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Repensar a república em Dia de Reis

por João Távora, em 06.01.21

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As eleições presidenciais que terão lugar daqui a poucos dias constituem mais uma oportunidade para os monárquicos dissecarem o nosso sistema semipresidencialista, apontarem as suas fragilidades e contradições e recordarem publicamente outros modelos, vigentes em destinos mais bem-sucedidos que o nosso.

O tema também interessa aos simpatizantes realistas que – imbuídos dum cândido pragmatismo - entendem que a sua participação cívica na eleição presidencial é útil numa perspectiva de "gestão do mal menor". Quase sempre os encontramos desiludidos, a cada final de mandato, com a intervenção política do "seu" presidente. Esperam (sempre debalde) que este, legitimado pela eleição directa, faça oposição ao governo assumindo conflitos institucionais com o parlamento e que rejeite com galhardia as leis por este emanadas de que não gostam.

A questão que a todos deveria inquietar é a de saber o que se pretende com o cargo de “mais alto magistrado da nação”. Este deve ser um elemento de aglutinação e de unidade, dotado de poder equidistante de moderação para a promoção de equilíbrios, tendo em vista o longo prazo e os valores perenes da nação, ou um participante activo na contenda sectária e permanente dos interesses e das facções que inevitavelmente existem onde haja mais do que uma pessoa? Pretende-se um Chefe de Estado que se assuma reserva da nação, com contenção, equidistância e sobriedade, ou mais uma voz a somar-se à berraria que emana da disputa partidária e ideológica?

Convém lembrar aos realistas pretensamente realistas que a Coroa viável nos nossos dias — aquela que, afinal, impera nos países mais evoluídos da Europa — é uma instituição politicamente abrangente e aglutinadora: não estigmatiza convicções, credos ou clubes. O respeito pelas diferenças e a capacidade de inclusão são, por via disso, dos argumentos mais valiosos da solução política preconizada pelos monárquicos. Nas dez monarquias constitucionais europeias - Bélgica, Dinamarca, Espanha, Liechtenstein, Luxemburgo, Holanda, Mónaco, Reino Unido e Suécia - os seus monarcas - Filipe, Margarida II, Filipe VI, Hans-Adam II, Henrique, Guilherme Alexandre, Alberto II, Isabel II e Carlos XVI Gustavo - não se envolvem no dia-a-dia da governança. Todos estes Estados são dotados de fortes tradições parlamentares e muito desenvolvidos.

Pela minha parte, e porque gosto de política, assistirei divertido ao espectáculo das presidenciais de 2021, na certeza de que será digno da final de um campeonato de wrestling. Um dia, o seu vencedor irá instalar-se no Palácio de Belém com a árdua tarefa de fingir que representa todos os Portugueses. Mas, no momento de preencher o boletim de voto, não deixarei de o anular. Será essa a expressão do meu repúdio pela mascarada que nos foi imposta à força.

Adaptação do meu Editorial no Correio Real nº 22

Imagem: revista Visão

 

Ser de quê? Como?

por Luísa Correia, em 29.04.14

A propósito da polémica recorrente sobre o que é ser de esquerda e de direita, e no sentido de me orientar nesse denso nevoeiro conceptual, produzi  a tabela que segue.

 

 

   

Ser de esquerda é...

  Ser de direita é...

Pelo critério do coração

 

 

Deplorar a pobreza, insurgir-se contra a desigualdade de oportunidades, lutar pela liberdade, pensar mais nos outros do que em si próprio. Gostar de mudança.

 

  Ser avarento, ambicioso, egoista, não olhar a meios para atingir os seus fins pessoais, nem aceitar que possa pensar-se de forma diferente. Valorizar a estabilidade. 
Pelo critério da cabeça  

 

Entender que se detém o exclusivo da razão, precisamente porque os fins são belos e românticos.  Entender, também, que esses fins justificam os meios, como a manipulação informativa, a engorda e o reforço do poder do Estado, e a restrição da liberdade individual em prol das «liberdades colectivas» (?). Entender que as mudanças devem fazer-se no seu próprio tempo de vida, recorrendo, no extremo, à política da tábua rasa e a métodos revolucionários e/ou ditatoriais.

