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Pedro Boucherie Mendes apresenta no seu livro A Década Prodigiosa, publicado pela D. Quixote, um trabalho admirável para recordar o Portugal na década de oitenta. Apesar das cerca de 640 páginas, trata-se claramente de um livro Pop, interessante e divertido, dedicado à geração do autor, nascida no início dos anos 70, um manancial de potenciais leitores: “em 1981, um quarto da população tinha quinze anos ou menos, eram quarenta e quatro idosos por cada cem jovens. Não se desconfiava que em 2021 seriam cento e oitenta e dois velhos por cada cem.” Acontece ao chegar à meia-idade cedermos legitimamente à nostalgia e daqui se depreende o potencial sucesso comercial da obra. De resto, convém ressalvar que este texto não é uma recensão, antes um pretexto para eu contribuir com os meus cinquenta cêntimos sobre o período histórico em causa.
Originário duma família tradicional e conservadora, a cultura Pop é também a minha praia: nascido e criado rodeado de livros, banda desenhada e discos de vinil a rodos, jornais, revistas, televisão, cinema americano e cromos da bola, deliciei-me a recordar a década de oitenta, tempo dos meus destravados vinte anos. Mas a minha década prodigiosa terá sido outra, luminosa e colorida como a bonecada da Linha Clara da escola Franco-Belga. Talvez porque cada geração tende a idealizar a sua infância ou pré-adolescência, quando a realidade nos parece estar estacionada num ponto definitivo, cristalizada. O autor nasceu em 1971, e entende-se o fascínio com que observa e compila as memórias da década seguinte, que também me seduziu a mim, então dez anos mais velho. Mas não será atrevido isolar uma década do resto da cadeia temporal, tomá-la com um perfil e carácter próprio, influenciado por uns quantos acontecimentos e desenvolvimentos tecnológicos marcantes? Serão os anos 40 marcados pela II guerra Mundial, e qual a sua iconografia? Como se destacam os anos 50, quais os símbolos e eventos que marcaram a geração que nos antecede? Os anos sessenta em que nasci inevitavelmente remetem-nos para a cultua hippie, e a afirmação da adolescência como preponderante protagonista da vida pública, política e cultural? Não será a tendência “barroca” e a estética depressiva da música Pop dos anos setenta uma reacção aos excessos juvenis da década anterior? Como se integra a vida política e cultural portuguesa, sempre relativamente atrasada em relação às tendências do restante mundo ocidental, pelos clichés com que nos habituámos a interpretar o Mundo?
O que é facto é que em 1967, ao tempo de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, José Cid produzia com o Quarteto 1111 o EP A Lenda De El-Rei D. Sebastião, e onze anos mais tarde o “nosso Elton John” lançava 10.000 Anos Depois entre Vénus e Marte, um LP conceptual, que fugia à preponderância da canção revolucionária nos anos setenta. Deste lado do planeta o mundo já era cada vez mais pequeno, progressivamente convertido à hegemonia da cultura anglo-saxónica. Como bem refere Boucherie no seu A Década Prodigiosa, o caminho para a normalização da democracia em Portugal iniciara-se com a improvável maioria absoluta da AD em 1979, justamente um ano antes de No Jardim da Celeste da Banda do Casaco, outro marco importante da Pop nacional na sua libertação das grilhetas revolucionárias, então a perder gás.
Se por um lado sou levado a concordar com a peculiaridade dos anos oitenta em Portugal, o próprio autor por diversas vezes mergulha na década de 70 identificando em grande medida os mesmos traços da seguinte: a supremacia da televisão em casa, ainda que a preto e branco, ponto de confluência das famílias, especialmente das crianças, e a rua como extensão do seu espaço lúdico, onde elas, como “bandos de pardais à solta”, pontuavam a paisagem do bairro ou da cidade, aos molhos a ir ou a vir da escola com a mochila às costas, a jogar à bola com balizas improvisadas ou a recriar com tiros e correrias o episódio do Bonanza que todos tinham visto depois do almoço no único canal de televisão, ou a trocarem os cromos repetidos do Yazalde ou do Jordão.
