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É importante dedicar algum tempo a ler este fantástico documento redigido em Maio passado, e dado a conhecer em Outubro, por um grupo de intelectuais - nos quais se incluem Roger Scruton e Robert Spaemann entre outros - que se encontrou na capital francesa por darem voz à sua preocupação pelo futuro da Europa na forma de um manifesto.
Anda por aí uma tão insólita quanto unânime satisfação com a perspectiva da vitória do Syriza, um partido com raízes comunistas, maoistas e trotskistas, amanhã nas eleições na Grécia. Se para uns quantos isso se justifica porque acreditam genuinamente que a riqueza e a felicidade se criam por decreto, para a maioria trata-se afinal de um sado-maquiavélico anseio, que antevê tornar-se a previsível tragédia num pedagógico castigo que descredibilize os demagogos e desmascare definitivamente os extremistas que, como os jihadistas, anseiam destruir o sistema democrático e liberal. Nada mais errado e ingénuo pois eles brotarão sempre com novos nomes e fisionomias por entre as pedras. Pela solidariedade cristã que merecem os nossos sacrificados irmãos gregos, eu não pactuo com o entusiástico coro que vê a Grécia como o cordeiro a imolar para nossa salvação: acontece que em muitos aspectos da vida não é necessária a experiência para reconhecer os erros – principalmente aqueles que nos ameaçam com ferimentos irreversíveis. Que é o que nos prenunciam as agendas dos extremismos políticos, que nenhum povo merece experimentar, sejam venezuelanos, portugueses ou gregos. De resto receie-se o pior, pois a Grécia vem-se revelando a mais acabada prova da validade da Lei de Murphy: "Se alguma coisa puder correr mal, correrá mal."
É um discurso vulgarizado aquele que dá hoje à pena o jornalista André Macedo, pessoa de responsabilidade, director do jornal online Dinheiro Vivo num comentário ao Diário de Notícias: Se vencer a Nova Democracia será mais do mesmo - um horror para os gregos, uma pesadelo para os outros europeus - embora a Zona Euro ganhe tempo para tentar aquilo que ninguém discutiu até hoje: uma Europa federal, integrada, com um parlamento representativo e fiscalizador de (hélas!), um Governo supranacional. Já sei: seria um espécie de casamento forçado, um casamento de caçadeira. E então?
E então? Hipotecar formalmente um pouco mais da soberania Nacional por um prato de lentilhas e uma caçadeira encostada à nuca é o preço da saída da crise? Além de claramente definidos os limites dessa "união política", a colocar-se, ela terá imperetrivelmente de ser sufragada. Caso contrário será mais um passo firme para adensar a salganhada que constitui esta desgraçada Europa desenhada à revelia dos povos nos gabinetes de Bruxelas por sociólogos, ex-hippies, trotskistas e comunistas arrependidos. Chamem-me lírico ou idealista, mas pela parte que me toca não aceito a hipoteca de nem mais um milímetro da minha Nação, uma extraordinária invenção que nem oitocentos anos de História conseguiram implodir.
Declaração de interesses: sou dos que terei mais dificuldade a sobreviver à queda do euro - não possuo heranças, bens imóveis nem contas off-shore. Na minha casa, governa-se uma família de seis almas, um dia de cada vez, sem “ordenados” ou “empregos”, apenas à custa muita tenacidade a angariar trabalho para uma micro empresa sobrevivente a uma permanente extorsão fiscal.
Passo a passo, com notável frieza e virtuosa dissimulação, a União Europeia vai percorrendo «um novo rumo» para «um novo paradigma». Bem se compreendem, portanto, clamores de revolução como os de Soares, ilusões de que a austeridade é uma mania como as de Seguro, pueris poemas sobre compaixão, como os de Adão e Silva no Expresso de ontem, e, por natural sintonia, a desvalorização por parte da generalidade dos media portugueses do que está a mudar na Europa. O «novo rumo» que advogam é para trás. O «paradigma» que desejam é ficar na mesma. Os socialistas são os novos reaccionários.