 

  Entender que o primado é da liberdade de cada um. Entender que ao Estado compete apenas assegurar a igualdade de oportunidades e o cumprimento de regras mínimas de lisura social e económica. Entender que as mudanças necessárias devem fazer-se por via reformista, «sustentadamente» e no tempo de quantas vidas for. Entender que pode haver perigo nos idealismos de esquerda, - porque os idealismos tendem para a radicalização - e combater esse perigo, recorrendo, no extremo, a métodos golpistas e/ou ditatoriais.
Pelo critério do estômago   

 

Considerar que os primeiros pobres são os de esquerda, porque a esquerda é, por natureza, pobre (e/ou conhece casos traumatizantes de pobreza no seu passado ou ascendência próxima). Acautelar, portanto, prioritariamente, os seus próprios desejos e necessidades.

 

  Considerar a propriedade e a riqueza como direitos individuais legítimos e factores de prestígio e de motivação no trabalho. Preferir, entre as causas de perda de riqueza, aquelas que redundem em benefício palpável de estômagos alheios; ou seja, preferir a caridade à correcção fiscal.
Em síntese   

 

Viver de impulsos românticos, avaliando as consequências de forma leviana.

 

  Avaliar as consequências de forma cautelosa, comedindo os impulsos românticos.

 

Revejo o exercício e o nevoeiro continua cerrado. 

Ainda assim - e na linha conciliadora dos franceses, que reconhecem ter o coração à esquerda e a carteira à direita -, diria que ser-se de esquerda serve razoavelmente a nossa vida privada, em que os idealismos são inócuos, proporcionam divertidas discussões existenciais e compõem uma imagem generosa e apegada aos valores humanistas. Já ser-se de direita serve melhor a nossa vida pública (se a temos), porque o pragmatismo, a eficácia e a paciência são qualidades essenciais à administração do bem comum. Podemos, portanto, ser muitos num só, com ganho de interesse e sem perda de coerência.

Foto-fitas do dia

por Luísa Correia, em 13.04.14
(Santa Clara)
O que é isso de discutir política? Se é debater ideologias e programas de governação, é uma acção elegante, envolvendo, frequentemente, exercícios intelectuais de alto nível em paralelas assimétricas. Mas é, sobretudo, uma acção absolutamente inútil, porque apenas permite clarificar o sentido de abstracções que confundem a realidade. Se é debater pessoas, políticos ou governantes, é uma acção sem elegância nenhuma, porque terá de esmiuçar comportamentos, tanto da vida pública, como da privada, todos quantos ajudem, enfim, a compreender aspectos de carácter, como fiabilidade, coragem física e moral, capacidade de abnegação, sentido de serviço. Mas é, sobretudo, uma acção muitíssimo útil, porque a política não é condicionada pelas ideologias, mas pela natureza dos que se dizem aplicá-las. Uma boa discussão política não dispensa, por conseguinte, uns quantos exercícios de pura e dura bisbilhotice. A mim, diverte-me, mas são tão poucos os que perfilham esta visão torpe da polémica, que já não ouso procurar interlocutores. No Corta-fitas, evitarei, portanto, dignamente, o assunto.

