociedade Aberta e os seus Inimigos’, a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles.” É verdade. De facto, a citação encontra-se no livro “A Sociedade Aberta e os seus Inimigos”. Alexandra Leitão identifica bem a origem da frase, até porque isso também é referido no meme. O que o meme não refere é, por exemplo, que a frase figura numa nota de rodapé. Nada contra as notas de rodapé nem contra a expressão de ideias importantes em notas de rodapé. Sucede apenas que as notas de rodapé têm letras mais miudinhas, e talvez isso provoque algum cansaço no leitor. Pode ser que isso explique a razão pela qual o meme também não refere que a frase que se segue àquela que Alexandra Leitão cita é esta: “Com esta formulação não pretendo, por exemplo, dizer que devemos sempre suprimir a expressão de filosofias intolerantes.” Reparem que não é uma ideia que surge num capítulo diferente daquele em que está a frase colhida por Alexandra Leitão, nem noutro ponto da vasta obra de Karl Popper. É mesmo a frase seguinte. Ou seja, Alexandra Leitão foi muito pedagógica. Mostrou às crianças e jovens que não se deve tentar estudar obras complexas através da leitura da sua versão em banda desenhada.

Que queria, então, dizer Karl Popper? Proponho que continuemos a ler o texto, lamentando embora que ele, na versão original, não seja acompanhado de bonecos. Diz assim: “Contanto que possamos contrariar [os discursos intolerantes] com argumentos racionais e mantê-los sob o escrutínio da opinião pública, a sua supressão seria extremamente insensata.” É possível que a expressão “extremamente insensata” seja demasiado grande, ou demasiado aborrecida, para caber num quadradinho, e fosse perturbar a admirável brevidade do meme. Mas é pena, porque assim estamos perante o fenómeno estranho e, creio, inédito de haver uma coisa a circular na internet que apresenta a realidade de forma imprecisa e meio distorcida. Espero que seja uma vez sem exemplo.

Mas afinal, em que ocasião defende Popper a intolerância com os intolerantes? Continuemos: “No entanto, devemos reclamar o direito a suprimi-lo 
[o discurso intolerante], se necessário através da força; pois pode facilmente acontecer que eles [os intolerantes] não estejam preparados para nos enfrentar ao nível do debate racional, mas comecem a renunciar ao próprio debate; podem proibir os seus seguidores de ouvir argumentação racional, por ser esta enganadora, e ensiná-los a responder a argumentos com a força de punhos ou de pistolas.” É quando isso acontece, isto é, quando os intolerantes recorrem à violência, que, diz Popper, “devemos reclamar o direito a, em nome da tolerância, não tolerar os intolerantes”. E conclui dizendo: “Devemos proclamar que qualquer movimento que pregue a intolerância”, ou seja, que defenda a substituição do debate pelas armas, “está fora da lei, e considerar criminoso o incitamento à intolerância e à perseguição, do mesmo modo que consideramos criminoso o incitamento ao homicídio, ao sequestro ou à reinstauração da escravatura”. É uma ideia bastante simples e sensata. Mas Alexandra Leitão não parece percebê-la — nem que lhe façam um desenho.

Ricardo Araújo Pereira na revista do Expresso aqui na integra

A arte da boa crónica

por João Távora, em 23.03.24
(...) "Tanto o Chega como o Livre medram na sua ambiguidade ideológica, ou, melhor dizendo, no seu relativo vazio ideológico. O Livre e a sua enigmática “esquerda verde nórdica” é um vazio, e Rui Tavares o seu profeta. O Chega, uma amálgama de crendices popularuchas sobre o país e a origem dos respetivos problemas, é o beneficiário liquido de uma reação genuína e virulenta contra certos delírios mais excêntricos da cultura woke, a que o Livre, nos seus exatos antípodas e à falta de melhor, dedica o grosso do seu torrencial paleio. Que a esquerda útil aliene sectores sociais inteiros à conta do wokismo é coisa que não tira o sono ao Livre: é um partido de nicho, nada incomodado por viver dos votos dos departamentos mais exóticos das ciências sociais, desde que os abocanhe quase a todos, logrando três ou quatro deputados para o antifascismo-verde-nórdico-cicloviário.
 
O Chega, por sua vez, rapa votos nas imediações. Sempre que o Livre nos recorda as perfeições morais inerentes ao acolhimento irrestrito, em Portugal, de todos os deserdados da Terra, Ventura, como um carro-vassoura, limpa eleitores por atacado, da variedade farta dos ditos deserdados.
 
