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Não chores mais oh fadista, que a Severa não morreu (bis)
Está viva e no Dona Amélia, ainda ontem a vi eu. (bis)
Porque estás triste e calado, porque não falas calão?
Porque olhas para o chão, porque não cantas o fado? (bis)
Bebe dois do abafado, corre o mal que te contrita.
Põe alegre a curvadita (?), não te ponhas mudo ao canto.
Enxuga as faces do pranto, não chores mais oh fadista. (bis)
Já te não vejo nas hortas, a provar o belo vinho.
Porque vagueias sozinho, por Alfama a horas mortas. (bis)
Esse cabelo não cortas, nem pra trás pões o chapéu.
Errante como um Judeu, teu caminho volta atrás.
Olha para aquele cartaz, que a Severa não morreu. (bis)
Porque é que o Fado não cantas, já que ela ressuscitou.
Pois do outro mundo voltou, pelo braço do Júlio Dantas. (bis)
Raptada d’entre tantas, aquela branca camélia,
Do Vimioso a Ofélia, no mundo estava dobrado,
Pois cantando o belo fado, está viva e no Dona Amélia. (bis)
Avelino Baptista - Fado Fadista
Disco Ideal Grande
Beka Record
Lisboa, 1904
Para conhecer mais, visite-me aqui.
No início do Século XX os cilindros de cera prensada pré-gravados ganharam um enorme impulso comercial com a nova gama "Edison Gold Moulded" lançados pela Edison Records definitivamente mais resistentes. Por um curto período iriam concorrer com os discos de Emile Berliner que os destronaram.
Vídeo: uma canção sentimental pela soprano australiana Marie Narelle de 1906 acabadinha de chegar de terras de Sua Majestade... Muito mais encontra-se aqui
Se paivante é na gíria um sinónimo de cigarro, esse era também o nome depreciativo dado pelos revolucionários aos monárquicos que, inconformados com o golpe de 5 de Outubro, decidiram seguir Paiva Couceiro, o carismático militar que se veio a afirmar como líder da resistência monárquica no projecto político-militar restauracionista. Desse combate apenas viria a desistir aos 76 anos quando o Estado Novo o condenou ao último de vários exílios. Esta é uma canção satírica de cariz político republicano, intitulada “Republicana”, gravada entre 1911 e 1914 em Lisboa para a editora alemã Odeon.
Publicado originalmente aqui
Só o fonógrafo, Zé Fernandes, me faz verdadeiramente sentir a minha superioridade de ser pensante e me separa do bicho. Acredita, não há senão a Cidade, Zé Fernandes, não há senão a Cidade!
A credibilização entre os melómanos da indústria fonográfica emergente no início do Século XX dá-se muito por conta de Enrico Caruso quando este prodigioso tenor italiano concede finalmente registar a sua voz, não para Thomas Edison mas para Emile Berliner e a sua The Gramophone Company para quem gravou múltiplos discos entre 1903 e 1921. Os cilindros de cera estavam definitivamente destronados. Aqui partilho uma pequena pérola recentemente adicionada à minha colecção, nada menos que a área “Viva il vino spumeggiant” da Ópera Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni interpretada por Enrico Caruso, gravado em Inglaterra em 1905 sob a chancela Gramophone Concert Record G.C. 52193 (rótulo cor de rosa).
Publicado originalmente aqui.
Muito curioso este fado “Ouvi Dizer" de Júlio Neuparth (1863-1919) escrito para a soprano Maria Galvany que o canta de forma brilhante nesta magnifica gravação 12 de maio de 1908. Marisa Galvany (1878-1944) consagrada soprano de coloratura, nasceu em Granada e morreu no Rio de Janeiro.
É no mínimo estranho como o recente interesse do jornalismo pelo Vinil e colecções de discos patente em diversos artigos e reportagens publicadas ultimamente se circunscreva à segunda metade do século XX, como se a motivação para esse olhar fosse tão só explorar a nostalgia dos leitores mais velhos por esse objecto icónico. Mas acontece que mundo não começou com a formação do nosso umbigo.
Para contrariar essa perspectiva míope aqui vos apresento uma preciosidade, não só pela idade e rareza, mas pela excelência patenteada neste “Fado da Pallida Madrugada” de 1906 interpretado por Manassés de Lacerda um dos pioneiros da Canção de Coimbra. A investigação desta matéria deverá contemplar as suas origem nos finais do século XIX, tanto mais que a história e inventariação do espólio fonográfico nacional tem muito ainda por fazer.
Originalmente publicado aqui.
Indicado por um colega meu aficionado destas coisas da história dos sons gravados, aqui partilho uma fabulosa gravação contemporânea do reinado do Rei Dom Carlos: o Hino da Restauração com acompanhamento vocal de Avelino Baptista e coro publicado pela "Fábrica portuguesa de discos - Simplex" já referênciada neste blogue aqui.
Começa assim:
A Menina foi multada, mesmo p’la tabela antiga,
Por ter vendido a pescada assoprada na barriga.
Esta é a minha última aquisição: um curioso disco do inicio dos anos 20 com uma cançoneta de revista chamada "Peixeira e o Polícia" com assinatura de F. Rezio e Gustavo Leal. Sobre estas duas criaturas já vi que não será fácil encontrar referências publicadas. Quanto ao mais, os dois primeiros versos já os decifrei - se alguém conhecê-los na integra ou conseguir entender, mesmo que uma linha ou uma estrofe só, ficarei muito grato se me fizer o favor de redigir na caixa de comentários.