Os "meus" Papas

por Luísa Correia, em 18.02.13
A minha ligação aos Papas é uma ligação meio "umbilical". Nasceu comigo o respeito que lhes voto, que é profundo, que não questiona e que se melindra com a maledicência.
Mas é verdade que os meus Papas são de um tempo novo na Igreja Católica, chefes da instituição que transformações mais radicais se impôs na era moderna, que, de facto, abdicou do imenso poder temporal que deteve durante séculos para se dedicar à pregação e ao exercício de boas vontades. E é verdade, também, que, revendo os meus Papas - desde João XXIII, que mal recordo, até Bento XVI - é bondade genuína o que leio nas suas fisionomias e expressões... Talvez também algum entusiasmo, alguma ambição de influência em prol de certos valores éticos, mas só aquele, só esta.
Porque é só isto que descubro nos meus Papas, retesam-se-me os nervos sempre que oiço criticar a riqueza da Igreja Católica, como se, sem ela, pudesse fazer-se pelos outros o que se faz, à escala em que se faz - note-se como o justiceiro Socialismo também ainda não funcionou senão em países ricos... e temporariamente, porque logo os empobreceu -; ou insistir nas mil culpas e hipocrisias da Igreja Católica, como se esta não fosse feita de homens e não tivesse assumido os seus erros, actuais e passados, pedindo, de todas as formas e feitios, milhentos perdões.
Para além da questão religiosa, que transcende este poste, a Igreja Católica é hoje - diria que incontestavelmente - uma "pessoa colectiva" de bem. E os meus Papas - e Bento XVI entre eles - homens sábios, doces e humildes, que a têm sabido representar.

Contributos para a compreensão da expressão...

por Luísa Correia, em 09.02.13
FORMAS DE LUTA

"Vamos rir, pois. O riso é uma filosofia. Muitas vezes o riso é uma salvação. E em política constitucional, pelo menos, o riso é uma opinião".
(Eça de Queiroz, Uma Campanha Alegre)

Os postes são como as cerejas...

por Luísa Correia, em 28.01.13
Muito interessante, o documentário que o canal História ontem apresentou sobre o papel precursor da companhia italiana Olivetti no desenvolvimento do mundo informático: a sua criação do Programa 101, o primeiro computador pessoal do tamanho de uma máquina de escrever, passando pelas bem sucedidas investigações no campo das linguagens de programação e pela invenção do cartão magnético, avô dos actuais CD's de "software". O curioso é que todo este trabalho é contemporâneo das investigações e experiências preliminares que culminariam com a chegada do homem à Lua. Tudo se passa numa época em que o comum dos mortais desconhecia que pudessem existir outros auxiliares das suas matemáticas escolares ou domésticas que não fossem o ábaco e os dedos das mãos.
Mas o melhor do documentário é o final, quando um dos intervenientes, um dos velhinhos "revelhos" que, nos idos de sessenta, conceberam o Programa 101, nos olha do seu lado da objectiva e declara com risonha bonomia: "Não se esqueçam de que não estariam aqui se nós não tivéssemos estado cinquenta anos antes". E é isto! É esta linha breve, em que julgo ver a síntese do sentido da vida - se o há -, que demarca a fronteira entre a cultura dos livros e das viagens e a sabedoria íntima e conciliadora que só o tempo traz. Como os índios, veneremos os nossos anciãos.

Números

por Luísa Correia, em 21.01.13
(Às Portas de Santo Antão...)

Se há vontade de minimizar o impacto dos acontecimentos, não há como traduzi-los em números. Por esmagadores que estes sejam, a realidade perde-se numa abstracção, que não faz apelo à imaginação e anestesia. Um caminho que o nosso sentido de humanidade deveria evitar. Mas para que o comodismo nos impele irresistivelmente.
Os factos noticiam-se, predominantemente, em índices, médias, percentagens. Sejam eles a fome, a pobreza, a doença ou o desemprego, sejam os efeitos de uma guerra, um tufão, um sismo ou uma operação de resgate.
Não pretendo desconsiderar os esforços que se investem na melhoria de tais números. Mas lamento que falte, nesta redução das coisas a cifras carregadas de zeros e a quocientes de representatividade social, a consciência de que o sofrimento não é um conceito vago, aplicável a um colectivo e dependente da extensão deste, mas uma dor que degrada o corpo e desespera a alma de cada pobre, de cada doente, de cada desempregado, de cada excluído, de cada pessoa, enfim, que compõe aquele universo sumariamente quantificado.
Claro que, com isto, ninguém fala em erradicar as causas do sofrimento, mas apenas em controlar a sua expressão estatística. Ninguém presta atenção aos pequenos números. Nem ninguém pensa que o caso único poderia ser ele próprio.

