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Sou um liberal num país com um centro de gravidade à esquerda. É por isso natural que sempre tenha achado os Media, em geral, reproduzem uma agenda esquerdista.
Sempre ouvi três teorias da conspiração que tentavam explicar esse fenómeno. Uma, que caiu tragicamente com o muro de Berlim, apontava para o papel dos serviços secretos soviéticos, que garantiam a troco de dinheiro ou de formas ainda mais tenebrosas, uma narrativa conveniente aos seus propósitos. A outra, que a classe jornalística era dominada por intelectuais de esquerda barbudos que impediam, os liberais, moderados ou conservadores de aceder á ribalta informativa. Finalmente, o pagamento de favores ao partido no poder, por benesses e avenças concedidas, sempre foi outra tese muito popular.
A verdade quanto a mim é outra e é ditada pela economia de mercado. São os Portugueses que são de Esquerda. E por isso preferem jornalistas e notícias que alimentem as suas convicções, confirmem os seus preconceitos e preferências. É o mercado, o meu querido mercado, quem mais ordena, não nenhuma conspiração. Um qualquer órgão de informação que contrarie o que a maioria das pessoas pensa e quer ver consagrado pelas notícias, está condenado ao fracasso. Como candeia que vai á frente alumia duas vezes, a mensagem que consagra inspira novas gerações, que em harmonia com o que ouvem em casa, mantêm a percepção instituída.
Por tudo isto, as leis do mercado são parcialmente responsáveis pelo ciclo vicioso da pobreza, políticas de esquerda, mais pobreza, que se eternizam em Portugal. Uma tremenda ironia.
PS: Esta nova crise veio antecipar novo movimento de consolidação da imprensa, ou seja , o desaparecimento de alguns meios. Simplesmente o dinheiro disponível para notícias já não chega para pagar as contas de todos os jornais e revistas. Só espero que o Observador não desapareça.
José Miguel Roque Martins
Convidado Especial*
* As opiniões manifestadas nos textos de convidados com a assinatura "Corta-fitas" só comprometem os seus autores.
(...) Julgamos que somos muito trendy, muito cool, muito Príncipe Real, mas andamos a lixar a liberdade.
Sim, vivemos num ambiente vigiado, com um policiamento constante de vocabulário e das ideias, com patrulhas de petições em cada esquina e com pistoleiros de Facebook a chover dos céus. Julgamos que a "sociedade de informação" é sinónimo de liberdade e de tolerância, mas a verdade é bem diferente. Os canais de notícias, os directos e os berloques da internet tornaram-nos mais intolerantes e retiraram-nos tempo para pensar.
Henrique Raposo hoje no Expresso.
O caso Baptista da Silva é todo ele uma irónica parábola sobre a crise que por estes dias perpassa e se agudiza nos media tradicionais. É curioso como o burlão, promovido por um jornalista de nomeada de um semanário de referência nacional não tenha sido denunciado pelas “convenientes” intrujices que proferiu em vários palcos, mas antes pela descoberta do seu falso curriculum. Como sempre em Portugal o que conta é o estatuto.
Numa altura em que através das novas plataformas “sociais” tanto a opinião e análise de qualidade quanto a gestão de agenda politica ou corporativa se autonomizam cada vez mais dos meios de comunicação institucionais, não tenho dúvidas que a prazo poucos deles resistirão no actual modelo de gestão. Apenas irão sobreviver os que fundarem a sua actividade na excelência do profissionalismo, reflectindo os factos de forma isenta, analisados por atentos e meticulosos peritos, que sejam capazes de aferir discursos coerentes ou contestar raciocínios viciados ou cálculos mentirosos. Para alimentar conversas de café e amplificar bitaites sectários, já há para aí batalhões de blogues e ávidos activistas das redes sociais. Deixar-se seduzir e enredar nesta lógica é simplesmente o haraquíri do jornalismo.
Publicado originalmente aqui
Compreende-se bem a preocupação manifestada recentemente por Pinto Balsemão na conferência “Media e Futuro" 2012 com a “tempestade perfeita” que se vem abatendo sobre os grupos de comunicação social com a crise económica a juntar-se ao choque das inovações tecnológicas e novas tendências de consumo “media”. É de resto perturbador para qualquer espirito democrático a falta de perspectivas e de soluções de viabilidade para uma imprensa verdadeiramente independente e interventiva.
Parece-me no entanto um contra-senso a tese defendida na conferência (de resto em estudo nalguns países europeus) de obrigar os agregadores de conteúdos (a empresa Google, por exemplo) a pagar royalties sobre os conteúdos indexados para pesquisa. Isto quando o objectivo dos meios deveria ser o de maximizar esse mesmo potencial, de modo que as notícias publicadas por si ganhem mais preponderância, e se multipliquem as visitas à sua plataforma, com a consequente valorização das suas receitas publicitárias.
