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Natal

por João Távora, em 25.12.23

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».

Palavra da salvação.

Imagem: Nascimento de Jesus, 1669 - Josefa de Óbidos

Luzes de Natal

por João Távora, em 23.12.23

Presepio 2023.jpg

Não raro, até por parte de insuspeitos mas austeros cristãos, ouço protestos a respeito de eventuais excessos mundanos e ostensivos enfeites de Natal nas nossas casas ou ruas e cidades engalanadas com vistosas e resplandecentes luzes, como que a anunciar uma grande festa.

Mas nem sempre foi assim. Não há muito tempo, quando a escuridão nocturna dependia dos astros, o sustento dependia das colheitas, a saúde dependia da sorte, a distância dependia do andar, o comércio dependia das tréguas, a luz irradiada pelo Deus Menino em cada Natal era incontestável. Tento imaginar como nesses tempos remotos, quando o escuro da noite era difícil de aclarar, se engalanavam os templos para a Missa do Galo, alumiados de velas dispendiosas e aquecidos de famílias inteiras, gente de toda a condição. As igrejas engalanadas eram pólo de encontro dos cristãos, e o Natal tempo de consolo para os nossos antepassados, que numa trégua nos combates, trabalhos oficinais, agrícolas ou outras aflições, se juntavam a celebrar a vinda do Messias. Imagino os sombrios carreiros entre povoados, pontilhados pela luz das lanternas dos grupos de pessoas caminhando para se juntarem nas casas umas das outras. A festa fazia-se iluminada e aquecida por uma grande fogueira, com uma ceia melhorada com esmero e vinho bom.

Acredito que sob um céu estrelado e silencioso era então mais fácil a devoção à Natividade, o mistério da encarnação de Deus que do seio da Virgem Maria num recôndito estábulo vem comungar com a humanidade os seus padecimentos. Era por certo na altura mais evidente para cada um a importância da vida espiritual e da oração, fonte preciosa da esperança que move montanhas e conforta as angústias. Já as pessoas, na sua humanidade, eram intrinsecamente como nós, com as nossas dores, alegrias, angústias e esperanças.

Curioso como o improvável local do nascimento do menino Jesus foi revelado por uma estrela luminosa que guiou os sábios, reis e pastores para o Presépio. Foi com recurso a uma grande luz que se operou o mais bem-sucedido anúncio da história, que mudou o rumo da história. Mesmo que nos nossos dias a maior parte das pessoas não tenha verdadeiro interesse em conhecer o protagonista do Natal, certo será que a Natividade merece todo o espalhafato que uma incomensurável alegria naturalmente transborda e irradia, feita de cores vivas, brilhos e reflexos e… estrelas cadentes.

Natal é tempo de consolo, de tréguas, de nos juntarmos e nos fazermos presentes. Trocar sentimentos e palavras azedas por palavras benignas, o ruído por cânticos, a austeridade por festejos e luzes, são tudo coisas que estou certo farão sorrir o Menino Jesus nas palhinhas. Folguedos que, com o espírito certo, conferem nobreza à nossa dura existência. Era isso que Deus queria quando se fez carne e nasceu em Belém, com luz própria para nos ajudar a vencer as trevas.

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Natal, o mais importante legado

por João Távora, em 24.12.22

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Natividade na Maestà de Duccio, século XIII

O que é que se terá passado de tão espantoso há cerca de dois mil e vinte anos no Médio Oriente ali para os lados da Palestina, que nos continua a emocionar, que persistimos celebrar e chamar Natal? O nascimento de Jesus Cristo, que não foi apenas o princípio duma religião universal, mas, estou em crer, a inspiração para os maiores prodígios civilizacionais que se sucederam a seguir no Ocidente.