Não terá dado por isso Boucherie Mendes, mas os anos 70 comportam na cultura Pop emergente em Portugal uma subtil revolução quase tão importante quanto a dos cravos: a popularização da rádio FM, propagadora, com uma diferenciada qualidade sonora, da música anglo-saxónica, mais ou menos alternativa, mais ou menos sofisticada, que vinha sendo importada do mundo “civilizado”. Consolidava-se então a hegemonização do inglês como segunda língua, nos media, nas ruas e nos currículos das escolas, que significava o progressivo desaparecimento da francofonia dos nossos pais (os meus pais falavam francês), e com grande tristeza minha, o apagamento da canção francesa da “banda sonora” das novas gerações.
A década de oitenta foi de facto o tempo da consolidação da democracia liberal no nosso país, empurrado por um crescimento económico alavancado pela integração Europeia, pelo consequente dinamismo da iniciativa privada em todos os campos da economia, pela estabilidade governativa que se ensaiava, para a chegada dos governos reformistas de Cavaco Silva. Como resultado, deu-se uma insólita desmultiplicação da oferta cultural, onde a hegemonia da ruidosa esquerda ia abrindo brechas, perante a indomável vontade duma burguesia crescente, rendida aos encantos do consumo e da felicidade que prometia: “os anos 80 foram uma viagem, uma quase peregrinação, com peripécias e momentos, pintada a optimismo que se alimentava porque sabíamos que chegaríamos a um local feliz”. Dando de barato o exagero da generalização, numa visão panorâmica, a observação talvez não esteja muito longe da verdade.
Não sendo o livro uma história cronologicamente relatada, antes o entrelaçar de muitas histórias em diferentes tempos, memórias autonomamente contadas, com sistemática referência às manchetes, à iconografia e aos mediatizados protagonistas da época, a edição merecia um índice remissivo muito mais detalhado, para dessa forma permitir mais facilmente ao leitor saltar de tema ou personagem… Não sendo propriamente um defeito, o livro denota a preponderância talvez exagerada da televisão que, nos anos oitenta com a chegada da cor e novas propostas de programação, das novelas, concursos e programas de entretenimento, na narrativa da obra. A isso não será alheio, não só o facto de Pedro Boucherie Mendes ser um profissional da televisão, como a idade em que viveu essa época. Para quem como eu chegara à maioridade em 1980, a televisão foi durante essa década um plano B, com lugar secundário no quotidiano dum jovem irreverente q.b., assediado por outro tipo de passatempos, digamos, menos virtuais. Por outro lado, tenho ideia de que a minha geração, nessa década, mais que ligada à televisão, estava apegada às rádios FM onde se podia escutar e, com sorte, gravar para uma cassete, LPs inteiros difíceis de obter em Portugal, ou ouvir outros programas, como o Café Concerto da quase esquecida Maria José Mauperim…
A propósito de esquecimentos, A Década Prodigiosa é uma obra memorialista escrita na primeira pessoa, entrelaçando subjectividades sentimentais com dados objectivos, estatísticos e históricos, e principalmente uma profusão de referências a toda a sorte de iconografia da época, de Júlio Isidro ao Tulicreme, de Saramago aos Scorpions, de Ana Salazar a Miguel Esteves Cardoso, de Fernando Pessa à Pepsodent, dos Porfírios ao incêndio no Chiado, da Olá Semanário às anedotas de pretos, da Maria Armanda “Eu Vi um Sapo”, ao “Stor” e “Stora”, do Rock Rendez-vous à banda Roquivários, Vila Faia ou o Casal Ventoso, as lojas Cenoura ou o golo de Carlos Manuel e Saltilho, Carlos Cruz e o 1,2,3, às Doce, enfim; que curiosidade provocará toda esta informação nas gerações vindouras? O que, destas tantas pequenas histórias que ilustraram as nossas vidas, sobreviverá às brumas do esquecimento? Não explicarão elas os contextos que proporcionaram as grandes histórias que construíram o que nos espera no futuro? Ou será A Década Prodigiosa apenas Rock n’ Roll para usufruir com gozo?
