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Dos meus velhos tempos de radioamador guardo, para além de gratas recordações do "éter" e dos milhares de contactos efectuados para todo o mundo, o fantástico trabalho que era desenvolvido pelo mais precioso "auxiliar" dos amantes deste popular hobby: os correios. Cheguei a receber mais de 5000 QSL´s, ou seja, postais confirmativos de contactos via rádio, por semana. Caso houve em que uma carta remetida de Itália, que guardo religiosamente, apenas com o meu nome nela inscrita "Pedro ...." e "Lisbona - España (!!!)", me chegou às mãos... 2 dias depois. Era mesmo para mim e os correios não falharam. Era a época em que uma carta chegava com frequência no próprio dia em que era remetida, uma altura em que não havia controle de qualidade, mas em que os CTT se dedicavam à sua verdadeira missão: serem Correios. E os Correios de Portugal eram, sem margem para quaisquer dúvidas, dos melhores do mundo. Daí para cá tudo mudou. E para pior, claro está. Hoje os Correios são uma sombra do passado. Uma carta "normal", que antes da fase da "qualidade" e... do aumento dos preços, chegava no dia a seguir à sua expedição, demora, em média, 4-5 dias (!); uma carta em "correio azul", com sorte, chega 2-3 dias depois e apenas se for no Continente... Até mesmo um registo não é garantido que chegue antes de 2 dias. Como tudo mudou... Em vésperas de uma anunciada mas desastrosa privatização (desde quando é que é desejável privatizar os correios, com todos os riscos que isso implica para a segurança do Estado?), os CTT bateram no fundo. No condomínio em que moro, por falta de carteiros, o saco da correspondência chega às 11 horas da manhã e fica depositado (!!!) na portaria até...às 16 horas, altura em que o único carteiro regressa da sua "volta" e à pressa (e mal - são tantos os enganos!) distribui a correspondência.... E se alguém foi ultimamente a uma estação de correios, então o choque é grande. As estações transformaram-se em lojas, em autênticas drogarias, onde só falta serem vendidos... produtos de limpeza doméstica. De resto, tudo lá se vende. Entramos e não acreditamos naquilo que os nossos olhos observam... Em nome do progresso e do negócio, os Correios de Portugal afastaram-se do seu "core business", como agora se diz, e banalizaram-se. Vendem de tudo e tratam de tudo, mas fazem-no mal.
Como foi possível, em tão pouco tempo, destruir algo que sempre funcionou bem em Portugal? É o custo do "progresso", dirão uns.
Para mim, decididamente, este " progresso" não me diz nada...
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