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No caso da Grécia, o problema da esquerda portuguesa e das suas "antenas" nos orgãos de comunicação social, é que, o aprimorar da tragédia Grega e a solução encontrada desacredita toda a narrativa utilizada contra a estratégia (bem sucedida) do governo português no resgate de Portugal. O resto é conversa.
Tirando um ou outro desavergonhado comentador colaboracionista dos que desapareceram das TVs nos últimos dias (rapem-lhes o cabelo!), há um coro que resulta dos donos dos nossos noticiários como António José Teixeira, Ana Lourenço, Pedro Santos Guerreiro, Miguel Sousa Tavares, Constança Cunha e Sá outros que não disfarçam o desejo de ver as nossas ruas incendiadas como numa romântica e idealista praça Syntagma, numa rebelião contra os fanáticos e reincidentes alemães que sugam a alma da Europa. Afinal todas as gerações têm direito a uma guerra com os bárbaros. E se matar muita gente, que seja pela televisão, de forma pacífica.
Nunca fui um incondicional europeísta, antes pelo contrário; mas uma das virtudes que reconheci à adesão de Portugal à então CEE nos anos 80 foi o facto desse projecto, chamuscados que emergíamos então do terror do PREC, constituir uma clara barragem à ascensão de projectos extremistas na política doméstica. Esse caminho garantia a conversão do regime português num modelo de democracia liberal em que os nossos filhos poderiam crescer em liberdade. É por isso muito estranho por estes dias ouvir certas vozes indignadas com o “despotismo da Europa” e o facto das instituições europeias fazerem frente às veleidades de um governo de esquerda radical da Grécia, país que nos últimos anos desbaratou de forma dramática muito do seu crédito.
Durante a última semana li por aí os mais bizarros comentários daqueles que lamentam a afastamento de Varoufakis por uma maligna conspiração, personagem cuja principal sedução passava por ser sexy e… “mal vestido”. Não é de estranhar que a adolescentocracia eleja “mal vestido” como sinal de virtude na construção dos seus mitos. Eu tenho para mim que algum Rock n’ Rol até é coisa boa no gira-discos ou pista de dança. Mas acontece que estes “mal vestidos” que tomaram o poder já não tocam guitarra e de poetas têm pouco. Atenas a arder na televisão talvez para eles seja como um festival de verão, pleno de romance e idealismo. Dá boas capas de jornais e reportagens empolgantes. Comeram a carne, agora roam os ossos.
Extraordinário é como nunca se viu um país vir para a rua manifestar-se contra um pedido de empréstimo.
Começo com uma inconfidência: sou originário duma família em que se cruzam as mais antigas casas aristocráticas portuguesas, com o seu auge na primeira metade século XVIII, que em Lisboa distribuía audácia, cultura e erudição. Quando era pequeno não passava à frente daquele magnífico palácio em Santos onde o meu avô ainda nasceu, sem que o meu pai me recomendasse a responsabilidade e o legado das minhas origens. Acontece que a decadência económica da minha família, mais por aselhices práticas do que políticas, muito acentuada no século XIX, atingiu o zénite na sua geração. Por isso deploro o caricato da discrepância duma história grandiosa com uma mesa sem pão em que muito se ralha com pouca razão.
Magoa aprender, mas a soberania como a auto-estima obrigam ao engenho e muito trabalho, a ter dinheiro para pagar as contas. Temo que o resultado do referendo na Grécia signifique um irreparável prejuízo para as negociações dos credores com os gregos. Inevitável será a assunção duma atitude espartana para a recuperação do antigo espírito ateniense.
Publicado originalmente no Diário Económico
"Em 183 anos de História, os gregos não cumpriram as suas obrigações com os credores em 1826, 1843, 1860, 1894 e 1932. Durante quase metade da sua história como país independente, a Grécia esteve em incumprimento."
Miguel Monjardino - Expresso.