Monopolista do tema, o Chega fatura com uma realidade escassamente debatida por quem o poderia fazer com equilíbrio, pedagogia e tino, sem atear no processo as brasas da xenofobia, e sem medo dos santos apóstolos que pretendem resgatar a humanidade, transferindo-a para Vila Nova de Milfontes.
 
A ideologia comunista, já defunta, libertou multidões maltratadas pela vida do seu enquadramento sociopolítico. O lume do ódio de classe continua aceso, mas já não ilumina a luta de classes. Agora arde nos altares do Chega. O Alentejo pós-comunista pode, finalmente, deixar de dizer que ganha quando perde e de chamar à derrota catastrófica “desenvolvimento negativo”. (...)
 

Sérgio Sousa Pinto no Expresso

O país mudou

por João Távora, em 22.03.24

(...) O país mudou, tal como todo o Ocidente mudou. Essa mudança é hoje um assunto de conversa tão inevitável como o tempo. É do que se fala à mesa, na barbearia ou no táxi. De facto, só os políticos não falam disso. A causa imediata da mudança está no colapso das fronteiras externas da UE. O acesso de migrantes à Europa está hoje limitado apenas pela geografia e por algum Estado fronteiriço subsidiado, como a Turquia. Em Portugal, os residentes com naturalidade estrangeira duplicaram desde 2015, em menos de 10 anos. Representam 11,6% da população. Um quarto dos bebés são filhos de mães nascidas no estrangeiro. É a maior mudança social desde a industrialização. A classe política diz que precisamos dos migrantes, e tem razão. Mas não bastam as contas da segurança social, nem a vantagem da mão de obra barata, para extinguir a estranheza que uma grande mudança social, quando é brusca e caótica, sempre inspira.

Para muitos, essa mudança tornou-se preocupante sobretudo pela sua conjugação com a cruzada woke, nas escolas e na imprensa, contra tudo o que tem sido a base da coesão social do país e da sua capacidade de integrar outras populações: a identidade nacional, uma história comum, a religião tradicional. Eis a população desafiada a renunciar a qualquer sentido de comunidade, e a conceber o seu país como um simples aeroporto internacional, onde todos estivessem de passagem. Naturalmente, rejeita isso. Porquê tratar essa rejeição como xenofobia? Porque não ver aí o cuidado legítimo e razoável com um modo de vida que aliás sempre esteve aberto a quem veio de fora? Porquê não admitir que a redução da sociedade a um aglomerado de guetos pode comprometer muita coisa? (...)

Rui Ramos na integra aqui

O regresso dos Bragança a Mafra

por João Távora, em 24.09.23

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(...) Em outubro deste ano, o local de onde saiu o rei para o exílio, voltará, ainda que por breves momentos, a ser a casa dos Bragança.

Questionado sobre o casamento de Maria Francisca de Bragança e a sua importância para o Palácio de Mafra, o seu diretor aponta que a cerimónia tem “duas dimensões”, uma “privada”, por se tratar de “uma atividade religiosa como muitas outras que acontecem na basílica”, e outra “histórica e simbólica”. “D. Maria Francisca de Bragança é descendente dos reis de Portugal e, portanto, é um prazer poder receber o casamento de uma pessoa que tem essa ancestralidade histórica, ligada também a esta casa”, disse. “Ficamos muito felizes por essa iniciativa. Mafra é a representação da dinastia de Bragança, não só a parte conventual, como o próprio palácio, da mesma maneira que outras dinastias tiveram representações noutros espaços.”

Talvez a resposta esteja na tradição...

por João Távora, em 26.08.23

(...) Reli há dias “O Leopardo”, um dos livros mais precisos na ilustração das diferenças entre a mente progressista e a mente conservadora. O progressista quer acelerar a fita do tempo para chegar ao fim da história, essa utopia onde todos os conflitos humanos são resolvidos pela razão; a paz de espírito é obtida pela aceleração do tempo. Ao invés, o conservador congela o tempo. Ao repetir sempre os mesmos rituais, ano após ano, desde a limpeza dos talheres até às colheitas, passando pelo calendário das festas e das férias, o conservador julga que triunfa sobre o tempo e até sobre a morte. Na sua mente, a manutenção do rito ao longo dos séculos é uma vitória humana sobre o próprio tempo, o tempo pára. O pescador do paredão é o Leopardo de galochas e não de botins de pelica: a pesca é um rito que recebeu do pai, que por sua vez recebera o testemunho do avô. É uma ilusão de controlo humano sobre o tempo e sobre um mundo em mudança constante.

