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Há quem estranhe os casos de endogamia e nepotismo denunciados no governo e gabinetes por aí abaixo. Este fenómeno, mais do que demonstrar-nos que a elite socialista tem recursos limitados e é pouco permeável (sinal dos tempos de austeridade), revela-nos que perdeu o pudor. A vida é dura, o Estado é um apetecível salão de banquetes, mas também serve uma sandocha se for suplicada nos canais certos: em tempos soube de uma feroz disputa partidária por um lugar subalterno (de ordenado mínimo) numa junta de freguesia de Lisboa. Mas os lá de cima conhecem-se todos uns aos outros há décadas, e como nas famílias da antiga nobreza (como a minha) dão muita importância aos apelidos porque eles revelam parentescos e fidelidades sempre úteis. Frequentam os mesmos restaurantes e vernissages, encontram-se nas férias em selectos destinos de veraneio, os filhos frequentam as mesmas escolas privadas e laicas, enfim, falam a mesma linguagem, são a reserva da Nação. Quando um dia por improvável e injusto acaso os socialistas tiverem de saír do governo para alguém vir arrumar a casa, esta pseudofidalguia retornará aos seus lugares, a minar as autarquias, institutos, arrumadas em direcções e gabinetes de empresas entretanto recuperadas para a esfera do Estado, na certeza de que o inverno será curto. E que, com as relações certas, alguma dedicação ao partido e um pouquinho de sorte, em breve se reencontrarão com o estrelato nos corredores do Terreiro do Paço e muitas viagens para Bruxelas. Entretanto, cá em baixo os portugueses contentam-se com um ordenado de menos mil euros (a única forma de não serem esmagados por impostos) e um desconto no passe social (que dá para pagar pão, leite e frangos, dizia ontem um popular na TV). Esses portugueses que ainda não perceberam que eles são muito poucos e não andam armados, só vivem à nossa custa e ainda por cima riem-se de nós como alarves.
Fotografia Lusa
"Se essas ilegalidades se vierem a confirmar, serão certamente uma desonra para a nossa democracia. Mas se não se vierem a confirmar é a demonstração que o nosso sistema de justiça funciona". Esta foi a posição assumida por António Costa no Canadá sobre o tímido acesso de “vergonha de José Sócrates" assumido, mesmo que de forma ambígua, nesses dias pelos socialistas João Galamba ou Carlos César. Ontem no Parlamento, o 1º ministro insistiu no discurso que tem desde o dia da detenção de Sócrates (valha-lhe neste caso a coerência) sobre o "incómodo", colocando a ênfase na separação de poderes, que "Ninguém tem direito a julgar ninguém, a não ser os magistrados, na sede do processo penal".
Serve esta constatação para realçar que, a começar no seu líder, boa parte do Partido Socialista mentem-se em negação quanto às aldrabices e escandalosos factos vindos a público nos interrogatórios da Operação Marquês e que desvendam um regime promiscuo e profundamente doente. A coisa é tanto mais grave porque acontece num partido que está no governo com boa parte da equipa do antigo primeiro-ministro acusado. Nesse sentido, mesmo que oportunista ou tardio, honra seja feita ao reconhecimento da total falta de carácter do seu ex-namorado pela jornalista Fernanda Câncio. De facto, mais urgente para a nossa redenção como povo e democracia liberal é uma veemente condenação política dos desmandos e desgovernação de José Sócrates. O Partido Socialista deve-nos esse resgate moral num pedido de desculpas ao país, e nesse sentido o próximo congresso será uma oportunidade.
A posição de Arons de Carvalho, que assume achar normal que um ex-primeiro ministro ande a receber envelopes com dinheiro “emprestado” de um amigo, reflecte uma coragem que muitos dos seus camaradas não têm, que se limitam a sussurrar sobre a violação do segredo de justiça, a substituição da procuradora e o “não jornalismo”. Arons de Carvalho vem apenas quebrar o ruidoso silêncio dos socialistas sobre a acusação a José Sócrates, numa demonstração de fidelidade ao seu mestre.
António Campos fundador do PS e partidário de António Costa, hoje numa entrevista ao Jornal i acusou a direcção de Seguro de ter alinhado com a direita reaccionária. Não entendo bem em quê, mas admito que talvez lhes tenha escapado a promessa duma ditadura do proletariado.
Eu sei que a disputa entre facções dentro de um partido soa sempre para o exterior como uma redundância, mas quando nela não se jogam ideias e projectos o que transparece é simples aberração.
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Muito antes desse conflito de interesses tínhamos ...
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