Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Estudo de opinião efetuado pela Eurosondagem, S.A. para o Expresso, SIC e Rádio Renascença, de 06 a 12 de Outubro de 2010 publicado aqui.
Aos irmãos do lado "dji lá" não falta imaginação. Confira aqui quem são os candidatos a deputados federais em 2010.
... desculpar a ruína dum politico pela sua inocência e lisura é o mesmo que justificar a derrota dum boxeur por ser pacifista.
O resultado histórico obtido pelo CDS PP, unido em torno de uma liderança determinada e duma mensagem politica assertiva e clara, não chega para me pôr eufórico: nos próximos anos o novo parlamento eleito exibirá uma grossa maioria de esquerda que inclui uma significativa facção extremista, disruptiva, própria de democracias imaturas. Insisto na ideia de que uma direita débil é o primeiro sinal de um país pobre, estagnado e deprimido. Características que suspeito se acentuarão nos próximos tempos, por mais injecções de capital que se processem nas obras públicas e na providência social. Esta perspectiva e o bem que quero aos meus filhos e ao meu país desfaz qualquer vontade que eu tivesse de sorrir.
Às duas da tarde na minha mesa de voto, no Liceu de S. João no Estoril, já tinham colocado a cruzinha no boletim trezentas em novecentas pessoas inscritas: era isso que indicavam os números a giz na ardósia da sala de aula.
Espero que o grosso dos eleitores surjam durante a tarde, pois os caminhos difíceis que se perspectivam a este depauperado país exigem um massivo sufrágio.
Participar é preciso, ou então depois não nos podemos queixar.
Neste dia de reflexão eleitoral, acordei com uma irresistível vontade de comentar as campanhas e fazer balanços sobre as prestações dos partidos, como aqueles que se publicam no Diário de Notícias. Não sei se é do ócio, se é do tempo, mas hoje sinto-me muito isento e particularmente inspirado. Decididamente o fruto proibido é o mais apetecido!
Se por asfixia democrática se pretendeu significar, durante toda esta campanha, que vivemos numa democracia asfixiada (ou asfixiante) - e a ser assim proponho elevar a expressão a um case study semântico -, no Domingo teremos a oportunidade de constatar se essa mil vezes repetida expressão - que foi todo um programa - foi acolhida, apreendida e aceite pelo eleitorado como válida e verdadeira. Ganhe quem ganhar, à esquerda ou à direita (com preferência para esta última, claro!), uma coisa é certa: a eleição resultará de um fôlego democrático. A democracia volta a respirar fundo. No Domingo, atrás do biombo, com o segredo do voto absolutamente garantido, ninguém se poderá sentir condicionado, ou melhor, asfixiado, e votará de forma totalmente livre. Previsivelmente não existirá nenhuma maioria de um só partido o que, provável, mas não obrigatoriamente, levará à existência de entendimentos pós-eleitorais. De qualquer modo, só espero que depois do fôlego democrático de 27 de Setembro, não venhamos a ter, por pura irresponsabilidade política e reles calculismo partidário, uma democracia folgada.
No entrecruzar de duas importantes eleições nacionais, o essencial da discussão vai submergindo à progressiva gritaria e às mais desconchavadas manobras de distracção e propaganda partidárias. Estão em jogo muitos e mesquinhos interesses dos respectivos aparelhos e assim sendo os fins justificam todos os meios.
Enquanto isso o País, com mais de dois milhões de pobres e quinhentos mil desempregados caminha alegremente para o abismo: adivinha-se que qualquer solução de governo que saia das próximas legislativas ao fim de uns meses estará sobre brasas, debaixo do fogo das oposições, do mal estar social, da artilharia pesada dos sindicatos e corporações. Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão.
Com a nossa economia fortemente estatizada e dirigida, a “crise financeira” em Portugal foi atenuada e serviu de tábua de salvação dum governo autoritário, sem soluções ou resultados. O facto é que a verdadeira crise portuguesa é estrutural, e para não perder popularidade nenhum partido a promete enfrentar: por agora o estado de coisas e a paz social só são possíveis com um enorme endividamento, uma pesada carga fiscal e um alto deficit orçamental. Tudo isto incomportável a curto prazo.
Se adicionarmos a este caldo a previsão da OCDE de que não iremos crescer mais do que 1,5% ao ano no próximo decénio, uma cifra que não dá para baixar o desemprego, talvez entendamos como se torna urgente uma profunda mudança de paradigmas na gestão da coisa pública. Só nos falta bater no fundo, porventura condição necessária para uma profunda mudança de mentalidades e politicas. Isto sim deveria ser o tema do debate. Para que não haja surpresas.
Não sei se já repararam num anúncio que passa na televisão (não sei se é da Comissão Nacional de Eleições ou do Instituto da Juventude) em que um jovem ciclista de aparelho nos dentes e sorriso imbecil é interpelado por uma miúda estática recostada num muro: “que grande passeio, hem!” e começam a dialogar com "o além" sobre as eleições e respectivas burocracias... A coisa é má de mais: com tamanha palermice até conseguem convencer os poucos jovens “conscientes cidadãos” que votar é uma caretice, coisa de totós.