Há, de facto, uma enorme frieza quando os líderes europeus atendem ao que tem que ser atendido primeiro, o excesso de endividamento, apesar do nervosismo dos mercados. Há frieza, e não a tibieza de que os acusam, quando os líderes europeus finalmente se concertam acerca de uma união orçamental disciplinada (que o Reino Unido tenha optado por ficar out não é história nova nem tem a importância que alguns tremendistas querem dar-lhe), e, do mesmo passo, conseguem dar sinais animadores aos mercados - sob a forma de apoio aos bancos por parte do BCE, reforço de 270 mil milhões para as intervenções do FMI, mais a garantia de que nunca mais, além do caso grego, se pedirá aos credores privados que paguem metade das asneiras públicas.
Há, de facto, uma dissimulação virtuosa, quando se deixa intuir - negando sempre - que as euro-obrigações acabarão por ser uma realidade (mas só depois da disciplina), que o Mecanismo de Estabilização, antecipado, e o Fundo de Estabilização serão dotados de bazookas (mas só depois da disciplina), e que o raio de acção do BCE será ampliado (mas só depois da disciplina). E já todos compreendemos que não há líderes tão estúpidos que quisessem fazer da austeridade uma pescadinha de rabo na boca. As Mercedes, Krupps, Siemens, as farmacêuticas, as metalomecânicas, as químicas alemãs precisam de exportar - por isso, a união económica e as medidas de crescimento virão sem falta nenhuma (mas só depois da disciplina). As reformas estruturais são, sob esse ponto de vista, o mínimo de prudência exigível num plano para sermos concorrenciais depois.
O despacho com que o falcão Draghi esta semana tomou para si e avançou com o que eram medidas financeiras, ao mesmo tempo que chutava para o prato dos políticos aquilo que é político essencialmente, dá-me um sentimento de segurança. A ideia não socialista de que o caminho para sair da crise é difícil e leva tempo, dá-me esperança.
Quando a europa económico-financeira se desmorona neste fatídico fim-de-festa, dir-se-ia que a sua "cultura" seria o cimento para manter o projecto com futuro. Mas afinal o que é ser europeu, quando muitos dos países, constringidos pelo seu inverno demográfico e relativismo politicamente correcto, não se entendem sobre na sua própria definição? Renegada que foi à Europa a sua matriz cristã pelos seus "arquitectos", não sei bem o que é que sobra para unir os cacos. E depois, a verdade é que a união europeia nunca foi por amor.
*Duma velha piada do Herman José no seu auge.
Com a sua decisão de submeter a referendo o mais recente pacote de ajuda à Grécia, Papandreou fez política de alta escola e risco, e deu uma bofetada na cara, um murro no estômago e um pontapé nas pudendas dos cultores da tibieza. O primeiro-ministro grego fartou-se de ver os gregos sufocados, tratados como aldrabões, preguiçosos, sulistas sem préstimo, e convidados a penas de untermensch por uma Europa que nem tem a coragem de reconhecer a sua herança.
Os astutos negociadores financeiros, os hábeis planeadores económicos, os prudentes chefes de governo hão-de estar agora a pensar como foi, afinal, que um golpe político passou a rasgar e desfez os parcos ganhos das suas negociações tão sábias e demoradas.
Foi a política, estúpidos.
Com política, Papandreou subiu a parada para níveis gerais e alarmantes de risco. Razão pela qual, ele, Papandreou, não pode perder de maneira nenhuma.
Se o referendo não se realizar, afinal, isso só poderá ter acontecido por duas razões: internamente, pelo advento de um governo de salvação nacional e o recuo dos distúrbios; externamente, pelo advento, por fim, de um plano de real resgate da Grécia (embora possivelmente injusto para toda a restante Europa).
Ganhe o «sim» ou o «não» no referendo, Papandreou terá feito a Europa mexer-se, com apenas um susto de morte ou, então, com o próprio deflagar do desastre financeiro e económico na zona euro e em toda a União Europeia.
Se o referendo acontecer, e o «sim» ao novo plano de resgate vencer, Papandreou vence mais que eleições, vence na confiança e (de novo) faz que a oposição se junte às suas fileiras e põe distúrbios «indignados» para lá da linha da marginalidade.
Com uma vitória do «não», pode Papandreou retirar-se sem lavar as mãos. Terá, de facto, tentado tudo.
Vem de onde não se esperava, mas ... querias liderança política?! Toma!
