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Escapará por certo a muita gente que Gonçalo Ribeiro Telles, entre os anos cinquenta e setenta do século XX, assumiu um importante papel na transição do regime, que culminou com a sua eleição como deputado da AD e designação para Ministro da Qualidade de Vida do governo de Francisco Sá Carneiro. Tal percurso aconteceu, resumidamente, com a criação em 1957 do Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiria o Movimento dos Monárquicos Populares, com a posterior integração em 1969 na Comissão Eleitoral Monárquica, para concorrer à Assembleia Nacional. Hoje mais conhecido como fundador do movimento ecologista em Portugal, Ribeiro Telles sempre foi para mim um exemplo da moderação e da abrangência política particularmente relevante num líder monárquico. Como já referi por diversas vezes, a chefia de Estado Real, o rei, só o será algum dia enquanto máximo zelador da liberdade de todos, todos, todos. Uma monarquia, na complexidade das sociedades actuais, só poderá perdurar assente em largos e profundos consensos duma nação antiga como a nossa, que legitimem a prevalência dessa tradição.

Independentemente do falhanço do equívoco projeto partidário do PPM, que Ribeiro Telles fundou com algumas das mais excepcionais personalidades políticas de então, como Henrique Barrilaro Ruas, Francisco Rolão Preto e Augusto Ferreira do Amaral, a sua liderança e autoridade — que extravasou o âmbito dos monárquicos — sempre me mereceu profundo respeito. Não partilhando muitas das suas referências ideológicas, admiro-o como o comunicador cativante e inato que foi, como católico praticante, e pela manifesta lealdade à Causa Real e à Casa de Bragança, na pessoa do Senhor Dom Duarte, que perdurou até ao fim da sua longa vida. Até poucos anos antes da sua morte em 2020, fez questão em participar na vida da Real Associação de Lisboa, de que era membro, e com ele tive o privilégio de me cruzar em Assembleias Gerais e de o entrevistar para a revista que publicamos.

É porque esse seu protagonismo na política portuguesa tende a ser esquecido e menosprezado pela tirania politicamente correcta, que a Real Associação de Lisboa, no âmbito das celebrações do 50.º aniversário do 25 de Abril, decidiu reeditar uma sua antologia intitulada Porque Sou Monárquico, com base na recolha preparada por Vasco Rosa (que também organizou para a Real Associação de Lisboa a antologia A Liberdade Portuguesa, de Henrique Barrilaro Ruas, também ele deputado constituinte de boa memória para muitos), cujo lançamento se realizará — simbolicamente — no próximo dia 23, terça-feira, pelas 18:30, no Auditório Almeida Santos do Parlamento português, ou palácio de São Bento. A nova edição, com um texto inédito, estará disponível para venda no local e também aqui.

Com mais esta homenagem ao saudoso arquitecto paisagista, ecologista e político, pretende-se realçar o papel dos monárquicos na transição do Estado Novo para a Democracia. Aqui deixo o desafio aos leitores a participar neste importante evento, que contará com a honrosa presença dos Duques de Bragança e com a participação especial de Augusto Ferreira do Amaral, co-fundador do PPM, João Barroso Soares, que com o homenageado conviveu durante os seus mandatos na CML, e do historiador José Miguel Sardica, profundo conhecedor da história do século XX, área de investigação em que há muito se vem afirmando. A conferência promete.

A democracia e a liberdade são o território natural dos monárquicos portugueses. Importa não esquecê-lo — ou, como agora se diz, cancelá-lo.

Texto original publicado no Observador

Roialismo ou realismo?

por João Távora, em 11.11.21

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Se monárquicos são os que propõem a Monarquia como forma de Chefia do Estado, como designar a enorme massa dos que simpatizam com a Casa Real e lhe reconhecem relevância, acima da máquina do Estado, independentemente da natureza do regime político? Para designar todos estes, monárquicos ou não, propus o neologismo «roialista».
 
Inspirei-me no francês royaliste, para evitar o antigo termo realista (ainda usado no Brasil), que se presta a confusão, por ser sinónimo de pragmático.
 
Há sobejos indicadores e testemunhos populares demonstrativos duma provável maioria roialista adormecida que, muitas vezes mais inspirada pelo sentimento e pela inteligência emocional do que convencida pela razão e pela doutrina, reconhece ao chefe da Casa Real um estatuto especial.
 
À pergunta «A Monarquia é um sinal da unidade e da cultura nacionais?» recebeu numa sondagem da Universidade Católica Portuguesa feita em 1995 uns reveladores 51% de respostas afirmativas, e apenas 27 % de negativas. E a questão «A Monarquia é uma tradição que seria bom preservar?» acolheu 46 % de sins e apenas 33 % de nãos.
 