Uma coisa eu admiro no Paulo Portas: o seu entusiasmo e determinação. Há pouco, na zona mista das entrevistas curtas depois do recontro, enquanto a Manuela ferreira Leite despacha os jornalistas, Paulo Portas aproveita uma deixa e faz um mini comício. Um autentico predador da política.
A história das pressões a Relvas é tão verosímil como a história do convite a Joana Amaral Dias. A pressão existiu e o convite foi feito.
Dito isto, a sensação que fica é a de que, em outras ocasiões, terão existido pressões que terão sido acatadas. E que desta vez, sabe-se lá porquê, não deu jeito calar e comer (ou melhor, deu mais jeito denunciar, talvez porque a vitória eleitoral do PS soe cada vez mais improvável).
Não conheço Relvas (nem Bleck). Porventura estarei a ser injusto e a levantar falsas suspeitas. Admito. Se assim for, desculpas antecipadas. Em qualquer caso, esta é mais uma bomba a rebentar no terreno minado em que se tornou esta competição eleitoral.
A teoria económica da democracia (Downs, 1957) pressupõe que existem custos relacionados com a aquisição e análise de informação política, medidos em tempo, energia e oportunidade e que os eleitores (votantes) racionais pagarão tais custos apenas na medida em que tal informação implique um retorno. Acontece que, em sociedades grandes, o voto de uma pessoa perde-se num mar de votos e, por isso, os benefícios instrumentais de um voto esclarecido são ínfimos.
Duas razões essenciais, diria, concorrem para que as escolhas eleitorais 100% racionais devam ser perto do zero: uma primeira porque é física e materialmente impossível (em sociedades grandes) adquirir e analisar a totalidade da informação política produzida em determinada campanha eleitoral e votar apenas de acordo com essa informação (para não falar no número imensamente reduzido de indivíduos capazes de compreender o pleno das propostas constantes dos programas eleitorais, crescentemente complexos e em áreas tão díspares – da Bioética ao Nuclear, passando pelo Urbanismo, Ensino, Obras Públicas, Habitação, Ambiente, Finanças, Política Externa, etc…).
Em segundo lugar porque essa informação não se fica pelos programas eleitorais, intervenções partidárias, debates, artigos de opinião e discursos integrais dos candidatos e dos seus porta-vozes (mesmo admitindo a muito remota possibilidade de que um individuo isolado tenha a capacidade de adquirir essa informação). Essa informação é mediada pelos media, intermediada pelos órgãos de comunicação social, seleccionada, editada, comprimida e relatada pelos editores dos diversos órgãos de comunicação social e jornalistas, e analisada e desconstruída com maior ou menor seriedade, isenção e idoneidade pela bateria de analistas, comentadores e outros que se dedicam ao exercício da opinião no espaço público.
Esta mediação é tão ou mais relevante quanto a informação a que o público em geral tem acesso é aquela que, justamente, lhe é feita chegar pelos meios de comunicação social de massas: na difusão e selecção de notícias, os editores, os redactores e os difusores (de forma destacada a televisão) desempenham um papel importante na moldagem da realidade política. Os leitores, espectadores e ouvintes tomam conhecimento não apenas sobre determinado assunto, mas também que importância lhe atribuir devido à quantidade de informação numa reportagem e a sua posição. Ao transmitirem aquilo que os candidatos dizem no decorrer de uma campanha, os meios de comunicação social de massas podem muito bem determinar a importância dos assuntos – isto é, os media podem estabelecer a agenda da campanha (McCombs e Shaw, 1972).
O desafio que cabe aos políticos, sobretudo em campanha, é vencer estas duas resistências complicadas: em primeiro lugar, reduzir os custos individuais inerentes à recolha e pesquisa de informação: em segundo lugar, fazê-lo da forma mais directa, no sentido de que a “definição da agenda” possa, o mais possível, ser feita pelos próprios e não pela comunicação social.
Por cá, também já perceberam que as televisões são instrumentais.
A lógica das televisões, com a dupla dimensão editorial e comercial, é diversa da dos partidos; os tempos mediático e político são diferentes e, até, concorrenciais. Muitos autores (norte-americanos, sobretudo, mas também alguns europeus – portugueses poucos – e brasileiros) têm dedicado bastante atenção à influência que a televisão tem na mobilização política do eleitorado e na determinação do voto.
PS e PSD são quem mais tem a perder com debates e frente-a-frente. Sócrates e Ferreira Leite não têm medo de debater e se calhar vontade não lhes falta. Mas como poupar custos de informação ao eleitor já não está no ADN dos partidos de hoje, sobra a utilização instrumental das televisões enquanto estratégia eleitoral.
