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Estou convencido que o orçamento de Estado aprovado ontem, provavelmente o maior assalto fiscal perpetrado contra as nossas comunidades, foi pouco mais ou menos aquele que era possível tendo em conta o acordo e as premências estabelecidas para o resgate financeiro negociado com a Troika por José Sócrates.
Mas o que ressalta para mim de mais grave nisto tudo é o irremediável descrédito alcançado por uma promissora geração de jovens políticos. O que foi aprovado ontem não foi só um orçamento inqualificável que reforça de forma sufocante o peso dum Estado mastodôntico: ontem foi ateada uma enorme e incontrolável fogueira em que arde o que restava da reputação dos políticos e das esperanças dos portugueses. Justificações haverá muitas certamente, não há é perdão. Quem disse que a vida era justa?
Em 2011 estávamos neste ponto
Como é óbvio a insustentável situação financeira a que chegámos não é culpa de Angela Merkel. E apesar dos Socialistas serem muito sensíveis ao tema da “culpa” - do ponto de vista psicológico e não da ética, como é bom de ver – é lamentável a despudorada atitude persecutória e xenófoba que não se eximem de exibir quanto aos alemães. Não vale tudo para cavalgar o natural descontentamento popular nestes inevitaveis tempos de penúria, e é verdadeiramente deplorável o jogo perigoso que alguns socialistas insistem praticar: não tenho dúvidas que de hoje para amanhã, mais cedo do que julgam, ver-se-ão eles na contingência de desarmar a bomba relógio que agora se entretêm a armadilhar. Não vale tudo, "terra queimada", não.
"É necessário que ao nível do comentário económico e político haja serenidade e acima de tudo rigor. Oitenta por cento do que é dito não tem rigor e só serve para criar ansiedade nas pessoas e criar-lhes falsas esperanças. Aqui, deixe-me fazer um apelo mas a comunicação social tem que contribuir para isso. Eu percebo que anima mais amplificar comentários desagradáveis, o debate sereno se calhar ve
Desde a morte de Sá Carneiro que se provou e tornou a provar que um primeiro-ministro que não aparecesse ao público como o inequívoco responsável pela vitória da maioria não conseguia, por mais que se esforçasse, adquirir a autoridade para governar o seu partido, o Estado e o país. A fraqueza original de Balsemão e Santana Lopes veio daí. Mas ninguém se lembra. E não se lembrará até ao dia em que o cidadão anónimo fizer ao "salvador" que se prepara esta pergunta simples: "Quem é que o elegeu?" Perante o espectáculo vergonhoso do nosso melancólico mandarinato, resta uma única conclusão: a crise chegou à República.
Vasco Pulido Valente hoje no Público
Anda por aí a medrar uma perigosa tese de que as manifestações de Sábado, pela sua eloquência, obrigam à demissão do governo. Acontece que, segundo as regras constitucionais, a avaliação da prestação do governo (de qualquer um, mesmo que não seja de esquerda) é feita nas urnas por voto secreto e universal, de preferência no final da legislatura. Num país civilizado poder é instituído pelo voto, não é imposto ou destituído pela rua.
Se as regras mudaram, (eu não dei por nada), então os restantes nove milhões de cidadãos são chamados desde já a virem reclamar de sua justiça. Uma "conversa" incendiária, absolutamente lamentável, não vos parece?
Qual o papel de Cavaco Silva? Ouvir o povo? Estar Calado? Fazer consultoria financeira ao governo Passos Coelho? Provocar uma crise política? Nunca como nesta amargurada hora que o País vive foi tão evidente a patética posição em que se vê colocado o nosso semi-presiedente, uma instituição definitivamente equivoca e inútil.
Sabemos bem que se no seu lugar lá estivesse o Jorge Sampaio, umas lágrimas canhotas solenemente derramadas nas televisões acalmariam os agentes políticos e comentadores regimentais pelo menos até ao Natal.
Quase todos os dias nos carros da minha rua, uma nova e insistente remessa de panfletos é colocada mos limpa pára-brisas anunciando a vontade de comprar o meu, e já agora também o ouro e as pratas. Então, como que por instinto, dirijo os olhos para o ar à procura dos abutres que pela calada rondam os nossos haveres.