Henrique Raposo no Expresso

O mistério da JMJ

por João Távora, em 04.08.23

Vivemos numa época em que muita coisa está trocada. Os crentes são hoje geralmente delicados e tolerantes. Parecem visitas numa casa que não é deles. Para ver soberba e intolerância, é preciso ir para junto dos descrentes. Aí, há muita gente que se porta como se fosse dona de tudo. É aí que estão hoje os que não compreendem nem estão dispostos a aceitar nada. Percebe-se porquê. Para os crentes, a providência divina é um mistério: as coisas nem sempre têm de acontecer conforme esperam. O tipo de descrente de que falo, pelo contrário, julga que sabe o sentido da história: não está preparado para surpresas. Foi por isso que a JMJ o indignou tanto: nada, para ele, faz sentido.

Não, não foi a colaboração do Estado num evento da Igreja Católica que escandalizou os acólitos da descrença arrogante. É verdade que questionaram essa colaboração, e até se puseram, muito neo-liberalmente, a discutir orçamentos. Mas o problema não foi esse. O problema foi que a multidão era grande, e que a gente era muito nova. Os descrentes não contavam com isso. Desde pequenos, ensinaram-lhes que o cristianismo era um resquício da Idade Média, prestes a acabar. Logo, nenhum evento cristão deveria atrair mais do que umas poucas de velhas camponesas de regiões remotas. Mas eis que centenas de milhares de jovens, com um ar muito contemporâneo, ocupam o centro de Lisboa para ouvir missa e ver o Papa. Não é possível. Não vem no guião. Não pode estar a acontecer.

Pobres descrentes arrogantes. De facto, são eles o resquício de um tempo velho que talvez esteja a acabar. Esse tempo era o da superstição do progresso. Os seus profetas, no século XIX, acreditaram que a ciência moderna ia substituir as religiões tradicionais. O que fizeram foi atribuir às teorias e hipóteses científicas a mesma certeza dogmática das antigas revelações divinas. Não deram origem a boa ciência, mas inspiraram ideologias pretensamente “científicas”, e que em nome da “ciência” reprimiram, prenderam e massacraram. A intolerância ideológica do século XX, com os seus meios industriais de morte, foi mais sanguinária do que qualquer intolerância religiosa do passado.

A verdade é que religiões como o cristianismo não traduziam simplesmente a ignorância de tempos antigos. As religiões eram, para os fiéis, formas de saber viver e sobretudo de saber morrer, sistemas de cerimónias e rituais destinados a fazer grupos e indivíduos transcender as suas existências. Era isso que as religiões eram, e é isso que as religiões são, porque nada de facto as substituiu nesse sentido, a não ser ideologias e superstições. Se os descrentes percebessem isso, não estariam tão espantados com a JMJ, e talvez se habituassem à ideia de que as religiões tradicionais não são atavismos nem retrocessos, mas tão parte do mundo de hoje e de amanhã como a ciência e a tecnologia.

Durante muito tempo, os Estados apropriaram-se das religiões para legitimar a sujeição aos governos e a aceitação das hierarquias. Foram os Estados que transformaram o cristianismo em opressão. As Inquisições ibéricas do século XVI, de que ainda se culpa a Igreja Católica, funcionaram de facto como instrumentos do Estado para obter uma homogeneidade confessional que o Estado julgou indispensável a fim de assentar a ordem política. Isso acabou na Europa entre os séculos XIX e XX, e quando acabou, as sociedades tornaram-se plurais, mas o cristianismo não desapareceu. Deixou de ser imposto a todos, mas passou a ser escolhido por muitos, como fé e “identidade”. As igrejas, finalmente autónomas em relação ao Estado, puderam reconstituir-se como congregações livres. Foi essa liberdade que passou por Lisboa.

