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Nem a fraude de quarenta anos de determinismo socialista justifica a rabugice generalizada por causa das medalhas falhadas por uns quantos mais ou menos abnegados atletas nas Olimpíadas de Londres. Acontece que não depende disso nem a glória da Pátria nem a saída da crise – coisa que, desculpem-me o incómodo, é mesmo coisa séria. Eu sei que as pessoas nesta época estival têm alguma tendência para a frivolidade e facilmente caem na armadilha de projectar as suas frustrações num triplo salto falhado, num tiro ao lado ou corrida perdida por atletas anónimos a quem nunca ninguém, nem os jornais desportivos, prestou a mínima atenção.
Eu sei que o Estado há quarenta anos vem investindo avultados milhões de euros com auspiciosas infra-estruturas desportivas, dignas de filmes americanos ou da velha propaganda dos países da cortina de ferro: como cogumelos despontaram nas cidades, vilas e aldeias ginásios, pistas, piscinas, campos de futebol, de basquete, de Beisebol (é verdade – é em Abrantes!) de voleibol ou polivalentes, com a vã promessa de gloriosos amanhãs que tardam cantar. Mas acontece que assim como o betão não substitui a vontade, inspiração e crer dum povo, também não resolve a espinhosa contrariedade das probabilidades estatísticas. De resto os mais atormentados com o fenómeno bem podem consolar-se com o facto de até à data a Áustria, ditosa pátria da música, não ter obtido nenhuma medalha; e os suíços que produzem cronómetros como ninguém, apenas ontem terem alcançado a primeira.
Gostei do espectáculo de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. A antítese de Pequim sem conceder na grandiosidade. Uma retrospectiva e retrato da mais cosmopolita cidade europeia, o maior entroncamento étnico da Europa em que por ironia do destino os "povos de todo o mundo" cumpriram a exortação de Carl Marx por via do capitalismo. A capital da orgulhosa e idiossincrática Grande Bretanha transformada numa passerelle para a extraordinária iconografia pop que o Reino Unido produziu e exportou para o mundo, como o fizera nos séculos anteriores com a revolução industrial e a própria democracia. Foi afinal um retrato da civilização ocidental, com todos os seus defeitos e virtudes, em que afinal a Inglaterra mantém excepcional influência e liderança.
Reconhece-se também em todo o guião um descomplexado estímulo ao orgulho nacional contrabalançado com a exibição do refinado e proverbial sentido de humor britânico, a regenerativa qualidade que as pessoas inteligentes cultivam de se rirem de si próprias.
De resto aos mais puritanos relembro que os espíritos verdadeiramente eruditos usam do privilégio de apreciar a arte efémera (quantas vezes perpetuada pelos insondáveis desígnios das modas), um privilégio proibido àqueles cuja sorte ou azedume gerou uma mente limitada ou preconceituosa. Um fenómeno que a democracia jamais conseguirá superar.
Convoquei a miudagem para que logo às 21,00hs larguem as suas rotinas e o Canal Disney para assistirmos todos juntos à transmissão da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres. Sabemos bem que em matéria de pompa e circunstância os ingleses são insuperáveis.
Descontando uns quantos fanáticos que estarão no estádio da luz, tudo aponta para que logo à noite mundo inteiro se reúna a assistir em directo a um acontecimento histórico.
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