Entretanto leio uma paradigmática entrevista a um casal de ingleses Mike e Angie Pepperman na última página do Diário de Notícias: "penso que qualquer pessoa na Europa sabe o que se está a passar em Portugal, na Grécia... A verdade é que vocês estão a sofrer muito mais do que nós, no Reino Unido, mas a crise económica está a afectar toda a gente. Por causa disso é complicado ajudarmo-nos uns aos outros. Do ponto de vista do Reino Unido, estamos preocupados com a ideia de enviar dinheiro para a zona Euro, quando não temos grande vontade de o fazer." O casal é Inglês, mas podia ser alemão, belga ou francês. Como já aqui referi em tempos, A União Europeia, de quem por estes dias dependemos para respirar, foi construída a partir do telhado, à custa da propaganda dos burocratas Bruxelas, e à revelia dos seus mal-agradecidos povos. Hoje constata-se que não passou dum prodigioso wishful thinking travestido de realidade por conta do dinheiro sacado às gerações futuras.
Quem vem assistindo nas últimas décadas à controversa e sinuosa construção europeia tem que reconhecer que a súbita reivindicação, perante a crise das dívidas soberanas, de implementação imediata de mecanismos de compensação financeira federais é no mínimo ingénua. Durante a bonança "as coisas" até funcionaram. Compreende-se: a ruína é um fenómeno epidémico... e a compaixão, ao contrário, uma qualidade tão nobre quanto rara.
A União Europeia, com as suas virtudes e defeitos, construída a partir do telhado e da propaganda de Bruxelas à revelia dos seus ignaros e mal-agradecidos indígenas, não passa ainda dum prodigioso wishful thinking. Ou seja, é intrinsecamente antidemocrática. Cobrar esse fado aos seus actuais líderes parece-me no mínimo injusto. E depois, a “desilusão”, é por natureza problema que cabe aos iludidos resolver… adequando as suas expectativas à insofismável realidade. Ou então, para ser resolvido à maneira “soviética”, uma tentação que até se entende, vinda de quem vem.
Aqueles opinadores oficiosos da esquerda romântica ou "caviar", como se lhe queira chamar; com o dinossáurico Mário Soares à cabeça, que hoje reclamam o retorno da “política” ao palco da discussão europeia incorrem quanto a mim num erro grave: a descodificação do aparentemente desconexo confronto no Xadrez europeu revela um inaudito braço de ferro liderado pela chanceler alemã em ordem a pressionar urgentes ajustamentos financeiros nos países incumpridores, assunção da qual depende a sobrevivência da moeda única conforme a conhecemos. Ou seja, somos por estes dias privilegiados testemunhos dum confronto da mais alta e sofisticada po-lí-ti-ca: de um lado, a Grécia que simboliza a toleima da não concessão à “economia da realidade”; do outro, os guardiões da Europa, que arriscando ao limite a viabilidade do euro, adiam até ao último momento um salvamento in-extremis pressionando os países incumpridores. Suspeito que os apelos de Soares, Seguro e dos jornalistas regimentais se referem à reabilitação dum velho e gasto discurso a contracíclo com a realidade, mais comummente conhecido por “demagogia”. Nem mais nem menos o canto da sereia que nos trouxe a este atoleiro.
Já devíamos estar habituados à inata ingenuidade da esquerda burocrática e cortesã, que não quer, nunca quis saber da genuína natureza de qualquer “negócio”, muito menos da sua etimologia - negotium, contração do advérbio nec (não) e o substantivo otium (ócio) = trabalho. Nesse sentido entende-se o agastamento socialista, ao constatarem a falência da quimera do capitalismo populista. Como os comunistas se tornaram inconsoláveis órfãos nos anos noventa, assim ficaram os socialistas e a lunática geração de sessenta, ao fim da primeira década de dois mil com a crise das dívidas soberanas. De resto, é óbvio que “a solidariedade”, das pessoas, dos Estados, das empresas, só vem depois da riqueza. Não há, nunca houve, almoços grátis.
Políticos são cada vez mais figuras de comunicação e manipulação das massas, quer dizer, nós mesmos, pelo menos um pouco. Em quase todas as imagens do encontro destes dois, é o baixote líder francês que aparece de dedo levantado ou outra expressão de comando ou indicativa. A senhora alemã, menos hábil nestes artifícios mas mais poderosa, dispõe-se ao embuste. Toda a gente sabe quem dá as ordens na Europa, mas aqui aparece diferentemente.