Hoje queria falar do Natal especialmente aos não crentes, àqueles que mesmo assim o celebram sob os mais variados rituais e pretextos. Aflige-me que, numa Europa cada vez mais laicizada, se vá perdendo a memória da razão inicial: o nascimento daquele menino que há mais de dois milénios interpela milhões de pessoas a n’Ele se reverem, amadas, livres e inteiras. A fortuna da privação, esplendor do humilde, a força do frágil, o poder da delicadeza, a gradeza do que se faz pequenino. Talvez porque nele somos convidados a participar na sacralidade daquela vida prometida, encorajados a usar a cabeça erguida, como bem-amados que afinal todos somos. Como Deus encarnado numa frágil Criança, que atraiu e fez pasmar os reis e pastores que se dispuseram a seguir a estrela à sua descoberta. Um verdadeiro prodígio que há dois mil anos continua a atrair a humanidade, mesmo que não o saiba. É na descoberta dessa singularidade que se vai edificar o Homem Novo, pelo livre-arbítrio potenciador duma dignidade imperiosa, até no assumir da sua fragilidade. É sob esse pilar que se edificou a civilização ocidental.

“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” disse Jesus já no final da sua caminhada terrena. As tréguas são o maior e democrático milagre que concede o Natal a todos os homens e mulheres de boa vontade, sejam crentes ou não crentes, como que um antídoto ao cinismo. Mas essa mensagem já estava no Presépio, no princípio duma nova era para a humanidade – que até fez mudar o calendário. Recado daquela primeira Sagrada Família que, longe da sua terra, na falta duma hospedaria, se fez ela própria casa, acolhimento e conforto.

Esta é uma mensagem irresistível a quem, apesar da vida dura e das cicatrizes acumuladas no coração, nele mantém uma pequena réstia brilho – é para esses que escrevo. É uma mensagem revolucionária aquela que nos traz o Menino Jesus: a do escravo finalmente liberto das prisões interiores e exteriores, senhor das suas escolhas e responsável pelas suas acções. É esta mensagem que está na base da civilização que recebi de legado – feita de pessoas capazes de se curarem e reconstruirem de dentro para fora.

O Natal é o prenúncio do Novo Mandamento: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo». É pela adesão a esta revolução que o Natal interpela tanta gente – que mesmo sem saber, nesta quadra está a comemorar o Presépio de Belém. Quantos mais se conseguirem dar desprendidamente, mais todos recebem – é o desafiante paradoxo.  Ainda vai a tempo de montar um em sua casa. Afinal, o Presépio é o mais valioso património cultural do Ocidente.

Um Natal Feliz para os leitores do Corta-fitas

Artigo publicado originalmente no Observador

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Georges de La Tour c. 1644

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».

Palavra da salvação.

Comentário: A manifestação do Filho de Deus entre os homens, feito homem em tudo igual a eles, excepto no pecado, é fonte de alegria e de paz. Deus entra nos caminhos dos homens, sem mesmo eles terem disso consciência, e por esses caminhos leva a salvação a todo o mundo. Foi assim que até o imperador romano se tornou instrumento de Deus para que Maria e José venham de Nazaré a Belém e o Menino aí venha a nascer.

O Natal é quando Deus quiser

por João Távora, em 23.12.20

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Há uns séculos atrás, quando a escuridão nas noites dependia dos astros, o sustento dependia das colheitas, a saúde dependia da sorte, a distância dependia do andar, o comércio dependia das tréguas, a luz irradiada pelo Deus Menino em cada Natal era incontestável. Tento imaginar como nesses tempos ancestrais, na noite fria de Natal, se engalanavam os templos iluminados e aquecidos de gente, que eram pólo de encontro das comunidades, um verdadeiro consolo para os nossos antepassados, que numa pausa dos trabalhos agrícolas se juntavam a celebrar o grande acontecimento. Imagino as refeições melhoradas, os caminhos entre povoados ponteados por pequenos grupos de pessoas para se juntarem nas casas umas das outras em festejo. Acredito que dadas as circunstâncias, sob um céu estrelado e silencioso era então mais fácil a devoção à Natividade, o mistério da encarnação de Deus que do seio da Virgem Maria num recôndito estábulo de Belém vem comungar com a humanidade os seus padecimentos e desse modo libertá-la da corrupção da carne. Era então por certo mais evidente para cada um a importância da vida espiritual e da oração, fonte preciosa da esperança que move montanhas e conforta as aflições. Já as pessoas, na sua humanidade, eram intrinsecamente como nós.  O Natal repetia-se a cada ano graças a Deus.