Publicado no Observador
(...) "Não sou em geral a favor do derrube de estátuas, mas não deixa de ser curioso que Pombal tenha a proeminência que tem na mais conhecida rotunda do nosso país. Essa estátua representa hoje o triunfo da propaganda sobre a verdade, mais de dois séculos depois. Não há dúvida de que as mentiras promovidas por Pombal foram eficazes, também por terem sido evidentemente úteis a regimes e narrativas que surgiram mais tarde.
Assim, não surpreende a subsequente reabilitação e veneração da sua figura, não deixando de ser irónico que ainda hoje seja frequentemente visto como um grande reformador, até entre muitos historiadores incautos. Tudo culminou no mandar erguer da sua estátua, cerca de um século e meio depois da sua morte, por um regime que também se caracterizaria por uma grande divergência entre as belas intenções declaradas e a realidade conseguida a nível educativo: a Primeira República. Mas, antes de aí chegarmos, temos de atravessar o século XIX: um período deprimente da História de Portugal. Ainda que a maldição do ouro já estivesse a afundar a economia setecentista portuguesa, e o atraso tenha aí as suas raízes, foi no século XIX que Portugal bateu no fundo."
* Trecho de parte do capítulo pré-publicado no Observador dedicado ao pombalismo no livro "As Causas do Atraso Português" do investigador Nuno Palma. Já no meu sapatinho.
“Monarquia - História, doutrinas e heranças” é escrito por Carlos Maria Bobone que é filho de um dos meus maiores amigos, facto que apenas denuncia que já não vou para novo. Também não é por isso que nos últimos dias me embrenhei na leitura deste livro: com responsabilidades no meio monárquico a sua leitura era-me obrigatória. Afinal o livro é um minucioso ensaio sobre as origens, desenvolvimento, derivações deste sistema de governo com raízes nas primeiras sociedades tribais. Se por um lado a obra, mais especificamente nas páginas em que o autor discorre sobre as monarquias parlamentares, pode desiludir os monárquicos “militantes” que, como eu, despendem muita da sua energia a valorizar a Instituição Real nos países ocidentais como elemento mitigador dos vícios do niilismo democrático, constitui uma preciosa tese filosófica e historiográfica sobre este sistema de organização política profundamente versátil e, afinal de contas, resistente. Um reconhecimento de como a infiltração dos princípios monárquicos (no sentido clássico do "poder de um só" que é disto que a obra essencialmente trata) noutras concepções do mundo e noutras ideias políticas hoje em voga, porque “a história da política no Ocidente é também uma constante recuperação de alguns dos princípios monárquicos considerados caducos ou ilegítimos, que os governos recuperam de forma mais ou menos camuflada”. Mas tudo se inicia nas sociedades tribais, na génese do conceito de família com base no casamento, “uma espécie de reconhecimento da igualdade, que ultrapassa a simples relação de poder”, na necessidade de constituição de um modelo de chefia organizado, acima dos clãs. Curiosa a tese devidamente exemplificada com lendas e histórias, do recurso ao “rei estrangeiro”, que chegado de longe com aura de mistério e imparcialidade, pela sua auctoritas irá dar início a uma monarquia primordial.
Das sociedades recolectoras à época clássica, passando pelo pensamento escolástico ao iluminismo, da Revolução Francesa ao liberalismo constitucional, do tradicionalismo de Mauras às repúblicas impregnadas de elementos monárquicos que pretendiam banir, nas 370 páginas de “Monarquia - História, doutrinas e heranças” o Carlos Maria Bobone guia-nos com rara erudição e uma escrita fluida pela história das Monarquias, “não de regime, porque há várias formas de regime monárquico”, pela história do pensamento político e da filosofia, arriscando concluir que “mais do que uma doutrina a monarquia um factor histórico.” E nesse sentido o autor saberá por certo que num país com quase novecentos anos de História como Portugal, independentemente do regime político em vigor, é importante lutar pela valorização da sua Casa Real. Noblesse Oblige.