A Moody`s verificou que a União Europeia pensa pedir aos tomadores de obrigações gregas que ganhem menos e ganhem a mais longo prazo, e, julgando, opiniativa mas bastante razoavelmente, que este risco grego pode vir a ser um risco português, aconselhou os seus investidores e accionistas a terem cuidado. A Moody`s é boa conselheira dos seus accionistas e investidores.
O juízo da Moody custou a Portugal credibilidade, muitos milhões que fugiram da Bolsa de Lisboa, uma alta do preço do dinheiro agora e no futuro próximo, e um prejuízo nas privatizações que o governo vai fazer; fragilizou a banca e comprometeu a nossa ida aos mercados. Os interesses da Moody`s e dos seus accionistas e investidores - que podem ainda incentivar outras agências de rating a imitá-la - são contrários aos interesses portugueses. A Moodys é, portanto, inimiga de Portugal.
A opinião, embora razoável, da Moody custou-me pessoalmente algumas centenas de euros nas minhas poupanças investidas, e há-de ter custado alguns milhões a outros investidores como eu. As opiniões da Moody`s custam-me dinheiro contado. A Moody`s é minha inimiga e dos investidores portugueses.
O alvitre da Moody`s descredibiliza a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional, e o Banco Central Europeu, aquilo a que nos habituámos a chamar troika e que nos emprestou milhares de milhões contra um programa em que aposta e crê. A Moody`s aposta contra e não crê. A Moody`s tem, portanto, ideias e objectivos contrários à UE, ao BCE e ao FMI. Ou seja, a Moody`s é inimiga do FMI, do BCE e da UE.
Estamos no domínio da alta política e em plena vivência de tempos interessantes. Um amador da política não deixará de acrescentar que as acções da Moody`s dão argumentos à esquerda. Ou seja, a Moody`s é inimiga da direita e da economia de mercado que inadvertidamente a gerou.
Mas sociedades livres (ou seja, capitalistas) encontram sempre remédio e regeneração.
Falta, agora, a política internacional e a guerra.
A parte da guerra que nos compete, é descredibilizar a Moody`s, provar que os seus conselhos não são bons: cumprir o programa da troika, cumprir mais do que o programa da troika, decrescer menos do que o previsto, reduzir o défice mais do que a meta dos 5,9%, cumprir e pagar.
A parte da guerra que compete à União Europeia (que é a mais importante) é iludir as Moody`s deste mundo com ofertas pacificadoras - como a resolução da crise das dívidas soberanas, com coragem e de uma vez por todas (Espanha, Itália e Irlanda têm o maior interesse em ir por aí). E, depois de pacificar as agências de rating, a UE tem todo o interesse em estropiá-las irremediavelmente (o que pode começar pela decisão do BCE de basear as suas decisões financeiras nos juízos dos seus aliados, e não dos seus inimigos).
Com Sócrates, íamos em procissão rumo ao desastre enquanto fingíamos que era uma festa. O optimismo era estupidez. Agora, estamos em campanha para evitar o desastre, e 80% escolheram esse barco. Portugal é um especialista das derradeiras oportunidades. O optimismo é uma arma.
Faltava-nos um inimigo perigoso para fortalecer a mobilização. Desde anteontem, já temos um.
A quimera do dinheiro fácil, patrocinado por uma magnânima federação europeia ou pela promessa dum futuro oásis económico erigido pelos nossos intrépidos netos ou bisnetos desfez-se em meia legislatura. Veja-se como nuestros hermanos agora decidiram suprimir três ligações de alta velocidade, que que desde Dezembro último ligavam diretamente Toledo, Cuenca e Albacete, por simples falta de procura.
Este como outros iminentes reajustamentos de projetos faraónicos ou falências de Estados, assim como a subsequente depressão do Dr. Mário Soares e dalguns cândidos sobreviventes do Maio de 68, não se devem às fracas lideranças europeias e muito menos a um malévolo complot da senhora Merkel. Devem-se simplesmente ao inconciliável mosaico de distintas nacionalidades europeias, e a simples questões de básica aritmética. Não entender a diferença entre solidárias federações de Estados como os da América ou da Alemanha, com a utopia dum projeto federal duma Europa, composta por irredutíveis e idiossincráticas nações com séculos de História, se não for ingenuidade é estupidez.