Rui Ramos a ler no Observador

Poucos assuntos geram tão grande desassossego social e mediático como a religião. Rara é a pessoa que não tem uma opinião sobre a defesa intransigente da vida humana, o celibato dos padres, a ordenação das mulheres, a comunhão dos divorciados ou, mais genericamente, a forma como a Igreja propõe a vida familiar e sexual. Qualquer um destes temas faz com que pessoas sensatas — e independentemente de sobre ele terem uma opinião estudada ou fundamentada — percam a compostura para defender a sua visão, contra ou a favor de um qualquer ditame, bispo ou postura. Apesar disso, poucas figuras terão gerado tão clamoroso entusiasmo como o desconhecido Jorge Mario Bergoglio quando, com certos ares de revolu­cionário, ascendeu ao sólio pontifício como Francisco. Tornou-se mais fácil, mesmo entre pessoas politicamente conservadoras, identificar católicos progressistas.

A constante tentativa de a sociedade contemporânea condicionar a Igreja e tentar obrigá-la a evoluir assemelha-se perigosamente à tentação que os Estados sempre sentiram de se apossarem das Igrejas para fazerem delas braços armados dos seus objetivos: alimentada por uma horda de opinion makers tão aguerridos quanto os protestantes de outrora, a sociedade assume que a Igreja permanece nas “trevas” por incompreensão dos seus líderes, incapaz de se adaptar para ser mais bem aceite e deixar de ser o que consideram constituir uma aberração. Pressupõe que a Igreja é uma espécie de clube, de associação ou de partido que precisa de um determinado número de fiéis para provar a sua razão e, sobretudo, que não pode propor algo diferente daquilo que a maioria aceita. E, na Igreja, muitos — leigos, presbíteros e prelados — pensam manifestamente da mesma maneira. Que uns e outros compreendam o alcance dessa evolução é outra questão.

A ler na integra Ademar Vala Marques, na revista do Expresso desta semana

 

Imigrantes

por João Távora, em 07.07.23

Dizem-nos: a diversidade é uma coisa boa. Sim, uma população com origens e culturas diversas não é necessariamente um problema, e pode ter vantagens. Mas desde que seja possível combinar diversidade com integração social. De outro modo, não teremos uma sociedade, mas uma aglomeração de comunidades divididas. Ora, as nossas democracias e Estados sociais pressupõem uma sociedade coesa, e não, como os impérios, populações separadas. Dispõe a Europa ocidental dos meios para integrar os migrantes e seus descendentes? Têm as sociedades europeias uma cultura suficientemente consensual e nítida para dar aos seus novos residentes referências comuns, as quais eles possam tomar como as regras do jogo de um convívio pacífico, ou então perfilhar como valores pessoais e assim identificarem-se com a sociedade de acolhimento? Não: o wokismo que infesta escolas, imprensa e associações subsidiadas pelo Estado ensina aos migrantes e seus descendentes que a sociedade em que vivem é “racista” e a devem tratar como inimiga, a começar pela lei e pelos seus representantes. São as economias europeias suficientemente abertas e dinâmicas para dar à maioria dos recém-chegados, não apenas os iniciais empregos de salários baixos, mas expectativas de ascensão social? Não: o estatismo limita os empreendedores que poderiam criar empregos mais qualificados, e condena a maior parte dos migrantes e seus descendentes à condição de mão-de-obra barata e à dependência de subsídios. Tudo isto só pode ter um resultado: guetos cuja explosão, no caso de França, está à distância de um incidente.

Rui Ramos a ler na integra hoje no Observador

De Carlos III a Marcelo I

por João Távora, em 05.05.23

(...) "Quais são os regimes mais propensos a golpes de estado e regimes autoritários? São repúblicas, em particular as presidencialistas. Quais foram os regimes mais violentamente repressivos de toda a história, provocando milhões de mortos entre a própria população? Repúblicas como a Alemanha nazi, a União Soviética ou a China comunista.

A história da Grã-Bretanha é um bom exemplo de que fazer equivaler monarquia e opressão, república e liberdade é, no mínimo, simplista. Um trauma central na cultura política britânica são as guerras civis de meados do século XVII, e, como resultado delas, o derrube da monarquia entre 1649-1660. Qual foi o resultado? A tomada do poder por um ditador militar, o general republicano vitorioso, Oliver Cromwell, e a dissolução forçada do parlamento. Por isso, desde 1688, os ingleses consolidaram um regime híbrido como a melhor forma de garantir as liberdades numa monarquia constitucional: “the crown in parliament”. Afinal numa democracia nem todos os órgãos de soberania têm de ser diretamente eleitos pelo povo, veja-se, por exemplo, os juízes, ou até, os presidentes de repúblicas tão relevantes como a Itália ou a Alemanha.