Não nutro um grande orgulho pela Pátria em abstrato (aliás muitos dos seus traços e história provocam-me apreensão e amargura). Antes corre no meu sangue um amor vivo e profundo a Portugal, que sendo verdadeiro é responsável e exigente. Já o sentimentalismo patriótico é normaalmente semente de brutais tiranias e grandes desgraças.
Se o Syriza não ceder aos governos parceiros da União Europeia e assumir a saida do Euro parece-me evidente que condena os gregos a um ajustamento tremendamente mais brutal que colocará ainda mais em evidência as ineficiências da sua economia. Não sei até que ponto a sua estratégia "neo-orgulhosamente-sós" resistirá ao desespero causado pelo consequente radical empobrecimento das pessoas, com os bolsos cheios de Dracmas sem valor, que não dão para pagar nada.
Não foi com grande espanto que ontem escutei na SIC notícias o deslumbrante Luís Delgado a defender a razoabilidade do governo de Tsipras que, segundo o sábio comentador, no confronto com a realidade se vem revelando um moderado, deste modo legitimado a abjurar todas as promessas que o conduziram ao poder. O verdadeiro e adiado choque do governo Syriza irá ser o de governar a Grécia, digo eu. A mesma tolerância se aplicará a António Costa que por esta via pode prometer aos portugueses um qualquer "conto de crianças": os seus complacentes amigos na comunicação social cuidarão duma narrativa que indulgencie o PS das mentiras utilizadas para chegar ao poder.
Com este estado de coisas, nunca foi tão fácil alimentar-se uma propaganda com base nas mais desbragadas ilusões, fundadas nos legítimos anseios dos comuns mortais: se é certo que a democracia liberal é alimentada pela arte dos seus actores venderem quimeras e prometerem o Maná, certo é que por via da desilusão sistemática um dia o regime pode mesmo colapsar. Acontece que, se podemos conceder às Artes que privilegiem a beleza em detrimento da verdade, outro comedimento deveria ser exigido à Politica - e aos comentadores que jogam nesse tabuleiro. A realidade impõe um caminho muito estreito – seja para as pessoas ou para os sistemas – e a democracia nunca se deu bem com isso. E o caos é o ambiente ideal para frutificarem as mais cruéis tiranias.
O verdadeiro problema do Tsipras é que vai ter de governar a Grécia.
Anda por aí uma tão insólita quanto unânime satisfação com a perspectiva da vitória do Syriza, um partido com raízes comunistas, maoistas e trotskistas, amanhã nas eleições na Grécia. Se para uns quantos isso se justifica porque acreditam genuinamente que a riqueza e a felicidade se criam por decreto, para a maioria trata-se afinal de um sado-maquiavélico anseio, que antevê tornar-se a previsível tragédia num pedagógico castigo que descredibilize os demagogos e desmascare definitivamente os extremistas que, como os jihadistas, anseiam destruir o sistema democrático e liberal. Nada mais errado e ingénuo pois eles brotarão sempre com novos nomes e fisionomias por entre as pedras. Pela solidariedade cristã que merecem os nossos sacrificados irmãos gregos, eu não pactuo com o entusiástico coro que vê a Grécia como o cordeiro a imolar para nossa salvação: acontece que em muitos aspectos da vida não é necessária a experiência para reconhecer os erros – principalmente aqueles que nos ameaçam com ferimentos irreversíveis. Que é o que nos prenunciam as agendas dos extremismos políticos, que nenhum povo merece experimentar, sejam venezuelanos, portugueses ou gregos. De resto receie-se o pior, pois a Grécia vem-se revelando a mais acabada prova da validade da Lei de Murphy: "Se alguma coisa puder correr mal, correrá mal."
Enquanto o primeiro ministro grego reivindica "mais ar" para respirar (leia-se mais tempo, menos juros) o malvado socialista François Hollande pressiona o país a prosseguir a via das reformas, e avisa que a permanência da Grécia no euro depende do esforço dos gregos.
Do blogue Público
Tomem lá então boa nota: Não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia, não somos a Grécia,
Mas alguém me explica, tecnicamente, o que acontece se a Grécia sair do euro? É que eu acho que estancar a sangria poderia não ser má ideia.