Passados alguns séculos, com o livre arbítrio ensinado nos Evangelhos - porque só o Amor verdadeiro colhe - do crescente conforto e abundância que o Homem tanto tinha suplicado e recebido de Deus, vieram outras luzes que as conquistas técnicas e científicas eram deslumbrantes. Muitos foram os que então se encandearam, e alguns se iludiram. Afinal o Natal não era de Deus, era “quando o homem quisesse”, que era para si que afinal os pastores e os reis sempre deveriam ter prestado culto. Equivocados, julgaram que era homem o princípio e o fim de todas as coisas, único dono das suas acções e destino, cuja “boa vontade” não se deveria circunscrever a uma data. Alguns mais afoitos quiseram mesmo acabar com a festa e até experimentaram um novo calendário – o banho de sangue foi o que se viu.

Claro que já ninguém se espanta que, chegados à maravilhosa modernidade, quando a comida já nasce nos supermercados, dominámos a natureza, e somos desafiados a viver para sempre sem susto e sem dor, a maioria já não reivindique o Natal “quando o Homem quiser”. O Natal passou a ser “o que cada um quiser”: elfos e gnomos, comidas e bebidas, chifres de renas nas cabeças, barretes e luzinhas a piscar, que a vida seja um interminável carnaval de sensações e suspeita-se que muitas depressões medicadas. Chamam-lhe progresso.

Acontece que ainda hoje alguns de nós nos juntamos numa igreja iluminada para a Missa do Galo, mesmo no meio da cidade enlouquecida de idolatrias e alienações. Com cânticos de festa, vestidos a preceito para celebrar o nascimento do Jesus Menino, na senda duma esperança verdadeira e a pedir o seu império no nosso coração endurecido. Porque por detrás de tanta ciência e arrogância afinal somos todos irmãos na fragilidade e na aventura desta peregrinação terrena e arriscamo-nos a morrer sozinhos, que a vida gasta-se num instante em caminhos perdidos. Afinal o Criador não pede licença para existir e a realidade, para contrariedade de muitos, existe apesar de nós, apesar do nosso olhar. Permitamo-nos então que nos consolemos com o mistério da Sua vinda que nos foi dada, e que, aqui entre nós, é nossa a última esperança. Que o nosso coração se deixe iluminar pelo milagre do nascimento de Cristo inscrito na História para sempre – mesmo quando algum homem não queira. 

Feliz Natal a todos os leitores do Corta-fitas, são os meus votos!

Na imagem: A Adoração dos Pastores – Gerrit van Honthorst - 1622

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Dia de Natal

por João Távora, em 25.12.19

 

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Adoração dos Pastores, 1669, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».


Palavra da salvação.

O milagre do Natal

por João Távora, em 24.12.19

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Adoração dos Magos (Domingos Sequeira) - 1828.

O milagre do Natal é aquele menino recém-nascido que se projecta feito luz e Amor na nossa História, não para uma família, mas para a humanidade inteira; profecia cumprida da libertação do homem da sua precariedade, Deus feito pessoa para vencer a morte e converter do Mundo à Boa Nova que Ele constitui. Oferecendo paz aos corações atormentados, esperança aos descrentes, conforto aos desamparados, voz aos oprimidos. Talvez por isso, e apesar de tudo, a mensagem do Natal continua actual a ecoar ao fim de dois milénios no coração de tantos pastores e de reis que queremos ser por estes dias, para que também nós acorramos enlevados ao chamamento do anjo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».
No dia em que o Homem deixar de se encantar com o milagre da Vida que lhe foi dada está condenado às trevas, à extinção. Por isso é urgente acreditarmos no Natal de Jesus. É uma questão de voda ou de morte. 