“Monarquia - História, doutrinas e heranças” por Carlos Maria Bobone, Leya Fevereiro de 2023. À venda aqui
Quem conheça um pouco Henrique Pereira dos Santos, autor do texto deste livro, sabia já como, a sua permanente busca de objectividade e fundamentos solidamente comprovados nas suas opiniões, esconde mal uma alma sensível e curiosa que, assumidamente agnóstica, se deixa arrebatar facilmente pela beleza, que é um assunto da metafísica. Isso percebe-se não só por algumas das suas simpatias literárias ou musicais, que por vezes deixa escapar nos seus comentários, mas pela forma como nos apresenta o objecto da sua formação académica e profissional em “Das Pedras, Pão”. Aliás suspeito que a matéria da Arquitectura Paisagista se preste a este perfil. Desses sinais nos dá conta a fascinante conjugação do texto com as fotografias da autoria de Duarte Belo, que entremeiam cada capítulo e nos estimulam o olhar ao longo de toda a obra. Aliás, a opção da não legendagem das fotografias concede-lhes um protagonismo equiparado à prosa, e não de seu suporte. Apesar da sua ordem obedecer de algum modo ao desfolhar dos temas discorridos pelo Henrique, no seu género de linguagem austera, o conjunto, como que uma composição, convence-nos da erudição estética que constitui a observação e reflexão sobre o clima, a paisagem e o homem em interacção. No mesmo sentido vai a atracção dos autores pelas paisagens “marginais” que são o objecto dos olhares derramados em imagem e texto neste livro. Terras marginais, explica-nos o Henrique, porque o são em termos da produção agrícola, “quase despidas de árvores, e para quer que se olhasse, só se viam charnecas, mato rasteiro e pedra.” Talvez que a nossa cultura cristã seja a fonte da atracção pela marginalidade que comungo com o Henrique. Estranho só que se recuse a ouvir os Genesis do tempo em que não eram mainstream.
Este livro é como que um passeio, o relato de um caminho, a explicação duma paisagem quase sempre áspera e desumanizada do país interior em torno da Serra da Estrela, com os seus recantos verdejados pela existência de água, paisagem que se explica a si mesma se a perscrutarmos. Diz o nosso arquitecto paisagista num pequeno assomo autobiográfico na introdução: “Faço parte daqueles para quem as coisas extraordinárias – os monumentos, os sítios obrigatórios, os museus que não se podem perder e, dentro deles, as peças imperdíveis – são essencialmente pretextos para o caminho.” Para uma peregrinação, direi eu. Uma peregrinação de interrogações e curiosidade sobre o que se nos calha revelar o caminho – não metafórico. Num tempo em que a realidade se nos impõe luminosa e intrusiva em múltiplos ecrãs, tornando os nossos olhos e mentes preguiçosas, arriscamos a perder a vida ao não olhar para o caminho: “De que vive esta gente? Por que razão num sítio se come mais coentros e noutro mais salsa? O que faz ali aquela vinha e que tal o vinho que de lá sai? Por que diabo há este queijo nesta região? A que se devem estas nuvens de insectos que me saem ao caminho?”
Mas esta obra (texto e imagens) não é propriamente poética. Com a sua leitura aprendemos nomeadamente da vantagem do pastoreio em relação ao fogo ou ao pousio – a função coproiética que permite ao solo a absorção de nutrientes devolvidos através da matéria orgânica dos animais. Uma alternativa ao fogo? Sempre o fogo tão incompreendido quando visto na cidade pela televisão num sofá. Fogo fatal que a nossa cultura acredita ser evitável a juzante, quando devidamente "domesticado", provocado fora de época e em condições de maior humidade e pouco vento, favoráveis ao seu controlo em intensidade e extensão. Uma alternativa ao abandono do homem, e aos paraísos que daí tardam surgir?