Da caixa de comentários:
Não tinha grandes dúvidas sobre esta intenção. Só que a mesma, até ao momento, não fora publicamente confessada pelos seus pensadores. Agora, sem qualquer pudor, o "reformado" ditador e líder líbio Muhammar al-Khadafi desencadeou uma acesa polémica em Itália depois de realizar em Roma dois encontros com meio milhar de italianas para as tentar converter ao islamismo. "O que aconteceria se um líder europeu fosse à Líbia ou a outro país islâmico e convidasse as pessoas a converterem-se ao cristianismo?", perguntava ontem o jornal ‘Il Messagero’. De acordo com a notícia assinada por F. J. Gonçalves no jornal "Correio da Manhã", a cada uma das participantes, recrutadas por um agência, foram prometidos 70 euros e um exemplar do Corão. Sara Perugini, de 19 anos, afirmou que Khadafi "foi simpático e agradável". Disse também que um par de jovens abandonou a sala considerando aquilo um disparate. Os encontros decorreram no centro cultural da Líbia, em Roma, tendo na sessão de domingo sido formalizada a adesão ao islamismo de três jovens convertidas por Khadafi num encontro idêntico realizado em 2009.
"Entre nós as mulheres são mais respeitadas que no Ocidente", defendeu Khadafi, adiantando ainda que o Islão "deve tornar-se a religião de toda a Europa".
A Imprensa acusou o primeiro-ministro Berlusconi de sacrificar os princípios e a dignidade do país em nome dos negócios. "O interesse nacional não justifica que alguém aceite ser anfitrião de tais palhaçadas e actos grotescos", lê-se no editorial do ‘La Stampa’. Gianfranco Fini, ex-aliado de Berlusconi, afirmou, por seu lado, que "a Itália é a Disneylândia de Khadafi".
Mas na Europa a resistência parece começar a surgir. Os opositores da crescente islamização do "Velho Continente" unem-se à volta de Geert Wilders, Presidente do Partido da Liberdade da Holanda. Este, em recente comício em Nova Iorque, afirmou: "All throughout Europe a new reality is rising: entire Muslim neighborhoods where very few indigenous people reside or are even seen. And if they are, they might regret it. This goes for the police as well. It's the world of head scarves, where women walk around in figureless tents, with baby strollers and a group of children. Their husbands, or slaveholders if you prefer, walk three steps ahead. With mosques on many street corners. The shops have signs you and I cannot read. You will be hard-pressed to find any economic activity. These are Muslim ghettos controlled by religious fanatics. These are Muslim neighborhoods, and they are mushrooming in every city across Europe . These are the building-blocks for territorial control of increasingly larger portions of Europe , street by street, neighborhood by neighborhood, city by city." Tudo isto enquanto nos Estados Unidos a polémica continua e aumenta de tom à medida em que o processo de construção de uma mesquita em terrenos próximos do WTC parece ir ser efectivamente aprovado... Difíceis e perigosos tempos estes que correm em que tudo está verdadeiramente em causa...
Tenho lido textos sobre a queda do Muro de Berlim, cujo 20º aniversário se comemora na próxima semana, mas sempre com desilusão. Os autores sublinham o passado comunista, a guerra fria, a reunificação alemã, em certos casos referem a nova Europa resultante, mas poucos escrevem sobre o que realmente aconteceu nestes 20 anos, sobretudo na Europa de Leste.
O pós-comunismo nunca foi verdadeiramente discutido em Portugal e muitos autores têm uma visão distorcida do que aconteceu no antigo bloco socialista.
Os regimes pós-comunistas implicaram a sobrevivência dos antigos partidos únicos. A reunificação de Berlim, aliás, e a consequente reunificação alemã fazem parte de um processo mais vasto (a reunificação europeia) que ainda decorre. Só na Alemanha o partido resultante do antigo regime não esteve no poder.
Os partidos únicos modificados e ditos socialistas foram até aceites no ocidente como respeitáveis (estão na Internacional socialista) mas eram sobretudo corruptos e dominavam estruturas policiais que não foram inteiramente desmanteladas. Na realidade, a elite do antigo regime prosperou no novo. Os comunistas e suas famílias transformaram-se em empresários de sucesso, controlaram os media e a política durante vinte anos de transição.