Acontece que o grande sucesso do motor de pesquisa Google está no seu complexo algoritmo, profundamente democrático e transparente, porque exclusivamente indexado à necessidade e proveito do utilizador. De resto estou convencido que a marca sobreviverá bem sem as notícias do Expresso ou os vídeos da SIC. É um péssimo sintoma quando os modelos de negócio confrontados com a decadência pretendem sobreviver de subsídios do Estado… ou à custa do sucesso alheio. Não querem ir ao fundo sozinhos.
Não confundamos as coisas: a praga da pirataria de conteúdos na internet em nada tem a ver com os motores de busca; é antes uma questão legal, cultural, e de pedagogia. Por último, o Dr. Balsemão poderá informar-se no seu departamento de TI como é simples vedar os conteúdos produzidos pelos seus meios à indexação dos motores de busca. Veremos é se isso não é o passo definitivo para o abismo.
Publicado originalmente aqui.
Nem a proletarização das redacções, nem o tempo de férias, nem a histriónica bloguização do noticiário político nas TVs justificam que durante quarenta e oito horas, boa parte da Comunicação Social, com a SIC à cabeça, tenha vivido agarrada a uma frase bombástica de Passos Coelho, não pela sua substância mas pela utilização de um plebeísmo, afinal tão vulgar e bem aceite entre os camaradas da revolução dos cravos e pelas "elites" da esquerda, pá! Sintomáticas me pareceram as quarenta e oito horas que a oposição socialista, pela voz de Zorrinho, demorou a apanhar boleia do coro da SIC com alguns blogues e "fecebooks".
A frase do primeiro-ministro "Se algum dia tiver de perder umas eleições para salvar o País, que se lixem as eleições. O que interessa é Portugal" reflecte uma legítima preocupação de uma parte dos portugueses que têm consciência de como o clientelismo e a demagogia eleitoralista dos partidos conduziram, de promessa em promessa, de concessão em concessão, o país ao abismo da bancarrota.
De facto nunca foi tão pertinente como nestes dias, a máxima do Nobel da literaturade Anatole France “Não há governo popular, governar é criar descontentes”. Não estou nada certo de que o primeiro-ministro tenha a noção profunda deste paradigma, mas tenho a certeza de que a matéria que urge utilizar para as manchetes e ser debatida com bons especialistas nos Media são assuntos difíceis, como as máfias e os lóbis que sequestram o Estado e a política, o próprio sistema que tarda a reformar-se, o desmantelamento do sedento monstro que sufoca a economia e a iniciativa privada, ou a Justiça inoperante que apenas serve os mais poderosos. Aquilo em que uma "comunicação social responsável" se devia empenhar era no confronto dos governantes com as promessas que tardam cumprir e com as quais sustentavam uma suposta diferenciação de políticas com os seus antecessores.
O jornalismo, como a governação, deveria ser tido como coisa séria, e a sua orientação entregue a gente erudita, íntegra e sem agendas ocultas. No caso dos Media exige-se redobrada responsabilidade porque estes detêm demasiado poder que não pode ser fiscalizado nem é sufragado.
(...) As tiranias contemporâneas privatizam o espaço público, promovem artificialmente elites, condicionam e manipulam a informação e a educação, dão ao dinheiro mais dinheiro e substituem a espontaneidade pelos apaniguados, pelas seitas e pelos grupos informais. (...) Em Portugal, custe a quantos se esmeram na arte do ludíbrio das fórmulas, vivemos desde há muito sob a conjugação do jugo da servidão e da anomia dissolvente.
Miguel Castelo Branco in Combustões
Ferreira Fernandes na sua crónica de hoje no Diário de Notícias, refere o caso duma foto de 1936 que vem fazendo brado, de um operário de um estaleiro de Hamburgo que, no meio de uma multidão que fazia a saudação nazi, é o único de braços cruzados. Claro que a história não acaba bem e o homem foi devidamente punido pela ousadia.
Hoje, caro Ferreira Fernandes, alcançada a terra prometida das amplas liberdades não corremos o risco de sermos torturados ou mandados para um campo de concentração. Hoje, não bater a pala ao politicamente correcto ou não juntarmos trezentas mil pessoas (!?) no Terreiro do Paço, tem apenas como consequência uma literal invisibilidade. Uma tirania brutal e eficaz, fatalmente desagregadora.