Um Santo Natal para todos os leitores do Corta-fitas são os meus votos.

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A propósito de trincheiras

por João Távora, em 22.12.19

Toda a minha vida, que já vai longa, pela altura do Natal me desejaram e eu retribuí de boa fé os votos de "Boas Festas", uma saudação que tenho como cheia de dignidade e bem intencionada. Aqui chegados deparo-me com uma tropa de fariseus a corrigir-me a linguagem, logo a mim que nunca entendi os festejos desta quadra sem ser por causa do nascimento do Salvador.
Recurso-me a que cada minha frase tenha de corresponder a uma declaração de crenças e convicções - e principalmente detesto ser policiado. Não sou vigário mas dispenso que me venham ensinar o Pai Nosso. Para mais as trincheiras, além de serrem insalubres, são lugares onde não cabem muitas pessoas - coisa pouco própria para cristãos.   

Precisamos de acreditar no Natal

por João Távora, em 24.12.17

Josefa_de_Óbidos_-_Adoração_dos_Pastores.png

 (…) «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».

 

Quem já viveu directa ou indirectamente o nascimento de uma criança conhece o radiante encantamento que isso provoca, ocasião em que um autêntico presépio acontece à volta do bebé e da mãe embevecida, com um vai e vem de visitas, quais pastores e reis magos que confluem para festejar a alegria da nova vida que desponta. Uma criança recém-nascida desperta no coração mais empedernido sentimentos de ternura e compaixão, é definitivamente sinal de esperança e reaviva o que há de melhor em nós. Por isso guardo memórias gratas dos nascimentos dos meus filhos, da casa quente e protectora como uma fortaleza, mas aberta para os outros numa harmonia de vontades, todas devotadas ao rebento e à mãe, suporte umbilical daquela chama frágil que desproporcionada e indefesa se adivinha entre os folhos dos xailes e colchas aconchegantes. Tendo os nascimentos dos meus filhos acontecido no Inverno, lembro-me como era importante sempre ter água fervida até para deitar no chá quando chegava mais uma visita, e da temperatura amornada pelo calorífero com as janelas fechadas que guardavam um cheiro a conforto que jamais esquecerei.

Com o presépio de há dois mil anos em Belém da Judeia acontece uma história igual mas com a proporção do universo, a dimensão da humanidade. Aquele menino recém-nascido projecta-se feito luz e Amor na nossa História, não para uma família, mas para o mundo inteiro; profecia cumprida da libertação do homem da sua precariedade, Deus feito frágil menino para vencer a morte e converter do Mundo à Boa Nova que Ele constitui. Oferecendo paz aos corações atormentados, esperança aos descrentes, conforto aos desamparados. Talvez por isso, e apesar de tudo, a mensagem do Natal continua actual a ecoar ao fim de dois milénios no coração de tantos pastores e de reis que queremos ser por estes dias, para acorremos enlevados ao chamamento do anjo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».

No dia em que o Homem deixar de se encantar com o milagre da Vida que lhe foi dada está condenado às trevas, à extinção. Por isso é urgente acreditarmos no verdadeiro Natal.

 

Votos de um Santo Natal para todos os leitores do Corta-fitas.

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O exemplo que vem de cima

por João Távora, em 23.12.16

Se encararmos o Natal com o espírito de "o que é que eu posso dar" em vez de "o que é que eu vou receber", no final estaremos sempre mais realizados. 

Pré Natal iii (às compras)

por João Távora, em 22.12.16

Nunca me tinham desejado "votos de continuação". O mundo está mesmo perdido.

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Pré Natal ii (às compras)

por João Távora, em 22.12.16

Fenómeno da quadra: maridos abandonados em centros comerciais.

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Pré Natal i (às compras)

por João Távora, em 22.12.16

Os principais prejudicados com a moda dos smartphones e tablets são os comerciantes de luvas.