Essa teoria de que "há uma geração injustiçada pela falta de expectativas de melhoria de vida em relação à antecessora" constitui uma terrível falácia politicamente instrumental. Em primeiro lugar, pela simples razão de que “uma geração” não é uma entidade corpórea, não tem sentimentos, mérito ou expectativa; em segundo lugar porque não consta que ela se tenha reunido num café para emitir um manifesto. O que existe são indivíduos, pessoas, com sentimentos, formação, capacidades, ambições próprias. Por isso é expectável que muitos delas prosperem em relação aos seus pais... se nós lhes dermos esssa liberdade.
Ou seja, mais importante do que constatar que a dinâmica económica global pressiona um determinado ajustamento percentual no preço do trabalho, é saber se os indivíduos que entram no mercado têm espaço e dependem do seu próprio mérito para alcançarem as suas ambições e objectivos. Ou seja, pelo facto de se vislumbrar um “empobrecimento” em termos genéricos, é mais do que nunca dever dos governantes proporcionar às gerações emergentes um mercado de trabalho em que todos e a cada um acedam com iguais direitos e deveres, e por exclusiva força do seu mérito. Isso exige uma economia independente "cunhas" de “mercês” do Estado e liberta dum sindicalismo arcaico que se limita a defender os privilégios de duas gerações agarradas aos seus "direitos". A implosão do socialismo - que tão encaixa bem na velha tradição nacional anti-liberal, proteccionista, centralista - uma nova constituição... uma quase utópica revolução cultural.
Enquanto o primeiro ministro grego reivindica "mais ar" para respirar (leia-se mais tempo, menos juros) o malvado socialista François Hollande pressiona o país a prosseguir a via das reformas, e avisa que a permanência da Grécia no euro depende do esforço dos gregos.
Do blogue Público
A coisa era de esperar: a virulenta ascensão de Passos Coelho, Relvas e companhia no PSD semeou, dentro e fora do partido, um rastilho de inflamado ressentimento que refulge com mais vigor com cada abalo na governação. Nesse sentido ontem o programa Quadratura do Círculo na SIC notícias produziu um deprimente espectáculo demagogia fácil, sem contraditório digno desse nome – estranho até o indolente e embaraçado discurso de António Lobo Xavier. António Costa espraia-se nas suas sete quintas. Dêem-lhe já o leme da coisa e a retoma fica garantida.
O estado da Nação é muito mau simplesmente porque há pouco mais de um ano, numa situação de emergência o PS com a anuência do PSD e CDS penhorou a nossa soberania para que os euros não deixassem de circular pelas nossas carteiras. Hoje, o pior é que para descambarem muito mais, as coisas dependem pouco nós. Todas as considerações que menosprezem estes factos pecam por um profundo irrealismo e irresponsabilidade. O caminho que nos está reservado é demasiado estreito para que não soem patéticas as efabulações socialistas (de quem herdámos este pesadelo), sobre caminhos alternativos, crescimento económico e reivindicações aos credores. Mas entende-se; trata-se duma narrativa que convém a todos os players, a bem duma ilusão de alternância... democrática.
Era fácil adivinhar desde o início que o caminho deste governo era não só muito estreito mas armadilhado, que a erosão da sua imagem seria rápida, e o ruído de fundo atingiria um volume ensurdecedor numa questão de meses. Simplesmente porque o nosso resgate passa por uma desgraçada desvalorização do preço do trabalho e de um severo corte na despesa pública com os consequentes síndromes de abstinência, fenómeno que entre os socialistas dá lugar a autênticos delirium tremens.
Se somarmos a isto o crescente descrédito popular na classe política, o desconforto dos lóbis, das corporações e outros interesses instalados subitamente ameaçados pelas incontornáveis reformas que tardam sair dos gabinetes, percebe-se que na melhor das hipóteses a barulheira em breve aumentará exponencialmente.
É aqui que surge o ministro Relvas, uma caricatura das elites e das máfias que dominam há muitos anos a irreformável III república. Acontece que ironicamente o personagem ao concentrar em si toda maledicência popular e guerrilha mediática, tornou-se essencial à coligação, poupando os ministérios e gabinetes no seu inglório trabalho de manter o desgraçado País à tona da água. Certo é que com o seu líder José Sócrates nesse papel de bombo da festa o governo socialista resistiu muitos anos. A diferença é que então o homem conseguia sacar muitos milhões para deitar na fervura.
Macário Correia garante só ter pedido a reforma "por ter sido alertado por outros colegas para o facto de estar a perder regalias".
