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O palco da Jornada Mundial da Juventude

por João Távora, em 25.01.23

palco-blog (1).jpg

Há mais de quatro anos, quando foi decidido, que venho seguindo com alguma atenção as notícias da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que decorrerá em Lisboa no início de Agosto e que reunirá mais de um milhão de jovens de todo o Mundo na cidade e concelhos limítrofes. Que ninguém se iluda, nunca nada de semelhante aconteceu em Portugal – trata-se de um evento absolutamente excepcional, o maior à escala planetária que, a par da visibilidade que promove da mensagem cristã, comporta uma logística complexa e exigente, em mobilidade e espaços para os múltiplos eventos, que urge por a funcionar. Para se ter uma ídeia, para acolher todos os visitantes juntos, será necessário um espaço correspondente a 10 santuários de Fátima ou dezasseis estádio da Luz. Com ou sem o Palco, com ou sem a colossal esplanada do Parque Tejo arranjada para a Missa Campal no dia 5 presidida pelo Papa Francisco, nada permanecerá na mesma na cidade, que quase triplicará os habitantes durante uma semana – a maior parte da operação será pouco visível decorrerá em regime de voluntariado – alojamento, refeições etc..

Para além dos incómodos que toda esta agitação inevitavelmente irá criar aos lisboetas, é de prever que surjam muito mais polémicas mais ou menos artificiais e o habitual aproveitamento político das facções radicais do nosso espectro político. Escândalos e feridas serão “descobertos” ou reavivados aos católicos. Na mesma proporção que for o sucesso da JMJ, haverá uma vozearia tonitruante a contrapor maledicência e contraditório. É assim que acontece, justa ou injustamente, numa sociedade liberal e extremamente laicizada como a nossa. Procurem-se notícias do que foi a JMJ em 2011 em Madrid, por exemplo.

Mas o que me admira por estes dias nas redes sociais é a quantidade de católicos acriticamente, mal informados, a surfarem a onda do “escândalo do palco-altar". Há muito tempo que este grandioso encontro católico está previsto, no entanto até há poucos meses não estavam definidas as responsabilidades das partes envolvidas - Lisboa, Loures e Governo. Desde então, com as verbas definidas, a seis meses do acontecimento, a CML tudo está a fazer para que o acolhimento se faça com toda a dignidade que nos merecem os visitantes. Dito isto, parece-me importante que se construa um consenso entre os portugueses de boa-vontade para levarmos a JMJ a bom porto. Com os outros já não contávamos, sempre estiveram do lado da ruptura, e sempre que puderam fecharam as igrejas e até mataram o nosso Rei.

PS.: Peço desculpa se desiludo alguém, mas pensava que este assunto já tinha ficado esclarecido com o colapso da Cortina de Ferro: não haverá menos pobres por não haver JMJ ou se o evento for mais modesto. Como não haverá menos pobres se o Vaticano oferecer os seus bens, igrejas, palácios e obras de arte. Esse sempre foi o argumento dos comunistas para expropriar as pessoas. Haverá menos pobres, estou certo, com uma Igreja mais robusta, mais santa, com mais presença na vida das nossas cidades. A ideia de que o dinheiro para o Altar cicula em vazos comunicantes entre instituições/organismos e que poderia ser gasto em caridade ou na construção de casas para os pobres é no mínimo infantil. A pobreza franciscana é um caminho de exigente espiritualidade, como outros uma escolha individual. Para mais a Igreja não é uma mera ONG, a sua fundação principal é evangelizar, ensinar a mensagem de Cristo. Para isso necessita de meios.

Os revolucionários

por João Távora, em 04.09.18

É um momento particularmente difícil e que nos deixa desnorteados! Grandes baluartes do Catolicismo tradicional, em pungente descompostura, vêm a público quais camponeses desesperados, munidos de archotes e forquilhas, cercar a Cidade Eterna em uma noite de lua minguante para pedir — quem o ousaria imaginar jamais? — a cabeça do Cristo-na-Terra. Católicos tradicionais, conservadores, pedindo em público a renúncia do Papa! Seria inacreditável, uma piada de mau gosto, uma burla grotesca, se não fosse a terrível e dolorosa verdade. 

 

A ler na integra aqui

Enfrentando um assunto doloroso

por João Távora, em 29.08.18

Papa Francisco.png

O arcebispo Carlo Maria Vigano, divulgou há dias uma carta com gravíssimas acusações ao Papa Francisco, de ter anulado sanções contra o cardeal McCarrick que terá abusado de jovens seminaristas e sacerdotes, assim como acusa vários bispos americanos e os Jesuítas de apoiarem a agenda LGBT. Trata-se obviamente de um acto desesperado de guerra que visa atingir mortalmente o sucessor de Pedro que, como seria de esperar, hoje se escusou a defender-se na Praça de São Pedro.

Acontece que na Igreja sempre conviveram facções, houve luta pelo poder e nela concorreram ambições, vaidades e pessoas diferentes, algumas certamente homossexuais, com inaudita capacidade de intriga. É da natureza dos homens e das suas organizações, não é difícil imaginar.