Indícios duma clara maioria roialista, adormecida mas presente.   
 
Tomás Moreira in “Memórias dum Roialista” a ser lançado logo pelas 18,30 na Sala do Arquivo da CML com a apresentação do Presidente da CMP Rui Moreira e a presença do Chefe da Casa Real Portuguesa.

António Jacinto Ferreira

por João Távora, em 21.11.19

Antonio_Jacinto_Ferreira.png

A resistência monárquica em Portugal teve ao longo dos últimos cem anos muitos rostos, a maior parte deles anónimos ou esquecidos da História. Para corrigir essa falha proponho-me recuperar os nomes maiores: Este verbete na Wikipédia é o meu tributo a António Jacinto Ferreira, publicista e fundador do semanário "O Debate" que foi editado entre 1951 e 1974. Outros se seguirão.

A velha confusão do PPM com os Monárquicos

por João Távora, em 29.03.19

Sobre um cartaz digital de campanha para as Eleições Europeias do PPM que circula nas redes sociais com teor abusivo, a direcção da Real Associação de Lisboa subscreveu um comunicado que pode ser lido aqui

O João Gomes de Almeida fez, nas páginas do Estado Sentido, uma enorme provocação: eleger aqueles 10 que, na sua opinião, conseguiram até agora expor o ideal monárquico de uma forma mais sexy (vivos). Fui surpreendido, confesso, por estar entre os eleitos. Cabe-me agora fazer uma nova lista, em jeito de resposta. É difícil porque tenho de deixar muita gente de enorme valor de fora. Cá vai:

 

1 - João Gomes de Almeida - é mesmo ele, o autor deste desafio. Merece estar aqui. Jovem, culto, multifacetado, trabalhador, o João Gomes personifica o jovem monárquico português do séc. XXI. Para além disso é amigo do seu amigo. Pena é que fume. Mas isso vai ao lugar com o tempo... Merece um destaque isolado. Grande João!

2- Gonçalo Ribeiro Telles - a referência viva dos monárquicos militantes. Não vale a pena dizer mais nada. Está sempre à nossa frente.

3 - Miguel Esteves Cardoso - repito aqui a escolha do João. Envelheceu, como todos nós, casou de novo e agora de forma duradoura, e foi muito eficaz na mensagem que transmitiu nas suas duas candidaturas ao Parlamento Europeu que, aliás, tive o gosto de ajudar a organizar há já 20 anos atrás! Continua a defender de forma vigorosa a monarquia nas páginas do Público e Luís Filipe Coimbra - é inevitável falar do Luís. Fez mais pela monarquia nas tertúlias e nos cafés (mas também na vida pública) que muita gente em décadas de militância de outro tipo.

4- Bento Moraes Sarmento - discreto, eficaz, militante, um grande monárquico e Augusto Ferreira do Amaral - o saber e a ciência ao serviço de Portugal e do Rei num discurso sempre muito sólido e bem estruturado.

5 - Mendo Castro Henriques - Incansável, um verdadeiro mouro de trabalho à frente do IDP. A história de Portugal recordará o seu enorme contributo. A monarquia também, e Rodrigo Moita de Deus - o spin doctor mais famoso de Portugal é uma máquina avassaladora de imaginação e de trabalho. Um verdadeiro "carregador de piano".

6 - João Mattos e Silva - Com a militância e a poesia também se defende a Causa, e Vasco Telles de Gama - décadas de militância de nível muito elevado. A história de Portugal em forma de antiguidade.

7 - Nuno Castelo - Branco e  Miguel Castelo - Branco - Multifacetados, os irmãos Castelo - Branco já fizeram de tudo pela Monarquia. Desde a colagem de cartazes aos ensinamentos de história, possuem um discurso poderoso, sólido e extremamente eficaz. Vantagem de quem muito estuda e muito lê e que tem décadas de experiência de propaganda.

8 - Alline Galash Hall - monarquia no feminino. A causa também tem caras bonitas e cabeças que sabem pensar, e Raquel Sabino Pereira -  à frente do Atlântico Azul, a "comodora" personifica a monarquia nos mares e em tudo o que este tem de bonito. É a nossa comandante.

9 - José Tomaz de Mello Breyner - quem não o conhece? Dá o corpo às balas. Um grande militante, e Fernando Carvalho Rodrigues - à frente da Marinha do Tejo, o Professor é um líder na sabedoria e nas convicções. Ciência e arte misturadas num cocktail explosivo.

10 - Anónimos e anónimas - são estes e estas os mais importantes de todos. Sem eles e sem elas não haverá Monarquia. Sem DEMOCRACIA também não!

 

Não falo dos muitos e bons que existem nesta casa. Parecia mal.


Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

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