O veto do Tribunal Constitucional ao corte dos subsídios de férias e de Natal é antes de mais um pontapé na estratégia do "bom comportamento" que o governo português pretendia começar a cobrar aos credores que nos sustentam. A posição dos juízes, baseada numa alegada violação do “princípio da igualdade” na aplicação das medidas apenas para o sector Estado, esquece que esse permanece ainda hoje um sector privilegiado, de emprego vitalício, vencimento certo e historicamente protegido das agruras do mercado (sinónimo de "realidade" enquanto a riqueza não brotar das pedras da calçada).
Certo é que este veto dos juízes, que tresanda a corporativismo, vai simplesmente obrigar o ministro Gaspar em 2013 a ir buscar os dois mil milhões de euros a outro lado qualquer… ou seja, democraticamente a todos os portugueses, incluindo aqueles poucos que no sector privado se esmifram a lutar pelos seus postos de trabalho, por mais um dia ou por mais um mês.
A alternativa é um assomo de coragem por parte do governo para uma arrojada renegociação das PPP e implementação das reformas necessárias a uma redução sustentada da despesa pública, do desperdício e abusos nas empresas do Estado. Questão mais tarde ou mais cedo inevitável tanto mais que a economia está a estoirar e são cada vez menos os contribuintes nacionais com capacidade para sustentar "o monstro".
António José Seguro que nos explique a política de crescimento de Holland que afinal irá cortar cerca de 33 mil milhões de euros até 2013 para conseguir reduzir o défice.
Será que a malfadada Agela Merkel, personificação do mal, líder duma conhecida tribo de bárbaros, que nos últimos anos com requintada perversidade e responsável pela destruição do sonho europeu da moeda única, afinal vai obrigar os seus eleitores contribuintes a desembolsar o grosso duma factura de cerca de setecentos mil milhões de euros para compra de dívida pública de Espanha e Itália directa no mercado?
É um discurso vulgarizado aquele que dá hoje à pena o jornalista André Macedo, pessoa de responsabilidade, director do jornal online Dinheiro Vivo num comentário ao Diário de Notícias: Se vencer a Nova Democracia será mais do mesmo - um horror para os gregos, uma pesadelo para os outros europeus - embora a Zona Euro ganhe tempo para tentar aquilo que ninguém discutiu até hoje: uma Europa federal, integrada, com um parlamento representativo e fiscalizador de (hélas!), um Governo supranacional. Já sei: seria um espécie de casamento forçado, um casamento de caçadeira. E então?
E então? Hipotecar formalmente um pouco mais da soberania Nacional por um prato de lentilhas e uma caçadeira encostada à nuca é o preço da saída da crise? Além de claramente definidos os limites dessa "união política", a colocar-se, ela terá imperetrivelmente de ser sufragada. Caso contrário será mais um passo firme para adensar a salganhada que constitui esta desgraçada Europa desenhada à revelia dos povos nos gabinetes de Bruxelas por sociólogos, ex-hippies, trotskistas e comunistas arrependidos. Chamem-me lírico ou idealista, mas pela parte que me toca não aceito a hipoteca de nem mais um milímetro da minha Nação, uma extraordinária invenção que nem oitocentos anos de História conseguiram implodir.
Declaração de interesses: sou dos que terei mais dificuldade a sobreviver à queda do euro - não possuo heranças, bens imóveis nem contas off-shore. Na minha casa, governa-se uma família de seis almas, um dia de cada vez, sem “ordenados” ou “empregos”, apenas à custa muita tenacidade a angariar trabalho para uma micro empresa sobrevivente a uma permanente extorsão fiscal.
Vinda a "antecipação" de quem vem, preparemo-nos para que aconteça justamente contrário. Constâncio e antecipações não se dão nada bem.
São indisfarçáveis os arrepios de excitação dos cúmplices ou protagonistas da desgovernação das últimas décadas com manchetes tipo “o regresso dos indignados”. No caso é à Puerta del Sol em Madrid, mas poderiam referir-se às dezenas de campistas no Parque Eduardo VII ou a um qualquer grupelho de alienados na Praça Luís de Camões. O “cheiro a sangue” provoca uma reacção pavloviana no jornalismo tuga. Talvez seja afinal o caos a ignição da tão proclamada “Agenda do Crescimento”... nos primeiros tempos até ajuda a vender jornais.