"Das Pedras, Pão" também é a revelação dum Portugal agreste e longínquo, misto atlântico e mediterrânico, hoje abandonado, mas que nos corre nas veias. Que aprendeu engenhosamente a fazer das pedras pão “de sangue” por causa da sua magreza, onde fosse possível medrar algum centeio. Esta é uma paisagem abandonada pelas pessoas, “onde a vegetação natural tem vindo a ocupar os espaços abandonados e que só o fogo parece perturbar” para a qual o Henrique, inconformado, reclama um olhar diferente, uma nova economia que a preserve humanizada, capaz de domesticar um território cada vez mais hostil, infernal – sempre os fogos.
O objecto do livro propriamente dito quase que vale por si mesmo pelo bom gosto do desenho. De capa dura e espessa, prescinde da tradicional lombada, o que facilita a passagem das páginas feitas num papel de boa gramagem com uma textura que concede às fotografias uma coloração baça e agreste quase como a paisagem que retrata, sempre despida de gente. É um livro para pousar numa mesa de sala, a convidar o passante a uma vistoria rápida, que talvez merecesse um tamanho (e um preço, eu sei) maior.
"Das Pedras, Pão" poderá ser adquirido no seu lançamento dia 15 às 18:30hs na livraria da Travessa R. da Escola Politécnica 46, ou no dia 16 às 17:30hs no salão nobre do Instituto Superior de Agronomia por ocasião duma conversa à volta do assunto. Estará também à venda nas livrarias ou no Museu da Paisagem.
Ficha técnica:
Das Pedras, Pão/Bread from Stones, 254 páginas © 2022 Museu da Paisagem
Texto Henrique Pereira dos Santos
Fotografias: Duarte Belo
Não foi fácil decidir-me pela publicação de “Casa de Abrantes, crónicas de resistência” numa edição de autor, usando os meus conhecimentos de marketing e recursos empresariais. Confesso que quando a obra se encontrava quase pronta ainda sonhei com uma edição comercial com distribuição nacional, pois publicada como uma “história de família” composta por crónicas biográficas pareceu-me que tinha um considerável potencial comercial. Enganei-me na primeira ideia e não no segunda para meu grande alívio. A resposta que obtive duma conhecida editora colocava o risco todo do meu lado, tendo me sido proposta a aquisição de um número de exemplares que nunca teria capacidade de vender se não pudesse ser eu a tratar da sua comercialização e promoção. O livro tornar-se-ia num luxuoso capricho do autor, que pagava a uma editora para obter patrocínios, designers e fotógrafos, organizar um grande lançamento e distribuí-los nas livrarias. Acontece que, salvo a distribuição nas livrarias, tudo mais é actividade ligada à minha profissão: comunicação e relações-públicas. Perante estes factos decidi-me a arriscar um considerável investimento e publicar o livro com os meus recursos. Uma edição de 450 exemplares bem catita. Tirando as maçadas e trabalhos, o retorno do dinheiro investido já está praticamente garantido e as vendas continuam, para meu grande alívio.
A terceira opção, provavelmente mais ajuizada, teria sido a de fazer préviamente uma recolha de fundos como a está a fazer o Henrique Pereira dos Santos com o projecto em co-autoria com Duarte Belo “Das Pedras Pão” (que grande título!). Veremos nas semanas que faltam se os apoios necessários são alcançados – o ponto de situação da emocionante campanha pode ser monitorizado aqui. Pelos trechos e imagens desvendadas parece um belo produto.
O que me parece importante realçar, é como, ao mesmo tempo que as distribuidoras arriscam cada vez menos em livros que não garantam grandes tiragens e autores da moda, está cada vez mais consolidado um mercado de auto-edição, à disposição dos autores, através do qual, com uma estratégia de marketing simples e distribuição por plataformas digitais se consegue fazer chegar aos públicos mais exigentes e informados bons produtos editoriais.
Dito de outra forma: confesso que iria sentir uma vaidade enorme de encontrar o meu livro “Casa de Abrantes, crónicas de resistência” nos escaparates da FNAC, da Bertrand, da Almedina ou até do Continente. Serve-me de consolação que esse livro seria substancialmente diferente, não tão bonito quanto aquele que se produziu com o meu gosto e a inspiração do Vasco Rosa. Que se pode encomendar e receber comodamente em casa aqui.
