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Há uns dias, num inadvertido zapping nos noticiários, calhou-me confrontar-me com a notícia de uma multidão de migrantes da américa central em marcha pelo México a caminho dos Estados Unidos da América, gritando com todos os pulmões “Libertad! Libertad!”.
Se como cristão não tenho dúvidas que o primeiro dever de uma pessoa decente é o socorro de imigrantes em apuros no mar, com base nesses mesmos princípios parece-me que não é bom que do lado de lá do Mediterrâneo transpareça a ideia de que o mar é uma fronteira aberta e uma via segura para o eldorado europeu. É que, se assim for, não só corremos o risco de nos tornarmos cúmplices das sinistras redes de tráfego humano, como seremos responsáveis para que mais e mais vidas inocentes de homens, mulheres e crianças se percam a meio caminho, afogadas em barcaças putrefactas, ludibriadas por cânticos se sereia homicidas. Definitivamente este é um problema complexo, um drama difícil de resolver, e para o qual se exige um debate racional e desapaixonado, desligado de disputas ideológicas. Por caridade.
Este vídeo captado na fronteira da Macedónia e publicado no Youtube a 22 de Agosto passado com centenas de imigrantes vaiarem os soldados e recusarem as caixas de viveres da Cruz Vermelha (alegadamente por causa do seu símbolo remeter para o cristianismo) que eles pretendiam distribuir, mesmo descontando a falta de enquadramento informativo sobre o incidente, não deixa de ser motivo de grande apreensão. Se estou convicto que ao longo da história a civilização ocidental saiu sempre a ganhar quando teve capacidade de acolher e integrar diferentes culturas, também estou certo de que é necessário defender a natureza cultural e religiosa que definiram a marca liberal e democrática da Europa. Como bem refere o Miguel Castelo Branco o Velho Continente não é um hotel ou uma terra de ninguém, e aqueles que de nós esperam solidariedade e tolerância terão que saber retribuir com a mesma moeda respeitando os nossos cânones e os nossos símbolos.
P.S.: Convém ressalvar que os maiores inimigos da Europa e da sua matriz cultural são os europeus laicisados, multiculturalistas e estéreis. Perante isto o “problema” dos refugiados é irrelevante.
“Seres humanos de todo o mundo uni-vos” é a palavra de ordem que sobrevém da desafiante crónica de Henrique Monteiro hoje no Expresso a propósito da tragédia daqueles que, pelas nossas migalhas, morrem às portas da Europa fugidos da miséria. O cronista perora contra as fronteiras, afinal os diques da nossa cultura e fortuna, que afinal são "construções abstractas que não se vêm do espaço". Sim, a questão das migrações "não deveria ser de controlo, mas de partilha". Bonitas palavras, bem fáceis de escrever, tão difíceis de praticar. O problema é que vivemos numa contingência gravitacional bem terrena que nos atira para o chão: até que ponto escancarar as fronteiras da Europa no mediterrânio serviriam tal intenção? Descendo à terra madrasta, até que ponto o português (e o hemisfério norte em geral) estará desposto a aceitar um brutal ajustamento, na persecução de um corajoso projecto de distribuição e reequilíbrio da riqueza entre o norte e o sul? Se a coisa já é o que é quando para a sobrevivência dum estilo de vida (o do Euro), numa democracia em pré falência como a nossa, nenhuma corporação está disposta a ceder privilégios e o banzé quase degenerava em guerra cívil...
Se o empreendimento e a riqueza são fruto do compromisso, uma mistura equilibrada entre ordem e liberdade, vistos do espaço os portugueses têm muita sorte e pouco que se queixar – choram de barriga cheia, refastelados no sofá do mundo a comer pipocas a teorizar sobre a pobreza. E as migrações, vistas pela televisão ou do espaço, são assunto fácil de resolver.
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