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O que têm em comum dois daqueles que para mim são dos melhores clássicos da pop “The Lamb Lies Down on Broadway” dos Genesis de 1975 e “OK Computer” dos Radiohead de 1997? Para lá dos diferentes contextos e épocas em que foram produzidos e de serem ambos álbuns duplos com mais de uma hora de boa música, tem em comum uma extraordinária densidade e diversidade melódica, um constante confronto entre a rebeldia e a ternura, a revolta com a mansidão, o épico com o ligeiro. Discos que eu levaria de certeza para a tal ilha deserta, e que irei sempre ouvir como se fossem novos.
À medida que me vou lembrando de temas e discos para esta série que iniciei há algum tempo no Corta-fitas, mais admiração me causa a espantosa a quantidade de música a que nos podemos afeiçoar ao longo de numa vida: desde sempre que a oiço com intensidade como se dum alimento se tratasse, particularmente na adolescência em que dedicava a essa actividade a maior parte da minha preguiça. Desde os discos do meu pai, aos da casa da minha avó, à telefonia que me acompanhou a vida toda, passando pela música revelada por tantos “compagnons de route” em tão distintas fases e circunstâncias, sinto como se uma autêntica banda sonora tenha protagonizado toda a minha existência.
No início fui tentado ao desafio, porventura demasiado exaustivo, de enumerar as “músicas da minha vida”, em vez dos “discos” a que tivesse devotado um estatuto de culto. Ao enveredar pela segunda escolha, ficaram de fora muitos e marcantes temas que, ou porque nunca adquiri o disco, ou porque “por si” não chegaram para eu distinguir o respectivo LP. Só isso é que justifica a ausência, por exemplo, de muitos autores portugueses, nomeadamente de intervenção. Foi claramente a música popular anglo-saxónica o estilo que mais me marcou: não sei como teria sido a minha vida sem a efémera e redentora música pop.
Mas foi a música "erudita" aquela que, pelas mãos do meu pai, primeiro entrou nesta história: a tarefa de eleger muitos desses “discos da minha vida” que lhe pertenciam, tem se revelado quase impossível, dado eu não possuir referências suficientes para os encontrar na Internet, e parecer-me desonesto classificar dessa forma as versões que adquiri na idade adulta.
Naturalmente nem sempre o contacto que tive com a obra coincidiu com a sua data de edição: muitos dos discos aqui apresentados conheci-os bastante tempo depois. Isso aconteceu por exemplo os álbuns dos Beatles e com parte da discografia dos Pink-floyd e dos Genesis gabrielianos. De resto, seria uma simplista conclusão deduzir qualquer “evolução” dos meus critérios com o avançar da idade: isso só em parte é verdade (hoje alguns desses álbuns representam só são simpáticas recordações), eu nunca fui muito em modas, sofri diferentes influências e consumi grande variedade de estilos: desfruto com igual gosto um tema orquestral de Mantovani, uma fuga de Bach ou uns delírios eléctricos de Robert Fripp, dependendo do estado de espírito.
Hoje, é certo, acompanho com dificuldade a música nova; mas em contrapartida, nos cada vez mais raros momentos de retiro, navego e redescubro a música antiga com enorme deleite. De qualquer maneira os “discos da minha vida” são muitos, estarão aqui no Corta-fitas para durar.
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