É esta tarde pelas 18,30 que o Instituto Português de Heráldica realiza uma sessão extraordinária dedicada à apresentação do meu livro “Casa de Abrantes, crónicas de resistência”. Esta apresentação com entrada livre, que decorrerá no Museu do Carmo em Lisboa, estará a cargo do respectivo prefaciador, o Chanceler do IPH, Carlos Bobone, e pelo revisor científico da obra Daniel Protásio.
Ainda com o coração cheio de tantos e tantos amigos que ontem acorreram ao Palácio da Quinta da Piedade para o lançamento do meu livro Casa de Abrantes, Crónicas de resistência. Com a honrosa presença do Senhor Dom Duarte de Bragança e do Presidenteda Câmara Municipal de Vila Franca de Xira Dr. Fernando Paulo Ferreira, o evento foi animado. O debate sobre a obra foi moderado João Miguel Tavares e nele participaram os meus amigos Carlos Bobone e Francisco Lobo de Vasconcelos. Não tenho palavras para agradecer a todos.
O lançamemto do livro Casa de Abrantes, crónicas de resistência, decorrerá amanhã dia 14 de Maio às 11:00hs no Salão Nobre do Palácio da Quinta da Piedade, na Póvoa de Sta. Iria, antigo refúgio e paradisíaco retiro espíritual da família, um sugestivo passeio a uma bucólica quinta às portas de Lisboa (veja como chegar aqui).
O evento de entrada livre, contará com um debate moderado pelo jornalista João Miguel Tavares
"De qualquer maneira, para os crentes a oração é já um bunker, espiritual e verbal, forma de protecção; o betão será uma espécie de 2a camada, material e densa. E claro, matéria e convicção não têm tempos semelhantes - e pode parecer estranho, mas por vezes a crença demora mais tempo a construir do que um bunker compacto. Como se constrói aquilo que não ocupa espaço como a crença?"
Gonçalo M. Tavares na revista do Expresso de ontem
Imagem: aspecto do fascinante Oratório eremítico de São Jerónimo na Quinta da Piedade na Póvoa de Sta Iria (a reclamar restauro urgente), minúscula e erudita jóia arquitectónica do renascimento, um espaço que foi concebido para a oração individual e meditação.
"(...) Passando às paixões políticas, onde se consumiram as energias de boa parte dos nossos biografados e onde também se sumiram os seus avultados recursos económicos, encontramos uma alusão a elas desde o subtítulo desta obra. As últimas gerações da casa de Abrantes construíram uma história de resistência, diz-nos o autor. E a que resistiram os descendentes de tão distintas cepas? Ao declínio económico, à extinção dos morgados e dos direitos senhoriais, mas sobretudo à implantação do regime liberal (1820 – 1834) e à do regime republicano (1910). Os marqueses de Abrantes foram os mais íntimos e fiéis companheiros de D. Miguel no seu esforço para contrariar a instauração do regime “representativo”, que veio a impor-se pela força das armas. Tanto nos momentos de triunfo como no exílio nunca se afastaram dos destinos do seu rei. E nas gerações seguintes mantiveram-se fiéis à causa da legitimidade, entre todos os abalos que esta sofreu, como veremos nos documentos finais do presente livro. Não faltará quem veja nestes combates políticos um esforço inglório, o abraçar de “causas perdidas” ou um romântico apego a tempos que já não podiam voltar. Semelhantes veredictos só se podem sustentar numa visão curta e fatalista do processo histórico, segundo a qual todas as inovações políticas e sociais deviam desfilar sem contradição perante os olhares agradecidos de um público destituído de capacidades críticas. Mas a história é mais que uma competição desportiva, nela não encontramos vencedores absolutos nem causas totalmente esquecidas. Mesmo os próceres das mais famosas doutrinas inspiradas no dinamismo social foram capazes de vislumbrar este axioma: quando duas vontades entram em confronto, o produto final do embate é um terceiro resultado, diferente do que cada uma delas desejou. Deve concluir-se, pois, que “cada uma contribui para a resultante, e a esse título está incluída nela”, segundo a justa expressão de Friederich Engels. (...)"
