por Vasco M. Rosa, em 19.10.15
O anúncio de uma entrevista televisiva de JS merece ponderação.
Vai falar como «animal político» ou como «suspeito de actos ilícitos graves que espera por uma acusação»?
Pela primeira escolha, o interesse é reduzido, pois ele é e será um actor muito condicionado pelo desenrolar do processo judicial que sobre ele pende. Só um número muito reduzido de fiéis alucinadas e alucinados (não incluo os transgéneros!) não cederam entusiasmo diante de indícios deveras comprometedores. E isso torna o seu comentário da cena actual coisa de somenos, onde só se deve esperar o costumeiro revanchismo, azedume e a fúria por não ser de novo número um.
Pela segunda, parece igualmente reduzido pois só poderá repetir as declarações produzidas ao longo de meses de prisão preventiva, em Évora. E desse espectáculo mediático, já estamos todos bem cansados e fartos. Não é por aí que nos convencem de inocênciais virginais.
E atendendo ao facto de (sem rendimentos próprios) JS ter contratado um adido de imprensa (3, 4000 € ao mês?!), que pode explicar tudo o que ele quer dizer, não se vê vantagem nesse exercício de puro narcisismo a não ser exponenciar a audiência dum canal de televisão, em detrimento de outros.
Mesmo assim, parece-me bem.
O país ficará a conhecer melhor a «confiança» que certas figuras merecem e as razões que as movem, a ambição do poder e dos negócios. O excesso de realidade «faz bem à tosse»...
Quem não tem canais de ficção científica, crime, e séries policiais, vendo tal entrevista pode sempre imaginar-se num mundo norte-americano ou antigo, mas atenção, JS é de aqui e agora e importa saber acerca dele tudo e mais alguma coisa.
Só depois, que ele se defenda como quiser. E puder.
Até lá...