Publicado originalmente aqui
Vale bem a pena coscuvilhar velharias, é o que eu vos digo. Ora oiçam aqui este precioso "Saint Louis blues" de 1921 pela Original Dixieland Jazz Band e repare-se no estilo gingão da vocalização "à negro” de Al Bernard, nas harmonias Blues que hoje nos são familiares e no arrojado improviso da corneta no final.
foto daqui
Aqui partilho mais uma Coon Soong, num cilindro de cera Edison de 1908 imaculado da minha colecção, com o tema "Dixie Dan" interpretado pelo Billy Murray (1877 – 1954) cantor norte americano extremamente popular nas primeiras décadas do Século XX da autoria Arthur Collins, o Rei do ragtime.
Dixie Dan
By Arthur Collins
Way down south where i was born
In the land of cotton and the land of corn
I saw the light on a monday morn
And they called me Dixie Dan
In an old burnt stump of an old burnt tree
The doctor he discovered me
And my mammy shook her sides with glee
And she called me Dixie Dan
Now a gal down there with cork-screw hair
She won my heart and i declare
I must have been slow
When i let her go
A traveling round with a minstrel show
Oh
Dixie, oh Dixie Dan
'Ambling, rambling, gambling minstrel man
Coal-black color all except my teeth
With a loving disposition underneath
My heart pines for the girl I left behind
Oh Trixie, oh Trixie An
My heart beats for you to beat the band
Way down south is the land of cotton
Tell me you have not forgotten
Dixie, oh Dixie Dan
(Bis)
Aqui deixo um Ragtime com pedalada gravado em 1906, pela banda do Lusodescendente mais famoso de sempre nos EUA, John Philip de Sousa, celebrizado em todo o mundo principalmente através das suas famosas marchas, muitas delas que todos conhecemos desde sempre.
Publicado originalemnte aqui
Mais arqueologia fonográfica portuguesa aqui.
Esta é uma inédita interpretação gravada por volta de 1915 por Arthur Silva do fado "A Samaritana" de Álvaro Cabral (1865 - 1918). O achado necessita ainda de alguma pesquisa mas desconfio que constitua uma preciosidade para o acervo fonográfico nacional. Agradeço quem me possa ajudar com informação complementar.
Originalmente publicado aqui.
O Coleccionador de Sons está de volta
A montante do meu caprichoso prazer de coleccionar os sons antigos e de saborear sofisticados sistemas de reprodução sonora está uma enorme paixão. Neste blog que agora vos apresento reuni uma selecção de textos, imagens e vídeos com que aqui no Corta-fitas venho prestando tributo a essa que considero a mais divinal forma de expressão humana: a música.
Quando no início do Século XX a indústria fonográfica florescia na forma de cilindros de cera ou de discos de goma-laca gravados em série, era comum algumas editoras de segunda categoria produzirem gravações “descritivas”, em que se reproduziam teatralmente os sons de um quadro invulgar, como a partida das tropas para a guerra ou como acontece no caso vertente, o socorro a um incêndio “interpretado” pela Empire Guards Band.
Já aqui publiquei diversa informação referente aos primitivos discos em goma-laca com um lado só fabricados até ao final da primeira década do século XX. Se a ilustração de um lado "não gravado" é visualmente pouco reveladora, talvez o não seja a imagem deste “moderno” espécime de 1912 da etiqueta britânica The Twin que aqui hoje desvendo.
Da editora do anglo-alemão Emile Berliner, a E. Berliner's Gramophone, o inventor dos ditos. Gravado em Londres editado em Hanover, final do século XIX. Mr Charles Foster canta "Why did i leave my little black room"... e encanta.
Edison Gold Moulded Record - 9000
Patent 1902
THE PREACHER AND THE BEAR
The preacher went out a huntin', it was on one Sunday morn'
It was against his religion, but he took a shotgun along
He got himself a mess o' mighty fine quail and one old scraggly hare
And on the way home he crossed the path of a great big grizzly bear
Well the bear got down lookin' ready to charge
The preacher never seen nothin' quite that large
They looked each other right smack in the eye
Didn't take that preacher long to say bye
The preacher, he run till he spotted a tree
He said, "Up in that tree's where I oughta be"
By the time that bear made a grab for him
The preacher was a sittin' on top a that limb
Scared to death, he turned about
He looked to the sky and began to shout
"Hey lord, you delivered Daniel from the bottom of the lion's den
You delivered Jonah from the belly of the whale and then
The Hebrew children from the fiery furnace
So the good books do declare
Hey lord, if you can't help me,
For goodness sake don't help that bear"
Yea, look out preacher!
Well, about that time the limb broke off
And the preacher came tumblin' down
Had a straight razor out of his pocket
By the time he lit on the ground
He landed on his feet right in front a that bear
And Lord, what an awful fight
The preacher and the bear and the razor and the hair
Flyin' from left to right
Well first they was up and then they was down
The preacher and the bear runnin' round an' round
The bear he roared, and the the preacher he groaned
He was havin' a tough time holdin' his own!
He said, "Lord if I get out a here alive
To the good book I'll abide
No more huntin' on the Sabbath day
Come Sunday I'm headin' to the church to pray"
Up to the heavens the preacher glanced
He said, "Lord won't you give me just one more chance"
So the preacher got away, he looked around
Seen a tree where he'd be safe and sound
Jumped on a limb, turned about
Looked to the sky and began to shout
"Hey lord, you delivered Daniel from the bottom of the lion's den
You delivered Jonah from the belly of the whale and then
The Hebrew children from the fiery furnace
So the good books do declare
Hey lord, if you can't help me,
For goodness sake don't help that bear"
(Popular/Joe Arzonia)
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