Os postes são como as cerejas...

por Luísa Correia, em 13.01.13

A «banalização do mal» explica, para muitos, fenómenos como Eichmann e o seu papel no genocídio dos judeus. A tese, magnificamente ilustrada pelo filme «O Leitor», defende que a disciplina - ou uma interpretação formal da noção do dever - pode, em determinadas condições, marcadas, designadamente, pelo autoritarismo e pela propaganda, anestesiar a sensibilidade, gerar uma apatia crítica capaz de arrancar a uma pessoa «normal» actos de inesperada brutalidade, desde uma indelicadeza gratuita – digo eu - até crimes contra a humanidade.
A tese é tanto mais perturbadora quanto vivemos um momento de equiparável desnorte valorativo, em que a forma (ou letra) das leis atropela o seu espírito, e em que as ideias enquistam numa correcção «política» ou «cultural» que faz perder de vista a essência das coisas e vai ao ponto de anatematizar as ideias de sentido contrário ou apenas diferentes. Por isso, não são, nem nunca serão demais as vezes em que questionarmos as nossas certezas absolutas.

"The son of a gun"!...

por Luísa Correia, em 11.01.13
Prossegue na CNN o debate exaltado entre Piers Morgan, jornalista britânico ao serviço da estação, e Larry Pratt, director executivo do lobby norte-americano dos proprietários de armas. O tema é esse mesmo: a propriedade de armas de fogo nos EUA. No encontro de há cerca de um mês já tinha havido palavreado aceso, pontuado de alusões mútuas à obtusidade e estupidez de cada um. Mas Morgan, defendendo restrições de tipo europeu a partir da comparação de taxas de criminalidade, foi mais convincente na sua argumentação - descontando-lhe os insultos - do que Pratt, viciosamente fechado no círculo do "2nd Amendment" e do direito à defesa. No reencontro de ontem, Pratt ganhou o primeiro "round". Acusou os media de dar visibilidade aos massacres consumados, mas de não falar de quantos uma intervenção armada oportuna terá evitado. E avançou com exemplos. É uma abordagem hábil, esta: explora o ponto "fraco" dos comportamentos preventivos, que é a incerteza acerca do que se preveniu. A vacinação em massa contra a gripe A terá ou não sustido uma pandemia? Nunca o saberemos. Não há modo de adivinhar as dimensões concretas de uma catástrofe que não aconteceu (salvo existindo um longo histórico de ocorrências semelhantes), nem os benefícios reais de uma iniciativa profiláctica. Não há como ir além de hipóteses e estimativas. É por isso que tantos descrêem da prevenção e estão prontos a conceber teorias espantosamente "conspirativas" em torno de acções de uma cautela ou diligência elementares. Ainda assim, não me parece que Pratt possa ganhar o combate com Morgan. Não, pelo menos, no campo da estrita lógica de pensamento. É que a premissa de que as agressões violentas se fazem com armas não permite refutar a conclusão de que sem armas, não há agressões violentas. Excluo naturalmente as agressões com palavras feias ou punhos cerrados, porque, em princípio, não matam, mesmo se desmoralizam muito!