E se o balancete e a contabilidade não estiverem ainda feitos do lado do PS e do PSD, bem podem as televisões ir esperando.
Por estranho que pareça eu concordo com a afirmação de Luís Fazenda no seu cartaz de propaganda eleitoral de que “Lisboa não é negócio”. De facto, com um mercado de arrendamento e imobiliário completamente disfuncional e “estatizado”, Lisboa é um péssimo negócio. É isso que comprova um passeio atento pelo centro da cidade: o espectáculo revela-nos um cenário desolador, de desertificação, ruína e desleixo. E é quase sempre deprimente entrar num prédio habitacional que ainda tenha inquilinos: mesmo que a fachada esteja razoável, as escadas e patamares são escuras e sujas, a porta da rua mal se fecha e a segurança é precária. Um mau negócio, portanto.
O cartaz deste candidato à Câmara Municipal de Lisboa revela muito mais do que parece sobre a matriz comunista do do bloco de esquerda, ao relacionar o termo negócio a algo perverso e maligno. Assim se acicatam os sentimentos mais básicos, como a inveja e de quem tem para com quem não tem. Etimologicamente a palavra "negócio" deriva do latim neg-otiu; negação do ócio (latim otiu), enfim falamos de trabalho, um valor inestético à esquerda mas que constitui a única redenção possível de qualquer nação. Por bons negócios almejamos todos e oxalá Lisboa fosse um bom negócio...
Publicado também aqui
Li este texto de Nuno Ramos de Almeida, em Cinco Dias, com surpresa. Se percebi, é a defesa de uma acção revolucionária para travar na rua um perigo que o autor julga existir.
As europeias foram o somatório de 27 eleições democráticas e a extrema-direita elegeu três dezenas de deputados (não chega a 5% do total). Mesmo que se constitua em grupo, este bloco será irrelevante. Os partidos de protesto são coloridos, uns ultra-liberais, outros de extrema-esquerda, muitos democráticos. O grupo que mais cresceu foi o dos ecologistas (de esquerda, como é evidente).
Os comunistas sofreram uma derrota na UE, mas isso tem a ver com o fim do pós-comunismo no leste da Europa. Basta olhar para a Polónia (país que antecipa tendências regionais) para perceber que desapareceu a “esquerda”, na realidade as forças mais reaccionárias nesta zona. De resto, os comunistas estão em declínio em todos os países ou juntaram-se a sindicalistas, como aconteceu na Alemanha.
A comparação com os anos 30 e a ascensão do fascismo não sustenta vinte segundos de análise. Nos 27 países ganham partidos burgueses, com a direita a vencer na maioria. O autor não menciona este facto. Os democratas-cristãos, socialistas, liberais e verdes controlam três quartos do parlamento europeu. O outro quarto vai para franjas onde se incluem forças perfeitamente civilizadas.
No ano passado, alguns autores da blogosfera viram nos tumultos da Grécia o início de uma revolução anti-capitalista mundial. Na altura, estranhei um dos textos de Nuno Ramos de Almeida e tentei entrar em polémica, mas o autor desvalorizou a minha crítica. A realidade deu-me razão: o partido que apoiou os tumultos gregos teve 4% dos votos, menos de metade daquilo que costuma ter. Chama-se a isto voto de protesto.
Já aqui me pronunciei sobre a posição de Manuel Alegre relativamente às legislativas. Tenho lido em vários blogues que esta posição se deveu a motivos de ordem táctica, a pensar nas presidenciais. Não subscrevo esta tese. Desde logo, as presidenciais ainda vêm longe: existem três actos eleitorais de permeio que podem ditar um novo ciclo político. E falta saber se Cavaco Silva pretende recandidatar-se. Quem privilegiar a táctica sobre a estratégia, a tão longo prazo, está condenado ao fracasso.
Falemos, por agora, de legislativas. Ao recusar integrar as listas eleitorais do PS para a Assembleia da República Manuel Alegre torna ainda mais longínquo o cenário de uma nova maioria absoluta socialista. Quem votar no partido do Governo, não vota nele - pelo elementar motivo de que ele não está lá. Sem Alegre, Sócrates apresentará em Outubro um elenco de candidatos menos representativo da pluralidade das esquerdas de que o PS se reclama. Ausente, o poeta dá uma caução moral aos habituais eleitores socialistas que estão profundamente descontentes com o desempenho do Executivo e ponderam seriamente outras opções de voto.
Sócrates precisa muito mais de Alegre do que Alegre precisa de Sócrates. Não só nas legislativas: também nas presidenciais. Sem Alegre, que nome o actual líder do PS poderá propor aos portugueses como candidato a Belém?
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Onde está Pad é obviamente Psd.
E isto porquê? Porque o Pad teima em não falar abe...
Se o PSD ganhar as eleições com maioria relativa, ...
Se o PSD ganhar as eleições com maioria relativa, ...
Quem quiser colocar em causa o sistema dito libera...