Haverá quem pense que as monarquias podem até ser garantias de continuidade e moderação, mas serão fortes bloqueios ao progresso. No entanto, se olharmos para mais um indicador objetivo, o índice de desenvolvimento humano, no top 10 de países com melhores condições de vida no planeta em 2022, cinco são monarquias, e na lista dos 10 mais atrasados nesse campo, todos são repúblicas. Também aqui não podemos simplificar." (...)

A ler o artigo de Bruno Cardoso Reis na integra aqui

Uma bela síntese

por João Távora, em 06.04.23

"A Páscoa está à porta. Com ela, para os alunos do ensino básico e secundário, veio a boa-nova das férias, e, para os mais velhos, a boa-nova de umas festividades que, para a maioria, de religiosas têm pouco. Mas, afinal, o que é a Páscoa? Afinal, em que acreditam os Cristãos? Pôr a pergunta não pode doer: mesmo os ateus poderão estar interessados em saber aquilo em que não acreditam — e aos Ricky Gervais desta vida não lhes fazia mal nenhum saber do que falam."  Aos meus amigos não cristãos ou que nunca aprofundaram a catequese da sua infância aconselho vivamente esta leitura

Dois mil anos

por João Távora, em 17.02.23

(...) A Igreja Católica, em Portugal, continua a ter importância e a exigir-se dela uma perfeição que não se espera de mais nenhuma instituição. A própria discussão provocada pelo inquérito sugere isso. Daí que as visões laicistas de uma iminente ruína da Igreja pareçam algo exageradas. Não foi aliás esta a primeira vez que alguém, do alto de um púlpito jacobino, aproveitou um escândalo eclesiástico para declarar liquidadas a tradição apostólica, a autoridade do papa ou o celibato do clero. Os então chamados “livres pensadores” passaram o século XIX a anunciar o fim da Igreja. Uns esperaram abolir o catolicismo em duas ou três gerações; outros confiaram em que, no mínimo, haveriam de casar os padres. Para isso, usaram a propaganda, mas também a força, quando por acaso tiveram poder. No século XIX, não acreditaram que a Igreja sobrevivesse à ciência e à democracia; no século XX, ao Estado social e aos novos costumes. Acontece que a Igreja sobreviveu, mesmo sem poder político, mesmo sem coação social, e mesmo sem ser sempre servida pelos melhores e mais exemplares, como se viu agora.

Para os crentes, será um sinal da providência divina. Quem não tem fé, poderá talvez pensar em outras causas. Por exemplo, no fracasso abjecto das alternativas “científicas” à religião revelada, como as ideologias totalitárias do século XX, ou na farsa pueril das opções “espiritualistas”, como os movimentos de tipo “New Age”. As tradições religiosas, mesmo em plena modernidade, continuaram a corresponder, melhor do que quaisquer substitutos, a necessidades e inclinações fundamentais. Românticos e modernistas, por mais ateus ou agnósticos, permaneceram sensíveis ao mistério e à estética do cristianismo. A tradição das igrejas cristãs deu a sua expressão mais intensa a duas ideias aparentemente contraditórias: a ideia de que o poder humano é limitado, e a ideia de que, apesar disso, a redenção é possível. Para os crentes, Deus é a solução. Para muitos não-crentes, importa manter a questão nos termos simultaneamente exactos da tragédia e da esperança, e na nossa cultura ocidental é a tradição cristã que melhor o consegue. É por isso (e não por simples inércia social), que nem a ciência, nem o Estado laico nem os escândalos eclesiásticos cancelaram em Portugal a Igreja Católica, e é por isso que ainda hoje, com a prática religiosa em retrocesso, a Igreja inspira tanta discussão. Daí que, sem diminuir nem relativizar o inquérito, seja provável que a Igreja continue por aqui no próximo século, com a sua tradição, o seu papa, o seu clero e, claro, os seus devotados inimigos.

Rui Ramos  no Observador. A ler o artigo completo Aqui

Rainha de Portugal

por João Távora, em 08.12.22

Imaculada-Conceição_Vila-Viçosa.jpg

"Nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646 declarou o rei D. João IV que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de cinquenta cruzados de ouro. D. João IV assumiu ainda coroar a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus."

Daniel Sousa


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