Trecho do prefácio de Carlos Bobone ao meu livro "Casa de Abrantes, crónicas de resistência"
Saiba mais sobre o lançamento desta obra no próximo dia 14 de Maio aqui
(…) “Neste livro, estão as memórias de uma “resistência”: a de uma casa que, nos séculos XIX e XX, foi miguelista no tempo do liberalismo, e monárquica no tempo da república. Na medida em que ajudou a manter a pluralidade cultural e filosófica contra doutrinas triunfantes, essa resistência deve ser valorizada, independentemente das suas orientações, como parte do que hoje estimamos como liberdade. Descobrir esta “Casa de Abrantes” com João Lancastre e Távora é descobrir histórias e tradições que são dos seus familiares e antepassados, mas também de todos os portugueses, na medida em que Portugal é uma casa feita de muitas casas.”
Excerto da apresentação de Rui Ramos do “A Casa de Abrantes – crónicas de resistência”.
Saiba mais sobre o lançamento deste meu livro aqui
Na imagem, o fontanário central do jardim da Quinta da Piedade, na Póvoa de Sta. Iria, com o brasão Lancastre e Távora, homenagem póstuma ao enlace de D. Isabel de Lancastre (1713-42) e Manuel Rafael de Távora (1715-89). Isto e muito mais se poderá encontrar no livro (quase ponto) "Casa de Abrantes, crónicas de resistência" a história generosamente ilustrada de cinco geracões dos Marqueses de Abrantes entre os séculos XVIII e XX, suas aventuras e desventuras, glórias e fracassos, não esquecendo uma visita guiada às principais moradas família, o Palácio de Santos e a Quinta da Piedade.
Informo os meus amigos que a Real Associação de Lisboa agendou para o próximo dia 11 de Novembro pelas 18:30hs o lançamento do livro "Memórias de um Roialista" da autoria de Tomás Moreira, uma obra ilustrada que dá testemunho dos cerca de 40 anos que o autor dedicou ao serviço da Causa Real. A obra será apresentada pelo Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, e o evento terá lugar na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa, contando com a presença dos Duques de Bragança.
Aos nossos leitores do Norte informo que manhã às 18,00hs estarei perto no Clube de Leça para o lançamento do livro "Quando o Povo quiser", uma novíssima antologia de textos monárquicos, ao lado do Jorge Leão presidente da Real Associação do Porto. A apresentação estará a cargo do jornalista Manuel Queiroz. Não faltem!
“Realizou-se domingo [14 de Setembro de 1902], na Quinta da Fonteireira em Belas, [Quinta pertencente à família Pinto Basto onde, por via do parentesco da minha avó paterna, eu passava umas divertidas jornadas em pequenino], o match de «Foot-ball» entre o Sport Clube de Belas [dos irmãos Gavazzo] e o Foot-ball Clube Peninsular, ficando este último a vencer por 6 goals contra 1. Aos vencedores foram oferecidas medalhas. O grupo vencedor compunha-se: goal-keeper, J. Lisboa; backs, E. Tito e F.G. Vieira; half-backs, E. dos Santos M. do Nascimento e Afonso Ortis; forwards, Abel Macedo, David Fonseca, C. Botelho, G.P. Basto e R. Pereira; refere, J. G. Vieira.
In “História do Sporting Club de Portugal" de Luís Augusto da Costa Dias com Paulo J. S. Barata – Contraponto
Fiquei muito feliz na quinta-feira passada por ver a sala tão composta na apresentação do livro "Quando o Povo quiser" (aqui está o registo em vídeo). Da mesa, ao lado do Pedro Mexia e do Nuno Pombo, cujas alocuções encantaram, contei mais de 100 pessoas – não foi como a festa do Avante, mas verdadeiramente o que interessa é a qualidade da assistência. Foi formidável lá ter reencontrado muitos dos meus bons amigos, mesmo que alguns estivessem muito bem disfarçados atrás das máscaras. No fim de contas vale a pena sermos testemunhas uns dos outros neste caminho que vamos fazendo com as nossas causas e coisas. Acontece que ficamos um pouco maiores com os nossos amigos. O resto é vã glória.