Contributos para a compreensão da palavra...

por Luísa Correia, em 08.01.13
LIBERDADE

"Na opinião de Bill Godkin, um homem só pode ser natural, espontâneo e livre depois que, chegando a casa ao anoitecer, ao desfazer-se da máscara que foi obrigado a usar nos seus contactos sociais, despe também a indumentária com que andou fantasiado o dia inteiro, e enfia umas calças velhas e uns sapatos que tenham verdadeira intimidade com os pés."
(Erico Veríssimo, "O Senhor Embaixador")

Contributos para a compreensão da palavra...

por Luísa Correia, em 07.01.13
POVO:

"[...] A definição do Povo depende do momento que se vive, na terra. [...]
Hoje na Guiné e em Cabo Verde, povo da Guiné ou povo de Cabo Verde, para nós, é aquela gente que quer correr com os colonialistas portugueses da nossa terra. Isso é que é o povo, o resto não é da nossa terra nem que tenha nascido nela. Não é o povo da nossa terra, é população da nossa terra, mas não é povo.[...]
Aqueles que estão prontos a trabalhar duro nisso, a pegar teso, são todos do nosso Partido. Portanto, a maior parte do nosso Povo é nosso Partido. E quem mais representa o nosso povo, é a direcção do nosso Partido. Que ninguém pense que lå porque nasceu no Pico da Antónia ou no fundo do Oio, ele é mais povo do que a direcção do nosso Partido, mentira. O primeiro pedaço do povo da nossa terra, genuíno, é a direcção do nosso Partido, que defende os interesses do nosso povo e que foi capaz de criar todo este movimento para defender os interesses do nosso povo. [...]
Portanto, aqueles que tëm amor pelo nosso povo, têm amor pela direcção do nosso Partido. Quem ainda não entendeu isto, não entendeu nada."
(Amílcar Cabral, "O que é o povo?")

Heresias confessas...

por Luísa Correia, em 02.01.13
(Em Santa Clara...)

Disseram-me que o psiquiatra de uma velha e complicada tia minha morreu. Por suicídio, bichanaram. Tive e tenho pena, porque era um homem novo e um excelente profissional, que com sucesso vinha descomplicando aquela minha tia. E fiquei um tanto desconcertada, reconheço-o, com o processo, embora o ditado popular, "Em casa de ferreiro, espeto de pau", devesse ter-me preparada para semelhantes inconsistências. Confesso, porém, que não partilhei, nem partilho, do sentimento de escândalo face ao suicídio. Não o tenho anatemizado. Parece-me até que o conceito de "civilização" fica incompleto sem o reconhecimento da liberdade última de poder dispor da própria morte; e que só a convivência pacífica com esta, a que S. Francisco de Assis chamou "irmã" - a irmã morte - pode permitir-nos gozar a vida de forma plena e sem medo. Pela minha parte, ainda não superei esse medo, razão por que vejo os meus dias pontuados de pequenos sustos e tormentos. Mas já não considero o suicídio um acto tresloucado de desespero. Não em todos os casos. Nuns será uma simples escolha e noutros - arrisco - um acto de coragem. Queria, sobretudo, que lhe mudássemos o nome. Porque um nome mal assimilado é quanto basta para condenar "ad aeternum" uma realidade inocente.

Instantâneos de Lx

por Luísa Correia, em 16.12.12
(Na Graça...)

Os gatos são, sem sombra de dúvida, os bichinhos de estimação da blogosfera. Mas eu - confesso - prefiro cães, apesar de reconhecer a verdade destas palavras de Théophile Gautier: "Conquérir l'amitié d'un chat est chose difficile. C'est une bête philosophique, rangée, tranquille, tenant à ses habitudes, amie de l'ordre et de la propreté, et qui ne place pas ses affections à l'étourdie: il veut bien être votre ami, si vous en êtes digne, mais non pas votre esclave."
...
E apesar de admitir também as razões do meu velho amigo Garfield...

Instantâneos de Lx

por Luísa Correia, em 13.12.12
(Bairro Alto)

Sobre democracia:

“Selon Fiodor Dostoïevski, la société démocratique dans laquelle la Russie est brutalement projetée au cours des années 1850 ne fait que rendre les conflits plus violents. Elle promet en effet à chacun un égal droit à la réussite et à la gloire: serfs affranchis, petits fonctionnaires, étudiants pauvres se sentent à égalité avec les nobles ou les grands bourgeois. Inévitablement, les obstacles et les rigidités sociales engendrent alors frustrations et amertume (cf. Les Carnets du sous-sol).”