Mais grave que tudo isso são os comportamentos repugnantes denunciados um pouco por esse mundo fora, a inacção ou conivência da hierarquia com esse tipo crimes que nunca deveriam ter acontecido pelas mãos de homens de Deus. E nesse sentido importa perceber como foram possíveis tais actos, e qual a ”fragilidade” que é porta aberta a tais escândalos. Não importa se foram poucos em termos relativos ou espalhados no tempo, importa que a Casa de Deus (paróquias, escolas, santuários, etc.) tem de ser um local sagrado e de santidade – como caminho do pecador para o exemplo de Jesus Cristo.

O que me angustia por estes dias é como explicar as notícias que hoje são manchete a uma criança. Não basta dizer que o assunto é complexo: irónico é como o Papa Francisco que pela primeira vez em décadas conseguiu trazer alguma “boa imprensa” ao Vaticano, poder ver-se agora cilindrado na voragem mediática por causa de um arcebispo reaccionário (sim, reaccionário, que conservador sou eu).  

Irónico é constatar que a maior crise que a Igreja hoje enfrenta, apesar dos encarniçados inimigos que há duzentos anos a sitiam e afrontam, acontece afinal por responsabilidade própria. Como já avisara o Papa Bento XVI aquando da sua visita a Portugal em 2010 “A maior perseguição à Igreja não vem de inimigos de fora, mas nasce do pecado da Igreja”.

Nesta hora difícil, o Papa, pastor desta nossa Igreja peregrina que é legado de Pedro e esposa de Jesus, eleito para nos guiar neste tempo, com a inspiração e poder do Espírito Santo, necessita de muita oração dos católicos por todo o mundo a quem se impõe que se unam à sua volta. Para levar de vencida mais esta crise e devolver-lhe o prestígio e a autoridade que é exigível aos que professam a mensagem e exemplo de Cristo.

Semente de civilização

por João Távora, em 13.05.17

Fatima.jpg

Neste tempo em que a religião é quase sempre relevada por uma só bitola, como assunto de ignorantes, fundamentalistas e fanáticos se tratasse, é reconfortante o testemunho dado por mais de meio milhão de pessoas que de forma serena e pacifica se reuniram em comunhão e oração à Mãe de Jesus. Definitivamente não é tudo a mesma coisa. Pela minha parte confesso-vos que nesta hora em que o Papa Francisco despede-se do “altar do Mundo” sinto um orgulho enorme de ser dos de Cristo, de pertencer a esta Igreja, obra divina e universal, tão humanamente rica, tolerante (misericordiosa) e diversa. 

Fotigrafia Reinaldo Rodrigies/Global Imagens 

Bem-vindo a Portugal, Papa Francisco!

por João Távora, em 12.05.17

PapaFrancisco.jpg

Há muito tempo que queria que a esquerda deixasse a Igreja Católica em paz, por isso não me incomoda nada o fascínio que o Papa Francisco exerce sobre ela. A Igreja é universal e foi erguida para todos que se quiserem deixar converter ao exemplo de Jesus Cristo. E não haverá conversão se a sua mensagem não conseguir chegar às periferias, se o seu magistério não for exercido também no “Páteo dos Gentios” – e eu sei bem como isso incomoda alguns católicos  “puritanos”. Acontece que o colégio cardinalício que com uma sabedoria imensa elegeu Bento XVI foi o mesmo que elegeu o jesuíta Bergoglio, que teve o enorme mérito de mudar a tónica da mensagem da Igreja para a Misericórdia. De facto a vocação da Igreja não é ser um hotel para santos, é ser um hospital de campanha para os pecadores como eu. Havia um erro de percepção que vem sendo corrigido, a doutrina não mudou, mudou a sua percepção. Obrigado Papa Francisco, bem-vindo a Portugal.  

Uma ecologia integral

por João Távora, em 30.06.15

Enciclica.jpg

Mais do que utensílio de propaganda de políticos sem escrúpulos e oportunistas, a ecologia (o respeito profundo pelos frágeis equilíbrios da Criação) é uma causa profundamente cristã. Para ler antes de criticar ou aplaudir. 

Os antípodas

por João Távora, em 14.06.14

 

Não sendo por manifesta má-fé, custa muito a entender a escolha feita por Ana Lourenço pelo contestatário Frei Bento Domingues para comentar a extraordinária entrevista de Henrique Cymerman ao Papa Francisco que ontem à noite passou na SIC Notícias. Outra hipótese é que a ideia da jornalista fosse saleintar dessa forma o carisma generoso e inclusivo do Papa por oposição ao sectarismo ressabiado do comentador. Se da histórica entrevista ressalta a extraordinária vocação do Papa para abrir janelas, criar pontes, fomentar o encontro, de Bento Domingues não se pode dizer o mesmo: colando-se ao discurso de Bergoglio, ele não evitou exibir toda a sorte de preconceitos e ressentimentos para acentuar todas fracturas reais e imaginárias existentes na Igreja de Pedro. E para que fique claro: os católicos que ele chama “de direita” revêm-se e orgulham-se deste Papa cujo coração do tamanho do Mundo devia ser uma lição para certas franjas fundamentalistas de que Bento Domingues é um triste exemplo. 


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