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Sobre o livro, passo a transcrever a minha apresentação:
Depois de termos publicado sob a chancela Razões Reais, obras ou antologias de Mário Saraiva, Gonçalo Ribeiro Telles e Henrique Barrilaro Ruas, tornando acessíveis aos leitores de hoje os seus legados, tão significativos para o movimento monárquico no período 1950-2000, quisemos aproveitar a efeméride da primeira década do Correio Real com uma selecção, sempre subjectiva, dos seus textos mais significativos, que reflectisse um panorama do que a actual geração de monárquicos vem produzindo para renovar o seu ideário e conquistar pacientemente uma maior presença no espaço público. A esta antologia decidimos chamar “Quando o Povo Quiser”, que é o título do 1º capitulo, inspirado no ensaio do Professor Manuel Braga da Cruz “O Rei e a Constituição” com que se inicia o livro.
Os dez anos do Correio Real - nascido da iniciativa do nosso saudoso João Mattos e Silva, e que tenho o privilégio de integrar desde a primeira hora - merecem ser celebrados e postos em perspectiva crítica, tanto mais que coincidem com uma restruturação organizativa do movimento que teve reflexo não só em termos estatutários, mas na unificação estética das marcas da Causa Real, e, principalmente, na adopção duma intensa utilização dos meios electrónicos que a tecnologia colocou ao nosso dispor, através dos nossos sítios na internet, blogues e «redes sociais»,— ferramentas incontornáveis para potenciar a projecção da nossa intervenção em prol da Instituição Real e da Monarquia como opção de regime. De facto, além da revista distribuída pelo correio com pontualidade aos filiados da Causa Real e também disponível na versão electrónica para consulta em rede, as plataformas digitais em expansão tornaram-se o meio ideal para o noticiário quotidiano das actividades das Reais Associações e da própria Casa Real Portuguesa, permitindo ao mesmo tempo identificar, recolher e difundir intervenções monárquicas dispersas. Nesse sentido, e dando também a merecida representação a esses textos, optámos por alargar esta antologia a outros documentos, principalmente difundidos através do blogue da Real Associação de Lisboa.
Editado pelo Vasco Rosa, uma colaboração e amizade que vem dando magníficos frutos, o livro organiza-se em capítulos temáticos que dão conta das principais linhas editoriais destes dez primeiros anos da revista, que percorrem as presidências da Causa Real de Paulo Teixeira Pinto, Luís Lavradio, António de Souza-Cardoso e Teresa Côrte-Real, além das presidências da Real Associação de Lisboa por João Mattos da Silva, Nuno Pombo e minha. A determinada altura os noticiário das Reais Associações “distritais” passou a incorporar-se nesta publicação periódica, juntando-se às entrevistas a monárquicos ilustres e aos depoimentos de novos associados do Movimento, que todavia não estão representados nesta antologia, orientada para o debate doutrinário e divulgação histórica, onde também é dada atenção ao comentário de livros que, cada vez em maior número, vêm sendo dedicados à historiografia de figuras régias e dos protagonistas do movimento monárquico e restauracionista do século XX.
Esperamos com este livro, cuja diversidade de ideias e sensibilidades dos seus autores é reflexo da maior virtude da capacidade agregadora da instituição real que a todo o custo nos cabe preservar, cumprir o que pretendia o fundador e director do Jornal “O Debate”, de larga distribuição entre 1951 e 1974, António Jacinto Ferreira (1906 -1995): promover a boa doutrinação que é “a pedra angular de toda a actividade política, (…) pois que é da adesão das inteligências mais do que das inclinações sentimentais, que há-de resultar a profunda transformação em geral desejada”. Porque enquanto não soubermos explicar a todos e a cada um dos portugueses por que é que Portugal será muito melhor encimado pela Instituição Real, estamos proibidos de baixar os braços e descansar.
Fevereiro de 2020.
O livro encontra-se disponível para venda postal aqui.
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