A democracia não parece, de facto, ajustar-se a todos os povos. E é o nível cultural de cada um que - diria - condiciona esse ajustamento. Porque se a democracia promete a todos o mesmo direito ao sucesso e à glória, só um bom nível cultural permite detectar e relativizar a falácia.

No Beco dos Contrabandistas...

por Luísa Correia, em 16.04.11

 

 

Manifesto de uma votante para a temporada de Abril-Junho, 2011:

1. Tenho por objectivo prioritário fazer uso de todas as armas democráticas ao meu alcance – lamentavelmente reduzidas a uma cruz num papelucho introduzido numa urna em cada meia dúzia de anos – para afastar do poder o homem que, pela gritante incompetência e pelo deliberado e sistemático engano, conduziu o país à situação de falência e de vergonha em que se encontra.

2. Nestes termos, o meu voto será dado ao partido que, no próximo momento eleitoral, se encontrar em melhor posição para garantir tal afastamento.

3. Até esse momento, não direi mal de nenhum dos partidos ou líderes em que possa, pelas razões referidas em 2., ter de votar. Nem vou especular sobre o que poderá acontecer, mas apenas reflectir no que já aconteceu, ou seja, centrar-me na avaliação e repúdio da acção governativa que conheço.

Em Santa Catarina...

por Luísa Correia, em 17.11.10

 

 

O mimetismo é uma característica do português, e o português político não escapa à regra. Até nos dizeres, os conselhos de um são reproduzidos à exaustão por todos, criando, por alguns dias, a ilusão de que reside neles a solução dos nossos males. Pois a nova ideia é que falemos pouco… - de preferência, nada – uma ideia que está longe de me agradar. Desde logo, porque sem palavras não há como saber coisas. Depois, porque o silêncio, na presente conjuntura, tem o mesmo papel de pura representação que antes tinham certos discursos e teve um recente acordo orçamental. Os «mercados», sejam eles quem forem, não se deixaram enganar pelos discursos, não se deixaram enganar pelo acordo, e não vão deixar-se enganar por silêncios, tabus ou reservas. A opinião dos «mercados» não se fez hoje, nem ontem, nem anteontem, mas à custa uma avaliação contínua de actos e actores, iniciada, presumo, há muito tempo. Por isso, apostaria que os «mercados» não vão sossegar com simples reformulações de deixas ou cortes de cenas. Para os «mercados», terá de mudar a peça e, sobretudo, a companhia.

 

No Parque das Nações

por Luísa Correia, em 12.11.10

 

 

 

É quando as situações se extremam e as dicotomias se acentuam, que a verdadeira «liberdade» (ou independência, ou imparcialidade - como queira chamar-se-lhe) se revela. Razão por que, observando, por estes dias conturbados, os areópagos da nossa política e da nossa comunicação social do ponto rasteiro do meu reconhecido «enfeudamento» ideológico, me firmo na certeza absoluta de que a «liberdade» não existe. Razão, também, por que noto, nas figuras que ali se reclamam livres e são, por isso, crismadas de «independentes», uma insuportável propensão para a hipocrisia.

 

Do Castelo...

por Luísa Correia, em 09.11.10

 

 

Tenho andado – confesso - bastante desinteressada da nossa política. Entre outras razões, porque, no conjunto dos problemas de incidência individual e colectiva que a vida presentemente me coloca, o problema político português parece-me, de tão óbvio, o mais simples de entender e de resolver. Mas sei que complicar os problemas, especialmente os mais simples, dá modo de vida a muita gente. Tentarei, por isso, dar algumas achegas solidárias à tremenda confusão em que isto está.

 


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