Mas atrevo-me a deixar aqui uma questão pertinente e incómoda: que discernimento teríamos nós, um e outro, de que lado estaria cada um de nós, nas circunstâncias culturais e sociológicas da Alemanha do NSDAP em meados dos anos trinta? O passado é quase sempre fácil de julgar, ou não é?
Ainda a respeito da suposta “Censura” ao Pedro Rosa Mendes, não me lembro de nenhuma crónica dele nessa Série da Antena 1, mas por azar dos Távoras calhou-me ouvir umas quantas alarvidades duma tal de Raquel Freire, por exemplo, exaltando a masturbação feminina, ou incitando a insurreição popular contra o capital e outras conspirações malévolas. Mas a afronta com os dinheiros públicos não pára aqui, e não vemos chegada a hora de caducar o contrato do programa "Esplendor de Portugal" às terças-feiras depois das 19.00hs (horário nobre), em que Juan Goldín, argentino, Fátima Monteiro, cabo-verdiana e Ronaldo Bonacchi, italiano, proferem as mais baixas vulgaridades nessa mesma Antena “de todos nós”.
Ainda não percebi porque carga de água são sempre as “minorias” do mesmo lado, com direito à Antena paga pelos contribuintes. Se é para serem “fracturantes” e “originais”, e para haver verdadeira equidade, porque não há-de a rádio pública convidar aos seus microfones uns Nacionalistas ou simpatizantes Nazis que afinal também sabem umas juntar frases bombásticas com sujeito, predicado, e complemento directo?
"A 'Three Gorgeous' vai assinar amanhã o contrato de compra da participação do Estado na EDP" (Mário Crespo).
"O ministro das Finanças não tem qualquer visão sobre como é que o país se há-de desenvolver, e tal" (António Costa, Quadratura do Círculo).
"A Europa não está a ser séria. Andam todos a fazer cada qual o seu joguinho. Os holandeses são capazes de vender a mãe se lhes pagarem bem. Os suecos julgam-se superiores. Os noruegueses (...), um rapaz que fazia Pilates comigo, foi à Noruega, deixou lá o curriculum e já o chamaram (...) O Sarkozy-Cosifantuti... é mau para os países terem líderes ridículos" (Raul Rosado Fernandes).
[Silêncio] "Deixe-me fazer-lhe uma ultima pergunta" (Ana Lourenço).
(...) "Eu conheci a Thatcher" (RRF).
"Um bom Natal" (AL).
"Aos 40 percebi que era imortal" (Diogo Infante).
“Dou 13 à cimeira” (Marcelo Rebelo de Sousa, sobre a cimeira europeia).
[Um homem que se] "passeia pelos salões dos poderosos, come pastéis de bacalhau na leitaria da esquina, frequenta seminários académicos, bebe um refresco em locais imagináveis e trata por tu grandes e pequenos" (António Barreto, sobre Gonçalo Ribeiro Telles).
"Já é uma tradição nas cimeiras dos países mais ricos do mundo" (Luís Delgado, sobre a presença de estrangeiros na manifestação da Assembleia da República).
"Christine Lagarde é uma encantadora, uma sedutora" (Braga de Macedo).
"Portugal não é monótono" (António Barreto).
Um excerto do debate na comissão parlamentar, em que o presidente da RTP responde a uma pergunta de Adolfo Mesquita Nunes sobre os custos da televisão pública na sequência do novo plano de reestruturação da empresa. Registo o exemplo da perfeita inversão de conceitos que contamina o "debate" sobre a RTP que ocorre por volta do minuto 5: Oliveira da Costa, depois de num curioso aparte nos informar que "como gestor gosta muito de ter numeros que permitam o benchmarking das suas operações", lamenta a perda anual de 114 milhões sofrida pela RTP em resultado das restrições de publicidade a que está sujeita, considerando a gestão da televisão do Estado inteiramente por referência às lógicas dos operadores privados que lhe deviam ser alheias.
Dá dó ver os noticiários da televisão, continuação menos hard do track matinal que é de se fugir... Num momento da vida nacional de tão evidente complexidade, em que seria tão valioso termos uma comunicação social de qualidade superior, as décadas de declínio do jornalismo (na razão inversa da sua «habilitação» universitária massificada) mostram a bruta realidade dos seus frutos podres.
É mais uma a juntar à desgraça da complacência, do esquecimento e da impunidade que a política apartidarizada criou. A forma vil e grave como ontem Alfredo Barroso se comportou na SIC Notícias é de somenos comparada a esta sombra escura que nos tolda. Mas a sua indiferença diante do colapso económico-financeiro e anímico de Portugal que os seus amigos orquestraram agudamente, impunemente, merece indignação. Que os socialistas cobrem seja o que for a este governo, está muito para lá do razoável — e do pudor!!
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