De resto este referendo, pedido pelo Primeiro-Ministro grego para passar para a população o ónus da decisão do segundo pacote de austeridade, vem revelar como os políticos são exímios em tomar decisões erradas. A consequência disto é uma má influência a pairar sobre os mercados até à Primavera de 2012. O que vai arrastar os bancos que têm dívidas soberana de países europeus.
Mas o que espera a Grécia conseguir com o referendo? Uma solução milagrosa? Que alternativa à austeridade tem a Grécia?
É o que dá a tentação dos políticos de agradar ao povo, o que normalmente os leva a decisões desastrosas. Nós cá também temos um político que gosta de agradar à populaça: O nosso Presidente da República...
Dizem os especialistas que os líderes europeus continuam no caminho errado a centrar todas as forças no controlo das contas públicas e esquecendo o financiamento da economia. Uma estratégia de combate à crise tem de resolver os problemas de necessidades de financiamento da economia, e não apenas das necessidades de financiamento do Estado. Os especialistas dizem que o BCE devia intervir mais no mercado, cedendo liquidez, como fez o FED nos Estados Unidos, após a falência do Lehman Brothers. Os analistas explicam que só há uma entidade com a capacidade de intervir com credibilidade nos mercados de dívida: o BCE. Todas as decisões como o reforço do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) através da alavancagem ou a criação de um veículo financeiro para intervenção no mercado secundário são formas de contornar a necessidade de um banco central efectivo.
Com a sua decisão de submeter a referendo o mais recente pacote de ajuda à Grécia, Papandreou fez política de alta escola e risco, e deu uma bofetada na cara, um murro no estômago e um pontapé nas pudendas dos cultores da tibieza. O primeiro-ministro grego fartou-se de ver os gregos sufocados, tratados como aldrabões, preguiçosos, sulistas sem préstimo, e convidados a penas de untermensch por uma Europa que nem tem a coragem de reconhecer a sua herança.
Os astutos negociadores financeiros, os hábeis planeadores económicos, os prudentes chefes de governo hão-de estar agora a pensar como foi, afinal, que um golpe político passou a rasgar e desfez os parcos ganhos das suas negociações tão sábias e demoradas.
Foi a política, estúpidos.
Com política, Papandreou subiu a parada para níveis gerais e alarmantes de risco. Razão pela qual, ele, Papandreou, não pode perder de maneira nenhuma.
Se o referendo não se realizar, afinal, isso só poderá ter acontecido por duas razões: internamente, pelo advento de um governo de salvação nacional e o recuo dos distúrbios; externamente, pelo advento, por fim, de um plano de real resgate da Grécia (embora possivelmente injusto para toda a restante Europa).
Ganhe o «sim» ou o «não» no referendo, Papandreou terá feito a Europa mexer-se, com apenas um susto de morte ou, então, com o próprio deflagar do desastre financeiro e económico na zona euro e em toda a União Europeia.
Se o referendo acontecer, e o «sim» ao novo plano de resgate vencer, Papandreou vence mais que eleições, vence na confiança e (de novo) faz que a oposição se junte às suas fileiras e põe distúrbios «indignados» para lá da linha da marginalidade.
Com uma vitória do «não», pode Papandreou retirar-se sem lavar as mãos. Terá, de facto, tentado tudo.
Vem de onde não se esperava, mas ... querias liderança política?! Toma!
Afastado de forma inacreditável do seu País em 1967, ou seja há mais de 40 anos,os gregos, agora em tempo de profunda crise, voltam-se para o antigo monarca, Constantino II, homem amante da liberdade e capaz de devolver ao país a estabilidade perdida, como bem assinala Miguel Castelo-Branco no Combustões.
Num cenário mais típico de um "estado de sítio", manifestantes e polícias confrontaram-se duramente em Atenas, Grécia, na sequência de protestos por parte da população descontente com as severas medidas de austeridade adoptadas naquele país. Recomendo, a este propósito, a leitura do post de Nuno Castelo-Branco intitulado "O bunório e o pancadório" disponivel aqui.
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