A montante de tudo isto está o enorme equívoco que constitui para a Democracia, a proverbial insubordinação do regime à “realidade”. Como referia o historiador Rui Ramos Sábado na sua coluna do expresso (nutro infinitamente mais apreço por um analista político que consagre a sua vida à investigação da História) “a democracia não é só vontade e representação, esta não pode ser a negação da realidade”, uma perspectiva que fatalmente constitui a sua própria condenação. Acontece que "os cidadãos ocidentais foram educados na crença de que a realidade é uma construção ideológica, e que portanto, pelo singelo expediente de "fazerem ouvir a sua voz" está aos seu alcance tornar as coisas e as pessoas no que mais lhes convém." De facto, "os políticos" teimam vender promessas impossíveis para vencer eleições e foi essa lunática estratégia mais o crédito barato que nos trouxe à falência. Uma estratégia que descredibilizou o regime e hoje coloca em risco a nossa liberdade, à mercê de qualquer grupelho marginal mais aguerrido ou violento.
De facto acabou o dinheiro fácil, o emprego por decreto e o capitalismo popular que manteve as hostes expectantes ou acomodadas. Acabaram-se as certezas e é muito provável que esta ficção chamada Europa se desmorone mais cedo do que possamos imaginar. O colapso da moeda única encarregar-se-á disso.
Em vez de se atirar gasolina para o fogo, por estes dias deveríamos apelar aos valores mais perenes, assumindo-se reforçada a responsabilidade de defender o que se possa ainda salvar: a liberdade. Hoje o único apelo realista é ao estoicismo e sentido patriótico do cidadão. Citando uma vez mais Rui Ramos: “o rei Canuto mostrou um dia que não mandava nas ondas do mar*. Os manifestantes e eleitores europeus precisam de perceber que eles também não”. Uma inevitabilidade que abrange os socialistas portugueses.
* William J. Bennett
O Livro das Virtudes
Quem siga o debate político e acompanhe a Comunicação Social de referência, dificilmente encontra alusões à evidência de que navegamos no olho de um furacão, no centro de uma tempestade perfeita. Onde se entrecruzam as fragilidades do regime, o acumular de políticas criminosas, uma crise financeira exógena e determinantes transformações geoeconómicas. A algraviada de recados políticos que alimentam as manchetes dos jornais e abertura dos telejornais encobrem a crua realidade que vivemos: o fim de uma Era, de uma “construção” socioeconómica insustentável. Um aborrecido detalhe, cujo capítulo seguinte ninguém verdadeiramente quer saber, por respeito aos senadores e arquitectos de tão esplendorosa obra. É nesta ébria cegueira, em que os actores se recusam olhar para lá da espuma dos dias, entretidos que estão a discutir contas de mercearia, quem é o mais amigo do crescimento económico, do Estado Social, o mais socialista ou menos liberal, ou se será afinal o messias Hollande que nos vai salvar de Merkel e dos seus enfadonhos alemães.
Por pior que seja a sua arquitectura, qualquer regime se aguenta enquanto é regado pelo dinheiro. E quando a torneira se fecha?
Com o diagnóstico feito há muitos anos, nem a centímetros do precipício o sistema mostra vontade de se regenerar. Se os partidos se desligaram das comunidades em detrimento da plutocracia que os alimenta, se os deputados não representam os eleitores, se o sistema semipresidencialista se revela uma manhosa irrelevância política, se a economia não gera riqueza que pague os descomunais custos do Estado, o que é que deveria ocupar as mentes brilhantes das nossas elites? A sua preocupação é a de sobreviver mais um dia e mais outro, um de cada vez, do estatuto e privilégios conquistados, que hipotecaram irremediavelmente as gerações vindouras.
O que nos une hoje é a camarata de terceira classe do navio chamado Europa que mete água por todos os lados. Anestesiados pelas vagas alterosas, aos portugueses de pouco serve ou consola o mal dos vizinhos. É que, fiéis à nossa tradição ultraconservadora de nada mudar até tudo cair putrefacto, à trágica incapacidade de nos regenerarmos por nós mesmos, mesmo na evidência da catástrofe, corremos o sério risco de sermos o primeiro lastro a ir borda fora. E assim nos afundamos enroscados como lapas aos nossos "pais". Ao pai da Revolução, do Serviço Nacional de Saúde, da Constituição, do Socialismo, e de tantas outras ressequidas vacas sagradas.
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Temos Diogo Lacerda Machado a dizer que não é assi...
Então alguém que publicamente corrija a AL.O prob...
Os guardas não podem ser, na minha modesta opinião...
Não, não é verdade
Um dos evadidos é algarvio (segundo consta) https:...