Os antigos comunistas enriqueceram e compraram baratas as melhores casas, que os seus pais tinham habitado. Muitos tornaram-se especuladores e compraram fábricas por um euro, revendidas a concorrentes ocidentais que as fecharam. O jornalismo independente foi perseguido e os que tinham lutado contra o regime anterior perderam os seus empregos ou foram caluniados. Foi tudo muito menos glorioso do que se tem escrito.
Também considero que esta fase está a chegar ao fim: os pós-comunistas vão ser afastados do poder por uma nova geração de eleitores. Por incrível que pareça, os políticos europeus e meios de informação ocidentais resistem a esta evolução. O processo é mais visível na Polónia, será em breve visível na Hungria e na República Checa. O pós-comunismo, que já dura há vinte anos, chega finalmente ao fim. E ninguém tem escrito sobre esta verdadeira e definitiva queda do muro.
Apesar do referendo irlandês não passar de uma palhaçada patética, penso ser uma excelente notícia a ratificação pela Irlanda do Tratado de Lisboa (que parece iminente).
Em Portugal, sobre este tema, julgo haver pouca opinião desapaixonada. Na realidade, o Tratado acelera o processo de integração e cria condições favoráveis para a União Europeia funcionar em momentos de crise.
O novo Tratado altera o equilíbrio institucional e aproxima o processo de decisões dos cidadãos, simplificando regras bizantinas. Ao dar mais poder à Alemanha e ao limitar as possibilidades de bloqueio por uma coligação de pequenos, o documento permitirá que se desenvolvam novas políticas comuns. O mecanismo melhorado das cooperações reforçadas viabiliza as áreas da defesa e segurança, ao mesmo tempo que a possibilidade de expulsão assegura o bom comportamento de todos os membros.
A qualidade da presidência fixa dependerá da primeira escolha para o cargo e o parlamento terá novos poderes, mas a arquitectura política da UE fica nítida e torna-se mais eficaz.
Falta remover alguns obstáculos para a entrada em vigor do tratado, mas julgo que a UE (tal como a conhecemos) evitou a sua fragmentação em círculos concêntricos. Sem este Tratado, alguns países iriam avançar com uma UE de patamar mais elevado e Portugal corria o risco de ficar fora deste núcleo.
No futuro, o grande desafio será tornar a organização mais transparente e democrática, para que as pessoas votem em eleições europeias e possa realizar-se um referendo europeu.
Outro desafio para as potências será o de dar verdadeiros poderes à UE, permitindo um orçamento mais robusto.
Os irlandeses estão a votar no segundo referendo sobre o Tratado de Lisboa e, segundo dizem as sondagens, deverão aprovar o documento. No entanto, o simulacro democrático é demasiado eloquente sobre o actual estado de impotência europeia. Repetir a consulta até os irlandeses responderem o que se pretende é uma humilhação para os eleitores.
Fui contra o referendo europeu em Portugal para evitar que nos passassem um atestado de incompetência como aquele que está a ratificar o povo irlandês. Ainda bem que não votámos, ou corríamos o risco de rejeitar o tratado e depois íamos votar outra vez até acertarmos na resposta.
Há também a possibilidade dos irlandeses rejeitarem o tratado, mas penso que não se coloca a situação de decidirem por nós. Não se percebe bem o que acontece nesta circunstância, mas provavelmente existe um esquema de empurrar a Irlanda para um segundo (e menor) patamar de integração. Seria uma espécie de purgatório semelhante ao que alguns querem desenvolver para a Turquia, que cumpre todos os critérios de adesão mas que não entra no clube até que exista formalmente este segundo nível.
Às vezes, apetece dizer sobre a UE o mesmo que Gandhi disse quando lhe perguntaram o que achava da Civilização Ocidental: "Acho que seria uma boa ideia".
Deixo uma reflexão: a única solução para o défice democrático será a realização de um referendo a nível europeu para os futuros tratados da UE.
Naturalmente, Durão Barroso recebeu o apoio unânime dos 27 países membros da UE para se manter à frente da Comissão Europeia. Boa notícia para Portugal, como acentuou José Sócrates. Má notícia para Mário Soares. E Vital Moreira.
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