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The Most Powerful Woman in the Word

por João Távora, em 08.12.15

National-Geographic-Mary-cover2.jpg

Magnificat

A minha alma glorifica o Senhor *
E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.

Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva: *
De hoje em diante me chamarão bem aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: *
Santo é o seu nome.

A sua misericórdia se estende de geração em geração *
Sobre aqueles que o temem.
Manifestou o poder do seu braço *
E dispersou os soberbos.

Derrubou os poderosos de seus tronos *
E exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens *
E aos ricos despediu de mãos vazias.

Acolheu a Israel, seu servo, *
Lembrado da sua misericórdia,
Como tinha prometido a nossos pais, *
A Abraão e à sua descendência para sempre

Glória ao Pai e ao Filho *
E ao Espírito Santo,
Como era no princípio, *
Agora e sempre.

 

Amen.

 

É preciso acreditar

por João Távora, em 05.12.15

(...) O Natal tem, no entanto, uma verdade essencial. E essa verdade é tragicamente ilustrativa da condição humana. Se o facto de o Filho de Deus não ter vindo ao mundo num esplendoroso palácio (mas sim na palha de um estábulo) sugere a mais requintada das verdades poéticas, já o massacre dos inocentes ordenado por Herodes faz soar uma nota amargamente realista, visto que genocídios e massacres pautam desde sempre a história da humanidade. Deus decidiu vir ao mundo? Então o mundo é isto: um local de onde um bebé recém-nascido não só não tem  abrigo condigno como está na iminência de ser morto à nascença. Mais tarde, nesse Menino já crescido, cuspir-lhe-ão a roupa, fustigá-lo-ão. Este Deus não veio ao mundo para ser recebido como Deus, mas como um marginal, um criminoso, um "pobre de Cristo". Nesta mais extraordinária de todas as ideias (lindíssima, sim) é possível - e preciso - acreditar. 

A ler na integra Frederico Lourenço na Revista do Expresso de hoje.

Boas Festas!

por João Távora, em 25.12.14

Fiquem com uma das mais comoventes canções de Natal que eu conheço aqui interpretada pela banda Pentatonix. Trata-se de uma criação da americana Katherine Kennicott em 1941 e gravada pela primeira vez em 1955 pela Trapp Family Singers (!). Boas Festas a todos, hoje nasceu o Salvador!

 

Little Drummer Boy

 

Come they told me, pa rum pum pum pum 
A new born King to see, pa rum pum pum pum 
Our finest gifts we bring, pa rum pum pum pum 
To lay before the King, pa rum pum pum pum, 
rum pum pum pum, rum pum pum pum,

So to honor Him, pa rum pum pum pum, 
When we come. 

Little Baby, pa rum pum pum pum 
I am a poor boy too, pa rum pum pum pum 
I have no gift to bring, pa rum pum pum pum 
That's fit to give the King, pa rum pum pum pum, 
rum pum pum pum, rum pum pum pum, 

Shall I play for you, pa rum pum pum pum, 
On my drum? 

Mary nodded, pa rum pum pum pum 
The ox and lamb kept time, pa rum pum pum pum 
I played my drum for Him, pa rum pum pum pum 
I played my best for Him, pa rum pum pum pum, 
rum pum pum pum, rum pum pum pum, 

Then He smiled at me, pa rum pum pum pum 
Me and my drum.

 

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Dia de Natal

por João Távora, em 25.12.13

 

Evangelho segundo S. Lucas (2, 1-14) 

 

Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».

 

Da Bíblia Sagrada

Boa comunicação

por João Távora, em 23.12.13

O Criador jamais descurou a comunicação do grandioso Advento. Naqueles tempos, para guiar o povo disperso e os reis do oriente para o mais improvável local de Encontro, o requinte em comunicação foi literalmente divinal: um cometa rebrilhante no céu indicou o caminho para o Presépio que mudou o rumo de toda a História.

 

Adeste Fidelis

Continuação de Boas Festas...

por Luísa Correia, em 25.12.12


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